Sekai no Sozokujin: Laços mais que eternos. escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 12
Ela


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey! Voltamos!!

Espero que gostem desse capítulo que fizemos com amor, carinho, raiva e lágrimas. Amo vocês ❤️



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“Que tal uma salva de palmas?

Uma ovação de pé?

Mas você fez um belo show

Realmente me convenceu

Mas agora é hora de ir

As cortinas finalmente estão se fechando

Foi um belo show

Muito divertido

Mas agora acabou 

Vamos lá, agradeça ao público”

 

—Take a Bow, Rihanna.

 

—Nós entendemos. —Hokuto dizia, sorrindo, enquanto segurava as mãos de uma mulher de meia-idade, esposa de uma das desaparecidas. Konohamaru não se lembrava o nome dela - e muito menos da companheira em questão - mas não podia deixar de notar o quanto a menina Uzumaki parecia acalmá-la com um gesto simples e algumas palavras. Era como um dom, ele sabia. 

E também sabia das coisas.

—É toda a informação que posso dar. —A mulher suspirou.

—Tudo bem. Ajuda muito, ‘ttebane. Obrigada, senhora Miyo. —Hokuto lançou à ela um sorriso gentil, prontamente correspondido por outro. 

O Sarutobi olhou para os lados, verificando novamente o time dividido. Ali estavam ele, Hokuto, Hitomi e Shikadai. Algumas casas à frente, deveriam estar Boruto, Inojin, Chō-Chō e Mitsuki, entrevistando os parentes do segundo desaparecido.

A Vila da Fumaça só tinha duas vítimas.

Voltou-se novamente para a cena que se desenrolava, e foi ali que percebeu que não era o único a acompanhar os movimentos da filha de Naruto. Olhos negros e misteriosos focavam-se na face bela da garota.

As paredes que Hitomi construíra para si mesma eram grossas demais. Foi a primeira observação de Konohamaru ao vê-la de volta. 

Ele a observava agora; tudo que tinha era um antigo time em crise e crianças cujas feridas não fazia ideia de como curar. Aquilo parecia ter começado a pouco tempo, mas já haviam se passado dois anos e meio desde o final daquela fase tão bonita.

O Sensei suspirou. Tinha um caminho difícil pela frente, e não sabia se era capaz de trilhá-lo. Entretanto, o carinho pelos pupilos era maior que a dúvida, e se aquele era seu desafio, tentaria cumprir. 

Em contrapartida, Shikadai também parecia assistir. As orbes verdes, entretanto, não pareciam tão difíceis de interpretar. Transpareciam indiferença em cada centímetro de luz, e Konohamaru se surpreendeu ao perceber:

Shikadai sentia raiva.

•´¨*•.¸¸.•*´¨•.¸¸.•´¨`•.¸¸.•*

—Por onde começamos? —Questionou Mitsuki, numa de suas raras e estranhas interações. Haviam se reunido num dos poucos restaurantes da vila, aproveitando a hora do almoço. 

—Kyara disse ter visto a irmã perto de uma das áreas de treinamento pouco antes dela desaparecer. —Informou Chō-Chō.

—A Senhora Miyo disse o mesmo em relação a Sachiko. —Complementou Hokuto, concordando prontamente com a amiga. —Ela não era shinobi, mas aparentemente gostava de visitar o campo.

—Devia ser nostalgia. —Comentou Inojin. —Dos tempos de academia. 

—Talvez. —Hokuto sorriu. 

—Não sei de quê. A Academia era péssima. —Boruto resmungou. —Com certeza o sensei dela não era o Shino. 

—Você só não sente falta porque não prestava atenção, boboca. —A irmã bronqueou, encarando-o de canto. —Se pelo menos não dormisse durante as aulas teóricas, teria se interessado.

—Se eu dormia, era porque não me interessava. —O menino deu de ombros. —Eu dormia, e mesmo assim tinha boas notas. 

—Tá se achando o Shikadai agora? —Brincou Cho-Cho.

—Eu tô mentindo? —O menino arqueou uma sobrancelha. Hokuto suspirou, rendida. 

—Não, você não está. 

—Então pronto, ‘ttebane.

—Tá se achando demais pro meu gosto. —Comentou Hitomi, soturna. Aquela parecia a primeira vez que fazia uma tentativa - ou ao menos algo parecido - de se enturmar ao grupo. 

—E você tá achando novidade?  Ele nunca calou a boca, ‘ttebane. —Hokuto soltou, continuando o comentário anterior com a maior naturalidade possível. 

Espera, elas tinham acabado de concordar? 

—Qual é?! Três anos se passaram e vocês ainda acham graça em me criticar! 

—Três anos se passaram e você continua idiota. 

—Vocês estão de complô, não é? 

—Nós duas? Nem fodendo. —Hitomi negou, distraidamente, enquanto comia o conteúdo de seu prato. 

—Olha a boca! —A voz alta do sensei foi o suficiente para fazer com que os adolescentes rissem. Boruto olhou para a irmã, que repentinamente parecia ter ficado absorta em mexer lentamente em sua porção de ramen com os hashis.

—Hoku…

—Parece que faz tanto tempo. —Constatou ela. —Que éramos assim.

Ninguém precisou de muito para entender. 

—Não faz tanto assim. —Inojin rebateu, de modo animado. —Quer dizer, estamos sendo agora… Não é? 

A menina riu baixo, levantando o olhar brevemente. Entretanto, não foi em Inojin que focou, mas sim na colega de time, que fingiu não notar. Aquilo não durou muito, porém; logo, brincava novamente com o macarrão à sua frente. 

—Não é a mesma coisa. —Murmurou. Boruto suspirou, um tanto quanto mexido por aquela pequena demonstração da realidade dura, e observou os amigos. Inojin parecia ter assumido a mesma postura de Hokuto: as costas completamente encostadas na cadeira e os olhos baixos sobre o prato. Shikadai, entretanto, se remexia em seu lugar. 

—Como se você se importasse. —Declarou, friamente. Dessa vez, Hokuto o encarou de forma fixa, sem demonstrar intimidação. O Nara se inclinou sobre a mesa, levantando-se da cadeira subitamente. —Digo à Konohamaru-sensei que vou primeiro. 

—Shika… —Chō-Cho estendeu as mãos ao colega, numa tentativa de mantê-lo ali. O garoto se esquivou. 

—Perdi a fome. —E saiu. 

•´¨*•.¸¸.•*´¨•.¸¸.•´¨`•.¸¸.•*

O campo de treinamento, na verdade, não ficava longe dali. 

Chegaram pouco tempo após o almoço, ainda no início da tarde. A refeição, apesar de tudo, não havia sido interrompida pela saída súbita de Shikadai (muito embora Konohamaru tivesse murmurado algo sobre como era difícil cuidar daquela matilha de adolescentes zangados). Sendo assim, quando chegaram, ele realmente já estava lá, vasculhando a área como se fosse a coisa mais interessante que já fizera. 

Ali, já ficava claro o quanto algo o incomodava - Shikadai preferiria jogar Shōgi com uma invocação a fazer a limpa no campo de treino. 

—Achou alguma coisa? —Indagou Konohamaru, aproximando-se do garoto. O menino apontou para um dos troncos - o lugar era surpreendemente parecido com os campos de treino que tinham em Konoha - e assentiu com a cabeça antes de dizer: 

—Achei marcas de sangue. É pouco, mas pode ser alguma coisa. 

—Marcas de sangue? —O sensei se aproximou, disposto a analisar as supostas marcas. Boruto o viu apoiar uma das mãos ao tronco e abaixar-se sobre os joelhos, aproximando o rosto da madeira gasta. —Realmente… sangue seco. 

—Isso é uma área de treinamento. Ter sangue num desses troncos não é uma grande evidência. —Observou Hitomi. Boruto admitiu a si mesmo internamente que concordava com ela. —Pode ser de qualquer um que tenha jogado uma shuriken em falso. 

—É verdade. —Hokuto voltou a concordar. —Mas não podemos descartar a possibilidade de… 

—Obrigado, Hokuto. —Cortou o menino, subitamente, fazendo até mesmo que os outros colegas se sobressaltassem. —Mas eu sei do que estou falando. Não preciso de reforço.

Boruto franziu as sobrancelhas. 

—Ela não disse nada demais, 'ttebane. 

O Nara deu de ombros, observando o amigo. 

—E daí? 

—Não precisa falar assim com ela. Qual é a sua? 

—Qual é a minha? 

—É, qual é a sua? —Reforçou Inojin. —Bolt está certo. Você está sendo arrogante desde que saímos da vila. 

—A minha, Boruto, era que estávamos bem até que sua irmãzinha voltasse sabe-se lá de onde e seu pai nos jogasse juntos numa missão que não leva a nada. 

—Se está incomodado, poderia ter se recusado a vir. —Constatou Mitsuki, simplório. —Era só ter falado com o Hokage. 

—Falar com o Hokage? Como se adiantasse alguma coisa. Você sabe muito bem que não daria certo. 

—Não se a sua desculpa de merda fosse uma rivalidadezinha idiota. —Continuou Boruto. Sentia o sangue ferver nas veias. Shikadai era seu amigo de longa data - um dos mais próximos e mais queridos - e jamais teria passado pela sua cabeça que alguém como ele seria capaz de jogar ofensas sem fundamento em qualquer um, principalmente Hokuto. —Qual é? Resolveu se ressentir do fato da minha irmãzinha ser tão inteligente quanto você, Shika? Que uma menina bate de frente com a linhagem do seu clã? 

Shikadai sorriu de canto.

—Ela não é mais inteligente que o meu pai. 

—Mas talvez seja mais do que você. Aparentemente seu Q.I não serve pra controlar ressentimento. 

—Boruto, chega. —Foi Konohamaru quem se colocou entre os meninos, buscando interromper um possível conflito. Shikadai estreitou os olhos verdes. —Você também, Shikadai. Não estamos aqui pra gastar energia lutando uns com uns outros. 

—Nem deveríamos estar aqui. —Rebateu o menino. —Nenhum de nós. Estava tudo ótimo até que ela resolvesse voltar. 

—A volta de Hokuto não mudou nada. 

—Aparentemente, é a existência dela que muda, não é mesmo? 

—Você não sabe do que fala. —Era Hitomi quem dizia, num tom firme e baixo, muito parecido com a forma de falar que o pai usava. —Não tem ideia do que está dizendo. 

—Não? Então por quê ela mesmo não respondeu ainda? 

Um silêncio tenso se espalhou enquanto todos viravam os olhos - querendo ou não - para a menina silenciosa de cabelos rosados. Hokuto não parecia abalada com os comentários grosseiros do colega. 

Shikadai. —O professor repetiu, em forma de aviso. O Nara pareceu ignorá-lo. 

—Não, Konohamaru-sensei. Deixa ele falar e gritar se quiser, dattebane. —Os olhos azuis dela se focaram nele. A voz era calma e macia, visivelmente controlada. O menino bufou. —Deixa ele dizer o que quer. 

Konohamaru deu um passo para trás. Sua intenção permanecia em não permitir qualquer ataque que fosse, mas os meninos pareciam dispostos a continuar com aquilo, ainda que fosse através de palavras. Boruto encarava o amigo com desconfiança; em contraponto, Shikadai torceu o rosto numa expressão de desgosto. 

—Tudo mudou naquela missão, não é? Na Vila do Algodão. 

Hokuto estreitou os olhos na direção dele. 

—O que tem isso? 

—Moegi-sensei passou o resto da viagem de volta inquieta. —Acrescentou Inojin. —Ela mal lembrava que estávamos com ela. 

—E o quê isso tem haver com a Hokuto? —Boruto foi direto. Não parecia muito disposto a uma discussão amigável.

—Era por causa dela. —O dedo indicador do Nara apontou Hitomi, que acompanhava a conversa em silêncio. —E de Toshiko. Moegi correu para o escritório do Hokage assim que chegamos em Konoha. Ela foi contar algo sobre Hitomi. 

A Uchiha riu breve e amargamente.

—Todos nós sabemos, e daí? 

—Você não teria causado problema nenhum. —Aquilo era piada, não era? —Ela esqueceu de prestar atenção em outra pessoa. 

Hokuto pareceu segurar o fôlego por alguns instantes antes de perguntar: 

—Desde quando?

Ele não respondeu. A mente de Boruto corria à alta velocidade com a compreensão. 

Desde quando, Shikadai?!

—Quando estávamos indo até a caverna. Você sabia para onde estávamos indo. Sabia o que iríamos encontrar. 

—Não, eu não sabia o que iríamos encontrar. Eu… Sentia o caminho. Era só isso. 

—Também sabia que Toshiko iria morrer. —A sentença pareceu fazer a raiva aflorar nela. O rosto alvo tomou tons claros de vermelho, se por vergonha ou puro estresse, ninguém saberia dizer. Boruto também sentia-se no limite, como se estivesse prestes a cobrir um de seus melhores amigos com socos em defesa da gêmea. 

—Eu não…

—Pode negar o quanto quiser, mas eu sei que tinha ciência de que tinha alguma coisa errada. Você via o que nós não víamos e, Hokuto, eu não sou burro. 

—Mas eu não poderia saber o que aconteceria, dattebane! —Protestou ela. Uma brisa fria balançou os cabelos loiros do menino, assim como o de seus colegas, e fez com que um arrepio descesse por sua espinha. Vasculhou o local com os olhos rapidamente, focado nas árvores, preocupado com as sombras escuras que pareciam serpentear por trás de cada tronco e cada moita. Sentia um pressentimento estranho - como se algo os espreitasse sorrateiramente, abaixo da superfície, correndo em direção a seus pés.

—E quem se importa? Você sempre fez isso. Agora você voltou e Boruto não está bem, Inojin não está bem, Hitomi ou Mitsuki ou eu… Nenhum de nós é igual e a culpa é sua. Tudo o que você toca se esvai, se quebra e se machuca, Uzumaki Hokuto, e ainda tem coragem de agir como se não fosse o monstro que é!

Foi naquele momento que algo aconteceu.

Se Boruto pularia em cima do amigo, foi interrompido antes disso; não por Konohamaru, cujo instinto o fez jogar o próprio corpo para frente afim de anular qualquer golpe, mas por algum tipo de sombra veloz que avançou rápido o suficiente para que os olhos não fossem capazes de processar a cena exata. Ninguém seria capaz de explicar como Shikadai acabara de bater as costas num dos troncos próximos, ou quando Hokuto o acompanhara para estar bem à frente dele. Entretanto, era isso que acontecera: E a figura da menina de cabelos rosados já não era mais a mesma de alguns segundos antes. Quando seus olhos encontraram ela, encontraram também órbitas escuras, isentas de qualquer luz; decoraram um rosto de porcelana, mais pálido que o normal, e mãos fechadas em punho. Mas foram os pés que o assustaram, onde as solas das sandálias pretas sumia dentre uma matéria escura, como se o próprio chão tivesse sumido repentinamente. 

Foi quando entendeu. 

O Nara não passava por um acesso de raiva impensado - muito pelo contrário, era proposital e planejado, puramente um teste para a menina. Ele queria entender. Comprovar alguma teoria.

Shikadai se sentou com certa dificuldade, cuspindo saliva manchada com pouco sangue, que vinha do lábio inferior cortado. Aquilo deixou clara a força com que havia sido empurrado - não o suficiente para fazer um dano muito grave, mas sem dúvidas para doer  - e sorriu. 

—Diz pra eles agora. —Provocou, encarando com afinco os olhos vazios da menina. —Admite. Os boatos sempre foram sobre você. 

Ela fechou as pálpebras e respirou fundo. A escuridão pareceu se dispersar, voltando para onde quer que viesse, e até mesmo o azul-céu de seus olhos voltou. Os rostos surpresos dos demais companheiros de equipe pareciam todos serem direcionados à Hokuto.

—A ameaça na floresta. —Foi Inojin quem disse. —A missão do dia em que você chegou. 

—A ameaça… 

—Era eu. —Admitiu a menina. 

—Eu soube no momento em que nos encurralou com o genjutsu. —Esclareceu o Nara. —Não foi a primeira vez que fez aquilo.

—Não me diga. 

—Se acha esperta demais. 

—Jura? Não acho. Acho que poderia te partir em dois. 

—E não seria a primeira vez que o faz com alguém, seria? 

—Te interessa? —Ela bufou, irritada. 

—Não são sombras. Não como as do meu clã. —Ele constatou. —São…

—Não são nada,

—São como você. Nunca foi só ver. Você consegue… manipular.

Ela pareceu não gostar da palavra.

—Quer uma amostra mais efetiva?

—Eu jamais confiei em você.

—Pena que isso é problema seu, dattebane. Você quer a verdade? Eu dou a verdade. —Ela levou as mãos até o zíper de seu uniforme, na altura do pescoço, e o trouxe para baixo com delicadeza, parando um pouco acima dos seios. O tecido se abriu, e os dedos marcados puxaram o lado direito da blusa branca que usava por baixo para revelarem uma cicatriz avermelhada, ainda recente, e que a cura rápida de seu corpo ainda não fora capaz de terminar o serviço. Tocou com cuidado, resetando leve e involuntariamente o próprio corpo, como se a sensação do toque a incomodasse. A marca subia do tronco para o início do pescoço, facilmente coberta pelo uniforme escuro e sem decote. —Quando decidi voltar para casa, pensei que seria melhor ir sozinha, então eu fui. Entrei na floresta do país do fogo dois dias depois, acampei na fronteira durante uma noite, e… eles apareceram. —A voz usualmente macia tinha tomado um tom amargo. —Um grupo. Eram cinco pessoas, todos homens mascarados, saqueadores. Eu não tinha nada comigo… 

—Mas eles quiseram mesmo assim. —Concluiu Boruto, sem saber se queria continuar ouvindo. A menina assentiu. 

—Mas eles não estavam lá só para me roubar, dattebane. Enquanto tudo acontecia, ouvi conversas sobre como… —A pausa foi involuntária, quase súbita. Ela respirou. —Sobre como meu corpo seria valioso para nukenins de outros países. 

—Hokuto… 

—Iriam me matar. 

A sentença era pesada demais para não ser sentida. Matar um shinobi como Hokuto não era apenas violar uma vida - mas os segredos de uma vila, uma família, um país. Era um ensinamento antigo: o corpo de um ninja é a chave para desvendar os mistérios de sua origem. 

Não queriam apenas matá-la. Queriam profaná-la, vendê-la e usá-la como artifício de ataque à Konoha. 

—E eles tentaram. —Continuou. —Me puxaram da barraca antes que eu pudesse reagir. 

Chō-Chō olhou para baixo antes de voltar à amiga, reflexiva. 

—O tecido do seu uniforme é grosso demais pro estrago ter sido feito por cima. —Observou. A Uzumaki não teve hesitação ao responder: 

—É porquê não foi. 

E, ali, a situação acabara de piorar. Nenhum deles teria coragem de perguntar se realmente acontecera o que achavam ter acontecido - e torciam para que a resposta fosse não. Hitomi respirou fundo, de forma audível, antes de murmurar:

—Você não precisa… 

—Eu estava cansada, tinha dormido muito tarde… Sonolenta demais para reagir. Dois me puxaram pelos pés, me pressionaram contra o chão, tentaram abrir… —Ela engoliu em seco. —Eu soquei e escapei. Um deles me agarrou por trás, pulou de cima de uma árvore. Fincou a kunai na minha pele, cortou até em cima. Eu gritei. Então eu… explodi. 

—Como fez agora. —Konohamaru concluiu. Ela balançou a cabeça em negação. 

—Não, não foi como agora. Espero que não seja em momento nenhum, ‘ttebane. —Mais um suspiro, e ela pareceu engolir em seco antes de continuar: —Eu vi tudo, mas não sei… Não sei dizer como aconteceu. Só aconteceu. Eu reuni as coisas e sai dali… Alguns ANBU da vila os acharam um tempo depois. 

—Acharam o que sobrou. —Shikadai disse, sem rodeios. A firmeza de sua voz, porém, parecia ter sumido diante do relato. 

—Não era o que eu queria. Mas era preferível a morrer e levar as informações da vila comigo pra quem quer que quisesse, você não acha? Queria uma verdade, e te dei uma verdade. Se é o suficiente, ótimo, e se não for, terá de ser, dattebane. —As mãos dela se levantaram para arrumar alguns fios atrás da orelha, em ambos os lados, e então mexeram calmamente na franja que quase caía sobre os olhos. Foi só ali que Boruto notou. 

—Você… 

Mas não terminou.

•´¨*•.¸¸.•*´¨•.¸¸.•´¨`•.¸¸.•*

A verdade é que nenhum de nós espera pela verdade. Nós queremos respostas - e apenas as que forem convenientes às nossas dúvidas - mas nunca a transparência chamada verdade. O mundo real, tão cru quanto poderia ser, enxergado tão simplóriamente, não passa de um rabisco. E nós nos contentamos com isso, agarrados ao tempo, aos detalhes passíveis de serem pontos de apoio, pequenas ilhas num mar revolto. 

A verdade é que Konohamaru quis rasgar aquele pergaminho antes mesmo de abri-lo quando Boruto apontou e ele foi capaz de avistar o falcão que só poderia pertencer a Sasuke se aproximar no horizonte. 

Leu o pequeno pedaço de papel com desgosto; olhou para os adolescentes que guiava como se não houvesse nada a ser dito. Teria sido melhor que não soubessem, que aquela mensagem nunca chegasse, que permanecessem em missão pelo resto do mês, que suas - e sim, suas, uma vez que poderia dizer tranquilamente que eram mais dele que dos próprios pais - crianças pudessem continuar sob as asas que as protegiam. Suspirou. O fardo era pesado.

—Vamos ter que retornar à vila. —Informou. Viu o rosto de Boruto contrair-se em uma carranca e Hokuto expressar uma surpresa infeliz. Inojin, por sua vez, franziu a testa em reação, enquanto Shikadai apenas parecia reflexivo e ChoCho claramente estranhava a situação. Hitomi e Mitsuki puseram-se inexpressivos, e Konohamaru, na verdade, não confiava esperar mais que aquilo. —Imediatamente.

—E por quê? —Questionou, surpreendentemente, ChoCho. O sensei remexeu-se no próprio lugar, contrariado, dividido. Não queria fazer alarde, destruir ainda mais a pouca convivência que aqueles dias haviam trazido de volta. 

—É um pedido do próprio Hokage. —Revelou. —Por motivos de segurança. 

—Segurança? —Boruto questionou, incrédulo. —Primeiro ele nos manda para fora por um mês, depois nos manda retornar por segurança?!

—Konohamaru-sensei, —Hitomi pronunciou, em tom sério. Havia séculos que não era chamado assim pela Uchiha, o que quase foi capaz de fazer com que saltasse no próprio lugar. —o quê estava escrito? 

—Isso não importa. 

É claro que importava. Importava mais do que poderia explicar. 

—O quê estava escrito? —Repetiu Hokuto, e o Sarutobi abriu a boca, mas não sentia-se capaz de pronunciar. Pois no pergaminho, a letra de Naruto em tinta preta se destacava, e as duas linhas diziam mais que qualquer outra coisa: 

“Traga-os de volta. 

O Mestre retornou.”


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Notas finais do capítulo

AGORA EU VOU FUGIR ANTES QUE VOCÊS ME MATEM, FUI



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