Eu imediatamente reconheci o lugar. A clareira era grande, porém cercada por árvores fechadas, exatamente como no meu sonho. Eu estava um pouco confuso, por causa da rápida viagem. Olhei para o lado, a minha visão lentamente voltando ao normal.

Annabeth, Thalia, Nico e Lucy estavam na mesma situação que eu. Desorientados. Lucy estava sentada em um tronco tateando o chão.

- Percy – A voz chamou meu nome. Diria que era Annabeth, mas a voz tinha mais poder – Olhe para trás.

Olhei para trás. Sabia que não devia tê-lo feito. Mal tinha recuperado minha visão e já a perdi. Senti a grama tocando minhas costas, porém a queda não doeu. Sei que como sou invencível, não tinha como doer mesmo. Porém a queda fora leve, como uma pena.

Balancei a cabeça rapidamente tentando recuperar o fluxo de mente. Abri os olhos e estava no mesmo lugar, mas parecia estar preso no chão. A única coisa que podia mexer era minha cabeça, apenas de um lado para o outro.

- Annabeth – eu chamei, só que mais parecia um sussurro – Você está bem? – Você deve ter pensado que eu pediria socorro. Mas como eu estava não me importava. Eu precisava saber como ela estava.

- Percy – Ela disse, fracamente – Eu estou bem. Como está? – Ela perguntou, falhando na última sílaba.

- Você não parece bem – Eu disse – Thalia, Nico, Lucy, estão todos bem? – Eu perguntei.

- Sim – Disseram em um uníssono.

- O que está acontecendo? – Thalia indagou.

- Sinto a presença de algo obscuro – Nico meio que sussurrou – Uma presença obscura.

Como se fosse um fime, assim que Nico terminou de falar uma silhueta negra começa a tremeluzir. Suas feições eram ao mesmo tempo pálidas e sombrias. O corpo era magro, de uma mulher bonita. Passava uma sensação não muito boa. Seu sorriso maléfico fez com que um choque elétrico passasse pela minha espinha. O rosto não me era estranho, mas não conseguia reconhecê-la.

- Senhora Nyx. O que faz aqui? – Nico perguntou. Sua voz não continha um tom de pergunta, mas sim um pouco de raiva.

- Oh, pequeno Nico. Faz tempo que não lhe vejo – Ela sorriu maleficamente – Lembro-me de sua irmã, Bianca – Ela analisou suas mãos – Foi ótimo vê-la no submundo. Morta.

Nico tentou se morrer com raiva. Soltou um grunhido de ódio. Pelo que me parecia eles já tinham se encontrado, e não se davam muito bem.

- Oh. Está com raiva de mim? Pois não sabe a raiva que tenho de vocês, meio-sangues. Adoram estragar tudo. Tudo pelo nome de Zeus, Athena, Apolo, Poseidon, blá blá blá. Nunca pelo nome de Nyx. Só porque eu sou a Deusa da escuridão. Sou muito poderosa, deviam saber. A escuridão pode tomar tudo e todos. Mas não vou matá-los – Estranhamente, eu não relaxei com a frase dela – Vou deixar que se matem. Muito mais divertido.

- Você não vai conseguir isso, Nyx – Cuspiu Thalia.

- Ah, vamos ver então.

Ela fez um leve movimento com a mão e em um segundo, podíamos nos mover. Levantamos-nos rapidamente e eu já me armei com ContraCorrente. Thalia pegou seu arco e Nico pegou sua espada, feito com ferro estígio, extremamente sombrio. Lucy pegou desajeitadamente seu arco.

Mas, depois disso, uma raiva me tomou.

E não foi uma raiva de Nyx. Ou sobre algum Deus. Foi sobre meus amigos.

Que não hora, não senti que eram meus amigos.

Annabeth, sempre orgulhosa. Porque merecia minha amizade, ou simplesmente viver? Thalia era sempre grossa e estúpida. Nico era frio e sombrio, como havia ganhado a vida assim? Lucy era uma inútil.

Uma raiva extrema me tomou e a única coisa que passava pela minha cabeça era a vontade de matá-los.

- Gente – Annabeth berrou - Concentrem-se! – Eu a ouvia mas não conseguia fazer o que ela pedia.

- Concentrem-se na luz! A luz é o contrário da escuridão! (N/A: AH VÁ!) Só isso vai nos salvar – A profecia fazia sentido “A escuridão e a raiva os tomarão, só a luz os salvarão”.

- Concentrem-se nos pontos bons de cada um, nos seus pontos de luz! Vocês conseguem! – Ela continuava a berrar.

Eu consigo. Eu sei que sim.

A raiva era absurdamente grande.

Annabeth era minha namorada. Era inteligente, amorosa, carinhosa, confiável, estava lá sempre que eu precisava. Thalia era engraçada e extremamente confiável. Nico e Lucy também.

Consegui me concentrar e fazer com que a raiva não fosse tão grande. Lentamente ela foi diminuindo, até ir embora completamente do meu corpo. Me senti leve. Em paz.

Vi que Nico, Thalia e Lucy estavam na mesma situação que eu. Piscando rapidamente para voltarem ao normal. Corri e abracei Annabeth. É tão bom ter a certeza de que a amo mais que tudo de novo.

- Todos bem? – Perguntei olhando por cima da cabeça de Annabeth.Todos concordaram com um aceno de cabeça. Peguei ContraCorrente que, por algum motivo que eu realmente não sei, havia caído no chão.

Beijei sua testa e entrelacei nossas mãos.

- Bom, é melhor continuarmos, não temos tempo pra tomarmos suquinho de abacaxi – Disse Thalia.

Andamos por uma brecha que havia na clareira e de longe vimos o monte, que logo reconhecemos. O monte st. Helens.

POV Annabeth

Como Poseidon havia dito, o monte st. Helens irradiava poder. Podia sentir uma poderosa aura o envolvendo. Minha mente vagava por perguntas sem resposta. Odeio não saber. Droga de perda de poderes.

Não sei se os Deuses estavam acreditando em Poseidon. Devem achar isso impossível. Mas vendo o que estamos vendo, não achariam impossível.

Continuamos a andar. Quanto mais perto, mais forte a aura. Ficávamos estranhamente mais fracos, mas tínhamos força para continuar. Acho que andamos por um dia mais ou menos. Os relógios haviam parado. Estávamos tentando nos guiar pelo sol.

Quando chegamos ao monte st. Helens, a aura estava muito forte. Comemos um pouquinho de Ambrósia, mas muito pouco. O alimento dos Deuses em muita quantidade pode te incinerar.

- Então – Thalia disse olhando para os lados – Como a gente entra, ou sobe?