Segurei-me para não correr até o quarto de Annabeth para contá-la sobre o meu sonho. Ela já tem problemas demais para eu acordá-la no meio da noite. Vou esperar até amanhã.

Gostaria de dizer que já tinha parado de ter aqueles estranhos sonhos fragmentados, como todo o gurpo. Mas não, nunca é assim. O sonho continuava a me perturbar, atormentando um sono. Mostrava várias partes de um caminho, e em um tempo de 1 segundo mostrava uma clareira, que eu mal podia ver os detalhes, de tão rápido que passava.

Acordei suando, como toda a noite. Pelos Deuses, já era de manhã e eu não precisaria voltar a dormir. Logo alguém já viria me acordar. Tomei um banho rápido para recuperar as forças e relaxar um pouco. Assim que amarrei o último cadarço do tênis, ouvi leves batidos na porta.

Torci para que fosse alguém em especial, e minhas preces foram atendidas. Annabeth entrou com cara de sono no meu quarto, porém continuava com sua beleza natural. Ela me puxou para um beijo rápido. Nem ligamos para o mau hálito matinal. Depois de passarmos a noite separados, a única coisa que precisávamos era um do outro. Entrelacei nossas mãos e a puxei para minha cama desarrumada. Não passamos dos beijos. Não tínhamos tempo.

- Tenho algo muito importante – Dissemos ao mesmo tempo. A nossa cara preocupada foi substituída por um riso leve.

- Você primeiro – Eu disse, apontando pra ela.

- Poseidon foi ao meu quarto ontem a noite – Ela pausou, acho que ainda não acreditava – E ele me falou de muitas coisas. Ele acha que Réia está por trás de tudo. Ele sente sua força no Monte St. Helens.

- Isso faz sentido. Tive um sonho ontem à noite, onde uma estranha voz feminina falava com Tétis e-

- A titânide – Ela me interrompeu, não fazendo uma pergunta, mas falando para si mesma.

- Sim. Temos uma espiã.

- Mulher? – Ela perguntou. Estava um pouco indignada por termos uma espiã novamente. Com certeza ela lembrou de Silena Beauregard. A espiã de Cronos que no final virou nossa heroína, trazendo o orgulhoso chalé de Ares.

- A mulher que eu acho que era Réia falou para Tétis sobre a espiã como se fosse mulher. E eu ouvi a voz da espiã. Mas não pude ver seu rosto. Ela sabe de tudo que está acontecendo. Por isso suspeito de que ela esteja entre nós que viemos na missão.

- Muito provável. Temos que ficar de olhos abertos, e temos que acelerar tudo isso. Não sei quanto tempo minha mãe agüenta.

Demos um selinho de despedida, que pra mim, fora rápido demais. Annabeth fora para seu quarto tomar banho para irmos à sala dos 12 Grandes.

Arrumei as minhas coisas, pegando mais dracmas, néctar e ambrosia. Minhas roupas estavam limpas e secas em cima da poltrona que completava o quarto. Era mais confortável que qualquer poltrona no mundo mortal. Segurei-me para não cogitar a idéia de pedir a Poseidon que colocasse uma dessas em meu chalé.

Quando saí, Annabeth estava saindo de seu quarto. Jeans surrado e camisa do acampamento. Exatamente como a conheci.

Demos as mãos e fomos em direção à sala dos Deuses.

A sala parecia ter perdido um pouco do brilho, porém ainda continuava imponente. Annabeth estranhamente começou a ficar mais fraca. Quando chegamos perto do trono de Athena, ela estava sendo carregada por mim. Quanto mais Annabeth se aproximava de Athena, mais fraca ficava. Tentei trazê-la o mais longe possível de Athena, mas aonde ainda poderíamos conversar com os Deuses.

Bom, nem todos estavam presentes. Poseidon, Athena e.. Perséfone?

- Sei que estão se perguntando o que faço aqui. Bom, é primavera. Estou com minha mãe. E como Hades veio para cá por causa da reunião sobre Athena, eu estou aqui – Ela parou, puxando o ar primaveril, que do lado dela, o ar parecia adquirir um perfume doce de flores.

- Poseidon me pediu um favor – Ela disse, olhando para meu pai – Ele pediu que eu lhes desse algumas de minhas pérolas. Porém, só darei, por uma condição. Percy, você que conseguiu algumas promessas dos Deuses, conseguiria com que fizessem uma chalé, para.. Digamos.. Meus filhos? – Ela disse, entrelaçando suas mãos. Não fazendo um gesto para implorar, simplesmente por fazer. Seus olhos estavam ainda imponentes, como sempre vira, mas agora tinham um pouco de sentimentalismo.

- Sim, claro senhora Perséfone. Vou providenciar - Annabeth respondeu por mim. Ela estava fraca, porém não estava em choque como eu. Ela saiu do meu colo, acho que estava meio estranho. Eu estava carregando-a como se carrega um bebê.

- Poseidon acha que se pensarem no lugar onde estão tendo esses sonhos fragmentados, poderão ir para lá. Mas não tenho certeza – Perséfone disse.

- Temos que acordar os outros – Eu disse – Com licença.

Saímos correndo em direção aos quartos, porém, trombamos em 3 pessoas. Nico, Lucy e Thalia estavam saindo de seus quartos. Nico e Thalia nos deram oi, mas Lucy não disse nada.

- Vamos, temos que ir a sala dos Deuses. Perséfone nos dera alguma de suas pérolas.

A cara surpresa deles logo apareceu, mas eles correram conosco. Chegamos tão rápido no grande salão quanto saímos.

Athena se assustou um pouco, mas voltou a apoiar sua cabeça no peito de Poseidon.

Fomos até Perséfone, e quase esquecendo, fizemos uma reverência. Ela não falou nada, apenas nos deu as pérolas. Em outra situação no final ela desistiria, mas depois do nosso acordo, acho que ela não o faria.

- Obrigada senhora – Annabeth disse.

- Prontos? – Eu disse – Lembrem-se, pensem em seus sonhos fragmentados e chegaremos lá. Contarei até 3 – Todos colocamos suas pérolas no chão – 1 – Eu contei – 2, 3!

A fumaça tampou minha visão.