Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 12
Assanhado


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá... Que se iniciem os ensaios do nosso Forrozinho. Depois me contem o que estão achando.



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Nervosismo, ansiedade, inquietação, expectativas, saudade, medo... Coloque todos esses sentimentos num caldeirão fervendo e misture bem. Pronto, agora já temos a receita para definir como eu estava me sentindo nesse momento.

— Nataly, fique aqui fora por enquanto aguardando a chegada do Luke. Você irá recepcioná-lo ali no balcão mesmo e depois de uma pequena conversa, podem ir para a sala azul iniciar os ensaios. - disse Jones com simpatia. - Durante a conversa, tente resgatar um pouco do que foi a apresentação espetacular de vocês. Nós iremos filmar esses dois momentos para usar na edição dos ensaios. - acenei positivamente com a cabeça.

— Certo. - concordei caminhando até o balcão que havia no lobby. Sentei-me num dos bancos existentes ali e fiquei aguardando a chegada do meu aluno. A velha arte de esperar… Cada segundo de espera parecia uma eternidade. No hall principal estava o bonito carro branco, prêmio que iriam entregar aos vencedores da competição. Batuquei impacientemente com os dedos na madeira, olhei para o veículo algumas vezes imaginando como seria legal se nós fôssemos os ganhadores, contei carneirinhos e nada de Luke Stewart chegar. A verdade é que eu estava adiantada demais. Eu cheguei mais cedo para repassar alguns passos da coreografia que eu havia feito ontem com Sylvio, o diretor de coreografias do programa e agora estava aqui nessa ansiedade sem fim. A música escolhida para o nosso forró foi “Feira de Mangaio” da Clara Nunes. Eu amei porque era bem animada e deu para colocar uns passos divertidos mantendo a essência humorista do meu aluno. Agora nossos ensaios seriam assim, na segunda eu viria sozinha para descobrir a música e definir a coreografia com a equipe de produção e no restante da semana, eu teria duas horas de terça à sexta e uma hora no sábado para ensinar o Luke.

— E aeeeee… - Luke apareceu de repente, fazendo-me automaticamente levantar do banco e caminhar em sua direção para cumprimentá-lo.

— Oiiiii… - falei derretida demais ao ser surpreendida por um daqueles abraços apertados e desconcertantes que só Luke Stewart sabia dar. Ele beijou minha bochecha e o meu coração quase saltou pela boca. - E ai como é que tá? Recuperou? - perguntei voltando a me sentar no banco do balcão. Luke estava retraído e parecia um pouco nervoso também quando se acomodou no banco do outro lado do balcão ficando de frente pra mim.

— Af, dolorido. - colocou a mão na lombar. - Bico de papagaio, joelho doendo tudo que tem direito… - disse se atrapalhando um pouco nas palavras. Luke estava constrangido?

— Parceiro, agora me fala uma coisa… O que é que foi essa apresentação?

— Rapaz, eu não tenho a mínima idéia. Baixou o espírito de Michael Jackson, James Brown, tudo quanto é dançarino por ai a gente se salva né? - eu ri.

— Agora chega de moleza menino, bora ensaiar?

— Pode falar que não? - questionou com uma careta de sofrimento e em tom de brincadeira.

— Nem pensar! Eu vi no seu Instagram a semana passada que já estava entrando no clima do forró… - falei de maneira casual sem dar menção que eu tinha entendido o seu recado para mim. - Vamos ver então o que é que Luke Stewart tem para me oferecer… - levantei-me do banco, porém, Luke permaneceu sentado em seu lugar me encarando com aquela cara de menino travesso. - O que foi?

— Não diga essas coisas pra mim não, Nataly Brooken.

— Essas coisas o que?

— “Vamos ver então o que é que Luke Stewart tem para me oferecer…” - o comediante afinou a voz e ergueu os braços me imitando.

— Ué… por quê?

— Porque eu tenho muuuuitas coisas pra oferecer por aqui Nataly Brooken, só depende de você querer… - ele abriu um sorriso sacana. - Você quer? - perguntou erguendo a sobrancelha sugestivamente. Dois segundos depois, entendi o duplo sentido em suas palavras e arregalei os olhos. Luke se posicionou em pé e sorriu.

— Deixa de ser assanhado, menino! - dei um tapa em seu braço. - A única coisa que eu quero é saber se você entende mesmo de forró ou se aquele discurso todo foi só papinho furado para as câmeras... - virei as costas e segui na direção do meu camarim. Ouvi seus passos vindo logo atrás de mim. - Agora pare de me enrolar e se troque rápido que o nosso tempo é curto e a dança é longa, te vejo na sala azul.

— Hmm… Nossa, como ela é mandona… - brincou em tom de deboche. - segurei a maçaneta da porta e antes de abri-la, me virei na direção dele.

— Continue de gracinhas que farei você, seus ossos e esse seu risinho debochado se lembrar de mim a semana toda. Vai achando que o forró é só o dois pra lá e dois pra cá que você está acostumado. Você não viu nada ainda, mocinho. - entrei no meu camarim e ainda pude ouvir a gargalhada alta de Luke seguindo pelo corredor quando fechei a porta. Aquele som gostoso do riso dele, involuntariamente, acabou me fazendo sorrir também. O ensaio nem havia começado ainda e o comediante já estava pegando pesado comigo.

 

Após vestir a camiseta branca do uniforme do programa, dei um nozinho na cintura e prendi o cabelo num rabo de cavalo alto. Em seguida, passei um pouco de perfume e segui animadamente para a sala azul. Quando entrei, vi que Luke já estava lá conversando com o fotógrafo Alan e com o Jones da equipe produção. Peguei minha garrafinha de água e aproximei-me deles sem interferir na conversa.

— Luke o público adorou a sua imitação de bailarina do ensaio anterior. Eu estava pensando se, talvez, vocês pudessem repetir aquilo fazendo algo mais concreto hoje, para disponibilizarmos no site do programa. - disse Alan ajustando sua câmera.

— Aliás o público adorou vocês em TUDO. - completou Jones com um sorriso.

— Quanto orgulho dos meus pombinhos. - dessa vez eu revirei os olhos para Alan. Desde a nossa pré-estréia no baladão que o fotógrafo cismou em se referir a Luke e a mim como “pombinhos”. Na primeira vez que ele disse isso eu fiquei extremamente constrangida, agora já nem ligava mais. Luke, repentinamente, me puxou pela cintura e aproximou seu rosto do meu cangote. Não entendi muito bem o comportamento do humorista mas, como o abraço já era uma prática comum entre a gente, acabei passando um braço por seu ombro e com a outra mão, mantive segurando minha garrafinha. Também tentei ignorar o arrepio que meu corpo sentiu com a aproximação do comediante.

— Deu tão errado que deu certo, né? - disse Luke descontraidamente olhando para mim.

— Então, o que é que foi aquilo domingo? - perguntei sem desviar meus olhos dos dele. Eu já não sabia mais se estávamos nos referindo a nossa apresentação, ao jantar ou a nossa ligação maluca.

— Michael Jackson...

— Olha, Michael Jackson foi o grande coringa da apresentação de vocês… - falou Jones interferindo nossa conexão visual. Eu tinha até esquecido que ele e Alan ainda estavam na sala. - Falem um pouco sobre isso também agora no começo do ensaio e depois estarão livres para ensaiar a vontade.

— Hã… E se fizéssemos uma troca de experiências? Luke me ensina a fazer o “Michael Jackson” e eu ensino para ele alguns passos do balé? - sugeri despretensiosamente desviando o foco do meu aluno.

— Que idéia brilhante, Nataly! Vou ligar a câmera e vocês começam a gravar, está bem? - Alan retirou a garrafinha de água da minha mão e ligou o equipamento. Luke e eu mantivemos a mesma posição de antes, abraçados. - Vai. - disse dando sinal para iniciarmos a gravação.

— E ai pessoal, nós estamos literalmente trocando experiências… Ela tá me ensinando balé e eu vou ensinar, Michael Jackson pra ela… - disse apontando pra mim.

— Então vamos lá… Vamos no balé. - falei um pouco sem jeito.

— Pega leve… - disse olhando pra mim. Afastei-me do abraço de Luke e ele se posicionou do meu lado.

— Primeira posição… - juntei minhas pernas. - Os pés… - apontei para os meus pés. - Andeor… Chama-se andeor…

— Andeor… - Luke repetiu engrossando a voz.

— Encaixa o bumbum… - coloquei uma mão na coxa e a outra na parte de trás do meu quadril.

— Que bumbum? - brincou Luke repetindo meus gestos.

— Postura. - endireitei a coluna.

— Tá. E... - Luke empinou a cabeça.

— Preparou. - coloquei os braços na frente do quadril direcionando minhas mãos, uma de frente para outra. Luke me imitou.

— Preparou. - repetiu.

— Guarda o dedão! - ordenei.

— Ô! Aonde? - Luke de maneira atrapalhada, movimentou os dedos me fazendo rir.

— Aqui! - mostrei rindo. Ele guardou seus dedões dentro do bolso da calça. - Não, aqui não! - gargalhei. - E… Desceu… - abaixei flexionando os joelhos. - Demi-plié e a-briu… - mostrei alongando os braços. - Bailarino.

— É bailarino… - Luke repetiu engrossando a voz de novo.

— E... desceu… - repeti o movimento dos joelhos dobrados novamente, num leve movimento de braços para baixo.

— E desceu… aiaiaiaiai… - Luke disse com sofrimento.

— Postura.

— Postura… - repetiu ainda gemendo.

— Bailarino. - posicionei os braços para frente.

— Bailarino… - ele esticou os braços. - Minhas coxas estão queimando… - reclamou.

— E abriu… Suba os braços, alonga as costas… - Luke se desequilibrou. - Quinta posição, guarda o dedo! - parei para corrigi-lo. - Relaxa o ombro… Postura… Fecha aqui a mão. - ordenei com as mãos erguidas acima da cabeça, enquanto observava Luke me imitar. - Aeee… E abre o braço…

— E abriu lindamente o bracinho, abriu o braço… - ele falou descendo os braços para baixo.

— Aeee! Muito bem, palmas para o bailarino. - elogiei batendo palmas. Animado Luke bateu palmas também.

— Palmas de BAILARINO! - repreendi. Luke se posicionou ao meu lado e começou a imitar meus movimentos batendo palmas e sorrindo forçadamente igual no ensaio da semana retrasada, fazendo com que eu gargalhasse mais uma vez.

 

LUKE STEWART

 

Eu sabia que os ensaios dessa semana seriam complicados, eu só não imaginava que seriam tanto. Não, eu não estou falando isso por causa da coreografia do forró não. Essa parte nem havia começado ainda, estou dizendo por conta desse monumento chamado Nataly Brooken. Ficar uma semana longe dela e a porra daquela foto de biquíni rosa que ela postou no domingo, fez com que eu me esquecesse de alguns detalhes dos reais motivos pelos quais eu estava tão fissurado naquela bailarina. Detalhes esses, que agora de frente para ela ficaram bem fresquinhos aqui na minha memória.

— Agora eu vou ensinar Michael Jackson pra ela… - falei para a câmera. - Vou te ensinar moonwalker, vai.. - cheirosa. Minha “Nossa Senhora da Caatinga Podre”, borrife um pouco de fedor nessa mulher só pra facilitar minha vida. Eu já tinha perdido a linha uma vez hoje quando, por impulso, a puxei para um abraço só para sentir aquele cheiro mais de perto.

— Ihh…

— Levanta esse pezinho… - falei erguendo o pé direito. - E joga o peso todinho nele. Pronto…

— Joguei.

Eu botei uma mão na cintura.

— Arrasta esse aqui para trás… - apontei meu pé. - E troca de peso… E arrasta esse aqui para trás e troca de peso…- Nataly estava na minha frente acompanhando e repetindo os meus movimentos. - Vai todinho e quando ele ficar na ponta, troca o peso…

— E ai?

— E ai deixe esse, arrastando… - apontei o pé. - Imagine uma parede na sua frente…

— Parede. - Nataly endireitou o corpo com a mão no busto.

— Uma parede na sua frente aqui assim oh, pá… - fiz os movimentos de moonwalker com ela. - Iiiisso… e vem vindo… - ela sorriu e lindamente começou movimentar as pernas rapidamente para a frente. Ela tinha que ser tão boneca? Eu ri e comecei a pular com ela. - Você está indo pra frente… - eu estava quase babando.

— É muito difícil isso… - Nataly fez uma carinha emburrada.

— Não, mas você está conseguindo… - ficamos posicionados mais uma vez. - Mais um. Escorregou aqui… Isso… isso… isso… - bati palmas para ela fazendo-a gargalhar.

— Mais ou menos, mais ou menos…

— Faz o girinho e vira… dei uma volta no estilo Michael Jackson. - Mãozinha assim ó… - posicionei uma mão para fora e a outra no “Poderoso Chefão”. - Tu não tem o que pegar aqui não, mas finge que tem… - brinquei disfarçando o problema na minha mão. “Quietinho ai, rapaz! Infelizmente, não tem ninguém falando com você”. Todas as minhas preocupações em virar brocha aos 21 anos haviam se dissipado hoje, no momento em que botei meus olhos em Nataly Brooken naquele balcão. A bailarina continuou me imitando. - Faz assim... - ainda com a mão no “Chefão” ergui o quadril para cima. Nataly fez um charminho, colocou a mão na sua virilha e jogou o corpo todo pra frente. JESUS CRISTO! Aquele gesto fez meu corpo formigar. - Não, só o quadril… - falei um pouco constrangido. Ela repetiu o movimento e senti uma leve pontada no “poderoso”. - Menos. - foi a única palavra que consegui pronunciar. Eu devia estar vermelho. - Girinho, mãozinha… - Nataly repetiu meus movimentos. - Aeeeee! - comemoramos batendo palmas pela performance da bailarina. Animada, Nataly esticou as mãos na minha direção para batermos em um cumprimento. O que era para ser um simples cumprimento comemorativo, aquela pequena fração de segundo, se tornou um intercalar de dedos, nossos rostos se aproximaram, nossos olhos se encontram, eu encarei Nataly de cima a baixo e eu juro, fiquei a um triz de beijar aquela boca rosa.

— Excelente, pombinhos! - exclamou Alan chamando nossa atenção. - Ficou ótimo essa troca de workshops entre vocês, agora irei atrás da May e do Nick. Aproveitem o ensaio e juízo hein? - Alan pegou suas coisas e saiu da sala azul. Nataly não manifestou nenhum tipo de reação ao comentário do fotógrafo.

— Preparado, palhaço? - perguntou sorrindo pra mim enquanto tomava um gole de água em sua garrafinha.

— Sempre, bailarina. - respondi sem desviar os olhos dela. Eu sempre estaria preparado para Nataly Brooken.

 

NATALY BROOKEN

 

Luke Stewart era um jovem bastante inteligente. Uma das coisas que eu mais admirava era a facilidade com que ele assimilava tudo que eu lhe dizia. Ele pegava tudo muito rápido, porém, o comediante parecia bem desconcentrado e disperso hoje. Essa já era a terceira vez que eu precisava repassar o início da coreografia com ele.

— Luke, o que está acontecendo com você hoje, hein? - o comediante colocou a mão no queixo e fez uma expressão pensativa.

— Eu achei um boneco de vudu parecido comigo lá na portaria 1 sabia?

— Sério? - comecei a rir.

— Vou procurar saber quem foi que fez isso… - disse com falsa indignação.

— Vai engraçadinho, vamos tentar de novo. - me posicionei na frente dele. - Você vai me levantar no seu ombro, depois dará seis passos para frente, em seguida, vai me colocar no chão de frente para você e a gente começa a dançar. Você vai colar seu corpo no meu, enfiar essa perna… - bati em sua perna direita. - No meio da minha e aí, inicialmente, é só conduzir no forró, entendeu?

— Você no meu ombro, minhas mãos te segurando abaixo da bunda, seu corpo colado no meu, rosto juntinho, sua perna encaixada no meio da minha… - Luke fez uma careta fingindo limpar uma lágrima dos olhos. - Se eu entendi? Perfeitamente. Se sou capaz de fazer isso? Pouco provável.

— Luke mas é tudo muito simples. Você vai me erguer pelo ombro… - fiz uma pausa. - Você está me achando muito pesada, é isso?

— Não. Meu problema não está nem um pouco relacionado ao seu peso, Nataly. - Luke suspirou fundo. - Venha, vamos tentar de novo. - coloquei a música do início e esperei o comediante me erguer. Ele deu dois passos, se desequilibrou e me derrubou no chão.

— Você tem que me descer antes… - nós gargalhamos. Luke me segurou pelo braço para amortecer minha queda e me ajudou a levantar em seguida.

— Desculpa, machucou? - disse rindo com preocupação. Ele era tão gentil e educado. Todas as vezes que eu caia, Luke estava em prontidão para me ajudar a levantar. Eu não estava acostumada a vir tanta cordialidade em um homem. Ele me olhava com tamanha admiração e respeito que me deixava encantada. Luke Stewart era muito Príncipe.

 

LUKE STEWART

 

Como manter a concentração desse jeito, Jesus? Me explica? A mulher me vem cheirosa desse jeito, dizendo que eu terei que dançar coladinho com ela e ainda quer eu mantenha o foco? Nem se eu fosse baitola.

— Olha Nataly, a partir de amanhã você terá que me ajudar se quiser que essa dança saia até domingo. - falei com seriedade. Ela me encarou de cenho franzido.

— Como assim?

— Primeiro, precisamos dar um jeito nesse perfume ai. As coisas não vão rolar se continuar vindo ensaiar tão cheirosa. - ela começou a rir e cruzou os braços esperando minhas outras recomendações.

— Hã.. - balançou a cabeça me incentivando a continuar. - Sabe me dizer se eles possuem burca no uniforme do programa? Porque essas calças justas também não estão colaborando em nada comigo. - ela arqueou a sobrancelha, me encarando com diversão. - Postagens de biquíninho no Instagram, Nataly Brooken? Nem pensar! - Nataly não parava de rir. - Não ri não bailarina,que o negócio é sério. - mantive minha expressão séria. - Outra coisa, essa boca rosa. Vamos colocar alguns limites por aqui. Não tem a menor condição de manter uma amizade, se essa boca continuar me convidando desse jeito, está bem? Eu acho bom avisar, porque vai que acontece algum tipo de descuido e a minha acaba esbarrando sem querer na sua, né? Se isso acontecer já sabe de quem será a culpa.

— Eu não tenho culpa de nada. - essa frase já estava se tornando um mantra no vocabulário da bailarina.

— Ah, não?

— Não mesmo. Eu não tenho culpa se você é um tremendo ASSANHADO. - eu gargalhei alto. Era a segunda vez que Nataly Brooken usava esse termo para se referir a mim hoje.

 

NATALY BROOKEN

 

Encontrei May no saguão de fora após o término do nosso ensaio. Luke já havia se despedido de mim e ido embora. Alias, eu ainda podia sentir os lábios do comediante formigarem na minha bochecha.

— Compartilha! - disse minha amiga assim que me viu.

— O que? - fiquei confusa.

— O motivo desse sorrisão todo no seu rosto. - falou provocativa.

— Não estou sorrindo. - rebati. Meu maxilar estava doendo e eu não conseguia fechar minha expressão. May gargalhou.

— Não? Ao menos que eu tenha virado sua dentista e não estou sabendo, isso aí estampado no seu rosto é bem a definição de um sorriso, marida. E um sorriso meio apaixonadinho, talvez? - ela colocou a mão no queixo simulando um smile pensativo. Eu continuei rindo.

— May Anderson você é muito besta.

— E você me ama.

— Não sei porque, mas amo. - falei abraçando a destrambelhada.

— Meninas, deixem eu tirar uma foto de vocês? - Perguntou Alan assim que nos viu abraçadas.

— Claroooo, lindo. - May e eu nos apoiamos uma na outra, juntamos nossas cabeças e erguemos a perna uma de cada lado em um espacate.

— Olha aí, as duas aparecidas… - disse Mason ao passar pela gente com o nariz empinado e sua bolsa na mão. May olhou pra minha cara, fez uma careta e pra finalizar, mostramos a língua para a câmera. Alan riu e fez um sinal de jóia com o polegar. Ele também não era muito bem afeiçoado a Jennifer Mason.

— x -

Eu estava saindo do banheiro quando May me chamou.

— Depois dá uma olhadinha na última postagem no Instagram do seu aluno, marida. - segurando o riso, May se levantou da cama, pegou suas coisas e entrou no banheiro para tomar banho.

Eu queria ter feito um charme e demorado um pouco mais para pegar meu celular. Mas assim que minha amiga saiu do quarto, ainda meio molhada e enrolada numa toalha de banho, corri até o criado mudo e peguei o aparelho. Pela imagem, Luke devia ter acabado de sair banho também. O comediante estava sem camisa, com o peitoral à mostra, o cabelo todo desgrenhado e um meio sorriso no rosto. A legenda da foto dizia “Assanhado sempre”. Apenas isso. Porque obviamente ele não precisava escrever mais nada. Luke sabia que eu entenderia que aquela foto era pra mim.

— Que cara de pau! - exclamei sorrindo.

Não curti e nem comentei nada. Na verdade, fingi que nem vi a postagem e muito menos reparei nos comentários de suas fãs para aquela foto. Eu não devia me importar com nenhum comentário, nem mesmo com aquele que dizia que “o amor dela pelo Luke era maior que o pé dele tamanho 44”. Ele era artista e tinha fãs e eu, não era nada para sentir ciúmes. Mas eu senti. Não só senti ciúmes, como também fiquei bastante incomodada com todos aqueles elogios destinados ao MEU aluno. Foi então que percebi que os meus sentimentos em relação a ele, estavam ficando cada vez mais complicados de administrar. E o pior, ainda teríamos mais 4 dias de ensaios até a nossa apresentação de domingo. Muita força, Nataly Brooken.





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Notas finais do capítulo

E ai gente? O que acharam? Não deixe de comentar e seguir a pagina da FIC no Instagram. @sintonia_fic



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