Sekai no Sozokujin: Laços mais que eternos. escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 10
Incógnitas.


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAA!

E a quarentena rendeu outro capítulo pra vocês! (Será que bateu um tempo recorde? Vou até conferir depois)
Pois é, gente. E se Rikudou quiser, logo teremos outro.

Enfim, espero que gostem! ♥



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"A cada vez que você me magoa, menos eu choro

A cada vez que você me deixa

Mais rápido essas lágrimas secam

E a cada vez que você sai andando, menos eu te amo

Amor, não temos a menor chance, é triste, mas é verdade

Sou bom até demais em dar adeus"

—Too Good at Goodbyes, Sam Smith. 

—Você não vai entender. 

—Não vou entender o quê? O fato de você ter ido embora de novo, naquela noite? — Hinata respondeu, o tom de voz alguns tons mais alto do que aquele que estava habituada a usar. Sasuke suspirou, obviamente aborrecido com a conversa que a esposa fazia esforço para estabelecer, e desceu as escadas com uma pressa que também não era comum à ele. 

—Não vai entender o porquê. —Continuou o Uchiha, como se realmente achasse necessário. Hinata respirou fundo, irritada à sua própria maneira, fazendo questão de seguir o marido até o andar debaixo. 

—Então me explique. 

—Não posso. —Uma vez que ele parecia ser incapaz de dizer “Não consigo”. Em reação, a mulher soltou um riso abafado, sem humor. 

—Não pode? Será que pode me explicar então, Sasuke, todos os porquês que o fizeram dar as costas todos esses anos, ou só aquela noite específica conta? Estamos casados há dezoito anos, mas você nunca me deu sequer uma explicação! 

—Não achei que fosse necessário. —E ao ouvir aquilo, a ex-Hyuuga não soube se queria - novamente - rir ou deixar com que seus olhos lacrimejassem como bem entendessem. Não sabia bem se Sasuke realmente falava sério ou se apenas estava nervoso demais para que agisse com alguma decência. 

—Necessário?! Você sabe do que está falando? Isso é um casamento, Sasuke! —Ela apoiou uma mão sobre a bancada da cozinha - uma diferente daquela que Sakura, um dia, quebrara num acesso de raiva - e tentou manter o controle. Hinata sempre fora ótima em controlar os próprios impulsos, muito embora até mesmo aquele ato tivesse falhas às vezes. —Não me disse nada além de adeus quando foi embora depois de Hitomi nascer, não me disse nada quando foi novamente oito anos depois e nem sequer me falou que iria da última vez, como você acha que foi para mim?! Eu acordei num dia e descobri que Toshiko estava morta, que você tinha sumido e levado Boruto junto, Boruto! Sequer disse à Naruto que pretendia levá-lo? Sequer sabia que iria embora naquela noite? Se importou comigo pelo caminho?! 

—Hinata… —O homem murmurou, como se quisesse que aquilo soasse como “desculpa”.

Hinata?! Se foi pelo que aconteceu, deveria ter auxiliado Hitomi primeiro. Se acha que aquilo o abalou, não faz ideia do que fez à sua filha…. à nossa filha. Tivesse ao menos a dignidade de falar com ela! 

—Hitomi era capaz de ficar sozinha. 

—Hitomi é capaz de muitas coisas, mas lidar com aquilo era demais para ela. Era uma criança! Você sabia, mais do que todos, você sabia o quanto aqueles dias haviam sido difíceis e mesmo assim… Mesmo assim teve a coragem de sumir por dois anos antes de pisar os pés em casa novamente! E o que o fez ir? Depois de tê-la visto sofrer ameaças, ser atacada e depois de tudo o que você mesmo já passou… Depois do seu clã, Sasuke… Por quê decidiu colapsar por Toshiko?

Sasuke não respondeu. Fechou os olhos, como se aquilo fosse fazer com que a situação, ou qualquer que fosse a lembrança na qual ele havia se afundado devido à ela, desaparecesse espontaneamente. Sentou-se numa cadeira em frente à mesa e esperou. Pelo quê, não sabia. Apenas esperou. Aquilo fez com que a esposa se cansasse, e ouviu sair dela um suspiro pesado, contrário à postura vívida que Hinata costumava ter. Ouviu os passos dela, próximos, e o arrastar de outra cadeira. Ela havia se sentado na outra ponta, e o encarava com seriedade. 

—Eu queria saber o porquê você sempre foge, Sasuke. 

Ele a encarou de volta, um tanto quanto surpreso por uma acusação tão dura vir da voz doce daquela mulher. 

—Você estava fugindo, não estava?  

—Não é como se… 

—Sim, é. —Ela o cortou, o que o deixou ainda mais intrigado. — É exatamente isso. É exatamente assim. Todas, todas as vezes em que algo muda, você vai embora. Dá as costas a quem quer que esteja te observando partir e sequer olha para trás. Acha que foi só comigo? Acha que não sei quem mais teve que sentir o sal das lágrimas na boca ao te ver desaparecer no fim da noite? Acha que eu, algum dia, me convenci de que fui a única a ser obrigada a dizer adeus? Quantas pessoas você deixou para trás ao seguir o seu impulso de ir a qualquer preço? 

Ela fez uma pausa, propositalmente o deixando absorver aquelas palavras e levá-las para seu interior. Nem sequer uma lágrima escorreu quando aquilo continuou: 

—Quantas vidas você acha que deixou de ter ao escolher essa? 

Ele saberia listar algumas, se precisasse fazê-lo. Mas não queria encarar aquilo agora, o passado que há muito decidira deixar para trás. 

Mas realmente havia deixado? 

—Não fale como se eu fosse incapaz de ficar. 

—Você é? —Ela perguntou e aquilo mais que nunca soou como um desafio, ou até quem sabe um insulto. —E o que vai fazer quando isso acabar? Correr para o nosso quarto, para o escritório de Naruto, para outro país ou para outra dimensão?

Ela não havia especificado o isso, ele notou. 

—Eu não vou para lugar algum. 

—Não? E é você quem me garante, certo? Sabe, Sasuke, eu me questionei durante anos sobre como as coisas funcionavam para você, mas ainda não pude compreender. O que você acha que faz? 

—Você sabia que eu não poderia ficar por muito tempo. 

—Metade da sua vida já é tempo demais, não é? Você não percebe? — Agora a voz dela falhava, como há anos não fazia mais. —Se queria nos deixar seguras, deveria ter cuidado de nós. Nunca foi o que você fez.

—Talvez não diretamente, mas… 

—Indiretamente, você diz. Você pode ter nos amado indiretamente, pode tê-la amado indiretamente, mas isso não vale para tudo, vale?

—Eu não tive escolha. 

—Quando? A dois anos? A oito? A dezesseis? A vinte e dois? Você sempre acha um motivo, uma brecha. Distorce a própria visão, sempre se justifica. Se dá motivos antes de tê-los e aceita qualquer resposta para sanar suas dúvidas, mesmo antes de ter certeza. Não é isso? 

—Você não sabe… 

—E era você quem estava aqui para saber o que sei? Qual período devemos discutir? Qual coração partido? O de Naruto? O de Sakura? O de Hitomi? O de… 

—Chega. —A palavra finalmente foi dita. Hinata baixou os olhos, e uma lágrima finalmente escapou e escorreu pela pele alva, tão branca que era capaz de ser marcada temporariamente só por aquela gota singular. 

Não. —Ela rebateu, muito embora o tom alto tivesse sumido. O encarou novamente, com toda a força que tinha guardada, e soltou: —De quem você estava fugindo, Sasuke? De Hitomi, de Toshiko, de si mesmo ou da verdade?

•´¨*•.¸¸.•*´¨•.¸¸.•´¨`•.¸¸

Poucas vezes quisera tanto estar em casa.

Haviam chegado algumas horas antes e Boruto, particularmente, achava a Vila da Fumaça consideravelmente semelhante à Konoha - muito embora fosse reduzida o suficiente para que se pudesse andar todos os caminhos à pé num único dia, caso estivesse disposto. Mas aquelas casas simples, o clima quente e seco, o chão de terra batida, tudo contribuia para que sua memória se ativasse a cada habitante que via, cada esquina percorrida. E muito mais que sua origem, aquele lugar era capaz de evocar sua infância não tão distante, como se fosse possível ver as versões mais jovens dele e da irmã saindo de uma daquelas ruas a qualquer instante. 

Eles teriam pintado o monumento de novo, é claro, e despistado algum clone do pai durante a fuga. Ririam alto enquanto corriam e esbarravam nos adultos na rua por acidente, carregando sprays de tinta, manchados de rosa, amarelo e azul. Hitomi seria encontrada no caminho, usando os fones de sempre, e se juntaria aos gêmeos, chamando-os de idiotas antes de também render-se à risada. 

Estariam felizes. Naquela cena, nada ainda tinha mudado. Ele sorria, Hokuto sorria, Hitomi sorria. E nada mais teria importado. 

Mas não era real. Eles estavam se dirigindo ao primeiro endereço da lista de desaparecidos, ele se lembrou. Entrevistariam as famílias, tal qual haviam feito na Vila anterior. 

A cena imaginária, pintada sob as cores da nostalgia e da saudade, fez com que seus olhos fossem de encontro à irmã, que parecia conversar pacificamente com ChōChō. Em seguida, focou em Hitomi, silenciosa e solitária em seu próprio ritmo, cujos fios negros balançavam com o movimento. 

Aquilo o afundou em outra lembrança. Dessa vez, recente, amarga e verdadeira.

“Não sabia em que parte da floresta estava.

Desde que deixara a barraca de Hokuto, perdera-se nos próprios pensamentos. Incapaz, talvez, de discernir no que deveria acreditar, de engolir sem mais aquela história que, embora fizesse todo o sentido, parecia cruel demais para ser a verdade que tanto havia buscado desde a volta da irmã. 

Sabia que aquelas dúvidas eram ilusórias. Sabia que uma mentira não faria com que a gêmea sofresse daquela forma. Sabia que toda aquela história feia e triste só podia ser a justificativa real de toda a hostilidade instalada entre as relações daquele time, das pessoas que tanto amava. 

Andava apenas por andar; não sabia, realmente, onde pararia. A distração era, além de necessária, bem-vinda: atentava-se o suficiente apenas para saber seu caminho de volta, quando precisasse fazê-lo. 

Não sabia se queria voltar. 

Seguiu mais alguns metros, os olhos inquietos. Agora, chegava a um ambiente fechado, como se escondido pela força da natureza que construira aquele lugar. As folhas balançavam, e o som levava pura calma consigo, fazendo com que fechasse as pálpebras, ainda que continuasse a caminhada. Uma brisa úmida, entretanto, fez com que despertasse de sua imensidão de memórias, e só então percebeu ter à vista uma pequena queda d‘água. A luz brilhante da lua refletia-se no espelho líquido, um lago raso que dava à noite um quê de magia. Para completar a imagem, uma forma parecia estar de pé ali, ao longe. 

Ele estava divagando. Aquilo era uma tremenda besteira. Mesmo assim, aproximou-se com cautela. 

Uma névoa fina percorria o lago, e o menino estendeu uma das mãos, como se de fato pudesse tocá-la. Se a névoa ou a pessoa, não teve coragem de responder sequer a si mesmo. 

Os cabelos negros a haviam denunciado bem antes de qualquer coisa. A Uchiha não vestia o uniforme habitual, estando trajada de shorts comuns e uma camiseta curta, parecendo treinar algum tipo de movimento. Ele suspirou - era um misto de admiração, saudade, tristeza, raiva e tantas outras coisas fora de seu devido lugar que o confundiam. E foi aquele suspiro tão involuntário que o denunciou de fato 

Hitomi parou. Virou os olhos para o antigo colega, e ele soube de antemão que a garota já sabia de sua aproximação muito antes do som. Com o Byakuringan ativo, teria sentido o chakra dele diversos passos atrás. Aqueles olhos púrpura o encararam por alguns instantes, fascinantemente intimidadores, e, antes que pudesse se dar conta, a menina caminhava em sua direção calmamente, os olhos voltando à cor ônix de sempre. Parou à beira, calçando as sandálias que deixara ali, e seguiu, passando rente ao ombro do Uzumaki, como se sua presença simplesmente não fosse mais reconhecida. 

—Hitomi. —A voz dele chamou. Ela parou após três passos, ainda de costas, e pareceu esperar que ele continuasse. Boruto, entretanto, não sentia-se capaz de dizer mais nada, e aquilo fez com que ela respirasse fundo em reação. Tinha algo naquele ato, ele podia sentir. Decepção, talvez. 

—Eu não tenho a noite intei….

—Eu sinto muito. —A voz de Boruto soou baixa, quase frágil. Ouviu Hitomi suspirar diante daquela fala, reagindo da forma que pôde: 

—Como assim? 

O Uzumaki encarou o chão à sua frente, a grama que crescia em seu próprio ritmo, antes de continuar 

—Sinto muito por Toshiko. 

—Você não sente. —A garota rebateu, prontamente. —Mal a conhecia. 

—Mas conheço você. Não é o suficiente, 'ttebane? 

—Não fale como se você soubesse… 

—Eu sei. —Interrompeu ele, dando-se a liberdade de dizer a verdade. —Hokuto me falou. 

—Eu não quero saber o que Hokuto disse à você ou deixou de dizer. —E a forma como ela falara aquilo, o menino pôde notar, mostrava muito mais do que ela provavelmente achava deixar visível. —Eu não me importo. 

—Você se importa. Nós dois sabemos disso. 

—Nós dois não sabemos nada, Boruto. —Hitomi suspirou. —Não existe mais nós. 

—Pelo tempo que passamos longe? 

—Pelas marcas que tudo aquilo deixou. 

—Tudo o que aquilo deixou foi saudade, Hitomi. —Admitiu ele, brincando com o fecho do próprio casaco como forma de distração. 

—É claro. Também deve sentir saudades dos últimos dois anos na estrada com o meu pai, não é? 

—Acha que eu tive escolha? 

—Não me fale sobre ter escolhas, Bolt. 

E ela o havia chamado pelo apelido. 

—Ele surgiu na minha casa como uma aparição, dizendo que deveríamos ir, que estávamos prontos. Minha mãe mal pôde reagir e eu não consegui sequer me despedir de Hokuto. 

Hitomi sabia o porquê Hokuto não estava em casa naquele dia, e ele também. Ainda era estranho à Boruto entender que compartilhavam daquela informação. 

—Eu não tive tempo pra nada. —Sussurrou a Uchiha. 

—Ainda o tem. 

—Mas não tive quando precisei. 

—Não precisa agora? 

Silêncio. 

—Não precisa desse tempo agora, Himi? Vai continuar fingindo que não o quer tanto quanto nós? 

—Vai continuar fingindo que realmente se importa? —E aquela alegação parecia ser quase um crime. Boruto virou-se para olhar para ela, notando só ali que a Uchiha sentara-se no chão e igualmente olhava para ele. Se encararam novamente, claridade e escuro, ambos aproveitando-se das vantagens da noite. 

—Eu me importo com você. 

—Eu sei. —Ela disse. Por um instante, aquilo não pareceu fazer sentido. —Comigo. E quanto à ela? 

“Ela?”

Não pôde dar resposta. Não tinha certeza quanto ao sentido daquilo. A ausência de qualquer palavra causou o fim daquele diálogo, e Hitomi levantou-se pacificamente, fazendo questão de olhá-lo mais uma vez antes de ir.”

Ainda não entendia. 

Observou a colega de time à frente, contida, como sempre se mantinha após seu retorno, e desejou poder falar. Entretanto, duvidava sucesso de qualquer tipo de investida. 

—Cara, —Inojin chamou, apoiando uma das mãos em seu ombro direito. —você deveria pegar um lenço. 

—O quê?! —A surpresa o atingira em cheio. Esperava qualquer outro comentário, menos aquele. 

—Quer dizer, você sabe que ‘tá quase babando, não sabe? —O Yamanaka continuou, agora indicando a figura de Hitomi com um gesto de cabEça. —Eu entendo, mas… 

—Você o quê? 

Ao menos a impressionante habilidade do menino Uzumaki de prestar atenção apenas ao que lhe convinha permanecia a mesma. 

—Não foi isso que eu quis dizer! —Protestou Inojin. —É que… Bom, pelo menos não só com ela… 

Boruto encarou-o, e aquilo fez com que Inojin engolisse em seco de forma bem visível. 

—Você acabou de dizer que fica secando a minha irmã, dattebane? 

—É claro que não! 

—Não? —Inojin era um péssimo mentiroso, e Boruto começava a entender a tendência de nocautear pessoas (que geralmente se resumiam à ele) tida pela versão mais jovem da irmã. 

—Então você acabou de admitir que estava secando Hitomi. —Retrucou. 

“Desgraçado!”

—Eu não disse isso! 

—E eu não disse nada sobre Hokuto. —E dito aquilo, ele deu o sorriso mais cínico que Boruto jamais o havia visto dar. 

—Você é um belo filho da… —Provavelmente teria terminado aquela frase, caso não tivesse sido interrompido por Shikadai. 

—Sobre o quê estão discutindo? 

Yamanaka e Uzumaki se olharam. O primeiro limpou a garganta, pigarreando, enquanto o segundo encarava o amigo com nervosismo. 

—Nada, ‘ttebane. 

—Boruto estava secando a Hitomi. —Soltou Inojin, como se a informação fosse plenamente pública. 

E como se fosse verdade! 

—E daí? —Shikadai deu de ombros, o que fez com que o amigo suspirasse de alívio. Inojin parecia prestes a argumentar algo antes que o amigo continuasse. —Não é como se ele não fizesse isso a cada 15 minutos. 

"COMO ASSIM?"

—É claro que não! —Negou, indignado. 

—E eu é que não vou culpar ele. —Completou o Nara. 

Era oficial. Ele mataria Inojin e Shikadai. Ou, mais provavelmente, só mandaria os dois à merda na próxima oportunidade. 

—Como é que é, Shikadai? —Questionou o loiro, sentindo seu antigo tique de sobrancelha voltar à tona. O Nara sorriu, como se provocar o amigo fosse sua mais nova atividade para se livrar do tédio. 

—Eu também não culparia o Inojin. —Comentou. Inojin riu, para completar.

Ok. Agora ele realmente mataria os dois. Começava a se perguntar se a Vila teria um lugar decente para a desova dos corpos. Enterrá-los daria trabalho em dobro e não tinha rio algum próximo do povoado. 

Será que queimá-los levantaria assim tantas suspeitas? 

—Além de fazer isso com Hitomi, você também anda secando a minha irmã? —Perguntou, enfim, com os dentes rangendo. 

—O mundo anda secando a sua irmã. Acorda, Bolt. 

A Hitomi? Bem, não era muita novidade que meninos e meninas a olhassem daquela maneira. Boruto, relutantemente, fazia parte daquele grupo - é claro, jamais passara limite algum, e até mesmo evitava sustentar um olhar como aquele por muito tempo. Não queria incomodá-la, de qualquer forma que fosse. Mas Hokuto? Ele definitivamente não precisava daquela informação. 

—Desde quando, 'ttebane?! 

—Desde tipo sempre? —Inojin suspirou como se estivesse frustrado. —E agora, desde que ela voltou, bem… 

Era melhor que o Yamanaka engolisse as palavras, mesmo. Aquilo só piorava.

—Ela é bonita e tal. —Concordou Shikadai, baixando o tom de voz. Boruto poderia jurar que era desgosto que saía com aquela fala. 

—Qual é a sua com ela? —O Uzumaki olhou para o amigo com curiosidade. A forma com que havia dito a última frase o intrigara e o fizera notar, finalmente, que não era a primeira vez que o garoto usava aquele tom ao se tratar de Hokuto. Na verdade, aquele parecia o único tom que Shikadai usava se referindo à ela, desde o primeiro dia. 

—Nada. —E, como se até mesmo ele duvidasse, olhou para Boruto com uma expressão claramente insatisfeita. —Eu só não acho que…

—Ei! —A voz, agora, era a de ChōChō, que permanecia alguns metros à frente, andando ao lado de Hokuto. Os três meninos a encararam - e ela os olhava de lado, com a cabeça virada em direção à eles, algum tipo de ódio estampado nas íris cor-de-mel - só então sendo transportados de volta à realidade. —Dá pra vocês fazerem menos barulho? As pessoas também querem conversar por aqui, sabia? 

—É claro que dá. —Respondeu Inojin, despreocupadamente, de súbito. Aquela resposta, embora genuína, foi logo trocada por outra: —Espera…

Aquilo estava audível?!

Sério?!

Sério mesmo?

—Que saco, cara, —Shikadai comentou, usando o bordão que herdara do pai (e que Boruto achava particularmente irritante demais, mas seria o último realmente apto para falar sobre qualquer mania de fala). —eu não ‘tava afim de morrer aos 16.

Se ele não estava, o que dizer de Boruto? Ele sequer havia completado dezesseis. 

—Hã… nós vamos… —Ele tentou. Ah, quem dera tivesse o dom do discurso. Se bem que ninguém realmente o tinha num momento como aquele. 

Vocês vão vir comigo. —Foi a vez de Konohamaru dizer. Ele havia parado o grupo, e agora andava até o trio dos mais novos chunnins-no-espetinho de Konoha. 

“Ele ‘tá segurando o riso? questionou-se o menino. E, sem sombra de dúvidas, Konohamaru Sarutobi parecia exigir de si mesmo um esforço descomunal para manter a expressão séria enquanto agarrava aqueles três pelo colarinho e tentava arrastá-los consigo. 

Afinal, ele também já havia sido um pirralho irritante; isso jamais mudaria. 

—Isso é injusto! —Gritou Boruto. —Eu não fiz nada! 

Repentinamente, eles pareciam ter treze anos de novo. 

—Preferia que eu deixasse Hokuto buscar vocês? 

—Óbvio que não! —E, apesar de condizer com os pensamentos do Uzumaki, foi de Inojin que aquilo partiu. Konohamaru riu, incapaz de evitar; e, logo, não só a risada dele era ouvida. 

O som ecoou por ruas distantes dali, becos que não estavam à vista, casas e restaurantes distintos. Estava ali, rodeando momentos registrados em cores, cheiros, memórias e fotografias. Era uma mistura formada pela risada baixa de ChoCho e Inojin, o riso preguiçoso de Shikadai sobreposto pelo alto e atrapalhado do de Hokuto e Boruto, e terminava no discreto modo com que Hitomi ria, parando às vezes para recuperar o ar. 

Tornara-se raro. Era belo. Nenhuma alma sequer ousou apontar a preciosidade daquele barulho - todas, entretanto, o guardaram para si. Algumas coisas eram óbvias demais para serem notadas. 


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Notas finais do capítulo

Beijãooooooooooooo!



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