Estava bastante satisfeita em receber somente aquela “punição” dada pela diretora, não era algo muito complicado de se fazer e até poderia se tornar algo divertido mostrar o colégio para alguém novo. Ruby parecia querer sair dali o mais rápido possível, então pediu para que as meninas não lhe seguissem porque sabia que a garota queria ficar só. Pena que Amethyst não pensava assim e foi correndo até a amiga, tentar saber o que estava acontecendo.

Como imaginava, a conversa entre as duas pareceu não ser tão amigável assim e, de repente, Ruby saía dali ainda mais rápido, realmente querendo se ver livre de todas as meninas, enquanto Amethyst voltava meio para baixo.

— O que você disse pra ela ficar tão estressada e sair daquele jeito, Amethyst? — perguntava Pearl, cruzando os braços na frente do corpo.

— Eu não falei nada de mais, ela que tá ficando louca…

— Ela só precisa de um tempo pra ela, gente — começava Sapphire. — Depois ela vai ficar melhor, acredite. Agora melhor irmos pra casa, já é tarde.

Dito isso, a garota logo se despediu de todas as amigas e então ligou para o motorista da família, pedindo para que lhe buscasse. Enquanto esperava, começava a pensar sobre o que tinha acontecido por ali naquele dia, realmente tinha jogado uma mochila na cara de alguém? Aquilo não condizia com a personalidade da garota, porque tinha feito aquilo? Não podia negar que foi um pouco engraçado e, por isso, até abriu um sorriso no rosto.

Quando o carro finalmente chegou, a garota entrou e logo cumprimentou o motorista. Sua vontade era de pedir para que a levasse à casa da Ruby, porém sabia que, além dele não o fazer (por ordens de sua mãe), a amiga também tinha que ter um tempo só pra ela, pra refletir sobre tudo que tinha acontecido ali. Então apenas foi para sua casa mesmo.

Quando chegou, cumprimentou todas as pessoas que apareceram enquanto entrava e logo subiu as escadas para ir ao seu quarto. Deixou a mochila pendurada no gancho atrás da porta, ligou seu computador e então se jogou na cama, pegando o celular e começando a ver suas redes sociais, principalmente o instagram, onde começava a curtir diversas fotos de famosos e também de alguns outros amigos. Aquele era um pequeno ritual que fazia diariamente, enquanto esperava alguém lhe chamar para então ir almoçar, o que não demorou muito para acontecer. Levantou-se, colocou a senha no computador e então desceu as escadas, indo para a sala de jantar, que ficava no andar de baixo.

Como de costume, iria almoçar sozinha, já que seus pais sempre estava trabalhando naquele horário. As vezes pedia para alguns empregados comer come ela, mas como tinha chegado um pouco tarde, todos já tinham comido e só faltava ela. Aquilo lhe lembrou o dia que tinha passado a tarde na casa da Ruby, onde ela comia assistindo televisão… Porque não fazer isso também? Com isso em mente, pegou o seu prato e se dirigiu até a sala de televisão, ligando ela em um canal de filmes qualquer para lhe fazer companhia enquanto comia.

Não tinha costume de ficar assistindo televisão, então acabava por não conhecer quase nenhum programa, pois passava grande parte do tempo em seu computador. Então começou a descobrir alguns programas e foi ficando por ali cada vez mais tempo. Já tinha terminado de comer e nem levou o prato para cozinha, deixou no chão mesmo, pois não queria perder nenhum momento dos programas que estava assistindo. Até mesmo tinha esquecido que seu computador estava ligado em seu quarto.

Estava tão distraída com a televisão, que acabou passando o resto do dia ali, de frente para ela assistindo o que quer que estivesse passando. Já era noite e Sapphire continuava no mesmo lugar, apenas tinha mudado de posição no sofá. E foi enquanto se ajeitava no sofá que sentiu um aperto em seu peito, que a fez ficar de pé imediatamente. Não sabia o que era aquilo exatamente, mas podia sentir que alguma coisa não estava certa, que algo tinha acontecido.

Rapidamente pegou o celular e mandou mensagens para seus pais, querendo saber onde e como estavam. Por sorte, ambos estavam bem, voltando para casa. Se não era com eles, com quem mais seria? Ou as vezes podia ser apenas uma impressão errada… Respirou fundo e voltou a se sentar no sofá, porém dessa vez desligou a televisão. Seu olhar focava o nada, como se estivesse hipnotizada, tentando entender o que tinha acabado de acontecer ali, mas não conseguia ter nenhuma resposta.

Depois de um tempo resolveu voltar para o quarto, na tentativa de tentar se distrair com alguma coisa. Ainda estava com aquela sensação estranha, mas tentava não ficar se lembrando daquilo. Sentou-se à mesa do seu computador e mexeu no mouse, para que ele saísse do modo hibernar. Foi quando seu telefone começou a tocar e, ao ver quem ligava, suspirou.

— Ruby! — disse em voz alta, com os olhos arregalados e o corpo arrepiado. — Alô? Sim, é ela! Aconteceu alguma coisa? Mas ela tá bem? Qual hospital? Ok, eu to indo aí agora! — Não sabia exatamente com quem tinha conversado, porém não é como se tivesse se importando, sua preocupação mesmo era com sua amiga.

Se arrumou de qualquer jeito, não estava com cabeça pra escolher roupas certas ou coisa e talz. Pegou uma bolsa pequena qualquer, colocou seu celular dentro, assim como algumas outras coisas que talvez pudesse ser útil e, logo em seguida, foi para o andar de baixo, já gritando para o motorista ligar o carro, pois iriam sair.  Em pouco tempo já estava dentro do carro e indo para o hospital que a mulher tinha lhe informado. Sua perna não parava de se mover, por ansiedade e nervosismo, enquanto olhava pela janela a cidade passar rapidamente, tentando ser otimista ou coisa assim.

Ao chegar no hospital, agradeceu para o motorista e logo saiu do carro, correndo, com a bolsa em mãos. Foi até a recepção e explicou a situação, obtendo a informação do lugar onde a mulher e Ruby estava. Correu pelos corredores do hospital até o local indicado e ficou procurando a mãe da amiga, que achava estar ali, provavelmente… Porém não encontrou ninguém que realmente conhecesse. Não tinha como saber quem tinha lhe ligado e, com isso em mente, pegou o celular e simplesmente ligou para o número que tinha lhe ligado, vendo uma mulher pegar o celular.

— Você! — falou em um tom alto, indo até a mulher em seguida. — Foi você que me ligou falando sobre a Ruby, certo?

— Isso… Eu tentei falar com a mãe dela, mas ela não estava em casa e também não consegui encontrá-la em lugar algum… Então lembrei que ela tinha falado por seu nome antes de desmaiar, procurei o nome no celular e liguei.

— Sim, ok, tudo bem… Mas como ela está?

— Eu não sei muito bem… Os médicos apenas disseram que ela estava indo fazer uma cirurgia e depois não falaram mais nada. — Tal informação só deixou a garota ainda mais nervosa. — Eu queria poder ficar e ajudar, mas preciso voltar pra minha casa, meus filhos…

— Tudo bem, pode ir. Eu fico aqui pra ver o que vai acontecer. Obrigada por ter ligado!

— Sem problemas, espero que dê tudo certo. Eu vou tentar falar com a mãe dela de novo, avisar que ela está aqui e tudo mais.

— Isso, por favor!

Sapphire abraçava a mulher e então se sentava por ali, na sala de espera. Estava bastante agoniada com aquela situação, principalmente por não ter notícia alguma da amiga. Por diversas vezes não aguentava ficar sentada e logo se levantava, começando a andar de um lado para o outro, estralando os dedos com ansiedade. A única coisa que queria era uma maldita informação, só isso! Respirava fundo na tentativa de se acalmar.

Depois de já um tempo ali esperando, começou a mandar mensagens para as meninas da escola, principalmente Amethyst, contando o que tinha acontecido e tudo mais, até mesmo chegou a montar um grupo no whatsapp para que pudesse explicar melhor... Não que soubesse muita coisa, mas enfim. Enquanto falava com as meninas, avistou um médico saindo de uma das alas. Imediatamente guardou o telefone e correu até ele.

— Oi, desculpa incomodar… Mas é que minha amiga foi baleada e queria saber como ela está…

— Ah sim, você que está a acompanhando? É da família? — Sapphire engoliu a saliva em sua boca.

— Sim, quase isso…

— Ok… Acabamos de tirar o projétil de bala de seu ombro e não tivemos nenhuma complicação. Ela está estável, dormindo. — Soltou um suspiro de alívio tão grande que era como se um peso tivesse sido liberado de suas costas.

— Eu posso ver ela?

— Ainda não, ela precisa descansar um pouco mais… Mas em pouco tempo poderá vê-la — dito isso, o doutor pousou a mão no ombro da garota, com um sorriso que indicava que tudo iria ficar bem. Então saía dali em seguida.

Era apenas aquilo que queria, um notícia boa. Estava bastante aliviada por saber que tudo tinha corrido bem. Finalmente voltou a se sentar e logo começava a falar com as amigas que tudo estava bem. Agora só precisava conseguir falar com a mãe de Ruby e acalmá-la também, porém ela ainda não tinha aparecido por ali.