Um amor nada convencional escrita por Lady Ferret


Capítulo 9
O acidente


Notas iniciais do capítulo

As coisas estão ficando meio complicadas... Boa leitura!



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A vontade que estava lhe tomando conta naquele momento era a de simplesmente seguir sua mãe e saber de uma vez por todas do que aquilo se tratava, porém seria algo complicado sair dali junto de sua irmã, principalmente por morar onde morava. Foi até o quarto e viu que a pequena estava dormindo… será? Caminhou até a porta da frente  e a abriu, indo para o lado de fora, olhando para os lados, atrás de sua mãe, porém não conseguia lhe encontrar e, por isso, voltou pra casa.

Não conseguia se concentrar e nem fazer nada por ali, devida sua alta ansiedade no momento. Tudo que queria naquele momento era saber o que diabos aquela conversa da sua mãe significava e quem era aquele outro homem, isso se fosse realmente um homem… Ficar pensando naquilo só lhe deixava ainda mais curiosa e ansiosa. Aquela conversa não fazia o menor sentido, porque diabos estava mexendo tanto com a garota?

Depois de passar aquela tarde interminável em casa, se matando de curiosidade e se segurando para simplesmente não ir atrás da mãe, ela chega, bastante cansada. A princípio não fala nada com a filha, vai para o quarto trocar de roupa e em seguida beber um pouco de água, para então dar uma olhada na filha mais nova, que já se encontrava dormindo, o que era quase um milagre.

— Onde você estava? — perguntou Ruby, se apoiando na porta do quarto com os braços cruzados.

— Eu tive que ir resolver uns problemas… — respondeu, passando do lado da filha, indo para a cozinha, enquanto a outra simplesmente virava o corpo em direção a mãe.

— Quais problemas? — Com um copo na mão, sua mãe lhe olhou brava.

— Problemas. Desde quando eu preciso te dar satisfação sobre a minha vida? Eu hein, até onde eu sei, eu que sou a mãe por aqui.

— Mas no momento que você me deixa responsável por outra pessoa, você me deve no mínimo uma explicação do que estava fazendo…

— Como é que é, Ruby?

— Eu escutei a conversa que você teve com aquele homem hoje mais cedo! — falou com certa raiva. — O que você tá fazendo, mãe? Quem era ela? — Se a filha estava com raiva, sua mãe estava com o dobro.

— Vai pro seu quarto agora.

— Mas…

— Agora, Ruby! Sai da minha frente ou eu vou te dar uma surra que você nunca mais vai esquecer na sua vida!

Irada e batendo os pés no chão, Ruby saiu dali e foi para seu quarto, batendo a porta com força atrás de si. Não deitou e nem se sentou, começou a andar em círculos dentro do quarto, se segurando para não começar a gritar ali. Socava a parede com força, deixando seus dedos vermelhos e só então sentou-se na cama, bufando de raiva. Sabia que não ia conseguir dormir e muito menos se desestressar por ali, então pegou seu skate e simplesmente saiu de casa sem sua mãe ver.

A garota não estava raciocinando direito naquele momento, porque se o tivesse, certamente não teria saído de casa aquela hora da noite, principalmente sozinha e de skate. Começava a deslizar pelas ruas da favela sem nem mesmo sabe para onde estava indo, até porque eram poucos os lugares iluminados com postes e afins.

Já tinham se passado cerca de meia hora desde que tinha começado a andar de skate por aí, foi quando começou a se acalmar um pouco mais e tentar identificar onde estava exatamente, porém estava em um canto onde nunca tinha ido antes. Engoliu a saliva em sua boca. Esse tipo de coisa só poderia acontecer com ela mesmo. Estava cansada, porque tinha usado de muita força dos pés para deslizar rápido então agora simplesmente caminhava, com o skate em mãos.

Sempre que alguém passava por perto, Ruby apertava o skate com força, qualquer movimentação diferente, iria acertar a pessoa com o objeto sem dó alguma, até porque não seria a primeira e nem a última vez que iria o fazer. Nem estava imaginando que sua mãe já tinha reparado seu sumiço e que estava lhe procurando por ai, com a irmã mais nova no colo. Foi quando começou, mais um tiroteio.

Ruby se assustou tanto que nem se jogou no chão, como de costume. Começou a olhar em volta, por´que o tiros estavam muito perto da onde caminhava, mas aparentemente não tinha ninguém por ali. Foi quando resolveu passar na frente de um beco e percebeu que não era exatamente um tiroteio e sim umas crianças que estavam atirando em algumas garrafas. Suspirou aliviada, porém foi um pouco precoce. O que ela não estava esperando era que as crianças iriam se assustar com sua presença ali e foi exatamente isso que aconteceu. Ao ver a figura aparecer do nada no beco, acharam que era algum policial ou algo assim e acabaram por atirar sem querer na garota.

A pequena foi atingida no ombro e, com o impacto, seu corpo foi direto para o chão. Enquanto isso, os outros que brincavam com a arma simplesmente saíam correndo dali, completamente assustados com o que tinha acabado de acontecer ali. Não tinha mais nenhuma alma viva naquele lugar, Ruby agonizava de dor, nunca tinha sentido algo tão forte quanto aquilo, nem mesmo conseguia controlar as lágrimas que insistiam em escorrer pelo seu rosto. Mesmo assim ela tentou se levantar para pedir ajuda, mas não foi possível, sempre que tentava se levantar, voltava para o chão. Foi quando se lembrou do skate.

Se arrastou um pouco no chão, pois o objeto estava um pouco longe da onde ela se encontrava, mas ainda assim ela conseguiu o alcançar. Feito isso, se jogou em cima do skate e deixou que o peso de seu corpo fizesse ele deslizar pela rua, indo para outra, enquanto ela começava a gritar pedindo por socorro, completamente desesperada. Só queria que alguém lhe escutasse de alguma vez, porque não sabia o quanto mais tempo iria aguentar fazer aquilo.

Dito e feito, não aguentou nem por cinco minutos completos. Continuava a gritar o máximo que conseguia, porém a medida que o fazia, sua voz ia diminuindo aos poucos até que ela estava apenas sussurrando as palavras, completamente sem força. Não demorou muito tempo para então seus começarem a fechar incessantemente, mas ainda assim a garota lutava para tentar permanecer acordada de alguma forma, pelo menos até ter certeza de ver alguém.

— Ruby! — Escutou uma voz conhecida gritar por seu nome, mas estava muito distante. Tentou olhar em direção a voz, mas agora já não estava enxergando muita coisa, apenas alguns borrões e vultos estranhos, mas logo pensava ter visto algo meio azulado.

— Sapphi… — tentou dizer, mas sem sucesso, pois logo em seguida seus olhos finalmente se fechavam e a garota desmaiava.

Era tudo impressão, na verdade quem estava por ali era uma conhecida de sua mãe, que por consequência também conhecia a filha. Ela se aproximou rapidamente da garota enquanto já ligava para a ambulância e pedia socorro. Se ajoelhou ao lado do corpo desmaiado e começou a dar alguns tapas de leve no rosto da outra, na tentativa de lhe fazer acordar, mas ela tinha perdido muito sangue e estava sem força alguma para fazer aquilo. Olhou para trás e viu o rastro de sangue que Ruby tinha deixado para trás, ficando impressionada com a distância que ela tinha percorrido sozinha, ela era louca e bastante destemida.

Ficou ao lado da garota até a ambulância chegar, o que demorou pelo menos alguns quinze minutos. Gritava quando os socorristas saíam do carro e verificavam a vítima, queria que eles a levassem de uma vez por todas, pois ela já estava ali, perdendo sangue, por bastante tempo. No final, resolveu não seguir junto dos socorristas, ao invés disso iria atrás da amiga para lhe alertar sobre a filha.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que achou?



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