Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 13
Sheila


Notas iniciais do capítulo

Se tiver erros, como sempre houve certa pressão psicológica por parte de algumas leitoras...



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Quarta feira, 30 de agosto.

 

Eu ainda estava bastante mal humorada quando entrei na sala amarela para ensaiar naquela manhã. O motivo? Luke Stewart estava cheio dos risinhos com a Jennifer Mason no saguão do estúdio na hora em que cheguei. Já não bastasse o exibicionismo de ontem a noite nas redes sociais, agora tinha mais essa. Isso porque ele demonstrava estar afim de mim, imagina se não estivesse? Aquele mulherengo de uma figa! Minha vontade era de estrangular o comediante. Ele sabia que a Mason não era nenhum pouco minha fã e estava lá, falando o que com ela? E mais, o que era tão engraçado para ele rir daquele jeito?

— Marida, você vai precisar dar uma disfarçada nessa cara de bosta se não quiser que Luke perceba o seu ciúme… - disse May com um sorriso zombativo.

— Que cara de bosta? Que ciúme? Essa é a única cara que eu tenho, May Anderson. - respondi, irritada. - Não começa!

— Eu hein? Fui. - se despediu a doida caminhando em direção ao camarim. Sem a mínima vontade de cumprimentá-los, peguei meu celular e fingi mexer em algo enquanto tentava passar despercebida pelo comediante e pela mestiça. Eu estava quase comemorando o sucesso na missão, quando ouvi um assobio.

— Nataly! - Luke pronunciou meu nome, animado. Fingi que não ouvi e continuei andando. - NATALY! - falou mais alto, dessa vez. Droga! À contragosto, eu virei na direção dele que me recepcionou com um largo sorriso.

— O que é? - não fiz questão de nenhuma de sorrir de volta. Luke imediatamente ficou sério.

— Não vai cumprimentar seu aluno, não? - tentou usar um tom descontraído, sem esconder a linha de preocupação existente em sua testa.

— Não quero atrapalhar sua conversinha fiada com a Mason… - falei com rispidez. - Assim que terminar, me encontre na sala amarela para iniciarmos os ensaios. - virei as costas e andei sem nem olhar para trás. Sei que eu já pensei ser uma boa caso o Luke e a Mason se envolvessem em um relacionamento, mas mudei de idéia. Mudei muito de idéia. Na verdade, eu nem sei como essa idéia pôde sequer passar um dia pela minha cabeça. Só de imaginar isso, meu sangue fervia de raiva.

Luke entrou na sala amarela logo atrás de mim e me encarou assim que fechou a porta.

— Está tudo bem por ai? - perguntou receoso.

— E por que não estaria?

— Eeeita, é impressão minha ou você está brava comigo?

— Comece alongando as pernas e os braços para que possamos iniciar o ensaio. Só espero que a sua concentração e empenho hoje, estejam melhores do que ontem. - ordenei, ignorando sua pergunta.

— Nossa, ela está bruta hoje. - disse esticando o braço para cima. - Eu vou ter que arrumar outra professora desse jeito… - eu juro que se ele citar o nome da Mason eu quebro a cara dele. Fiquei muda, só esperando o que ele ia dizer. Luke girou o corpo para trás enquanto alongava o pé e prendeu o riso. - Oi… - disse acenando simpaticamente para um cabideiro amarelo que ficava na parte de trás da sala. Ainda puta, permaneci em silêncio ao alongar meus braços puxando as mãos atrás do quadril. Minhas pernas sacudiam inquietantemente, observando o comediante fazer graça. Luke botou a mão na cintura e olhou pra mim com aquela expressão de menino arteiro. - Sheila. - falou de repente, apontando o cabideiro. - Sheila, Nataly, Nataly, Sheila. - nos apresentou. Mantive o silêncio, ao arquear as sobrancelhas com um gesto de concordância com a cabeça. - Ela… Tem um tônus legal, tá sempre durinha… Tem essa cor amarelada, mas é loira. - Luke estava se divertindo com a minha cara. Que cretino, filho da mãe! Cruzei os braços, ainda mais irritada.

— Vai dançar com a Sheila?

— Óh! Ela tá sempre em prontidão ali! - Luke parou com as mãos pra cima imitando o cabideiro.

— Idiota. - dessa vez não consegui segurar o riso.

— Ah que linda! - disse se aproximando de mim. - Apesar de adorar o seu biquinho enciumado, eu gosto muito mais desse sorriso. - o comediante me abraçou e estalou um beijo gostoso na minha bochecha. Com uma certa dificuldade, continuei com os braços cruzados na frente do peito.

— Fique aí de graça que eu vou fazer você dançar com a Sheila amanhã. - eu estava louca de vontade de retribuir aquele abraço confortante, mas resisti.

— A Sheila não me maltrata igual você. - ele sorriu, olhando nos meus olhos. - Ela não vem ensaiar toda cheirosa, não faz charme e não tem essa boca cor de rosa… - sem se afastar de mim, Luke desviou o olhar para o cabideiro de novo. - E eu tenho certeza que aquela loira ali… - apontou o objeto. - Não vai se opor caso eu peça um beijo pra ela… - senti minha bochecha queimar após o comentário do comediante.

 

LUKE STEWART

 

Nataly ficou da cor de um pimentão depois das minhas palavras. Estava cada vez mais difícil manter a linha perto da bailarina, ainda mais depois da crise de ciúme que ela teve ao me vir conversando com a parceira do Josh lá fora. Por conta da minha ansiedade em encontrá-la logo, acabei chegando mais cedo no estúdio. Cristian e sua parceira Nataly Black já estavam lá também. Ficamos no saguão jogando um pouco de conversa fora até dar o horário dos nossos ensaios. Cristian tirou uma selfie nossa para postar no Instagram e pediu meu telefone. Ele queria montar um grupão no whatsapp com o pessoal da nossa turma. Esse negócio ia virar uma bagunça arretada. Apesar de casado, Cristian e sua esposa eram bem festeiros. Foi nesse momento que Jennifer apareceu e se infiltrou no meio da conversa. A Black chamou o atleta para se trocarem e como nem minha professora e nem o Josh haviam chegado ainda, continuei de papo com a morena. Eu acompanhei o momento exato em que Nataly Brooken apareceu juntamente com sua amiga doidinha. Ela estava linda como sempre, em uma calça preta justa e uma mini blusa decotada. Isso, judia mesmo do papai aqui. Não foi difícil perceber a mudança de expressão no rosto de Nataly ao olhar pra mim, ou melhor dizendo, ao encarar a Jennifer Mason conversando comigo. Eu já conhecia bem aquele bico enciumado. Nataly falou alguma coisa para a amiga que riu e saiu andando, depois pegou o celular na mão e abaixou a cabeça ao passar reto por mim, sem achar que foi notada. Será que eu precisaria desenhar para a bailarina que mesmo se ela surgisse com uma “máscara do pânico” na minha frente, eu reconheceria aquele perfume a quilômetros de distância? Talvez eu não tenha deixado muito claro ainda qual é a minha real intenção com essa mulher, por isso, resolvi ser um pouco mais direto no assunto.

Nos encaramos por mais alguns segundos, antes dela se afastar.

— Já falou muita besteira por hoje. Certo, Senhor Stewart? - ela bateu uma palma, ainda constrangida. - Chega de molezinha, “bora” ensaiar? - Nataly se aproximou de mim novamente, dessa vez com total profissionalismo. - Vamos repassar os passos iniciais de ontem para que eu possa te ensinar o resto da coreografia. Você ainda consegue se lembrar de tudo? - eu admirava demais essa mulher.

— Acho que sim.

— Então vamos lá.  

Eu já mencionei o quanto eu amava o forró? Não foi a toa que eu nasci e fui criado no meio desse ritmo. Era o destino dando sinais de que ele ainda iria me proporcionar muitas alegrias. A melhor delas? Nataly Brooken de rostinho coladinho comigo e corpinho grudadinho no meu. Cada troca de olhar entre nós parecia ficar mais intensa. Por diversas vezes, notei a bailarina desviando seus olhos dos meus com um sorriso disfarçado nos lábios. Eu era apaixonado naquele sorriso…

— Ai! - reclamou a bailarina quando pisei sem querer no seu pé.

— Eita caramba, desculpa, desculpa! - implorei preocupado entrelaçando sua mão na minha. Eu odiava machucá-la.

— Não, está tudo bem. - ela sorriu balançando a perna.

— Venha aqui. - puxei-a para um abraço apertado e dei um beijo no rosto dela. - Desculpa. - Nataly me encarou com os brilhantes e retribuiu meu abraço.

— Não foi nada.

 

NATALY BROOKEN

 

Eram os pequenos detalhes que me faziam ficar cada vez mais amarrada nas mãos daquele comediante. A preocupação que ele tinha comigo todas as vezes que eu me machucava, o seu jeito carinhoso de me tratar, sua forma descontraída de conduzir o ensaio, a intensidade como tudo acontecia entre nós... Os arrepios que eu sentia no meu corpo quando ele me tocava. E suas cantadas? Gente, eu estava amando aquelas cantadas. Luke misturava ousadia e humor de uma forma tão única que era impossível não se envolver. Não era à toa que as garotas ficavam caidinhas por ele. Apesar da pouca idade, Luke emanava uma autoconfiança tão grande que deixava todos a sua volta vulneráveis. Prazer, Nataly Vulnerável Brooken.

— O que nós conversamos ontem a respeito desse perfume, senhorita Nataly? - Luke sussurrou no meu ouvido enquanto repassavamos uma parte da coreografia que mantinha os nossos rostos colados. Eu sorri.

— Não posso fazer nada se esse é o meu perfume natural… - brinquei segurando a mão dele. - Agora nós vamos virar, bate o quadril e conta quatro passos para a frente… - instrui ao fazer um giro, colando nossos corpos lado a lado.

— Vai ser super natural também, se eu tiver um piripaque do coração durante esses ensaios e você perder seu parceiro de dança favorito para Jesus… - com essa eu tive que rir.

— Nada de morrer até domingo menino, terei muito trabalho se eu tiver que ensinar outra pessoa para botar no seu lugar… - dessa foi Luke que riu. - Isso, agora alterne o olhar pra frente e pra mim no ritmo da música...

— Você nunca encontrará outro parceiro igual a mim Nataly Brooken, esquece. Eu sou o cara mais legal e mais bonito que já passou pela sua vida… - disse com pretensão ao abrir um sorriso no canto da boca. Luke estava suando, coitado. O forró era um ritmo bem agitado e a gente não parava um segundo.

— Aham. - concordei com nítido desdém. - Levante as nossas mãos e faça a volta...

— Você está de deboche comigo, bailarina? - Luke semicerrou os olhos e seguiu minhas instruções. - Pois pergunte pra minha loira ali, o que ela acha de mim… - Luke apontou o pescoço para o cabideiro amarelo. - Quer ver? Sheilinha, meu amor, eu não sou o cara mais gato e mais gostoso que você já viu na vida? - Luke fez outra volta, ficando de frente pra mim. - Viu? Quem cala, consente. Se você não quer,  tem quem queira... – falou mandando uma piscada para o cabideiro. - Fica a dica. 

— Tá bom, Luke. Amanhã seu ensaio será com a Sheila. - respondi revirando os olhos. - Agora presta atenção em mim, vamos fazer o rodopio múltiplo. Serão 5 voltas… - segurei as mãos dele. - ...5 e você já sai… - expliquei enquanto fazíamos um giro juntos. Luke me encarou enquanto segurava minhas mãos e eu o envolvia num abraço por trás. - Sai nesse buraco aqui ó… - desviei meus olhos dele e ergui o braço acima de sua cabeça, não aguentei e comecei a rir. - Nesse buraco. - todo enroscado, Luke apertou meus dedos com um pouco mais de força.

— Dá pra passar aqui? - Luke emitiu um som de urro pela boca e puxou meus dedos forçando sua cabeça a passar pelo pequeno buraco do meu braço.

— Nãão… - gargalhei jogando a cabeça para trás. - Nãão, pera aí… - ainda segurando meus dedos, Luke girou o corpo ficando de frente pra mim.

— Você ri né, sem vergonha? - quanto mais contato corporal a gente tinha, mais meu corpo sentia a necessidade de estar perto dele. - Ria mesmo da desgraça do pobre rapaz aqui. Olha o estado que você me deixa?

— Imagina, sou sua parceira! - prendi meu cabelo pra cima e fui pegar minha garrafinha d’água. Eu também estava suada e bem cansada. - Chega de ensaio por hoje.

— Olha quem “cheguei” para tirar uma foto dos meus pombinhos favoritos? - Alan entrou na sala já com a sua câmera na mão. Deixei minha garrafinha em cima da mesinha de canto e me aproximei do meu aluno.

— Rapaz, você só pode estar de brincadeira comigo né? - Luke disse bravo. - Você já percebeu que só aparece pra tirar foto nossa depois do ensaio, quando eu já estou com cara de rapariga sofrida? Por que diacho não vem antes quando ainda estou apresentável, lazarento? - Luke continuou reclamando e eu o abracei pelo pescoço e segurei sua mão. Fiz uma cara de satisfação quando Alan me deu o sinal. Em seguida, saltei no colo do comediante e joguei uma perna para trás fazendo a pose de um dos nossos passos do forró. Alan nem se importou para os protestos do comediante, bateu a foto daquele jeito e foi embora. - Hey, filho “duma” égua! Deixa eu fazer uma pose bacana pelo menos… - pediu Luke, mas o fotógrafo já tinha ido embora. Comecei a gargalhar.

— Hmm... Deve ter ficado bem gatinho nessa foto… - zombei, provocativa. Caminhei até a mesinha e peguei meu celular que estava lá. Desde a nossa estréia, que eu não parava de receber mensagens no Instagram pedindo pra eu postar stories com o Luke. Eu não sabia que tipo de mel o comediante tinha, mas todas as pessoas do meu convívio já adoravam ele. Vick um dos meus alunos mais sêniors era o que mais me infernizava com isso. “Você nem me apareça aqui na semana que vem se não me mandar várias imagens do boy gatão hein?” foi a última mensagem que Vick me enviou. Dave e Lion também não ficavam para trás. - Ô meu Jesus! Luke vem aqui um pouquinho, por favor? - Luke se aproximou por trás de mim.

— O que foi? - estiquei o meu celular na mão e virei a câmera de frente para nós. - Manda um recadinho para o povo do meu Instagram que fica pedindo você toda hora aqui. - Luke olhou pra mim e sorriu.

— Se você pedir pra mim toda hora, eu te dou. - disse com malícia. - Quer?

— Cala a boca. - respondi rindo. - Vou gravar. - Eu ainda estava rindo quando apertei o botão e Luke começou a falar.

— Vocês me amam? Eu sei.

— É.. ficam pedindo… - falei no meio da frase dele.

— Pediram minha volta? Voltei. - Luke começou a cantar “Eu voltei agora pra ficar...” enquanto ele cantava eu falei.

— É.. Ficam pedindo o Luke aqui no meu... stories.

— Olha o estado que essa criatura me deixa, rapaz. - disse o comediante passando a mão por seu cabelo bagunçado.

— Olha o meu estado! - rebati.

— E é porque é amigo viu? Imagina se fosse inimigo. - Não contive a careta de insatisfação ao ouvir a palavra “amigo” sair da boca dele. Não que não fôssemos amigos, nós éramos também, mas, sei lá, senti uma sensação estranha com essa simples denominação.

—x-

— Pombinhos preciso de mais um favorzinho de vocês. - disse Alan invadindo nosso camarim. Luke e eu estávamos sentados um do lado do outro no sofá, enquanto riamos ao ler alguns comentários dos nossos seguidores no Instagram. Luke soltou um pesaroso suspiro após a entrada do fotógrafo no recinto. - Nós lançamos um desafio no nosso Instagram e vocês foram desafiados pelo Zuken e pela Anne.

 

LUKE STEWART

 

Rapaz, eu estava começando a achar que o Alan tinha algum sexto sentido para interrupções. Jesus Cristo! Eita, homem pra atrapalhar minha vida com a bailarina. Tudo bem que já me ajudou algumas vezes, mas hoje, as duas vezes que o fotógrafo apareceu, foi pra me lascar. Eu estava ali numa boa, num momento todo de dengo com Nataly Brooken, prestes a convidar a gata pra sair e ele me entra na sala falando de desafio? Porra! Quem é que liga para desafios?

— Que desafio é esse Alan? - perguntou Nataly curiosa. O fotógrafo abriu seu Instagram e clicou no vídeo onde Zuken estava com Anne dizendo que nos desafiava a fazer um tal de “balão invertido”. E eu lá sabia que raios era isso? Olhei para Nataly que me encarou com duas rugas de preocupação na testa.

— Você sabe fazer isso? - perguntei receoso.

— Sei. - disse simplesmente. Olhei para o fotógrafo que parecia estar prendendo o riso. Nataly se levantou do sofá. - Vou passar com ele uma vez e depois filma esta bem Alan? - o fotógrafo acenou com a cabeça ainda com a expressão divertida. Eu não estava entendendo nada. - Vem Luke. - ordenou a bailarina.

— Vou. - porque eu não era besta de contrariá-la. Levantei do sofá e parei inocentemente ao lado da minha professora. Sem dizer nada, Nataly me puxou, se posicionando na minha frente e envolveu meus braços em sua cintura num abraço por trás. O perfume dela invadiu em cheio meu nariz. Fiquei sem ar. O quadril dela se encaixou perfeitamente no “Poderoso Chefão” e eu fiquei sem reação. “Por favor, fica quietinho, por favor, fica quietinho…” Comecei a orar para todos os santos. Rapaz, como essa “mulé” chegava em mim desse jeito sem avisar? Eu já tinha sofrido muito nos ensaios de hoje, não estava preparado para mais uma dessa. Mas tudo bem, é só eu ficar aqui paradinho que está tudo certo. Ninguém se mexe e fica tudo bem. Era só isso o tal balão invertido? Dar uma encoxada na gata por trás?

— Agora nós vamos esticar esse braço, você permanece com o outro preso na minha cintura e nós vamos girando o corpo com nossos quadris encaixados, no sentido anti-horário. - engoli em seco. Acho que eu não tinha entendido muito bem. Olhei para o fotógrafo em desespero.

— Vai lá pombinho, você consegue! - incentivou.

— Entendeu o que eu falei Luke? - eu não estava respirando.

— A-hã.

— Então vai. - Nataly jogou a bunda pra trás se esfregando onde não devia. Para ajudar o tecido da minha calça era fino e largo. Hoje seria o dia do meu fim. Eu estava prevendo isso. - Vai Luke, mexe esse quadril. Você precisa me acompanhar… - Nataly disse casualmente como se não tivesse sentido nada. Ela estava disfarçando, graças a Deus.

— Façam isso de novo que agora eu vou gravar. - falou o fotógrafo se divertindo. Segurei a cintura de Nataly com força, mais uma vez sentindo o nosso encaixe perfeito e começamos a rodopiar. Foi impossível não passar pela minha cabeça os outros tipos de encaixes que eu gostaria de saber se seriam perfeitos igual a esse também. Será que a boca dela se encaixaria bem na minha? Nataly gargalhou após o nosso giro e deu um passo para frente. E eu, em vez de soltar a bailarina, o que fiz? Fui pra frente junto com ela grudado em sua cintura, me esquecendo completamente que ela ainda não era minha “mulé” e que aquilo não era pra ser uma demonstração de afeto.

— Tá vendo aí Zuken? A gente faz meu irmão! - falei para a câmera. Para disfarçar meu constrangimento e a empolgação do “Poderoso Chefão” comecei a pular feito um canguru desgovernado atrás de Nataly. A bailarina bateu palmas e mandou Zuken segurar nosso Balão invertido. Mal sabia ela que não seria só Zuken que teria que segurar esse balão… o meu não só tava invertido, como estava do avesso também.

—x_

— Dezoito - disse May para mim do sofá.

— Dezoito o que, louca?

— Foram dezoito, a quantidade de vezes que você mencionou o nome de Luke desde a hora que chegamos do estúdio. - ela riu e continuou jogando em seu celular. - Manda uma vida pra mim? As minhas acabaram. - Peguei meu celular e joguei pra ela.

— Nada a ver. Eu nem falo no Luke tanto assim…

— Dezenove.

— Ah May, você é muito chata! - ela desviou os olhos do celular para me encarar.

— Marida, eu só quero que você seja feliz e está muito claro pra mim o que te deixa feliz. Ou melhor, quem te deixa feliz. Então, até você parar de frescura e se jogar nisso de cabeça, eu vou sim, continuar te atormentando se é isso que você quer saber… - ela riu e ficou séria de repente. - Merda! Perdi de novo. - Peguei meu celular da mão dela e fui deitar na cama. Comecei a lembrar de todos os acontecimentos do dia, dos pequenos detalhes que faziam de Luke Stewart o cara mais incrível que já conheci na vida, a diferença gritante na maneira que ele me tratava e tratava meu trabalho, comparado ao Erick. A reação do meu corpo ao senti-lo pronto pra mim durante o balão invertido. Como eu me sentia confortável e protegida em seus braços… Como eu queria ele envolvido nos meus braços agora. Escolhi uma foto do ensaio que fiz com Zang na semana passada e postei. Era uma das fotos que tiramos na estrada. Na legenda escrevi, “O tempo passou... metas foram alcançadas, o coração já foi reconstruído inúmeras vezes, a mulher brotou, cresceu… Mas os olhos ficaram intactos, ela Ainda sabe olhar tudo com o olhar de uma criança que fica deslumbrada com detalhes da Vida!”

Era assim que eu me sentia. Deslumbrada. Deslumbrada por Luke Stewart.

Assim que postei a foto, May, curtiu a imagem e comentou, “Tô de olho” seguido de 3 pares de olhos. Eu ri atacando o travesseiro na cabeça dela do outro lado da cama.

— Sua sem graça! - ela riu apontando dois dedos para os seus olhos e depois pra mim.

— Tô só de olho, marida… Não só to de olho nesse deslumbre, mas como já disse da outra vez, eu shippo também! 




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Notas finais do capítulo

Tanta pressão que só vou deixar o insta da fic : @sintonia_fic



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