O medalhão de Salazar escrita por Sirukyps


Capítulo 8
Fidelidade




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Quantas horas havia se passado?

Severus não sabia.

A água quente lhe massageando o couro cabeludo não o permitia mensurar.

Talvez, 10 minutos.

10 horas.

10 anos.

Mesmo assim, o coração não se acalmava.

Abrindo o armário para escovar os dentes, não deteve a discreta risada ao encontrar a escova ali. Aquela não era mais uma noite. Para falar a verdade, o sonserino não conseguia deduzir qual a última vez que dormiu na própria casa.

Enxugando os cabelos de qualquer jeito, a mordida na nuca ardia e, estranhamente, o corpo traidor desejava mais. Desejava aqueles audaciosos lábios lhe marcando... O calor inerente aquela língua... Infelizmente, desejava o irritante e insuportável homem.

Assim, saindo somente com a toalha enrolada na cintura, o rapaz abria o guarda-roupa e escolhia um pijama aleatório. Por mais que houvesse trazido a escova, livros, sapatos, jamais trazia roupas, pois quando furtava as peças do inimigo, sentia-se abraçado pelo perfume insuportável que tanto apreciava.

Percebendo-se observado pelo moribundo corpo fingindo dormir, pegou uma das camisas sociais. Erguendo a sobrancelha para avaliar de esguelha o péssimo ator, permitiu que a toalha escorresse pelas pernas torneadas, deixando lá.

Sacana! ”. James praguejava em mente.

Depois de tantos anos, tinha plena ciência de acerca cada uma das mínimas provocações feitas pelo “namorado” para lhe testar os limites.

Não mentia.

Gostava daquele jogo de gato e rato, especialmente quando ganhava. Até porque foi necessário muito empenho para diferenciar o "não, pare" do "não pare", desvendar reticencias e, ainda assim, o garoto das poções permanecia sendo um completo, atraente e curioso enigma. 

Maldição”. Bronqueava, tentando afastar a vontade de morder a travessa e redonda nadega, castigá-la, deixá-la vermelha até arrancar o riso cínico daqueles lábios.

Todavia, não poderia perder.

Não daquela vez.

Ele não era um animal feito apenas...

O peso de Severus ocupando o espaço vazio da cama...

Respirando fundo, ele não era...

Infelizmente, naquela noite, ele não iria explorar as melindrosas curvas daquele maroto mapa.

Tão perto.

Fechando o punho, James meditava para controlar o terrível desejo em tatear aquela gélida pele como o do animal que representava a casa, cujo o amante pertencia. Utilizando um extintor de incêndio naqueles depravados pensamentos, como seria professora Mcgonagall tomando sol na piscina?

O audacioso braço lhe envolvendo a cintura.

O sol na piscina... O sol... Aquele peitoral molhado, engasgado com o seu nome.

Não!

Professora Mcgonagall”, o grifinório repetia. “Professor...”.

Casualmente manhoso, Severus continuava:

— Está frio...

— Pega mais uma coberta.

— Você não vai me aquecer, Potter?

— Caralho...! – Resmungava em brincadeira. Enlaçando os dedos ao da mão atrevida, pensou em afastá-la, mas como poderia? Fazendo um leve carinho nos dedos entre os seus, assegurava. - Boa noite, querido. Eu tenho palavra, por isto não vou cair nesta tentação.

Segurando o riso, Severus reivindicava aquele peito como travesseiro, arranhando-o de leve com a ponta das unhas.

Lamentando, entristecido, segredava:

— Eu usei o seu sabonete e estou com sua camisa. – As mãos rijas percorriam o tórax.

O aproximar dos olhos acastanhados trazia o bruxo para fora de si, desorientando, obrigando a esquecer todas as coisas físicas, crenças e, especialmente, tolas apostas e teimosias.

Segurando-lhe pela gola do pijama, Severus lhe acariciava o queixo com o morno hálito.

O riso ligeiramente sacana.

Os lábios entreabertos aguardavam em armadilha.

Hipnotizando-o.

O canto da sereia.

Certo do domínio exercido sobre aquele viciado, o sonserino continuava:

— O quanto preciso me misturar com suas coisas para que eu também possa ser seu? – Percebendo o companheiro começar a rezar, silenciava-o num demorado tocar de lábios.

A luxúria...

Sim, Severus sentia saudades daquele tato, daquela voz que tanto detestava lhe falando sacanagens e... James correspondia desesperado. Colocando-o sob si, aprofundava o beijo, escorregando a mão por aquela cintura, tateando o frágil empecilho de algodão que impedia a união daquelas peles.

Todavia... Não!

Acariciando aquela proeminente nadega que tanto almejava marcar, fechou o punho, controlando-se.

Caindo ao lado como um peso morto, só abraçou a contraparte, avisando:

— Vamos dormir como um casal de velhos... – O maldito pé deslizava, contornando-lhe os músculos da panturrilha. Divertindo-se, o algoz mordia os lábios, segurando os anasalados risos. – Eu odeio como você acaba com meus limites. 

— Você tem limites, James? – Importunava.

Acomodando-se naquele abraço, ficou de frente, analisando cada detalhe daquele atraente rosto.

Certo, não estava tão jovem...

Mas...

Uma pequena cicatriz próximo ao queixo, a qual não estava lá no mês passado. Passando o polegar de leve, sobre a textura, o coração gelava receoso.

Aquele pequeno lembrete que...

Percebendo o olhar angustiado, James interpôs:

— Tem duas semanas. Um feitiço... – Não. Recordava o aviso repetido inúmeras vezes para não cruzar aquela linha. Deferindo um terno beijo no aflito dedo, - Bobagem.

— Amanhã eu passarei uma poção. - Disse, preocupado. Desvencilhando do carinho, contornava os nódulos dos torneando braços e...

James era forte, mas...

Piscando algumas vezes, curioso, era tão bom tê-lo ali depois...  

O atraso...

Os ataques...

Novamente, a maldita recordação de quando havia o perdido.

E...

Um dia...

— Sabe... Eu também... Cada minuto que você se atrasa, eu tenho...

— Eu não te deixarei outra vez, querido.

— Não... – Baixando o rosto corado pelo apelido carinhoso, quantos anos ele tinha? A quanto tempo estavam juntos? Por quanto tempo continuaria? Por que aquela noite precisava terminar? Desistindo da brincadeira, desconversou. – Eu... Eu não... Ligo. Só... Tenho medo pelo Harry. Ele... Ele...

— Só pelo Harry...?

— Ele não é a nossa desculpa? – Contrapôs em brincadeira, logo suspirando desanimado. Harry não era uma desculpa e nada naquela situação. Ele tinha um motivo para estar ali, todavia esquecia sempre que acolhido por aqueles braços que tanto odiava.

Fitando o preocupado olhar uma última vez, piscou pensativo, logo desistindo das provocações. Puxando as cobertas para se acomodar em seu canto na cama, deu as costas, pesaroso:

— Desculpa... Boa noite.

Rolando para mais próximo, o sonserino estava muito enganado se poderia escapar assim. Principalmente, pois o auror não gostava de ver o "namorado" calado e refletindo sobre coisas que terminariam os afastando. Assim, envolvendo-o pela cintura, deferia um casto beijo no espaço entre a nuca e a orelha, observando entre sussurros:

— Achei que estivesse com frio.

— Eu tenho uma coberta.

— Severus... Não sei por você, mas a minha desculpa é que sempre sou abençoado desde o momento em que coloquei meus olhos em você. – Beijando aquele ombro, virava-o para si, garantindo num travesso flerte. - Você é o meu amuleto de sorte.

— Você me odiava, Potter.

— Pois te queria pra mim. - Sorriu terno. Deferindo outro afetuoso beijo na preocupada ruga daquela testa, achou importante complementar. – Aliás, eu sempre te quero, Severus.

E, reparando o discreto bobo riso apaixonado, James só tomou aqueles lábios.

A saudade não o deixava diferenciar o antes ou o quando, apenas submergia naquelas sensações maravilhosas, batalhando contra a capacidade de respirar.

Mordendo-lhe a clavícula, o maroto tateava a macia pele daquele tórax por baixo de sua camisa social, num possessivo toque que reivindicava o que era seu.

Sim.

Pro inferno, a Ordem, Voldemort ou qualquer caos que quisessem os separar.

Por mais que autofalantes gritassem o quanto era errado, não importava. Naquele momento, ele sabia que pertencia a Severus e Severus Snape era apenas seu.


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