Alma Rubra escrita por Nittaventure


Capítulo 12
Capítulo 12




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Afonso encostou a cabeça contra a porta, ele sentia o sabor e cheiro de Kate. Aquele desejo enlouquecedor tentava dominar cada músculo do seu corpo.

Nos longos anos de trabalho, eu já tinha visto muitos animais raivosos, no entanto, nunca tinha visto um que lutava contra sua natureza. O lobo estava amando o cordeiro e se privando de saciar sua fome. Para Afonso, a única coisa que restava era se esconder na escuridão.

Kate tocou os lábios, estavam levemente doloridos, ela respirou fundo e afastou todos os pensamentos de sua mente. Seu amor por Afonso era capaz de superar e suportar tudo.

Devagar, Kate saiu do quarto e foi para a sala, ainda descendo a escada, ela pôde contemplar as manchas vermelhas no tapete. Não tinha taças nem garrafas espalhadas, tudo parecia ter sido já arrumado, exceto pelas manchas no tapete. Ela foi pegar os produtos de limpeza, mas parou. Por muito tempo, o serviço ajudava Kate a manter a mente ocupada, porém, naquele dia, ela precisava de alguém para conversar.

Talvez, se Marybeth morasse na cidade, ela poderia pedir conselho, pois precisava de umas orientações. Kate sabia que um homem e uma mulher em alguns momentos precisavam ficar mais íntimos um do outro. Entretanto, ela nunca teve coragem de perguntar certos assuntos para Olivia, mas depois daquele encontro e todas aquelas sensações, ela queria desabafar com alguém.

Mesmo não sendo tão íntima, decidiu visitar Janete, afinal era uma mulher com experiência de vida e certamente teria algum conselho sábio para dar.

Não era um dia quente, caminhando devagar pelas ruas estreitas e sujas, Kate tentava não pensar no que estava sentindo. Janete morava em um pequeno prédio de tijolos vermelhos, próximo às docas. Não era um lugar agradável para se morar. Kate pulou uma poça de água escura e empurrou o portão para entrar no que parecia um pátio.

Várias mulheres estavam reunidas conversando e fumando cigarro, Kate passou pelo grupo, sorriu educadamente e seguiu para o primeiro andar, onde ficava o pequeno lugar que Janete morava.

— Senhorita Kate, não precisava ter vindo até aqui. Poderia ter mandado um recado que eu iria até a mansão.

— Não se preocupe, Janete, não era algo assim tão importante para você se deslocar até a mansão.

Kate observou a casa de Janete, era tudo muito simples, quatro crianças estavam brincando sobre um tapete manchado e um gato dormia preguiçosamente na janela.

— Mas algo muito importante deve ter acontecido para a senhorita ter vindo aqui. — Kate sentou em uma cadeira próxima a mesa e encarou Janete.

— Sei que não somos muito íntimas, mas... — Kate encarou Janete.

— Olha que falta de educação a minha, nem lhe ofereci um café ou chá. — Janete foi para perto do fogão e começou a colocar água para ferver.

— Não se incomode por minha causa, eu só não tinha com quem conversar.

— A senhorita tem a mim para conversar. — Janete sentou de frente para Kate e segurou sua mão. — Só me dê um minuto para mandar as crianças brincarem em outro lugar.

O cheiro de café havia deixado o ambiente mais acolhedor. Kate olhava para a caneca com a alça lascada e pensava em como iria começar aquela conversa.

— Sabe, senhorita, eu nunca lhe agradeci pelo emprego, é difícil arrumar um lugar que pague bem.

— Não precisa agradecer. E pare de me chamar de senhorita. — Bebeu um pouco de café.

— Está bem. — Ambas ficaram em silêncio, apenas saboreando o líquido de suas canecas.

São nos silêncios compartilhados que encontramos respostas para nossas dúvidas. Kate respirou fundo, deixando aquela fragrância do café preencher seu interior.

— Janete, você já amou?

— Se já amei?! — Janete respirou sonhadora. — Sim.

— E como foi?

— Sabe, Kate, o amor muitas vezes é algo lindo e, por causa dele, acreditamos que somos capazes de lutar contra o Universo todo, só que isso é tudo uma mentira que contamos a nós mesmos.

— Por que? — Kate repousou a caneca sobre a mesa e estendeu a mão para segurar a de Janete.

— Porque antes de amarmos outra pessoa, devemos nos amar incondicionalmente. Mas acho que não foi esse tipo de resposta que você veio atrás.

— Eu amo Afonso. — Kate sorriu corando.

Desde o dia em que Janete fora contratada para trabalhar naquela casa, ela já tinha percebido o comportamento um tanto estranho daquela menina. Houve apenas uma única vez que ela conheceu os donos da casa. Foi em um momento breve, e ela pôde ver Afonso, toda aquela beleza misteriosa era algo que envolvia as moças jovens.

Janete se lembrou de uma beleza selvagem que a envolveu, talvez sua vida fosse diferente se alguém tivesse escutado suas dúvidas. Por isso ela estava disposta a explicar a Kate tudo que as mulheres precisavam saber.

— Posso lhe confidenciar algo? — Kate balançou a cabeça positivamente. — Seu amor está explícito no seu rosto. — Kate arregalou os olhos, surpresa.

— Às vezes sinto que não sobreviveria sem ele, todo esse sentimento dentro de mim parece que vai me fazer entrar em chamas.

— Senhorita, você não tem medo dele? — Kate percebeu que, como Marybeth, Janete também não compreendia os Kissinger.

— Quando amamos, não temos medo de nada.

— Então qual o problema?

— Existe uma barreira entre nós. — Kate foi se lembrando do beijo daquela manhã. — Às vezes amá-lo parece errado.

— Não existe certo ou errado no amor. Mas que barreira é essa? — Kate não sabia quais palavras usar.

A sociedade era sempre tão cheia de regras e normas, mulheres não eram permitidas a fazer muita coisa.

— Às vezes eu só queria que Afonso me amasse até o mundo acabar. — Janete já tinha compreendido o que estava afligindo Kate, e aquilo era normal para algumas moças.

— Quando eu me apaixonei, antes de conhecer meu marido, eu queria ficar o tempo todo ao lado do homem que amava. Queria sentir os beijos e os carinhos dele até que eu... — Janete abaixou o olhar e ficou contemplando a toalha de mesa como se estivesse revivendo aquele momento. — Não me arrependo do que fiz, eu pude experimentar algo libertador.

— Às vezes Afonso me faz sentir sensações estranhas e nunca sei o que fazer... Eu penso não ser capaz de agradá-lo.

— Homens são diferentes das mulheres, parece que eles já nascem sabendo das coisas. — Ambas riram. — Eu não deveria estar falando essas coisas com uma menina solteira, mas acho que você precisa estar preparada, por isso vou lhe contar algumas coisas que acontecem entre homens e mulheres.

Janete ria das expressões que Kate fazia cada vez que ela lhe contava algo. Janete gostava de Kate e não poderia deixar aquela menina sem informação, talvez se sua mãe tivesse lhe contado o que esperar, as coisas poderiam ser diferentes.

****

O sol pintava o céu de laranja e rosa anunciando o entardecer, homens e mulheres circulavam pelas ruas depois de um longo dia de trabalho, Kate caminhava apressada pela calçada, aquele dia tinha sido muito esclarecedor, e ela estava mais confiante em relação ao que queria para sua vida com Afonso.

Quando Kate adentrou na mansão, seguiu direto para seu quarto, preparou um banho morno e relaxante, ainda tinha muitas coisas em sua mente para pensar.

Relaxando dentro da banheira, Kate se lembrava da conversa com Janete. Quando ainda morava na rua, tinha presenciado vários casais namorando e sempre achou aquilo nojento, até violento, nunca tinha pensado que aquelas sensações poderiam lhe fazer sentir algo bom. Mas agora sua curiosidade tinha sido aguçada e Kate queria experimentar algo novo.

Kate deslizou devagar a mão entre seus seios, percorrendo uma linha até a sua região íntima; curiosa, ela começou a se tocar lentamente, logo uma onda começou a crescer em seu interior, aquela sensação dominando seu corpo. Uma urgência cresceu dentro de Kate, fazendo-a nem perceber que alguém a observava.

— Isso é mais divertido quando alguém participa. — Jaqueline apareceu ao seu lado e sorria maliciosamente.

Quando escutou aquelas palavras, Kate se assustou espalhando um pouco da água pelo chão. Kate encarou Jaqueline, que parecia se divertir com a cena.

— O que você está fazendo aqui? — Kate se encolhia em uma posição fetal, tentando esconder seu corpo.

— Eu vim brincar de babá.

— Sai daqui. — Kate começou a tremer, não sabia se era frio ou vergonha.

— Não precisa ficar desse jeito. Às vezes é bom a gente se conhecer.

Jaqueline saiu do banheiro. Depois de certificar que ela não estava mais presente, Kate saiu da banheira e se enrolou na toalha. Quando foi para o quarto, Jaqueline estava deitada na cama.

— Você não precisa ficar aqui. — Kate foi para trás do biombo, colocar uma camisola.

— Na verdade, eu preciso. — Kate apenas deu de ombros e foi se deitar na cama, se escondendo embaixo das cobertas.

Ali, escondida embaixo daqueles panos, Kate tentava fingir que Jaqueline não estava presente.

— Se vai te deixar mais feliz, isso que você estava fazendo, eu também já fiz. É maravilho quando nos tocamos e conhecemos nosso corpo. — Kate empurrou as cobertas para longe.

— Eu não quero conversar com você. — Kate encarou Jaqueline com raiva.

— Você me odeia, não é, porquinha? — Jaqueline levantou da cama e foi em direção a porta. — Será que continuará amando Afonso se souber tudo que ele já fez?

Quando Jaqueline saiu, Kate socou os travesseiros de tanta raiva que estava sentindo.

Sempre me surpreendia com os sentimentos humanos, ora eles estavam em êxtase de felicidade e segundos depois a raiva brotava como erva daninha de dentro deles.

Kate ficou horas deitada na cama, olhando para o nada, apenas tentando assimilar tudo que estava sentindo até conseguir adormecer.

Kate não teve sonhos, apenas um adormecer lento e suave que acabou sendo interrompido por vozes desconhecidas. O quarto estava escuro e, paradas próximas da cama, duas figuras conversavam. Kate levantou devagar para se ajeitar, acreditava que as silhuetas ali paradas como estátuas eram Jaqueline e Lorenzo. Levou alguns segundos para Kate perceber que não conhecia nenhuma delas. Kate olhou o quarto assustada,  quando seus olhos avistaram  Jaqueline entrando no quarto, com um olhar como se já estivesse pedindo desculpa.

— Olha só quem despertou. — No escuro, Kate não conseguiu enxergar as feições do rapaz que tinha acabado de falar, mas seu sotaque era grave; um estrangeiro.

— Eu disse a vocês que era apenas uma porquinha. — Kate nunca tinha ouvido a voz de Jaqueline sair daquela forma, era como se estivesse com medo.

— Cale a boca. — A mulher desconhecida falou, seu sotaque era francês e tinha muita autoridade no como ela falava. — Você a estava escondendo para si, Jaqueline? Que egoísta.

E de repente, como se um tornado estivesse invadido o quarto, Kate viu aqueles dois estranhos sendo arremessados contra a parede. Kate sentiu uma mão segurando seu corpo e a levantando no ar. Então todos ficaram de cabeça para baixo e o ar foi preenchido pelos gritos de Jaqueline.

Afonso encostou a cabeça contra a porta, ele sentia o sabor e cheiro de Kate. Aquele desejo enlouquecedor tentava dominar cada músculo do seu corpo.

Nos longos anos de trabalho, eu já tinha visto muitos animais raivosos, no entanto nunca tinha visto um que lutava contra sua natureza. O lobo estava amando o cordeiro e se privando de saciar sua fome. Para Afonso a única coisa que restava era se esconder na escuridão.

Kate tocou os lábios, estavam levemente doloridos, ela respirou fundo e afastou todos os pensamentos de sua mente, seu amor por Afonso era capaz de superar e suportar tudo.

Devagar Kate saiu do quarto e foi para sala, ainda descendo a escada, ela pode contemplar as manchas vermelhas no tapete. Não tinha taças nem garrafas espalhadas, tudo parecia ter sido já arrumado, exceto pelas manchas no tapete. Ela foi pegar os produtos de limpeza, mas parou. Por muito tempo, o serviço ajudava Kate a manter a mente ocupada, porém, naquele dia, ela precisava de alguém para conversar.

Talvez, se Marybeth morasse na cidade, ela poderia pedir conselho, pois precisava de umas orientações. Kate sabia que um homem e uma mulher em alguns momentos precisavam ficar mais íntimos um do outro. Entretanto, ela nunca teve coragem de perguntar certos assuntos para Olivia, mas depois daquele encontro, e todas aquelas sensações, ela queria desabafar com alguém.

Mesmo não sendo tão íntima, decidiu visitar Janete, afinal era uma mulher com experiência de vida e certamente teria algum conselho sábio para dar.

Não era um dia quente, caminhando devagar pelas ruas estreitas e sujas, Kate tentava não pensar no que estava sentindo. Janete morava em um pequeno prédio de tijolos vermelhos, próximo às docas. Não era um lugar agradável para se morar. Kate pulou uma poça de água escura e empurrou o portão para entrar no que parecia um pátio.

Várias mulheres estavam reunidas conversando e fumando cigarro, Kate passou pelo grupo, sorriu educadamente e seguiu para o primeiro andar, onde ficava o pequeno lugar que Janete morava.

— Senhoria Kate, não precisava ter vindo até aqui. Poderia ter mandado um recado, que eu iria até mansão.

— Não se preocupe, Janete, não era algo assim tão importante para você se deslocar até a mansão.

Kate observou a casa de Janete, era tudo muito simples, quatro crianças estavam brincando sobre um tapete manchado e um gato dormia preguiçosamente na janela.

— Mas algo muito importante aconteceu para a senhorita ter vindo aqui. — Kate sentou em uma cadeira próxima a mesa e encarou Janete.

— Sei que não somos muito íntimas, mas... — Kate encarou Janete.

— Olha que falta de educação a minha, nem lhe ofereci um café ou chá. — Janete foi para perto do fogão e começou a colocar água para ferver.

— Não se incomode por minha causa, eu só não tinha com quem conversar.

— A senhorita tem a mim para conversar. — Janete sentou de frente para Kate e segurou sua mão. — Só me dê um minuto para mandar as crianças brincarem em outro lugar.

O cheiro de café havia deixado o ambiente mais acolhedor. Kate olhava para caneca com a alça lascada e pensava em como ela iria começar aquela conversa.

— Sabe, senhorita, eu nunca lhe agradeci pelo emprego, é difícil arrumar um lugar que pague bem.

— Não precisa agradecer e pare de me chamar de senhorita. — Bebeu um pouco de café.

— Está bem. — Ambas ficaram em silêncio apenas saboreando o líquido de suas canecas.

São nos silêncios compartilhados que encontramos respostas para nossas dúvidas. Kate respirou fundo deixando aquela fragrância do café preencher seu interior.

— Janete, você já amou?

— Se já amei?! — Janete respirou sonhadora. — Sim.

— E como foi?

— Sabe, Kate, o amor muitas vezes é algo lindo e, por causa dele, acreditamos que somos capazes de lutar com o Universo todo, só que isso é tudo mentira que contamos a nós mesmos.

— Por quê? — Kate repousou a caneca sobre a mesa e estendeu a mão apara segurar a de Janete.

— Porque, antes de amarmos outra pessoa, devemos nos amar incondicionalmente primeiro. Mas acho que não foi esse tipo de resposta que você veio atrás.

— Eu amo Afonso. — Kate sorriu corando

Desde o dia que Janete fora contratada para trabalhar naquela casa, ela já tinha percebido o comportamento um tanto estranho daquela menina. Ouve apenas uma única vez que ela conheceu os donos da casa. Foi em um momento breve, e ela pode ver Afonso, toda aquela beleza misteriosa era algo que envolvia a moças jovens.

Janete se lembrou de uma beleza selvagem que a envolveu, talvez sua vida fosse diferente se alguém tivesse escutado suas dúvidas. Por isso ela estava disposta a explicar a Kate tudo que a mulheres precisavam saber.

— Posso lhe confidenciar algo? — Kate balançou a cabeça positivamente. — Seu amor está explícito no seu rosto. — Kate arregalou os olhos, surpresa.

— Às vezes sinto que não sobreviveria sem ele, todo esse sentimento dentro de mim parece que vai me fazer entrar em chamas.

— Senhorita, você não tem medo dele? — Kate percebeu que, como Marybeth, Janete também não compreendia os Kissinger.

— Quando amamos, não temos medo de nada.

— Então qual o problema?

— Existe uma barreira entre nós. — Kate foi se lembrando do beijo daquela manhã. — Às vezes amá-lo parece errado.

—Não existe certo ou errado no amor. Mas exatamente que barreira é essa? — Kate não sabia quais palavras usar.

A sociedade era sempre tão cheia de regras e normas, onde mulheres não são permitidas a fazer muita coisa.

— Às vezes eu só queria que Afonso me amasse até o mundo acabar. — Janet já tinha compreendido o que estava afligindo Kate, e aquilo era normal para algumas moças.

— Quando eu me apaixonei, antes de conhecer meu marido, eu queria ficar o tempo todo ao lado do homem que amava. Queria sentir os beijos e os carinhos dele até que eu... — Janete abaixou o olhar e ficou contemplando a toalha de mesa como se estivesse revivendo aquele momento. — Não me arrependo do que fiz, eu pude experimentar algo libertador.

— Às vezes Afonso me faz sentir sensações estranhas e nunca sei o que fazer... Eu penso não ser capaz de agradá-lo.

— Homens são diferentes das mulheres, parece que eles já nascem sabendo das coisas. — Ambas riram. — Eu não deveria estar falando essas coisas com uma menina solteira, mas acho que você precisa estar preparada, por isso vou lhe contar algumas coisas que acontecem entre homens e mulheres.

Janete ria das expressões que Kate fazia cada vez que ela lhe contava algo. Janete gostava de Kate e não poderia deixar aquela menina sem informação, talvez se sua mãe tivesse lhe contado o que esperar, as coisas poderiam ser diferentes.

****

O sol pintava o céu de laranja e rosa anunciando o entardecer, homens e mulheres circulavam pelas ruas depois de um longo dia de trabalho, Kate caminhava apressada pela calçada, aquele dia tinha sido muito esclarecedor, e ela estava mais confiante em relação ao que queria para sua vida com Afonso.

Quando Kate adentrou na mansão, ela seguiu direto para seu quarto, preparou um banho morno e relaxante, ainda tinha muitas coisas em sua mente para pensar.

Relaxando dentro da banheira, Kate se lembrava da conversa com Janete. Quando ainda morava na rua, tinha presenciado vários casais namorando e sempre achou aquilo nojento, até violento, nunca tinha pensado que aquelas sensações poderiam lhe fazer sentir algo bom.

Mas agora sua curiosidade tinha sido aguçada e Kate queria experimentar algo novo.

Devagar Kate deslizou a mão entre seus seios, percorrendo uma linha até a sua região íntima; curiosa ela começou a se tocar lentamente, logo uma onda começou a crescer em seu interior, aquela sensação dominando seu corpo. Uma urgência cresceu dentro de Kate, fazendo-a nem perceber que alguém a observava.

— Isso é mais divertido quando alguém participa. — Jaqueline apareceu ao seu lado e sorria maliciosamente.

Quando escutou aquelas palavras, Kate se assustou espalhando um pouco da água pelo chão. Kate encarou Jaqueline, que parecia se divertir com a cena.

—O que você está fazendo aqui? — Kate se encolhia em uma posição fetal tentando esconder seu corpo.

— Eu vim brincar de babá.

— Sai daqui. — Kate começou a tremer, não sabia se era frio ou vergonha.

— Não precisa ficar desse jeito. Às vezes é bom a gente se conhecer.

Jaqueline saiu do banheiro. Depois de certificar que ela não estava mais presente, Kate saiu da banheira e se enrolou na toalha. Quando foi para o quarto, Jaqueline estava deitada na cama.

— Você não precisa ficar aqui. — Kate foi para trás do biombo, colocar uma camisola.

— Na verdade, eu preciso. — Kate apenas deu de ombros e foi se deitar na cama se escondendo embaixo das cobertas.

Ali, escondida embaixo daquela coberta, Kate tentava fingir que Jaqueline não estava presente.

— Se vai te deixar mais feliz, isso que você estava fazendo eu também já fiz. É maravilho quando nós tocamos e conhecemos nosso corpo. — Kate empurrou as cobertas para longe.

— Eu não quero conversar com você. — Kate encarou Jaqueline com raiva.

— Você me odeia, não é, porquinha? — Jaqueline levantou da cama e foi em direção a porta. — Será que continuará amando Afonso se souber tudo que ele já fez?

Quando Jaqueline saiu, Kate socou os travesseiros de tanta raiva que estava sentindo.

Sempre me surpreendia com os sentimentos humanos, hora eles estavam em êxtase de felicidade e segundos depois a raiva brotava como erva daninha de dentro deles.

Kate ficou horas deitada na cama, olhando para o nada, apenas tentando assimilar tudo que estava sentindo até conseguir adormecer.

Kate não teve sonhos, apenas um adormecer lento e suave que acabou sendo interrompido por vozes desconhecidas. O quarto estava escuro e, paradas próximas da cama, duas figuras conversavam. Kate levantou devagar para se ajeitar na cama, acreditava que as figuras ali paradas como estátuas eram Jaqueline e Lorenzo. Levou alguns segundos para Kate perceber que não conhecia nenhuma delas. Olhando na direção da porta, Kate avistou Jaqueline, que a encarava como se já estivesse pedindo desculpa.

— Olha só quem despertou. — No escuro, Kate não conseguiu enxergar as feições do rapaz que tinha acabado de falar, mas seu sotaque era grave; um estrangeiro.

— Eu disse a vocês que era apenas uma porquinha. — Kate nunca tinha ouvido a voz de Jaqueline sair daquela forma, era como se estivesse com medo.

— Cale a boca. — A mulher desconhecida falou, seu sotaque era francês e tinha muita autoridade no como ela falava. — Você a estava escondendo para si, Jaqueline? Que egoísta.

E de repente, como se um tornado estivesse invadido o quarto, Kate viu aqueles dois estranhos sendo arremessados contra a parede. Kate sentiu uma mão segurando seu corpo e a levantando no ar. Então todos ficaram de cabeça para baixo e o ar foi preenchido pelos gritos de Jaqueline.


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