Auror do Mal: Desejos do Passado escrita por LumosPotter


Capítulo 13
Penseira


Notas iniciais do capítulo

Antepenúltimo capítulo chegando! Boa leitura.



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Xavier entrou e a professora fechou a porta atrás dele. Ela foi até a mesa central e tirou alguns livros de cima dela, guardando-os na estante ao lado.

— Sirva-se desses biscoitos. Você deve estar com fome – disse ela, apontando para uma vasilha de vidro em cima da mesa repleta de biscoitos de chocolate e nozes. Xavier agradeceu, sentou e começou a comer. 

Após guardar os livros, a professora voltou à mesa.

— Sr. Underwood, antes de qualquer coisa eu gostaria de te pedir desculpas... Apesar de você ter se metido onde não deveria, tudo o que aconteceu é culpa minha – disse a professora.

— A senhora não precisa se culpar, professora – disse Xavier, meio sem jeito.

— Agradeço sua preocupação, Xavier. Se não fosse você e seus amigos eu não teria descoberto nada. Você salvou a vida de um garoto de 11 anos.

Xavier retribuiu com um sorriso. E então ele quis aproveitar a ocasião para sanar suas dúvidas. Ele finalmente contou à professora sobre seus sonhos, sobre o que tinha visto na Sala Precisa e sobre todo o resto...

— Sinceramente, eu não sei dizer como você pôde ver tudo isso – começou a professora. – É um poder estranho, Sr. Underwood. Há casos parecidos na história da magia, mas muito pouco é falado sobre esse tipo de clarividência. Mas devemos lembrar que Baltazar sempre foi muito bom em Legilimência. Não sei ao certo até que ponto os poderes de um bruxo podem se manter na forma de fantasma e se ele é capaz de influenciar a mente de alguém dessa forma. O fato é que você vê o que os outros não veem. E agora eu nem sei dizer se isso é sorte ou azar.

— Nem eu... – disse Xavier.

— O fato de a imagem do fantasma de Baltazar parecer ter partes indistinguíveis ou estar borrada provavelmente se deve aos machucados da alma dele. Ele foi um bruxo mau, que matou pessoas, portanto sua alma não era intacta. Eu imagino que isso explique esse fato – concluiu a professora.

— Matar rompe a alma – disse Xavier. 

— Exatamente.

— Eu fiquei com muito medo algumas vezes... Peço desculpas por não ter contado isso antes – disse Xavier.

— Não se preocupe. Nenhum ser humano age normalmente na presença do medo. Agora, quanto à sua coruja, eu presumo que ela também enxergue algo.

— Enxergue algo? Como assim? Eu disse que eu acordava com Blue olhando diretamente para mim.

— Sr. Underwood, ela não olhava para você, mas sim para trás de você. Algo acompanhava você durante seu sono. Por isso ela não saía da sua janela. Ela se assustava, e ao mesmo tempo queria proteger você. 

Um arrepio subiu pela espinha de Xavier ao pensar naquilo. O garoto não conseguiu dizer nada.

— Eu sei que isso tudo é muito perturbador, Sr. Underwood – disse a professora, percebendo a expressão no rosto de Xavier acompanhada da falta de palavras. – Mas não quero que você esqueça o quanto sua ajuda foi importante. E, por favor, eu preciso que você me prometa que de agora em diante você sempre me contará sobre algo que esteja lhe perturbando dessa maneira. Você promete?

— Sim, professora, eu prometo – respondeu Xavier, com seriedade.

— Ótimo. Agora, eu preciso mostrar uma coisa. Eu sei que você já viu o bastante, mas eu não posso deixar isso escondido por mais tempo – disse a professora, enquanto ia em direção a uma espécie de armário no canto da sala. 

O rapaz reconheceu na hora: era o local onde a penseira ficava guardada. Ela vasculhou um pouco em meio a vários recipientes de vidro parecidos com tubos de ensaio guardados acima da própria penseira e retirou um deles da prateleira mais alta. Ela destampou o vidro e despejou seu conteúdo no líquido da vasilha da penseira.

— Mergulhe sua cabeça, Sr. Underwood, por favor – disse ela.

Xavier hesitou um instante, mas obedeceu. Em cerca de segundos, ele se encontrava num corredor bem largo, com teto muito alto e paredes escuras. O fluxo de pessoas era muito intenso e a todo instante surgiam mais pessoas de algumas lareiras nos cantos. Havia também alguns cartazes com a foto de Kingsley Shacklebolt espalhados. Xavier começou a seguir a professora McGonagall, que caminhava à sua frente e passou perto de uma cabine telefônica pairando no ar. E então Xavier reconheceu onde eles estavam: era o corredor principal do Ministério da Magia. Após alguns momentos andando, a professora se encontrou com um homem de cabelos grisalhos vestindo um terno preto.

— Boa tarde, professora McGonagall. Que bom que a senhora já chegou – começou ele. – Vou acompanhar você até a sala da reunião.

Xavier os seguiu, mas agora estava pensando em porque a professora estaria lhe mostrando uma memória de uma reunião em que ela participou no ministério. Ele achava que era algo muito estranho para se guardar numa memória.

Instantaneamente o cenário mudou e agora Xavier se encontrava em uma sala circular e pequena, com uma mesa redonda no centro. Ele reparou nas pessoas que estavam sentadas lá e se surpreendeu quando reconheceu o tão famoso Baltazar White, em vida, acompanhado da professora McGonagall, do ministro e de mais alguns aurores. Eles pareciam estar conversando sobre algo sério. E depois de alguns momentos Xavier já podia ouvir perfeitamente o que eles diziam.

— Eu sei que os tempos mais difíceis já passaram, professora, mas precisamos garantir que os alunos de Hogwarts estejam bem preparados – disse o Ministro.

— Eu tenho plena consciência que as notas dos NOM’s caíram esse ano, ministro. Estamos fazendo tudo que podemos. O interesse dos alunos não é o mesmo de antigamente – disse a professora.

— Pois é, eu concordo – disse Baltazar. – Recentemente visitei uma funcionária aqui do ministério na casa dela. A filha dela não parecia demonstrar interesse nem mesmo em fazer as tarefas.

— Funcionária? – perguntou o Ministro, curioso.

— Sim, Carmen Vega – disse Baltazar.

— Mas o que você...

— Eu quis dar um apoio, oras. Depois que o marido foi acusado de assaltar Gringotts ela deve ter se sentido muito mal. E ele realmente acreditava que aqueles cofres da série 800 tinham algo de valioso. Patético! – disse Baltazar, rindo.

— Cofres 800? – indagou o Ministro, de repente, se levantando. – Essa informação a respeito desse caso é confidencial do Ministério, Baltazar. Como você sabe disso?

— Parece que ela não é tão confidencial assim, Ministro... Há mais pessoas aqui que sabem o que aconteceu.

— Não minta pra mim, Baltazar. Você sabia, não é? Você foi cúmplice! – disse o Ministro, agora subindo a voz.

— Isso é um insulto, Kingsley! – exclamou Baltazar, agora se levantando também.

Todos os outros na sala estavam tensos e calados.

— Baltazar, você será demitido e condenado a Azkaban! – exclamou o ministro, fazendo logo depois um sinal com a cabeça para os outros aurores.

Os outros aurores se levantaram juntos e empunharam suas varinhas. Baltazar não percebeu a tempo o que eles pensavam em fazer.

— Estupefaça! – disse um deles. Baltazar foi arremessado contra a parede, derrubando a cadeira.

— Levicorpus! – disse um outro, e os pés de Baltazar saíram do chão. Ele ainda estava preso contra a parede, se debatendo sem sucesso.

E então ele tomou uma atitude que surpreendeu Xavier.

— VOCÊ! – gritou ele, olhando para a professora McGonagall. – VAI DEIXAR QUE ISSO ACONTEÇA?

— Não se dirija a ela! – exclamou o ministro. 

E de repente Xavier olhou para baixo e percebeu o que estava para acontecer. Baltazar esticou sua perna e empurrou com os pés a cadeira onde estava sentado. A cadeira bateu no auror que conjurava o Levicorpus e ele soltou o feitiço. Baltazar conseguiu então fugir da sala, mesmo com o ministro o atacando com diversos feitiços.

Nesse momento Xavier sentiu uma pontada nas suas costas e levantou a cabeça. Ele estava novamente na sala da diretora, com a professora o encarando com um olhar preocupado.

— A senhora estava no ministério naquele dia. Você viu o que aconteceu – disse ele, perplexo.

— Sim – disse ela, um pouco triste agora. 

— Professora, por que ele gritou com você daquele jeito? – perguntou Xavier, quase se arrependendo disso na mesma hora.

— Eu conheço Carmen Vega. – disse ela, se dirigindo à sua cadeira novamente. Xavier acompanhou e também se sentou. – Ela trabalha na área econômica do Ministério. Numa tarde de primavera, ela veio dar uma palestra aqui em Hogwarts sobre economia. Durante o jantar, eu e ela conversamos e surgiu o assunto do marido dela. O ministério fez questão que ela soubesse de tudo. E então ela falou demais.

Xavier ouvia tudo atentamente. Havia um tom de preocupação e medo na voz da diretora.

— Um tempo depois houve uma ocasião em que eu comentei sobre o que ela me disse com Baltazar. Eu não tinha nenhum motivo para desconfiar dele naquela época... Ele me prometeu que não iria contar nada a ninguém, mas naquela reunião no Ministério ele acabou soltando a informação a respeito dos cofres...

— Professora, a senhora está dizendo que... Baltazar era inocente? – perguntou Xavier.

— Sim – respondeu ela. – Ele pode ter participado de vários crimes, mas nunca participou daquele assalto a Gringotts... Eu também falei demais, Sr. Underwood. Baltazar esperava que eu contasse ao Ministro o que eu sabia. Mas... Eu não tive coragem! – completou ela, e agora uma lágrima escorria pelo seu rosto enrugado.

Xavier não sabia o que dizer. A professora respirou fundo e olhou para ele.

— A história poderia ter sido diferente, Sr. Underwood. Talvez se eu tivesse contado, ele não estaria tentando se vingar de nós. Eu odeio pensar que tudo pode ter sido culpa minha.

— A senhora não deve se culpar, professora. Baltazar era mau. Sempre foi. O que ocorreu naquela reunião acabaria ocorrendo mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra – disse Xavier, tentando consolá-la.

— Ah... Eu sei, Sr. Underwood, eu sei, mas... – suspirou ela. – Isso é tão frustrante...

— Você não deveria mais pensar sobre isso. Todos nós erramos, professora. O que importa é que a senhora sempre deu o melhor de si pelo bem dessa escola, ainda mais depois de se tornar diretora. Isso é gratificante para qualquer aluno que estude aqui.

A professora olhou para Xavier e sorriu.

— Obrigada, Sr. Underwood – disse ela. – Eu precisava contar isso para alguém... Novamente lhe peço desculpas por encher mais ainda a sua mente com um passado obscuro.

— Não há de quê, professora. Eu que lhe agradeço pela confiança. 

E então eles se abraçaram. Xavier se sentiu bem.

— Agora, vá para o seu dormitório, Sr. Underwood. Descanse – disse ela, quando eles se separaram.

— Sim, professora. Tenha uma boa noite – disse Xavier, sorrindo.

— Igualmente – retribuiu ela.

E então Xavier se dirigiu à porta, abriu-a e saiu da sala, não conseguindo deixar de pensar em tudo que acabara de descobrir.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo no domingo. E já será o 14! Está acabando...



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