Ponto de Virada escrita por Cami


Capítulo 15
Capítulo 15




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Pov Percy 

Viajar de última hora, com meu irmão no hospital, meu pai reaparecendo do nada e minha mãe surtando por causa disso é bem difícil. Talvez fosse melhor eu ficar em casa. Mas era eu parar para refletir, e deixar os pensamentos invadirem minha mente, para a tristeza bater. Não demorou muito para minha mãe perceber: 

—Está sentindo falta da Annie, não é?  

—Está tão na casa assim?  

Ela me abraçou e eu encostei minha cabeça em seu ombro.  

—Você quer ficar com ela, lá na praia? - ela perguntou. 

—Quero, mas não vou deixar você e o Tyson, ele nem saiu do hospital ainda.  

Era verdade, meu pai estava lá com ele, quer ser considerado o pai do ano, mas já é tarde demais! Bom pelo menos para mim. Se ele magoar o Tyson, não sei nem o que eu faço. 

—Por incrível que pareça, seu pai está ajudando – ela disse – a gente vai ficar bem. Pode ir por alguns dias.  

—Tem certeza?  

—É claro, depois desse susto vai ser bom você desestressar um pouco.  

Dei um beijo em sua bochecha e fui fazer a mala, se eu for depressa consigo passar no hospital para me despedir de Tyson e pegar um ônibus até a praia hoje mesmo.  

Pov Annabeth  

O dia estava incrível, o Sol já estava se pondo, mas não tinha começado a esfriar. Mesmo assim resolvemos acender uma fogueira e fazer um luau. E para fechar com chave de ouro nossa noite na praia mais clichê possível, alguém tirou, não sei de onde, um violão e começou a tocar.  

André veio sentar ao meu lado e passou o braço em minha volta. Ficamos sentados em silêncio escutando Miguel, amigo da Paula, tocar Arctic Monkeys e sentindo a brisa soprar em nossos rostos.  

—Esse dia está perfeito, não é? - perguntei.  

—E como - André respondeu me dando um beijo – pena que seu celular fritou no Sol – ele disse com pena e tentando prender o riso. 

—Não ri da minha desgraça! - estava tentando ficar brava, mas a risada dele era contagiante – como eu vou falar com a minha mãe e com o... - parei de falar na hora, não seria muito inteligente mencionar o Percy – com os meus amigos – completei, mas ele percebeu que eu tinha hesitado. O que o fez se afastar um pouco.  

—Annie eu curto muito ficar com você, mas me avise se eu estiver atrapalhando algum lance que você tenha em casa.  

—Caso você atrapalhe eu te aviso – eu disse não resistindo ao seu olhar e dando-lhe outro beijo.  

Ficamos no luau pelo resto da noite. As ondas quebrando na areia e a lua subindo naquele céu salpicado de estrelas, criavam a atmosfera perfeita. Apesar de eu não conhecer bem as pessoas ao meu redor todas me acolheram como se eu fosse amiga de infância deles. O que deixou meus problemas de escanteio, e a sensação que eu tinha é que todos eles haviam ficado na cidade, e ainda com meu celular fritado, eu não tinha muitas formas de ser lembrada disso.  

Pov Percy 

Tyson não me deixou sair do seu lado até a manhã seguinte, quando eu prometi que pegaria várias conchinhas na praia para sua coleção. Ele estava morrendo de vontade de viajar comigo, e quebrou meu coração não poder levá-lo, ainda mais que eu tinha certeza que a Annie adoraria vê-lo.  

Saí do quarto enquanto ele dormia e encontrei meu pai com dois copos descartáveis cheios de café, não sei como ele sabia sobre meu vício de cafeína, mas devo admitir que ganhou pontos ali.  

Ele me entregou um dos copos e sinalizou para eu sentar com ele na sala de espera.  

—Queria conversar com você - ele disse e eu revirei os olhos.  

—Sobre o que? Como não veio nos ver por anos? Ou como deixou tudo nas costas da minha mãe? Ou que acha que um telefonema por ano é o bastante? - joguei na cara mesmo.  

—Eu sei que não fui um bom pai... 

—Ainda bem que sabe. 

—Você tem toda razão de sentir raiva de mim, mas quando eu recebi a notícia de que Tyson havia sido atropelado, não consigo descrever como meu coração apertou. Eu sinto tanto por estar afastado todos esses anos, mas eu pensava que não conseguia ser um bom pai, ou um pai que seja. Era muita responsabilidade, filho. Sei que isso não vai trazer os anos de volta, nem ajudar os perrengues que sua mãe passou, mas quero que isso seja um recomeço, para todos nós. Mesmo que eu não fique com Sally, quero dar um suporte para vocês três. 

Observei seu rosto por alguns instantes antes de abrir a boca. Só os deuses sabem quanto tempo eu esperei ouvir algo assim dele. Mas quando realmente ouvi, não sabia o que dizer. Não tinha como esquecer o que a ausência dele fez comigo, nem se aquilo tudo era verdade, mas talvez fosse e valeria a ena dar ess voto de confiança.  

—Acho que eu posso tentar – falei, e ele abriu um sorriso maior que o mundo – mas não prometo nada.  

—Já é um começo - ele disse e me abraçou, o que me pegou de surpresa e demorei alguns segundos antes de retribuir – bem, não vou te segurar mais. Então você vai encontrar sua namoradinha? - ele perguntou com malícia nos olhos.  

—Annie não é minha namorada, está mais para melhor amiga – eu disse meio sem graça.  

—Você deveria investir nela, antes que outra pessoa faça isso – mal ele sabia que eu queria mesmo investir – ela é bem gostosinha, acho que dá sim para dar uns pegas, mas não se acomode com ela, tem muito peixe nesse mar e você é jovem, tem que aproveitar isso.  

Fiquei em choque, nunca pensei escutar isso do meu pai.  

—Que? - perguntei.  

—Ah você me ouviu. Não vale a pena se apegar a uma garota e ter seu coração partido. Confie em mim essas meninas da sua idade não valem nada.  

—Pai não fala assim! Principalmente da Annie! - meu sangue estava começando a subir – eu preciso ir se quiser pegar o próximo ônibus. 

Levantei da poltrona e sem olhar para trás segui até a porta de saída do hospital. Deixando-o para trás resmungando alguma coisa que eu preferi não escutar.  

Pov Annie.  

Acordei sentindo alguém se mexer ao meu lado. Abri os olhos e percebi que ainda estava na praia. O Sol estava nascendo e eu levantei no susto. O que minha tia falaria sobre aquilo? 

—Está tudo bem, Annie? - André perguntou e então tive a não tão surpreendente revelação que era ele do meu lado.  

—Minha tia vai me matar! - eu disse tentando tirar um pouco de areia do meu cabelo.  

—Relaxa, Paula avisou que vocês iam dormir fora – virei o rosto para ele incerta. 

Olhei para o outro lado da fogueira, já apagada, e vi Paula e Mel dormindo abraçadas.  

—Que desculpa ela usou? - perguntei curiosa.  

—Que vocês iam assistir uns filmes na casa da Mel e que provavelmente iam dormir lá. Sem problemas, viu? - ele disse sorrindo e então consegui relaxar os ombros.  

—Que alívio - eu disse e apoiei a cabeça em seu ombro. Ele pegou meu rosto e me deu um leve beijo de bom dia – acho melhor acordar as meninas, estou doida para um banho. 

—Podemos tomar juntos – ele disse maliciosamente, o que lhe rendeu um tapa meu – eu quis dizer um banho de mar! Essa gente de hoje em dia com a mente toda poluída - disse fingindo reprovação, mas depois que viu minha cara de “sem chance” continuou – tudo bem, vá tomar seu banho sem graça, mas depois quero te levar para um picnic na praça da cidade, o que acha? - ele perguntou e meu coração derreteu de tanta fofura.  

—Uau, que romântico. Eu topo. 

—Só estou fazendo meu papel de cidadão local e lhe mostrando a cidade. 

—Sei – disse o beijando.  

Acordamos as meninas e fomos tomar café em uma padaria para depois tomar banho. Perto da hora do almoço, ouvi uma buzina do lado de fora da casa e entrei no carro de André. No caminho até a praça não pude deixar de notar o quão fofa era a cidade. Bem arborizada e todas as casas pareciam chalés, as crianças brincavam na rua e os adultos conversavam com os vizinhos sentados na varanda. Era tão tranquilo que a infração mais grave que devesse ter era de algum cachorro que tinha feito o número dois na rua e ninguém recolheu.  

A praça seguia o mesmo esquema da cidade, com alguns brinquedões para as crianças e muitas mesas espalhadas pelo gramado. 

Escolhemos uma debaixo de uma árvore e começamos a montar nosso picnic. Ele havia preparado tudo. Tinha vários tipos de sanduíches, incluindo um maravilhoso de queijo branco com tomate e rúcula. Além de frutas, chocolate e suco de morango. 

Depois de nos empanturrar, André chegou mais perto com algumas uvas na mão querendo dar na minha boca.  

—Acho que não aguento mais – disse rindo - você fez um ótimo trabalhando me engordando.  

—Só mais essas uvinhas, não vai fazer essa desfeita – balancei a cabeça indicando que não aguentava mais, então ele colocou uma uva entre os dentes e se inclinou na minha direção.  

Peguei a uva com a boca e quando terminei de comer ele me puxou de novo me beijando.  

—Bom saber que você veio para cá, para fazer isso – disse alguém atrás de nós. 

Virei para olhar quem tinha dito e me deparei com o Percy encarando a gente. 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Me contem nos comentários :)
Até o próximo capítulo.



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