Like a Dream: Além-Mar escrita por MCDS Cristal


Capítulo 4
Terceiro Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem não tem vergonha na cara e resolveu aparecer depois de quase dois anos!
Será que ainda tem alguém por aqui? Afinal, já estou completamente surpresa por EU estar aparecendo.
Bem, em dois anos muita coisa aconteceu. Não tenho coragem de contar tudo o que me ocorreu, pois muitas coisas não são fáceis de se falar. Então só agradeço se alguém ainda estiver lendo Like a Dream.
Bjs da MCDS.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/749995/chapter/4

Terceiro Capítulo

A felicidade foi momentânea.

O desespero passou a tomar conta da minha mente no exato momento em que me lembrei de um fato muito importante: Eu não sabia nadar.

Braçadas desorganizadas era o que ainda me mantinham na superfície e perto do oxigênio, mesmo que o balanço do mar gélido não me permitisse respirar corretamente.

— Ed! – gritei para o moreno enquanto lutava com o revoltoso mar. A saia do vestido se enrolando em minhas pernas, prejudicando ainda mais a minha fracassada tentativa de não me afogar. O tecido encharcado era como ancoras de tão pesado que estava, e que insistia em me arrastar para o fundo.

Como me arrependo de não ter feito aulas de natação! E não foi por falta de oportunidade.

— Edmundo! Eustáquio! Sam! – Lucia gritou, não muito longe mim, tentando nos localizar em meio a toda aquela confusão.

— Aqui, Lu. – Tentei responder para ela, mas a força me faltou, me fazendo parar de me debater.

Braços rodearam minha cintura no exato momento que acabava de submergir, evitando que eu afundasse. Com a cabeça já para fora da água, meus olhos focaram na minha escuridão preferida.

— Não pare. Continue batendo os braços e as pernas. – gritou Edmundo, enquanto me segurava em seus braços – Eu vou de ajudar.

Uma forte sombra se aproximou de nós, nos alertando que o navio estava bem ali.

— Eustáquio, nade! – gritou a menina para o primo perto de si, esse que só sabia berrar assustado. – Vamos, Eustáquio. Vamos sair da frente.

— Continuem nadando. – Edmundo, que me ajudava a permanecer na superfície, gritou para os outros dois enquanto tentava nos afastar da enorme embarcação.

Só paramos de nos mover quando a voz alegre de Lucia se fez presente.

— Edmundo, é o Caspian!

Olhando para trás, o rapaz moreno ajudava a Pevensie mais nova a permanecer na superfície.

— Eu não quero ir! – choramingava Eustáquio ao ser arrastado por um dos marinheiros que haviam se jogado ao mar para resgatar os náufragos. – Quero voltar para a Inglaterra! Vou voltar para a Inglaterra!

Alívio tomou conta do meu peito ao avistar a imagem turva do moreno mais velho. Só pude sorrir para ele e ignorei o menino Mísero.

— Fiquem tranquilos, estão a salvo. – disse ele ao nos aproximarmos.

Mais homens se aproximaram de onde estávamos, nos ajudando a chegar até perto do navio. Só me soltei de Edmundo no momento em que cordas foram atadas a minha volta para que fosse içada para bordo.

— Estamos em Nárnia? – perguntou apressado Edmundo, quando todos já estávamos seguros a bordo.

— Sim, estão em Nárnia. – Exclamou o outro, risonho pela expressão abobalhada no rosto do mais jovem.

—Isso foi emocionante! – Exclamou Lucia, se enrolando em uma toalha.

— Só se for para você que sabe nadar! – resmunguei para a menor enquanto tentava me esquentar com a toalha ao meu redor.

— Caspian! – chamou Ed ao meu lado, feliz ao rever o velho amigo.

— Edmundo! Sam! – Alegrou-se o mais velho o abraçando, logo sendo a minha vez de ser envolvida pelo abraço do atual rei. – É um prazer ver vocês.

— Estamos felizes em vê-lo, Caspian. – disse para o mesmo quando nos afastamos.

— Como vieram parar aqui? – perguntou ele.

—Não faço a menor ideia. Você não nos chamou? – perguntou a menina mais nova, meio confusa.

— Não. Não dessa vez. – respondeu Caspian.

— Bem, seja como for, estamos felizes por estar aqui. – disse Edmundo, contente por estar de volta à terra da magia.

Um grito apavorado foi ouvido mais para trás e não precisávamos nos virar para saber de que se tratava.

— Tirem isso de cima de mim! – choramingava o Mísero, jogado ao chão com o que se parecia ... Um rato?

— Parece um bebê. – Zombou o pequeno animal.

— Tirem isso de cima de mim! – amedrontado, o rapaz atirou longe o rato que antes estava sobre si.

— Ripchip! – Lucia e eu falamos ao mesmo tempo quando o pequeno valente caiu onde estávamos.

— Vossas Majestades! – curvou-se o rato-chefe, após ajeitar sua espada e seus pelos desarrumados. Surpresa era evidente em sua face.

— Olá, Rip. Que prazer. – Disse o rei mais novo, com um sorriso no rosto.

Naquele momento, senti uma vontade enorme de pegar Ripchip no colo e acaricia·-lo. Mas sabia muito bem que nunca poderia fazê-lo, pois ele ficaria profundamente ofendido. Em vez disso, ajoelhei-me para conversar com ele.

— É um prazer revê-lo, Rip.

— O prazer é todo meu, Majestade. A esta maravilhosa aventura faltava apenas a presença de Vossas Majestades. – disse fazendo outra reverencia - Mas antes de tudo, o que faremos com esse intruso histérico? – perguntou Ripchip apontando para Eustáquio que ainda estava ajoelhado no chão do convés.

— Esse rato enorme estava tentando arranhar a minha cara! – berrava histérico o mais novo apontando para o rato valente.

— Estava apenas tentando tirar água de seus pulmões, senhor! – retrucou calmamente Ripchip.

— Ele falou! Vocês viram? – o horror era visível no rosto de Eustáquio, que até gaguejou ao falar – Alguém ouviu? Ele falou!

— Ele fala sempre! – disse um dos marinheiros.

— Difícil é fazê-lo ficar quieto. – brincou Caspian.

— Quando não houver nada a ser dito, Majestade, prometo que não falarei. – comentou Rip, de maneira cortes.

— Não sei que tipo de brincadeira é essa, mas eu quero que pare, agora! – berrava o Mísero aos quatro ventos.

— Por que não o jogamos de volta ao mar? – indagou o valente rato, apontando para o garoto.

— Edmundo! – exclamou Lucia, socando o braço do irmão pelo fato dele ter estado sujeito a aceitar tamanha proposta.

— Não seria uma má ideia. – falei baixinho para Caspian ao meu lado, que segurou a risada com o olhar que a Pevensie mais nova nos lançou.

— Exijo saber agora mesmo onde estou! – Eustaquio falou para um grupo de marinheiros que estavam ali por perto, rindo-se da situação do pobre rapaz.

— Está no Peregrino da Alvorada. O melhor navio da marinha de Nárnia. – disse o Minotauro, com orgulho de estar ali naquele lugar.

Bastou pôr os olhos em cima dele para que Eustáquio Mísero caísse ao chão. Desmaiando pelo choque e medo.

— Foi algo que disse? – perguntou o Minotauro ao seu rei, sem saber o que havia feito de errado, quando este se aproximou.

— Cuide dele, por favor. – pediu Caspian, rindo do que tinha acabado de acontecer.

— Sim, Majestade.

—Homens! – chamou Caspian a atenção de todos, subindo na escadaria do convés para que todos pudessem vê-lo - Vejam os nossos náufragos: Edmundo, O Justo. Samantha, A Sábia. E Lucia, A Destemida. Grandes Rei e Rainhas de Nárnia.

Todos então se ajoelharam, honrando a presença dos antigos Rei e Rainhas. Felizes por encontrarem os salvadores de sua amada terra.

— Vamos descer para mudar de roupa. – disse Caspian momentos depois - Como é natural, meninas, cedo-lhes o meu camarote, mas o que não tenho é vestimenta feminina de acordo. Espero que não se importem de usar minhas vestes.

O moreno então nos guiou até uma portinha que dava para a cabine da popa. Na salinha abriam-se três janelas quadradas para o mar revolto; bancos baixos e almofadados cercavam os três lados da mesa; uma lâmpada de prata balançava sobre suas cabeças e, na parede em frente, a esfinge de ouro de Aslam, o Leão, pendurada acima da porta. Viu tudo isso num relance, pois Caspian imediatamente abriu uma porta a bombordo e disse:

—Este agora vai ser o quarto de vocês. Só vou tirar daqui umas peças de roupa para mim - e enquanto falava remexia as gavetas - e depois deixo vocês a vontade. Ponham suas roupas lá fora; mandarei que as levem para secar.

O camarote era tão confortável. O movimento do navio era um pouco incomodo, afinal, nunca havia velejado antes, nem mesmo nos velhos tempos em que fora rainha em Nárnia. O camarote era pequeno, mas muito alegre, com painéis pintados (aves, outros bichos, dragões vermelhos e trepadeiras), e estava imaculadamente limpo.

As roupas de Caspian eram demasiado grandes, mas conseguimos dar um jeito. Os sapatos, é que eram impossíveis de calçar, por causa do tamanho, sendo mais fácil então andar descalça a bordo.

Olhando pela janela, após terminar de me vestir, suspirei ao ver a bela paisagem. As ondas se chocando com a passagem do navio, deixando para trás um rastro de espuma.

— Nós realmente voltamos, Lú? – perguntei para a mais nova, que terminava de prender o cinto – Não é um sonho?

Lucia sorriu. Aquele sorriso infantil, que sempre lhe alcança os olhos.

— Não é um sonho, Sam. – respondeu segurando minha mão na sua e me puxando para um abraço – Estamos aqui. De volta a Nárnia. Estamos aqui.

Naquele momento, enquanto abraçada a Lucia, tive a certeza de que passaríamos uma temporada maravilhosa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like a Dream: Além-Mar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.