Era sempre você escrita por Lívia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa historia é narrada no ponto de vista da Daphne. Espero que gostem.



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P.O.V Daphne

Estou debaixo da cama, cercada pela poeira, escondida ,certa que nenhum monstro, fantasma ou bruxa irá me encontrar. O medo é o meu fiel companheiro nas minhas aventuras ao lado dos meus amigos Fred, Velma, Salsicha e o nosso eterno mascote Scooby- Doo. Tento lembrar a mim mesma de continuar a respirar, mesmo com os olhos cegos pela escuridão e o som dos passos se aproximando do meu melhor esconderijo. Estou tentando manter- me calma , certa de que o monstro vai embora e cairá nas armadilhas que Fred montou. Quando , de repente, sinto mãos geladas e musgosas pegando-me pelos pés e numa rapidez sobrenatural, me puxa, e inutilmente, opto pela única coisa que posso : grito por socorro.

Acordo, completamente ensopada pelo suor quente durante o pesadelo. Eu não quero mais dormir.  Tenho medo de sonhar com aquele pesadelo outra vez. São três e meia da manhã e eu deveria estar dormindo. Se não tivesse tido esse pesadelo...

Automaticamente , minha mão pega no celular e ligo para a primeira pessoa que encontro em minha mente. Ele atende no segundo toque:

—Alô?

O estranho era que sua voz não estava com ar de sonolência ou cansaço.

— Também teve um pesadelo? – pergunto, impressionada com aquela  coincidência .

— Eu não acredito! Você também teve ?!

Eu afirmo para ele.

— Você quer que eu vá até a sua casa?

— Sim, eu gostaria muito.

Tiro o meu pijama , visto meu vestido roxo e penteio os meus cabelos , que estavam uma zona.  

Não demora muito e a campainha toca . Por sorte, meus pais haviam viajado para o Havaí por duas semanas e  a casa era só minha . Vou até a porta e vejo quem é. Assim, que vejo o rosto dele ,  pego a chave e abro a porta.

— Que bom que chegou , Salsicha!  Pode entrar.

Ele assente e entra , deixando o seu casaco coberto de neve no gancho.

—Deixou o Scooby – Doo em casa?

— Sim, tive que deixá-lo . Ele não gosta de acordar cedo, e provavelmente ele me morderia.

Dou risada pensando em como seria acordar o Scooby- Doo às três e meia da manhã.

Vamos a sala de estar. Ela estava muito fria como uma geladeira . Rapidamente, Salsicha pega uma pilha de lenha , coloca sobre a lareira e risca o fósforo , fazendo com que o frio do ambiente saísse . Deixando a sala ficar mais aconchegante.

— Me conta sobre o pesadelo , Daphne.

— Não é justo,Salsicha. Eu queria que você falasse do seu.

— Mas, Daphne, você me conhece melhor do que ninguém, da turma , e  já sabe do que tenho medo. Eu queria muito que você me contasse o seu.

Vejo a preocupação estampada em seu rosto . Eu me sento no sofá e ele vem sentar ao meu lado. Seu olhar continua preocupado e fixamente  em mim, e ele fica em silêncio. Esperando .

— Debaixo da cama , escondendo . E eu ouvi passos , um monstro, e ele veio aonde eu estava e puxou-me pelos pés.

E do nada eu comecei a chorar. Copiosamente.

Salsicha deve ter ficado espantado, mas não demonstrou. Ele se aproxima mais perto de mim, segura o meu queixo e seus dedos limpam as lágrimas que caem dos meus olhos. Eu não me afasto do seu toque.

Ele envolve meu corpo em seus braços , e eu me afundo no tecido verde de sua camisa sentindo o cheiro gostoso de chocolate, que emanava. O perfume dele teve o poder de me acalmar. Se aquele abraço, e aquele  perfume não fossem o bastante, sinto os seus dedos acariciando os meus cabelos. Nunca fizeram isso. Só ele.

— Obrigada , Salsicha.

Ele sorri para mim.

Aquele carinho era tão certo. Tão calmante. E tão gostoso.

Um sorriso brota no meu rosto ainda amedrontado como pesadelo.

— Tive uma idéia . Que tal fazer um chá para acalmar os nervos?

Por quê eu precisaria de chá se já estou melhor depois do seu cafuné, hein?!

—Tudo bem. – digo, triste por termos que desfazer aquele abraço.

Ao chegarmos na cozinha, Salsicha enche a chaleira de água fria e liga o fogo para esquentar .

— Camomila ou erva doce ? – pergunta, segurando as duas caixas  cheias de saches de chá.

— Camomila. – E o primeiro chá que vem na minha mente.

Estava tudo tão quieto que resolvo colocar um sonzinho para espantar o silêncio e o medo.

— Vem dançar comigo, Salsicha.

— Não posso . Porque vou acabar pisando no seu pé , com certeza.

Eu tiro os meus chinelos dos pés. A sorte era que papai havia instalado um aparelho que fazia o piso ficar quentinho.

— O que está fazendo?

E ponho os meus pés em cima dos seus, calçados.

— Não sou um bom dançarino, Daphne.

— Apenas dance com o seu coração, querido. Que vai ficar tudo bem.

Depois de alguns segundos, finalmente ele coloca uma mão na minha cintura e a outra pega na minha mão.

Ele era um mentiroso porque acabou sendo um excelente dançarino . Havia harmonia nos seus passos. Era como se Deus tivesse reunido as melhores qualidades para compor esta pessoa.  Salsicha tentou olhar para os seus próprios pés, mas eu não deixei. Segurei em seu queixo , e com carinho pedi que continuasse a dançar olhando apenas para mim.

Ele assentiu .

As bochechas dele ficaram vermelhas quando seu olhar pousou nos meus olhos. Um sorriso surgiu em seus lábios. Rodopiamos com desenvoltura por toda a cozinha, sem quebrar nada. Rimos como duas crianças até a chaleira começar a apitar e a música terminar.

Ele tira a chaleira do fogão , desliga,  e depois despeja a água quente nas nossas xícaras. Enquanto esperamos pacientemente o chá fazer a infusão, a conversa flui naturalmente entre nós. Acabamos falando sobre os livros que andávamos lendo, os filmes e séries que estavam prendendo a nossa atenção e tempo . E as músicas que ouvíamos repetidas vezes no MP3.

Quando, chega um momento, em que Salsicha chega mais perto de mim, fitando –me , pega uma mecha rebelde e solta do meu cabelo, coloca atrás da minha orelha e pousa sua mão no meu rosto.

A sirene em minha cabeça berra enlouquecidamente : - PERIGO!  PERIGO! PERIGO!

O que está acontecendo comigo?


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Notas finais do capítulo

O que acharam ?
Por favor , preciso que comentem
Bjs e até o próximo capitulo.