Capítulo 15 – Natural e inevitável

— Ginny, espere!— Harry gritou ao avistar os cabelos ruivo dela no fim do corredor.

— Sim? – ela virou com a expressão indecifrável. Harry bagunçou seus próprios cabelos em um claro sinal de nervosismo e se aproximou da grifinória.

— Eu quero conversar com voc...

— Não precisa se explicar. – ela o cortou. – Você não me deve nada e não há problema nenhum em um rapaz solteiro se interessar por outra.

— Vocês meninas e a mania de me cortarem. – ele sussurrou se lembrando de Hermione e suspirou. – Eu não acho que eu deva satisfação também. Merda, isso não saiu legal. - ele riu nervoso - Estou aqui porque eu me importo com você.

— Harry, eu não sou mais uma garotinha com um amor platônico por você. – ela o encarou séria. – Enquanto você não deixar de me ver dessa forma, nada irá mudar.

— Droga, nunca fui bom nessas coisas. – ele bagunçou ainda mais seus cabelos e sem pensar, ele a abraçou fortemente, pegando a ruiva de surpresa. – Eu sei que você não é a mesma de três anos atrás. Você é dona de uma personalidade forte. Você é a melhor azaradora de Hogwarts. Você é uma excelente jogadora de quadribol, mas essas qualidades são visíveis para qualquer um. – ele a manteve presa em seus braços. – Você sempre coloca sua família e amigos como prioridade. Você pisca várias vezes quando está triste. Você brinca com a ponta de seus dedos quando está nervosa. Seu sorriso traz a melhor parte de todos, a melhor parte de mim. Você é Ginny Weasley.

— Espero muito não estar brincando comigo, Potter. – tentou se manter firme, mas sua voz falhou quando pronunciou o sobrenome do moreno.

— Eu não sei quando, onde ou como, mas você se tornou a primeira pessoa que eu procuro com os olhos quando entro em algum recinto. Você invade meus sonhos. Você me faz sentir assim. – ele se afastou e pegou a mão dela colocando em seu peito. – Sente? Meu peito chega a doer pelo ritmo acelerado do meu coração. Você se tornou a minha razão, minha força e minha luz. E porra, eu sou um ferrado na vida. Eu sou um imã de problemas.

— Como se eu me importasse com isso. – a ruiva falou sentindo seu coração acelerado.

— Ginny, você se tornou a melhor parte de mim. – ele colocou suas mãos no rosto delicado dela.

— Harry, você sempre foi a minha melhor parte. – ela sorriu antes de beijá-lo.

Era como magia. Inexplicável e simplesmente bom. Ambos desejavam isso a um tempo e quando deixavam os medos, a insegurança e as preocupações de fora, restavam eles e somente eles.

— Vocês estão me devendo cinco galeões, gêmeos! – uma voz fez o casal se afastar e viram Hermione gargalhando. – Eu disse que seria Ginny que iria beijá-lo!

— Estou decepcionado com você, Potter. – Fred balançava a cabeça de forma negativa.

— Mesmo sendo você a se declarar, quem tomou a atitude foi Ginevra! – George falou e desviou rapidamente de uma azaração vinda da ruiva. Estava ficando bom com seus reflexos graças aos ataques frequentes de Hermione.

— Eu diria um “cuide bem dela” ou talvez te ameaçaria... – um dos gêmeos começou.

— ... Mas como é Ginny, quem tem que tomar cuidado é você, caro Potter. – o outro completou e gargalharam.

— Vão ver se o Malfoy está dando na esquina, vai. – Ginny falou grosseira e mostrou a língua nunca atitude claramente madura. Harry a abraçava pela cintura enquanto mantinha o rosto vermelho escondido no pescoço da ruiva.

— Weasleys e sua obsessão por Draco Malfoy. – Hermione comentou e revirou os olhos. Rony não entendeu o que sua namorada quis dizer.

O grupo de amigos foram andando em direção ao jardim onde se sentaram de baixo de uma enorme árvore. Luna e Neville também se juntaram a eles mais tarde.

— Já tem novidades sobre a loja de vocês? – Neville perguntou aos gêmeos. – Não vejo a hora de ver suas invenções.

— Vocês ainda não desistiram dessa ideia? – Rony questionou os irmãos. – Mamãe proibiu vocês, não?

— Ela nos proibiu, de fato... – George começou

— ... Mas isso não significa que iremos desistir de nosso sonho. – Fred terminou. – Não nos olhe assim, Mia.

— Sabe que eu não concordo de fazerem isso por trás de sua mãe. – a castanha proferiu séria. – Eu meio que consigo entender a preocupação que ela sente. Shii, deixa eu continuar. – ela colocou o dedo nos lábios de Fred antes que ele a interrompesse. –Mas, eu conheço vocês e sei que esse é a vocação de vocês. Saibam que podem contar com meu apoio. – ela sorriu e foi esmagada por dois pares de braços forte.

— Mia! – disseram juntos e fingiram chorar. Hermione riu e revirou os olhos com a cena.

— Nunca imaginei os gêmeos tão dependentes de uma pessoa antes. – Ginny sussurrou para Harry que mantinha a mão na cintura dela.

— Quanta a loja, Neville, acho que está mais próximo de se tornar realidade do que nunca! – George falou ao se separar do abraço. Ele trocou um olhar cúmplice com Harry. O moreno ofereceu o prêmio do Torneio Tribuxo para que pudessem abrir a loja com a condição de que seria sócio, já que conhecia suficientemente bem os gêmeos para saber que não aceitariam o dinheiro tão fácil.

— É duro admitir que tempos sombrios estão chegando. – Fred começou sério ainda ao lado de Hermione. Rony nada comentou. – Queremos ser a cor no preto e no branco; a risada em meio as lágrimas; o interruptor em meio a escuridão.

— Queremos mostrar as pessoas que as coisas simples podem trazer momentos bons e especiais também. – George sorriu orgulhoso.

— Nossa, nunca imaginei a existência de sentimentos tão profundos por trás de tantas brincadeiras. – Luna se proferiu pela primeira vez. Ela sorria gentilmente para os gêmeos que notaram algumas semelhanças com Hope.

Hermione estava sem palavras. Olhava de forma admirada os dois pré-adultos com espíritos de criança. Quando cresceram tanto? Quando conquistaram um lugar no coração da grifinória de forma tão rápida? Ela passou a observar Fred ao seu lado com um sorriso genuíno no rosto. As pequenas sardas combinavam com o brilho em seus olhos. Tinha vontade de tirar os poucos fios ruivos que caíam sob sua face. E claro, havia também a parte favorita de Hermione: o sorriso de Fred Weasley. Desviou seu olhar dele ao notar que ficou muito tempo o olhando. Dispersou seus pensamentos e tentou se concentrar na conversa que fluía ali.

Rony observava atentamente os movimentos de sua namorada. Sentiu algo esquisito em seu peito e não estava gostando nem um pouco disso. Respirou fundo e fechou seus olhos por alguns instantes. Ele estava imaginando coisas. Hermione era a garota perfeita, nunca encontraria alguém como ela, tinha certeza disso. Abraçou sua namorada com força e sentiu seu perfume. Ah, como era perfeita. Então, por que parecia que ela não era perfeita para ele?

*****

Era dia de jogo. Grifinória contra Corvinal. Vermelho contra Azul. A casa dos corajosos já organizava suas torcidas e também suas apostas (os gêmeos estavam no comando). As risadas e conversas estavam altas no salão principal e o assunto principal era obviamente o jogo.

— Mione, você leu o profeta diário de hoje? – Hope se aproximou da mesa vermelha. A castanha negou e a menina lhe estendeu um exemplar um pouco trêmula.

— Você está bem, Lea? – os gêmeos também se aproximaram. O grupo de amigos pareciam estar curiosos para saber o que estava acontecendo ali, mas os gêmeos apenas lhe disseram que Hope estava com dificuldade em Transfiguração (matéria que George e Fred eram particularmente bons).

— Apenas leiam. – ela falou. Os três, então, se espremeram para ler um artigo na terceira página.“FAMÍLIA BRUXA ATACADA POR LOBISOMENS NA ITÁLIA: NÃO HÁ SOBREVIVENTES”. Eles questionaram silenciosamente a loira que respirou fundo antes de continuar. – Leo me disse que o pai dessa família era um de nós. – sua voz falhou. – Porém, ele está furioso porque o ritual não deu certo.

— Merda. – Fred soltou.

— Ele começou. – Hermione concluiu. - Por que será que não funcionou? - se perguntando tentando ignorar o sentimento de alívio que sentiu ao saber que o ritual havia falhado.

*****

Mesmo com a cabeça cheia de dúvidas e de preocupação, Fred Weasley jogou muito bem. A cumplicidade entre os gêmeos, o espírito competitivo de Harry e o trabalho em equipe do time trouxeram a vitória à casa dos corajosos. Luna, apesar de pertencer a Corvinal, comemorou junto de seus amigos a vitória vermelha.

Sem ao menos pensar nas possíveis consequências, a primeira coisa que Fred fez ao sair do campo foi procurar Hermione com os olhos. Quando a achou próxima de Hope, saiu correndo e a abraçou fortemente levantando a castanha do chão. A garota riu pela surpresa e o parabenizou pela bela partida. Fred sorriu abertamente e quando foi abraçar a pequena menina loira, caiu no chão ao receber um soco do lado esquerdo.

— Não toque em Hermione. – Rony estava furioso. Estava vermelho e cego pelo ciúmes e raiva. – Está me ouvindo? Ela é minha, MINHA!

— Qual é o seu problema? – Fred se levantou rapidamente do chão e deu um empurrão no irmão. Rony era um pouco mais alto, mas Fred era muito mais forte.

— O problema é você! Você e sua mania de tocar no que não te pertence! – o tom de Rony era alto e muitos alunos já cercavam o lugar.

— O que você está pensando? — Hermione se recuperou do choque e lançou um olhar furioso em direção ao namorado. Ela se aproximou de Fred e com um aceno de varinha, o corte na boca dele sumiu. – Eu sinto muito, Freddie.

— Freddie? Que bonitinho, ele tem um apelido carinhoso! – Rony bateu palmas.

— Você está escutando as coisas que está falando? – Hermione apontou sua varinha para o namorado. – Você está cego por ciúmes, está agindo como um doente!

— Eu só estou protegendo o que é meu. – tentou se defender.

— Não ouse se referir a mim como uma possessão! – ela ameaçou. – Sinceramente? Não estou nem um pouco afim de lidar com seu descontrole. – ela deixou algumas lágrimas caírem. Chorava de raiva. – Vá se foder, Ronald Weasley. Estupefaça! – ela o mandou para longe sem pensar duas vezes. Rony, que não teve chances de se defender, caiu desacordado. – O que vocês estão olhando? Perderam alguma coisa? — Hermione gritava para as pessoas ao seu redor que a olhavam assustados. Rapidamente o cerco foi desfeito e Hermione sentiu seus olhos se tornarem dourados ao tempo que sentiu Fred a abraçar.

— Mas o que aconteceu aqui? – Ginny alternava seu olhar entre Mione e Rony desacordado. Mione chorava no peito de um Fred com o rosto levemente inchado e Hope se escondia atrás de Fred segurando firmemente a barra do uniforme dele.

— Ele se descontrolou por conta do ciúme doentio dele e Mia o estuporou. – Fred resumiu segurando firmemente a castanha em seus braços.

— Eu sabia que ele ainda iria surtar. – Harry sussurrou. Se aproximou de sua melhor amiga e acariciou seus cabelos. – Mi, você está bem?

— Só não quero ver a cara de Ronald no momento. – ela respondeu de olhos fechados. Estava tentando controlar suas emoções e fazer com que seus olhos voltassem a ficar castanhos.

Angelina Johnson observava a cena de longe. George parou ao seu lado em silêncio.

— Eu sempre tive razão em relação a aqueles dois, não é? – o voz dela saiu baixo e seu tom era compreensível.

— O sentimento deles nasceu de uma forma tão natural que se tornou inevitável. – George comentou. – Ela ainda não percebeu.

— Percebeu sim só não quer admitir. – a morena falou.

— Uma mulher entende outra. – George riu. Ele estendeu a mão para ela. – Vamos? Acho que Freddie vai precisar de ajuda com isso.

— Vamos. – ela sorriu e aceitou a mão do ruivo. Assim como ele havia comentado antes, o sentimento que nasceu entre Angelina e George nasceu de forma natural e foi inevitável.