Like a Dream: Além-Mar escrita por MCDS Cristal


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho um bom motivo para ter sumido, estava estudando para o Enem.
E como amanhã é o ultimo dia de prova, resolvi passar o tempo escrevendo, para relaxar um pouco.
E acabou que consegui escrever este capítulo.
Peço desculpas por ficar tanto tempo afastada, mas agora conseguirei postar com mais frequência.
Bom, espero que gostem.
Mais uma vez me desculpem.



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Segundo Capítulo

Como eu queria que estivessem aqui com a gente. Tem sido uma aventura, mas nada que se compare aos nossos tempos em Nárnia. Os Estados Unidos são bem divertidos, só que nunca vemos o papai. Ele trabalha demais. Fiquei feliz ao saber que Sam está com vocês. Não pensava que teríamos notícias dela até a próxima ida de vocês a Nárnia, então peço que deem um abraço nela por mim. Eu fui convidada para um chá no Consulado Britânico esta semana por um oficial da marinha, que aliás é muito bonito. Eu acho que ele está me paquerando. Parece que os alemães não andam deixando ninguém cruzar o Atlântico. São tempos difíceis. Mamãe espera que não se importem de passar mais alguns meses em Cambridge.

A mais nova, que lia a carta alegremente, parou repentinamente de ler, e uma expressão perplexa estampava seu rosto.

— Mais uns meses? - perguntou ela ao irmão.

Edmundo, que encarava um quadro que estava ali, virou-se rapidamente em direção a cama, onde Lúcia e eu estávamos sentadas.

— Como vamos sobreviver? - exclamou a menina enquanto Ed pegava a carta de suas mãos e se sentava ao meu lado.

— Deu sorte. - respondeu o mais velho - Pelo menos tem seu próprio quarto. E eu que durmo com aquele chato?

— Susana e Pedro é que são sortudos. - Lúcia falou emburrada, levantando-se da cama e parando de frente ao espelho - Vivendo aventuras.

— É. Eles são mais velhos e nós somos mais novos. Não somos tão importantes. - resmungou o moreno.

— Não falem assim, vocês dois. - disse para eles - Sei que não é fácil ficar aqui, mas vocês aguentam. E lembre-se que nós ainda teremos uma aventura que Pedro e Susana nunca terão.

— Sabemos disso, mas ainda ficamos chateados. - comentou Edmundo, deitando-se na cama e apoiando sua cabeça em meu colo, logo voltando a reler a carta.

— Vocês me acham parecida com a Susana? - perguntou repentinamente a menina, analizando-se no espelho.

Eu já havia reparado nisso antes, mas não cheguei a perguntar nada a Lúcia. Mas, de uns tempos pra cá, ela vem se comparando a irmã mais velha nas pequenas coisas. E isto não é bom.

— Por que esta pergunta de repente, Lú? - perguntei, mesmo sabendo mais ou menos o porquê. - Você é linda.

— Vocês duas já tinham notado este barco? - perguntou o moreno levantando-se de supetão e caminhando até o quadro que admirava minutos atrás.

Nele estava representado um barco navegando em nossa direção. A proa era dourada e tinha o formato de uma cabeça de Dragão de boca escancarada. Tinha apenas um mastro e uma grande vela quadrada de vivo tom de púrpura. As laterais do barco, só visíveis onde terminavam as asas do dragão, eram verdes. Estava exatamente na crista de uma grande onda azul. 

— Já. - respondeu Lúcia a ele com um sorriso, sem responder a que eu havia feito - É bem no estilo de Nárnia, não é?

— É. Só serve pra nos lembrar que estamos aqui e não lá. - o moreno comentou tristonho.

Eu entendia muito bem o que ele estava sentindo. A falta que aquele lugar nos trazia era grande.

— Nós logo voltaremos lá, Ed. Só tenha um pouco de paciência. - falei para ele, indo para perto deles e depositando um beijo em seu bochecha.

— Era uma vez órfãos desocupados, - a voz enfadonha de Eustáquio Clarêncio Mísero se fez presente no quarto e, ao virarmos, o vimos na porta - que acreditavam em Nárnia e em contos de livros empoeirados.

— Agora você apanha ... - Ed disse, ameaçando partir pra cima do primo.

— Não! - exclamou Lúcia segurando o braço do irmão, enquanto eu agarrava sua mão.

— Acalme-se Ed, não se deixe levar pelas brincadeiras dele. - falei para ele, tentando evitar que ele batesse no primo.

— Não sabe bater? - o moreno perguntou irritado.

— A casa é minha. Entro onde quiser. São só convidados. - respondeu o mais novo, entrando no quarto e se sentando onde eu estava minutos antes - O que de tão fascinante há nessa pintura? É horrorosa!

— Não dá pra ver do outro lado da porta. - replicou o mais velho, sem virar para olha-lo.

— Edmundo, parece até que a água esta se mexendo. Não parece, Sam? - disse Lúcia.

Olhei mais atentamente para a pintura e, para minha surpresa, era como se as ondas começassem a ganhar vida.

— Minha nossa! É verdade, Lú. - respondi a menina.

— Quanta bobagem, viu? É nisso que dá ficar lendo esses romances imaginários e contos de fadas. - novamente Eustáquio se intrometeu em nossa conversa.

— Era uma vez Eustáquio, o chato. Só lia livros inúteis de fato. - retorquiu o Pevensie, arrancando uma pequena risada da irmã.

— Gente que lê contos de fadas vira sempre um fardo horroroso para gente culta como eu. Que lê livros com informações reais. - falou o Mísero, sem perceber o grande erro que cometeu.

Vi quando as pontas das orelhas de Edmundo foram ficando vermelhas pela raiva que sentia pelo mais novo. E, quando o moreno começou a caminhar em direção ao primo, não me dei ao trabalho de tentar impedi-lo desta vez.

— Fardo horroroso? Eu não vi você mover uma palha desde que nós chegamos. - disse Edmundo - Eu devia era contar pro seu pai que foi você quem roubou os doces da tia Alberta.

— Mentira!

— Será?

— Edmundo. a pintura! - exclamou Lúcia.

Ao ouvir a voz da mais nova, voltei meu olhar para o quadro, e o que eu vi, fez meu coração palpitar de emoção.

Tudo no quadro estava em movimento. Não era como no cinema, não: as cores eram muito mais reais e vivas, como ao ar livre. A proa do navio afundava e tornava a subir nas ondas com uma grande franja de espuma. Quando uma onda ergueu o navio atrás, viu-se pela primeira vez a popa e o convés, que desapareceram logo no bojo da onda seguinte. 

Era um dia de vento, mas o vento soprava do quadro. De súbito, com o vento, vieram os barulhos... o marulhar das ondas, o bater da água de encontro ao costado do navio e, mais alto que tudo, o estrépito do vento e da água. Foi o cheiro (agreste, salgado) que me convenceu de que não estava sonhando.

— Ed! - chamei pelo moreno, sem conseguir tirar os olhos da pintura. Mas ele pareceu não ouvir, pois continuou discutindo com o primo.

— Eu os achei embaixo da sua cama. E sabe o que fiz? Eu lambi um por um. - confessou Edmundo, com a voz repleta de satisfação. Possívelmente pela careta que o menino deveria esta fazendo.

— Urgh. Eu fui infectado por você. - disse Eustáquio com nojo.

Neste momento, salpicos de água sairam do quadro e atingiram Lúcia e eu. após isso, água começou a jorrar pelas bordas do quadro. Sómente com isto a atenção dos meninos se voltaram para a pintura.

— O que que é isso aí? - Eustáquio perguntou assustado.

— Lúcia, Sam. Será que...

— Só pode ser um truque. - exclamou o mais novo, tentando entender o que acontecia - Para, se não vou contar para a mamãe! - ameaçou ele correndo até a porta - Mamãe.

Neste momento, a água já saia aos montes, começando então a inundar o chão.

Desesperado e com medo, Eustáquio correu até o quadro e o arrancou da parede.

— Eu vou pisar nesse quadro mofado! 

— Não, Eustáquio. Pare! - gritamos nós três ao mesmo tempo, tentando impedir que o menino danificasse a pintura.

Em algum momento, em meio a nossa tentativa de segurar o menino, a água continuou a subir e o chão sumiu de debaixo de nossos pés. Fomos então engolidos pelas águas.

E quando finalmente emergirmos, percebi que já não estavamos mais no quarto de Lúcia.

Ao avistar a aproximação do belíssimo navio, a resposta foi imediata.

Estávamos em Nárnia.


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