Auror do Mal: Desejos do Passado escrita por LumosPotter


Capítulo 14
Discurso de Natal


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da fic chegando. Tenham uma boa leitura :).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750192/chapter/14

A manhã da véspera de Natal havia finalmente chegado em Hogwarts. Era uma manhã gelada como de costume, mas havia bastante sol. As árvores balançavam calmamente com o vento e os parapeitos das janelas no castelo ainda armazenavam um pouco de neve. Apesar dos acontecimentos recentes, a escola parecia estar até mais cheia do que o normal nessa época do ano, época em que vários alunos vão passar as festas de final de ano com sua família. Xavier decidiu ficar em Hogwarts também, já que os pais tinham decidido viajar à França para visitar uma família conhecida, cuja filha mais velha estuda na Academia de Magia de Beauxbatons. Em contrapartida, Frank decidira passar o Natal com a família. Naquela manhã ele já estava recuperado do ocorrido nas masmorras (ele quis se garantir disso, visto que batera com a cabeça numa fonte de pedra).

Perto da hora do almoço, Xavier e Frank estavam caminhando para a parte externa do castelo, próxima ao Grande Salão, com Frank carregando uma grande mala azul de rodas em uma mão e uma grande gaiola com sua coruja de estimação em outra mão. O Grande Salão estava todo decorado para o Natal, como de costume, com vários enfeites brilhantes nas paredes e uma grande árvore de Natal atrás das mesas dos professores.

— Frank, tenha dó, o que você carrega aí? – perguntou Xavier, observando o amigo fazer força para levar a mala.

— Não levo nada de surpreendente, oras... – respondeu Frank, como se essa fosse a pergunta mais óbvia do mundo.

— Ah, sei... Então você que é fraco mesmo.

— Fraco? Eu? Já pensou em encher uma mala com sua arrogância, Xavier? Fica mais pesada que a minha.

— Nossa... Que engraçado – respondeu Xavier, ironicamente, mas querendo rir.

E então eles haviam chegado ao outro lado do pátio principal do lado de fora. E então Frank parou, um pouco ofegante, soltando a gaiola e a mala, que ficou em pé.

— Bom, então acho que isso é tudo, não é? Tenho que ir agora – disse Frank.

— Nem preciso dizer que eu não esperava viver uma aventura dessas em quatro meses, não é? – disse Xavier, rindo.

— Pois é – respondeu Frank, também rindo um pouco.

— Mais uma vez: muito obrigado por me salvar. Você nem tem ideia do que fez por essa escola – disse Xavier.

— Não foi nada, cara. Trata-se do que NÓS fizemos, Xavier – disse Frank, apoiando sua mão no ombro de Xavier.

Então os dois se cumprimentaram e se abraçaram forte. Depois, se separaram e Frank pegou a mala e a gaiola novamente.

— Boas festas, Frank.

— Boas festas, Xavier. A gente se vê no ano que vem – disse Frank.

Então, ele virou as costas e seguiu em diante com a mala azul. Com um último aceno, virou para trás e se despediu do amigo. Xavier retribuiu e virou as costas, caminhando novamente em direção ao Grande Salão.

Durante aquela tarde, Xavier viu mais alguns alunos deixando a escola, levando seus numerosos pertences. Ele tratou de arrumar suas coisas em seu quarto e também de descansar um pouco, aproveitando um pouco do ar puro do lado de fora do castelo e também o fato de estar temporariamente sem aulas devido às festas. E então Xavier pensava que pelo menos nisso Christopher tinha razão: as provas no primeiro ano eram mais fáceis. 

Xavier pensou no que o destino estaria reservando a Christopher agora. Ser expulso da escola e ter a varinha confiscada eram coisas bastante justas na opinião de Xavier, mas ainda assim era difícil acreditar em tudo que acabara de acontecer. Xavier depositou sua confiança na pessoa errada, e Christopher infelizmente fizera o mesmo. Elw esperava que Christopher realmente no mínimo se arrependesse do que fez, muito embora ele soubesse que o sonserino jamais seria aceito em Hogwarts novamente.

Ainda durante o dia, Xavier entrou no castelo decidido a fazer uma coisa que já deveria ter feito há algum tempo: escrever aos seus pais. Ele não sabia até onde a história do envenenamento havia chegado e aquele poderia ser o melhor momento para mandar lembranças à sua família. Quando chegou à porta da sala comunal, a aldrava em formato de águia da porta se mexeu.

— Sr. Underwood, você de novo – disse a aldrava.

— Pode me dizer a charada? – pediu Xavier.

— Mas é claro – respondeu a aldrava. – Você deve expressar três dias consecutivos sem dizer o nome de nenhum dia da semana, ou qualquer numeral.

Na opinião de Xavier, essa era a única parte realmente ruim em pertencer à Corvinal: ter que responder essas charadas a cada entrada na sala comunal. Houve vários casos em que Xavier precisou esperar outros colegas de casa para resolverem a charada juntos, e também casos em que Xavier abriu a porta para muita gente. Sim, algumas vezes acumulam cerca de dez, onze pessoas na porta. O problema é que em plena véspera de Natal, a Torre da Corvinal não estava muito movimentada e era possível que Xavier ficasse um bom tempo sozinho pensando naquela charada.

Três dias da semana, sem dizer seus nomes ou números... Xavier sentou-se no chão perto da porta e apoiou-se na parede. Ele pensava: “Essa aldrava está de brincadeira comigo... A resposta deve ser algo tão idiota...”. Após algum tempo pensando, ele levantou de supetão, irritado.

— Aaaah, eu não acredito... A resposta é: ontem, hoje e amanhã.

— Está correto, rapaz – respondeu a aldrava. – Você também poderia ter composto a resposta com “antes de ontem” ou “depois de amanhã” – completou ela, ao mesmo tempo em que a porta destravou e Xavier entrou.

Ele foi até seu dormitório, passando pela alta estátua de mármore branco de Rowena Ravenclaw, localizada entre as portas que levam aos quartos. Pegou então papel e a sua caneta tinteiro favorita e voltou à sala comunal, sentando-se numa mesa próxima à janela com vista para o estádio de Quadribol. Ele então se acomodou e escreveu:

Hogwarts, 24 de dezembro de 2005, sábado

Olá mãe. Olá pai. Peço desculpas pela demora em escrever. As coisas estão muito corridas aqui em Hogwarts esse ano. Não sei se vocês já sabem, mas eu devo dizer que esse ano a escola foi palco de alguns acontecimentos estranhos e perigosos. Os jornais mágicos espalharam os fatos pelos quatro cantos do mundo mágico, mas não sei até que ponto a informação chegou a vocês. Eu só quero que vocês saibam que eu estou bem e que estou seguro. As aulas retornarão logo em janeiro, mas espero ter tempo para escrever mais a vocês. 

Desejo a vocês um Feliz Natal e um próspero Ano Novo. Não vejo a hora de o verão novamente para eu poder ver vocês! Espero que estejam gostando da França. Deem um abraço na Meghan por mim e mandem lembranças a todos aí.

Um grande e apertado abraço de seu filho, Xavier.

E então Xavier assinou no fim da carta. Ele respirou fundo e se dirigiu à janela. Observou então o céu azul daquela tarde, com o papel da carta na mão. E naquele instante ele reparou em como de fato a vista da Torre da Corvinal era ampla. Era possível ver o estádio de Quadribol, a Floresta Proibida, o lago, as montanhas e até as estufas de Herbologia. Xavier muitas vezes não conseguia explicar o porquê, mas Hogwarts era o local em que ele mais gostava de estar, mesmo com quaisquer perigos que venham embutidos.

Ele saiu do castelo e foi em direção ao corujal. Chegando lá, encontrou sua coruja Blue, lembrando do que a diretora dissera há alguns dias. 

— Você é incrível, Blue. Acho que eu nunca conseguiria agradecer sua lealdade – disse Xavier, acariciando as penas da ave, que estava apoiada em sua mão.

Blue piou em retribuição e depois andou pelos braços de Xavier, passando pelos ombros e indo parar na outra mão. O rapaz riu. Depois, amarrou a carta nos pés da ave e ela finalmente voou pela janela, cortando o céu límpido daquela véspera de Natal.

***

Enquanto Xavier voltava do corujal, ele passou perto do campo de Quadribol e parou ao ver Oliver sentado num pedaço de tronco de árvore na grama. Para a surpresa de Xavier, Oliver estava tentando tocar flauta doce. Ele se aproximou do garoto e sentou num outro pedaço de tronco ao lado.

— É muito lindo o som desse instrumento, não? Eu também adoro – disse Xavier.

Oliver olhou para o lado e depois olhou para frente novamente, contemplando o estádio de Quadribol. Então, ele limpou as pontas da flauta e estendeu a flauta para Xavier.

— Toque – disse o garoto. – Vamos lá, eu sei que você sabe.

Xavier sorriu e se surpreendeu com o pedido. Ele então pegou a flauta e começou a tocar. Xavier tocou uma música bastante conhecida, por uns dois minutos, até que ele terminou.

— A Window to the Past, não? – perguntou Oliver.

— Você conhece? – perguntou Xavier, surpreso.

— Sim – respondeu Oliver, um pouco sem jeito. – É muito bonita. Eu quero que você me ensine a tocar num dia desses.

— Será um prazer – respondeu Xavier.

Passados alguns momentos, Xavier sentiu que precisava fazer as pazes com o garoto de uma vez por todas.

— Oliver, eu queria te pedir desculpa por tudo o que aconteceu – começou Xavier. – Aquele dia no almoço com Frank... Eu... Eu não queria que você se envolvesse...

— Está tudo bem, Xavier. No final das contas eu me envolvi mais do que você imaginou.

— Exatamente. E é por isso que eu peço desculpas. Você não precisava ter sido exposto a esses perigos. Eu podia ter protegido você.

— Você não tem que se culpar, Xavier. Eu não sou corajoso. Eu podia ter resolvido isso bem antes.

— Não é tão simples...

— É sim. Eu era espião dele. Não resolvi as coisas antes porque não tive coragem... Infelizmente eu fiquei preso a um papel. Ele me capturou achando que eu ainda não tinha dito nada a ninguém. Mas ele estava enganado, de novo.

— Papel? – perguntou Xavier. – Então foi você... Você deixou aquele bilhete embaixo do meu travesseiro. Foi você quem me levou às masmorras!

— Sim, fui eu. 

Xavier olhou para o garoto, que ainda estava com uma expressão um pouco triste no rosto.

— Veja só então, Oliver. Você contribuiu para salvar o ano em Hogwarts. Se não fosse você eu estaria passando meu Natal no 7º andar do castelo procurando edições velhas de jornais ou desenhos de esfera celeste. Você salvou a vida de muita gente.

Oliver então conseguiu sorrir. Os dois se cumprimentaram e se abraçaram. Ao se separarem, Xavier se sentiu satisfeito. Aquela conversa tinha sido muito importante para esclarecer tudo. E então ele percebeu que o vento estava ficando ainda mais gelado e o céu já estava tomando uma cor mais alaranjada. O pôr-do-sol estava chegando. Em contrapartida, do lado oposto, algumas nuvens podiam ser vistas. Aquela seria uma noite com neve. Bem típica de Natal.

— Vamos voltar ao castelo? Já está anoitecendo – disse Xavier.

— Vamos sim.

E então os dois caminharam lentamente ao castelo, desfrutando as primeiras horas da noite de Natal como bons amigos.

***

Era cerca de nove horas da noite quando Xavier estava no Grande Salão sentando à mesa da Corvinal, junto com Oliver e vários outros estudantes da casa. As mesas das outras casas também estavam relativamente cheias. Todos estavam preparados para o banquete especial de Natal. O teto do salão, como de costume, estava enfeitiçado para parecer o céu à noite, dessa vez mostrando neve. O som dos estudantes falando e rindo ecoava pelo salão, enquanto os professores chegavam aos poucos e ocupavam a mesa à frente da árvore de Natal. Dentre eles estava a professora McGonagall, que, depois de se acomodar na cadeira, bateu calmamente com um talher no alto de uma das taças de vidro.

— Sua atenção, por favor – chamou ela. 

Então o barulho no Salão parou. Todos olharam para a diretora.

— Uma excelente noite a todos! – começou ela.

Os outros professores também estavam atentos.

— Estou feliz em poder presenciar mais uma noite de Natal aqui em Hogwarts. Espero que todos estejam aproveitando – disse ela, sorrindo. – E eu creio que essa é uma boa hora para nós conversarmos e esclarecermos algumas coisas – completou a diretora, agora num tom mais sério.

— Há algumas semanas, toda a escola foi tomada por um terror que eu não pude prever de maneira nenhuma. E eu fiquei ainda mais surpresa quando descobri que o terror já tinha começado há muito mais tempo.

Nesse momento, Xavier se identificou muito bem com o que a professora estava dizendo.

— Algo que todos nós, professores de Hogwarts, tentamos fazer todos os anos é garantir a segurança dos alunos. O mundo da magia é lindo e deslumbrante, mas também pode ser traiçoeiro e fazer mal àqueles que não estiverem preparados para seus perigos. E é por isso que nós tentamos sempre preparar nossos alunos da melhor forma possível. Então, não se surpreendam se nos próximos meses e nos próximos anos vocês encontrarem algumas mudanças no que dizem respeito às suas grades curriculares, as quais, em nossa opinião, são necessárias devido aos acontecimentos recentes.

O salão foi invadido por murmúrios e cochichos.

— Além disso... – recomeçou a professora, chamando a atenção dos alunos novamente. –... Devo dizer que eu também mudei. 

Nesse momento o coração de Xavier começou a bater mais rápido.

— Um de nossos alunos não só ajudou a salvar essa escola, como também me ajudou de uma forma que nem eu imaginava que era possível – continuou a professora. – E é por isso que, em agradecimento, eu concedo 60 pontos à casa Corvinal – concluiu a professora, agora olhando para Xavier.

O cenário que se seguiu foi estranho. Os alunos das outras casas batiam palmas, mas olhavam confusos para a mesa da Corvinal. E nesta, os alunos comemoravam alegres. Alguns, incluindo Oliver, perceberam o olhar da professora em direção a Xavier e o cumprimentaram com tapinhas nas costas. Xavier retribuiu os cumprimentos. Só ele sabia exatamente do que a professora estava falando. E permaneceu assim.

— O que eu quero que vocês não esqueçam... – recomeçou a professora, tocando na taça de vidro novamente. –... é que enquanto nós, professores, estivermos aqui, vocês estarão protegidos. No entanto, não devem deixar de tomar cuidado quando estiverem sozinhos. Acima de tudo, não deem motivos para que algo ou alguém lhes faça mal. Não há dúvidas de que ser perito em feitiços, tirar nota máxima num NOM de Defesa Contra as Artes das Trevas ou conhecer as propriedades mais surpreendentes das plantas são coisas muito importantes, mas o que vocês têm de mais valioso são as suas decisões. Espero que vocês sejam pessoas cada dia mais dedicadas, procurando dar o seu melhor sem esquecer de manter a humildade e que, sobretudo, sejam cautelosos quanto às suas escolhas, pensando em como elas podem influenciar a sua vida e a dos demais. Afinal, como bem dizia um antigo diretor de Hogwarts: “não são nossas atitudes que revelam quem realmente somos. São as nossas escolhas.”.

E então ela abriu um grande sorriso e completou:

— Eu desejo a todos um Feliz Natal!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Geeente, como assim, só falta um capítulo??? Por quanto tempo eu dormi? kkkkkk. Enfim, na quarta-feira tem o capítulo 15, o último (epílogo). Até lá!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Auror do Mal: Desejos do Passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.