Um amor nada convencional escrita por Lady Ferret


Capítulo 11
O resgate


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Cerca de duas horas tinham se passado e ainda nenhum sinal da mãe e Ruby, o que deixava a garota meio apreensiva. Por mais que soubesse que a amiga estava bem, lhe incomodava o fato dela acordar e não ver a mãe ao lado. Já estava começando a ficar impaciente novamente, começando a balançar as pernas enquanto permanecia sentada na sala de espera. Quando menos esperava, olhou para a porta de entrada do lugar e avistou Amethyst adentrando a sala de espera.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntava, se aproximando da outra e lhe dando um abraço.

— Eu não ia deixar você sozinha aqui, né. Sem contar que eu sou mais amiga dela do que você — disse brincando, se jogando no primeiro banco que encontrou, acompanhada da outra.

Ficaram ali por algum tempo, onde Sapphire explicava mais detalhadamente tudo que estava sabendo até então, além de também falar sobre o lance da mãe não ter aparecido até o momento, o que realmente era algo bastante estranho. Amethyst até mesmo ligou para o telefone residencial da amiga, porém ninguém chegou a atender, o que significava que ela ainda não tinha chegado em casa.

Já era madrugada quando um dos médicos voltava a aparecer ali querendo saber quem estava com Ruby. Como sua mãe não tinha chegado ainda, as duas garotas se pronunciaram e então puderam entrar na sala para ver como a garota estava.

— Oi… — dizia Sapphire, com sua voz meiga e calma. — Como você tá? — perguntou, se aproximando e ficando do lado direito da maca.

— To bem… eu acho — respondida, ainda meio adormecida, por causa da anestesia que ainda não tinha passado completamente o efeito.

— Mulher, me conta o que aconteceu! — questionava a amiga, como se nada tão grave tivesse acontecido, quase gritando.

— Eu levei um tiro, Amethyst — falou, com um sorriso do lado no rosto. — Não é como se fosse algo realmente excitante…

— Mas eu não to falando do tiro, to falando da anestesia! Como é a sensação, cê tá locona? — Tal comentário fez todos rirem ali, era a cara dela fazer aquele tipo de pergunta.

Enquanto conversavam por ali, a porta foi aberta e finalmente a mãe de Ruby surgia por ali. Sua cara era uma mistura de desespero e surpresa, não sabia exatamente o que estava sentindo naquele momento, mas seus olhos se encheram de lágrimas ao ver a filha deitada em uma maca com alguns curativos no ombro e soro na veia.

— Me desculpa, eu só fiquei sabendo agora que você tinha sofrido um acidente.

— A gente tentou de ligar em casa, mas ninguém atendia… — Nesse momento a mãe não falou nada, apenas engoliu a saliva em sua boca.

— Ok… — Foi o que Ruby disse, com a cara fechada. Ainda não estava querendo falar com sua mãe no momento, mas as meninas não sabiam disso, então apenas ficou um clima meio pesado no quarto. — Cadê minha irmã? — Imediatamente sua mãe leva a mão até a boca, mais surpresa que anteriormente.

— Eu pensei que ela tava com você…

— Ai meu deus…

— Pode deixar que eu vou atrás dela! — disse Sapphire imediatamente. Então olhou para Amethyst, que não parecia se importar em dar espaço para mãe e filha, foi quando segurou sua mão. — E ela vai comigo.

— Vou?

— Sim.

Não esperou por muito tempo, apenas pegou as chaves da casa e logo saiu dali o mais rápido que podia, juntamente de Amethyst, que relutava bastante, pois não queria sair dali. Como sabia que seu motorista não a levaria para aquele lugar, chamou um taxi e foram juntas para a favela. Por sorte a outra sabia mais que ela o caminho para a casa de Ruby e por isso não se perderam no caminho (que por sinal tiveram que fazer um grande percurso a pé, pois o taxi não aceitava entrar no “coração” da favela”).

Não tinham nem mesmo entrado na casa e já conseguiam ouvir o choro desesperado da criança. Rapidamente abriu a porta e correu até o quarto principal, pegando a bebê no colo e indo para  cozinha, preparar leite ou alguma coisa para comer. Escolheu a primeira mamadeira que viu e colocou no microondas o suficiente para ficar mono.

— Como alguém consegue esquecer uma criança dessa idade em casa e, além do mais, sozinha? — Amethyst, que já estava comendo alguma coisa e jogada no sofá, respondeu:

— A tia é meio louca as vezes mesmo. — Como não era de discutir, apenas deixou de lado.

Por mais que tentasse, de diversas formas, fazer a garota parar de chorar, ela insistia em o fazer, quase como de pirraça, mas provavelmente era apenas fome mesmo, tendo em vista o tempo que ela tinha passado sozinha ali, aparentemente. Quando a mamadeira estava pronta, retirou do microondas e verificou se não estava tão quente, para só então dar à pequena em seus braços, foi quando ela finalmente parou de chorar e se concentrou em se alimentar.

Enquanto a mais nova mamava, Sapphire ia andando de um lado para o outro, sutilmente, balançando a criança no seu colo. Era como se tivesse nascido para ser mãe, de tão natural  que aquela cena parecia, principalmente quando ela começou a cantar uma canção de ninar. A confirmação veio quando notou que tinha feito a pequena dormir em seus braços e nem mesmo era sua intenção fazer aquilo.

— Voce é boa nisso — comentava Amethyst, se aproximando.

— É, acho que sou… Mas na verdade é a primeira vez que seguro uma criança no colo.

— Cara… isso é estranho. — Depois de tal comentario, ficou observando a outra com um olhar estranho, mas segundos depois deu de ombros, levando as mãos para detrás da cabeça. — Vamos voltar para o hospital? Se a gente não voltar, quem vai dormir sou eu.

— Você não percebeu o clima entre a Ruby e a mãe dela? Acho melhor dar um tempo para elas conversarem… — Amethyst ficou olhando para a outra, como se tivesse tentando se lembrar de alguma coisa.

— Eu não lembro disso não, mas já que você diz… — respondeu finalmente, voltando para a sala e se jogando no sofá.

Sapphire voltava ao quarto para deixar a pequena em seu berço, porém no momento em que iria deixar ela deitada, a criança parecia acordar e com isso voltava a chorar. A mais velha rapidamente a trazia para mais próxima de seu corpo e assim começava a aninhá-la, balançando-a de um lado para o outro, voltando a cantar a mesma música de anteriormente. Ela provavelmente só não queria ficar sozinha, pois em pouco tempo já tinha parado de chorar novamente.

Voltou para a sala com a menina no colo e logo percebeu que Amethyst tinha falado a verdade mesmo, porque ela realmente estava dormindo no sofá, como se ele fosse o lugar mais confortável da face da terra, dava até um pouco de inveja. Ainda com a criança no colo, procurou por uma cadeira na casa e quando a encontrou, trouxe para sala e se sentou ali mesmo, ao lado do sofá.

Estava assistindo televisão quando de repente a porta da frente se abre e, com um pulo, Sapphire se levanta assustada. Para sua sorte (e surpresa) era Rubi! Não estava entendendo o que estava acontecendo.

— O que você tá fazendo aqui? Não era pra tá no hospital?

— Eu fugi, não estava aguentando ficar naquele lugar, principalmente com a minha mãe por lá.

— Mas o que aconteceu com vocês duas? — Enquanto perguntava, Ruby se aproximava e pegava a irmã no colo, fazendo carinho na pequenina.

— Resumidamente, minha mãe vem mentindo pra mim sobre alguma coisa que ela não quer falar e, ao que parece, é algo importante. — Quando segurou direito a irmã, fez uma cara de dor e rapidamente Sapphire voltou a pegar a criança.

— Você não pode pegar peso, você levou um tiro, pelo amor de Deus! — A outra revirou os olhos. — Você pelo menos tentou falar com a sua mãe sobre isso?

— Ela não vai falar nada, já tentei. Mas já sei o que eu vou fazer.

— E o que seria isso?

— Da próxima vez que ela sair, eu vou seguir ela.

— Como é que é? Você deve ter batido com a cabeça, só pode. Você tem noção que acabou de levar um tiro e precisa ficar de repouso pra melhorar? Você não vai persegui ninguém.

— Não é como se eu tivesse pedindo permissão, Sapphire. Eu vou fazer isso e pronto.

— É assim? Então eu vou com você.

— Não vai não.

— Não é como se eu tivesse pedindo permissão, Ruby.

Enquanto conversavam, o resto da noite passava tão rapidamente que, quando menos esperavam, o dia começava a amanhecer. Nenhuma das duas tinha dormido ainda e também estavam sem sono algum. Para não acordar Amethyst, as três estavam no quarto de Ruby. A pequenina deitada na cama, dormindo, enquanto as outras duas sentavam no chão, uma ao lado da outra, com as costas apoiando na cama.

Tinham conversado tanto durante o tempo que estavam ali que, naquele momento, não estavam mais falando nada. Apenas estavam ali, uma do lado da outra, olhando para o nada e curtindo a companhia da outra. Sapphire até mesmo chegou a pousar sua cabeça no ombro da amiga, fechando os olhos para descansar um pouco. Ruby apenas sorria meio de lado, fechando os olhos em seguida. E foi assim que ambas acabaram dormindo.


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