Sekai no Sozokujin: Laços mais que eternos. escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 3
Talvez uma nova luz.


Notas iniciais do capítulo

WE ARE BACK, BABY!

Heeeeeey Herdeiros! Como vocês estão? Não acharam que iríamos abandoná-los, acharam?

Pois bem, voltamos!

Nos desculpem pela demora, novamente. Sim, sei que fica um pouco cansativo esse ritmo, e eu gostaria muito de poder entregar os capítulos no prazo certo, porém nosso tempo não nos permite fazer isso Como eu já disse anteriormente, eu e a Fran estamos naquele processo de terminar a escola e estudar pro Enem e para os vestibulares, então acaba não sobrando muito tempo livre para escrever. Mas não se preocupem, Herdeiros - a história vai sim continuar!

Enfim, espero que gostem do capítulo!
Beijão!

Ps: Gostaram do nome do fandom? Temos a opção psicopatas de Sekai tbm (Obrigado Sheba!). Amamos vocêees ❤️



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A raiva me corrói por dentro
E eu não vou sentir esses pedaços e cortes
Eu quero tanto abrir seus olhos
Por que eu preciso que você olhe dentro dos meus"

—Open Your Eyes, Snow Patrol.

Tudo, talvez, ficasse mais fácil caso aquelas palavras não tivessem doído até mesmo nela, ao dizê-las.

"Foi uma boa solução, senhor Hokage?"

Como se não soubesse a resposta.

O Hokage não respondeu. Olhou para a filha de forma diplomática, mantendo a postura como a boa figura política que era, ou deveria ser. Os cansados olhos azuis-céu esquadrinharam o rosto de traços delicados, porém duros e cheios de ressentimento, e então pularam para trás da menina, buscando o rosto visivelmente confuso do filho.

—Seu plano deu certo, dattebane? -Insistiu a menina. -Foram tempos de paz enquanto estávamos fora?

Mais uma vez, não houve resposta. Apenas uma troca de olhares vindos de pessoas com mentes e corações machucados. Naruto arriscou-se a sorrir.

—Bem-vinda. -Declarou.

—O jogo já pode terminar agora. Você sabe, não sabe? -A pele branca tomou lentamente um tom avermelhado, não por vergonha, mas por raiva. Entretanto, o rosto que deveria, àquela altura, demonstrar seu fúria, permanecia impressionantemente duro e inexpressivo. Naruto suspirou pesadamente.

—Hoku… -Boruto moveu-se com cautela até a lateral da irmã, pousando uma das mãos no ombro esquerdo dela. Buscou encará-la com compreensão, porém seu rosto revelava a confusão que habitava sua mente em relação àquela situação. Hokuto desviou os olhos azuis para o gêmeo, com a raiva borbulhando por debaixo de sua pele, e tentou, por um instante, respirar fundo. -Não há nenhum jogo, dattebane.

—Há, sim. Estamos num jogo desde que nascemos, Bolt. -Atenta ao peso daquela frase, a menina presenciou o olhar do irmão tornar-se ainda mais confuso.

"Ele não contou." Deduziu sua mente, apesar que, de fato, o raciocínio estivera bem óbvio. Era questão apenas de aceitá-lo. "Cretino."

—Filha... -Voltou a tentar Naruto, puxando para si uma grande quantidade de ar. Hokuto voltou a olhar para o pai diante daquele chamado, cujo não conseguia negar, e ali voltou a perceber como a aparência do Uzumaki mais velho refletia seus últimos dois confusos anos. As olheiras haviam aprofundando-se mais e alguns dos dedos tinham calos, provavelmente do exercício contínuo da escrita. O olhar, embora habitualmente altivo, apresentava traços distantes, quase tristes. -Não me agradou, também, as circunstâncias que cercaram a partida de vocês dois anos atrás. Mas creio que… -Os olhos do homem foram de encontro aos dois meninos que espreitavam, fingindo tédio, atrás dos gêmeos, e então voltaram, fazendo uma rápida avaliação, também, do local onde se encontravam. -… não seja um bom lugar para discutirmos agora. Podemos rever este assunto depois, certo?

—Claro. Certíssimo. O senhor tem completa e plena razão. -Apesar do sarcasmo ser quase capaz de pingar de sua voz, Hokuto tinha uma boa ideia do que fizera o pai dar aquela resposta; era um assunto confidencial, afinal, e contá-lo ali, com risco de captura das informações, poderia ser perigoso. Naruto fez um meneio de cabeça, como que dando a solução como unânime.

—Estou feliz de tê-la de volta. -Tentou novamente. A resposta da Uzumaki foi imediata, porém não dirigida à ele. Ao falar, voltara a encarar o irmão, trocando a face fria que mostrava por um sorriso pequeno e nostálgico.

—Estou feliz por estar de volta, Bolt. -Comentou. Entretanto, o ato de ignorar Naruto em si foi o suficiente para fazer seus olhos arderem, embora nenhum resquício de lágrima tenha ameaçado surgir. Não se obrigou a sorrir de forma mais aberta ao irmão e, refletindo esse ato, perguntou-se se deixava transparecer a dor de algum forma. Boruto a encarava ainda, parecendo buscar respostas nos gestos da irmã. Respostas essas que ela desejara profundamente que Bolt já soubesse, para que não fosse obrigada a contar a ele sobre cada mínimo detalhe e dor que as envolvia. -Muita coisa mudou, 'ttebane?

—Não muito, pra falar a verdade. —Respondeu Boruto, alternando o olhar entre a irmã e o pai. Hokuto notara que, aparentemente, o tempo com Sasuke havia mudado muito dele; Boruto agora tinha um tom calmo, embora visivelmente controlado, que dava a parecer uma personalidade bem mais fria do que a irmã podia se lembrar. Entretanto, mesmo em frente àquelas mudanças, a rosada conseguia captar as nuances de desconfiança e dúvida que o menino se esforçava para não demonstrar. Balançou a cabeça em concordância, numa felicidade fingida, olhando a vila por cima dos ombros do Hokage com curiosidade. Por um instante, aquele olhar breve a fez perder-se num outro tempo, numa infância deixada tão precocemente para trás que a fazia, todos os dias, remoer lembranças que quase três anos não haviam sido capazes de substituir, e que tempo algum jamais seria. O sorriso ofuscou-se de seus olhos e lábios, demonstrando a maneira com que aquela nostalgia vertiginosa demonstrava-se presente até mesmo em sua própria aparência.

—Ei, Hoku? -A voz de Boruto voltou a ressoar. Hokuto voltou a si num semi-sobressalto, virando-se novamente ao irmão. Talvez a perda de compostura de forma tão repentina tivesse despertado nele algum tipo de preocupação. - Vamos ver a mamãe, o que acha? Ela vai te socar de felicidade.

—Sim. -Concordou a menina, brevemente. - Sim, vamos.

E, dessa forma, tratou de agarrar-se ao braço do irmão, carregando-o de forma calma consigo, deixando para trás o Hokage, cuja expressão levava um semblante ameno. Ouviu as respirações de Inojin, Shikadai e de seu próprio pai tornarem-se distantes, e certificou-se de que estava longe o suficiente para que pudesse respirar e iniciar algum tipo de conversa aleatória com Boruto, que já não encarregava-se de perguntar mais nada.

O caminho foi breve e bem mais curto do que Hokuto achava que era. Cada passo despertava nela uma lembrança diferente, cada rua e viela traziam à tona memórias de risadas e pegadinhas, treinamentos e piadas. Sorria ao mesmo tempo que queria chorar, e suas breves risadas pareciam reforçar aos seus próprios ouvidos o quão estranha toda aquela situação soava.

Entretanto, as primeiras lágrimas ameaçaram vir apenas quando encontrou-se encarando a porta da casa na qual crescera, a mesma que fora induzida a deixar tempos antes; A quanto tempo não via aquele pequeno jardim, aquela porta de madeira trabalhada com o símbolo Uzumaki estampado ao lado?

—Ela está em casa, 'ttebane? —Perguntou ao irmão, que esperava um passo atrás, esforçando-se para manter a voz em tom uniforme.

—Está. —Um suspiro curto chegou aos ouvidos da gêmea, e Hokuto sequer precisou de um olhar para saber que, junto àquele ato involuntário, um pequeno sorriso havia surgido no canto dos lábios de Boruto. Não precisava de seus olhos para entender aquele gesto. —Tia Ino a obrigou a tirar um fim de semana. Falou que ela trabalhava demais. —Uma pausa foi feita, deixando uma mensagem subentendida no curto silêncio. "Acho que ela está assim desde que você partiu."

Hokuto não respondeu, e também não quis exitar; abriu a porta de forma rápida, prática, sendo invadida por um silêncio que a casa não costumava ter. A mãe não estava na sala, nem na cozinha, e muito menos na lavanderia. Tendo isso em vista, subiu as escadas, as mãos deslizando suavemente na madeira do corrimão. Esperava encontrá-la no quarto do casal, descansando, talvez. Ou até mesmo no escritório.

Assim que o último degrau da escada foi alcançado, porém, sua audição entregou a localização de Sakura antes que pudesse sequer dar-se conta. Pôde ouvir o som do deslocamento de pequenos objetos, que só podiam estar sendo movidos pelas mãos da mãe, vindo da última porta do quarto da direita - o quarto de Hokuto.

A menina aproximou-se com cautela. Já sabia que a mãe, como a kunoichi treinada e experiente que era, já devia saber da presença de alguém. Atravessou o corredor, detendo-se no batente da porta aberta, com as costas pequenas de Sakura entrando em seu campo de visão; as roupas mal haviam mudado, e a mulher vestia uma blusa estilo kimono rosa, onde o símbolo laranja dos Uzumaki tomava destaque, juntamente com calças curtas, justas e branquíssimas. O cabelo estava alguns centímetros mais longo do que a última imagem que tinha fresca na memória, e, daquele ângulo, era possível ver uma de suas mãos, que segurava delicadamente uma pequena moldura, que a mais nova sabia conter um foto dos gêmeos quando pequenos.

Hokuto suspirou, deixando a saudade dominá-la.

—Você demorou. -Sakura soltou, ainda de costas. Hokuto fez um meio de cabeça, incapaz de dizer apenas um "Sim." -Seu pai me disse que estava voltando.

—Ele disse, dattebane? -Um sorriso brincou em sua face. Observou a mão da mãe descer novamente, pousando a moldura na madeira lustrosa da cômoda.

—Disse. -E, assim, ela se virou. Por um instante, contemplou a nova imagem da filha, que passara dias imaginando como estaria. Viu na garota, dos olhos azuis ao queixo firme, Naruto por inteiro. Sorriu de canto, as lágrimas tomando espaço no rosto de pele alva, cujo Byakugou mantinha, aos trinta e sete, tão jovem quanto aos vinte e nove. Se aproximou rapidamente da filha, estendendo os braços, e Hokuto deixou-se ser acolhida pelo abraço forte da mãe, que há muito não sentia. -Está tão linda, espero que saiba disso.

—É bom te ver também, mãe. -Murmurou, sentindo-se, ao menos por um instante, amada, aproveitando o gesto caloroso. Sakura tratou de apertar mais o abraço, de uma forma que estava bem perto de se tornar incômoda devido à força descomunal da médica. -Hã… Ma-mãe…

—Ah, me desculpa, desculpa. -Rindo, desfez o abraço, porém suas mãos foram até os ombros da filha, observando-a mais de perto. Uma risada conhecida e rápida encheu o cômodo, e, ao virarem-se, as duas depararam-se com Boruto, que parecia, aos olhos de Hokuto, demonstrar satisfação com a cena.

—Eu te disse. -Recordou à irmã, que não foi capaz de evitar um sorriso.

—Você se alimentou direito durantes esses anos?! -Questionou repentinamente Sakura, parecendo preocupada. Hokuto sabia bem que não havia nada demais com sua alimentação; porém, era normal que a mãe demonstrasse aquele zelo. Boruto riu baixo. -Está parecendo muito magra. O que andou comendo?

—Eu estou bem, mãe, 'ttebane.

—Tem certeza? -A kunoichi suspirou, parecendo analisar a outra com o olhar, provavelmente em busca de algum ferimento. -Eu fiquei preocupada. Você e o seu irmão, tanto tempo longe, tão poucas notícias. Shannaro! Vocês têm mãe, sabia?

"Ela nunca muda." Aquele pensamento fez a menina rir, mesmo que de forma baixa e breve. Fazia tanto tempo que não ria que pegou até a si mesma de surpresa com aquele ato. Sentia falta dos tempos em que tal ação era comum, mesmo que se recusasse a admitir.

—Sabemos, mãe. -Disse, em um tom compreensivo que, anos antes, era típico, porém agora lhe soava quase estranho. Pôde ouvir uma risada baixa vinda de Boruto após aquela resposta.

—Vamos lá… - Sakura agarrou-a pelos ombros novamente, levando a menina até a porta, onde a outra mão envolveu um dos braços do filho. Tido isso, arastou-os consigo em direção às escadas. -Você tem muito pra me contar.

—Bem… Tenho…

"Mas não quero" ouviu sua própria mente protestar. É claro que sabia, muito antes, que seria confrontada com muitas perguntas sobre o que fizera durante aqueles dias longe; entretanto, estar preparada não deixava a situação menos incômoda.

—É, ela tem. -Embora o tom usado por Boruto tenha sido amigável, Hokuto estava consciente que não era apenas sobre a viagem que o irmão se referia; a cena de mais cedo havia causado, de fato, uma enorme confusão na cabeça do garoto. Tinha explicações a dar - e não eram poucas.

—------------

A noite chegou mais cedo do que ela esperava - e, em meio à madrugada, buscou o refúgio necessário. Eram quase duas da manhã quando saiu - Sakura dormia de forma pacífica, e Boruto, em seu próprio quarto, parecia fazer a mesma coisa, ao menos nos poucos instantes que tirou para observá-lo antes que fizesse o que não gostava de denominar como fugir - mas como escapar. Apenas Naruto não encontrava-se em casa ainda, e seus motivos ainda eram os mesmo de quase três anos antes: o trabalho excessivo como Hokage.

Não que Hokuto se importasse. Ao menos, fingia não se importar.

Sua volta parecera pacífica, mas fora, mais do que tudo, tão dolorosa quanto a partida. Era um turbilhão de sentimentos e sensações misturadas, confundindo de forma cruel sua mente e colidindo suas vontades de fugir e ficar. Fingira muito naquele dia - Fingira que nada a machucava, que a distância mantida com o pai não a atingia; fingira à mãe que haviam sido ótimos anos aqueles, e que seu principal problema tinha sido a saudade; fingira ao irmão estar cansada, numa tentativa esfarrapada (porém eficaz) de adiar informações que, uma hora ou outra, seria obrigada a dar.

Talvez por ainda estar naquele esquema - naquele onde se sentia obrigada a fingir que tudo estava bem, de uma forma ou de outra, que, naquele momento, chorava. Não que lhe fosse uma coisa incomum, agora. Nos primeiro dias após a partida de Hitomi e Boruto, a garota mal comia. Quando o momento de sua própria partida da vila chegou, meses depois, quase encarou como um alívio mandado pelo destino - estar longe talvez a fizesse bem.

Havia se fortalecido, de fato. Suas habilidades nunca haviam sido tão apuradas e exploradas. Sobretudo, um corpo forte nem sempre torna uma mente forte - e, nesse aspecto, tinha inúmeras falhas. Não sabia se seus antigos companheiros eram constantemente assombrados pelo passado como ela era.

Passado esse que, apesar das tentativas de fuga, era constantemente perseguido pela menina. Talvez pelo desejo de agarrar-se ao passado que, naquele momento, estivesse ali, tendo uma visão ampla de uma vila em constante ascensão, borrando com as lágrimas a bela cena.

—Hokuto? — Uma voz questionou, baixo, vinda de trás da garota. Era conhecida, embora estivesse consideravelmente mais grave. Mantinha, porém, o tom calmo de outrora. — Está tudo bem?

—Eu pareço bem, 'ttebane? —Rebateu, em meio aos soluços, num tom um tanto quanto ameaçador. Parte daquele tom viera da surpresa; a presença do Yamanaka era inesperada. Achava estar sozinha. Estava encolhida, com os braços pressionando os joelhos contra o peito, e o rosto enterrado em si mesma. —Vai embora, loiro-azedo. Não deveria estar aqui.

—E você deveria? -O rosto de Inojin expressava tristeza; o menino ignorou a ameaça, indo até a rosada e sentando-se ao lado dela. -Olha pra você, está péssima. Não vou te deixar sozinha.

—Não tem que se importar comigo por obrigação. Me conheceu hoje.

—Não, eu não te conheci hoje. Eu te conheço desde… Sempre. É inevitável me importar. Você é minha amiga.

—E você é amigo do Boruto, 'ttebane. Não meu. Eu sempre te ignorei. -Ela, enfim, levantou a cabeça, e os olhos azuis ainda estavam vermelhos por conta do recente choro quando colidiram com os preocupados e tristes verde-água do Yamanaka, que a observava de forma atenta. Diante daquela alegação, ele negou veemente com a cabeça.

—Sabe que não é verdade. Mesmo que fosse, eu não ligaria.

Ela suspirou. Inojin a deixava cansada, embora também lhe passasse um quê de reconforto. Parecia que cada mínima palavra dele era capaz de tirar-lhe todos os argumentos que tinha.

—Eu mudei. -Afirmou, voltando o rosto para a imagem da vila, como se tentasse ignorar a figura do menino ao seu lado.

—Eu sei. -Ele virou-se, também, contemplando juntamente à ela o silêncio e a paisagem.

—Porque continua?

Mais um suspiro. Dessa vez, entretanto, saído dos lábios dele.

—Porquê foi pra melhor. A antiga você ainda está viva, e se fortaleceu. Continua sendo você. Isso é bom.

—Não é. Não sabe do que está falando. É apenas fraqueza, dattebane.

—É mentira. -Ela buscou o rosto dele, encarando-o de esguelha, surpresa pela reação. - Sei que sabe disso também. São essas lembranças que te impedem de perder a cabeça, ou perder a si mesma. Eu sei como é.

—Não sabe. Pode até tentar entender, mas não vai, 'ttebane. Você não tem esses sentimentos que te perseguem e que você sabe que não irão desaparecer nunca, essa culpa e mágoa, todo esse arrependimento, você… Não sabe.

—Eu sei. Tem razão, eu não tenho. Mas talvez eu terei, se… -A voz do menino falhou, como se estivesse prestes a falar algo que não deveria; Era raro que aquilo acontecesse a Inojin, uma vez que o menino falava sempre a primeira coisa que lhe viesse à mente. Mas Hokuto surtia aquele efeito nele, de quem precisa pensar cuidadosamente nas palavras antes de dizê-las. Ele inspirou fundo.

—Se o quê? -Indagou ela, finalmente. Inojin virou o rosto, passando a olhá-la com pouquíssima ou nenhuma discrição. Encarava-a diretamente ainda, quando enfim falou:

—Se algo acontecer com você. Se desistir por conta própria ou se ferir, a culpa será minha, independente do que diga, por não ter estado lá para te ajudar.

—A culpa não será sua, não preciso dessas promessas. - Ela rebateu, de forma forçadamente ríspida. Aquelas palavras a haviam afetado mais do que queria deixar transparecer.

—Mas eu preciso. -Revelou, com um tom trépido, o loiro. Seu olhar deixou o rosto dela para focar-se no chão.

—Cala essa boca. -Hokuto disse. Entretanto, ao invés do tom autoritário que aquela ordem parecia dever ter, tinha um traço frágil e retórico. Inojin já não tinha o olhar sobre ela e, logo, não notara ainda que as lágrimas haviam voltado a se acumular nos olhos da rosada.

—Cala você.

—Quero ver me fazer calar, 'ttebane.

—Eu poderia. -Afirmou. -Mas você não gostaria dos meus atos, e o seu irmão muito menos. -Deu um leve e sincero sorriso de canto. Hokuto acompanhou aquele gesto involuntariamente.

—Você é mais teimoso do que eu me lembrava. -Disse, por fim.

—Aprendi com quem é mestre nisso.

Um momento de silêncio se seguiu. Por alguns instantes, os dois jovens admiraram não o ambiente em que estavam, mas as questões que faziam suas próprias mentes perderem-se tanto, confusas entre o passado, o presente e o futuro.

—Você não vai contar, vai?

—Sobre o quê? Você? Hoje? Não.

—Nem para o meu pai? -Ao ouvir a última palavra, lançou à ela um olhar questionador.

—Resolveu chamá-lo de pai?

—Eu o chamo, só não na frente dele. Agora responde, dattebane.

—Não. Não vou. -Murmurou, em resposta. Só então, Hokuto agiu pelas próprias vontades; sentou-se um pouco mais perto do colega, com seus braços e pernas se encostando, e deixou-se falar:

—Eu sinto falta daquele época, 'ttebane. -Desabafou. E, à medida que falava, lágrimas brotavam, rolando de forma lenta por suas bochechas. -Sinto falta de todos nós. A culpa foi minha, não foi? Poderíamos ter tido uma outra vida… não é? O que… quem seríamos hoje, Inojin…? Se eu não...

Logo, as grossas lágrimas se multiplicaram. E, assim como no início, a menina chorou baixo, de forma tão sincera quanto magoada.

—Eu não sei. -Respondeu, de forma direta, o rapaz, deixando de lado o esforço para conter as próprias lágrimas, frutos de um início de adolescência que ele jamais teria, assim como ela, ou Boruto, ou Hitomi. A questão de Hokuto era válida: Quem e o quê seriam, caso todos os caminhos não os tivessem separado, durante aqueles dois anos? -Não sei, Hoku.

O choro tornou-de um pouco mais alto; talvez porquê, agora, os dois estivessem em prantos, tomando as dores e cores um do outro. A cabeça de Hokuto pousou sobre o ombro de Inojin, que não pôde deixar de sentir-se surpreso, porém a perplexidade teria de ser deixada para depois. Com delicadeza, o Yamanaka envolveu-a com os braços, como se fosse capaz de protegê-los apenas com aquele gesto.

Talvez, naquele momento, realmente fosse.

Quem se importaria com as luzes da cidade?

—------------

"Não precisa contar, garoto. Eu já sei." Pensou o Hokage, observando com certa admiração a cena. Passara o dia dedicando-se a vigiar os filhos em segredo, principalmente pela chegada de Hokuto, tomado de preocupação. Ao vê-la ali, chorando, havia revisitado um lado frágil de sua personalidade que há muito não via, e tomado uma conclusão: Hokuto era, sem dúvidas, tão forte quanto ele.

Pôs os olhos azuis mais uma última vez nos adolescentes. Notou, enfim, a forma com que Inojin abraçava Hokuto, como se nada mais importasse em todo o mundo. Talvez nunca fosse admitir, porém, naquele momento, teve de segurar uma lágrima.

No futuro, cuide bem da minha filhinha, garoto. -Murmurou, antes da dar as costas e ir, enfim, para casa.


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Notas finais do capítulo

E aii galerinha! O que acharam? Gostaram? Espero que sim!

É bem provável que já no próximo capítulo tenhamos a volta definitiva de Hitomi à Konoha. Ansiosos? ❤️

Obrigada por lerem! ❤️



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