A Proposta escrita por Maria Ester


Capítulo 6
Capítulo 6




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Antes de se casarem, Gustavo tinha contratado algumas pessoas para “ajudar” Cecília a viver de acordo com os padrões da alta sociedade. Na época, era como se estivessem num filme com uma história de superação, e ela estava contente por fazer isso.

 O mundo de Gustavo, com mesas fartas com vinhos sofisticados, verdadeiros banquetes e talheres devidamente ordenados, era um mundo completamente diferente. Um sonho cheio de fantasias que se tornara realidade. Aprender todas essas coisas tinha sido agradável, no começo.

Demorou bastante para perceber que Gustavo havia feito tudo aquilo para que pudesse andar ao lado dele sem ridicularizar o nome dos Lários. Havia passado todo o casamento querendo fazer dela o tipo de mulher ideal para ele. A esposa perfeita.

De fato, sentiu falta dele ao longo daqueles 2 anos, mas também pôde buscar renovação. Ao deixá-lo, conseguiu voltar a respirar. Não precisava mais se apresentar como Cecília Lários. Podia simplesmente ser quem sempre fora: Cecí, nome que Gustavo nunca usava. Independentemente do que acontecesse nos próximos quatro meses, ela não esqueceria quem de fato era. Cecí. Cecília era apenas o nome em sua certidão de nascimento.

Agora tinha a Dulce e teria que ter mais cuidado com sua vida amorosa, pois tudo influenciava diretamente a sua vidinha. E mesmo que seu vinculo com Gustavo fosse passageiro, não queria que Dulce se apegasse ao fato de ter uma vida diferente da que Cecília levava atualmente, tinha medo que a menina se deslumbrasse com toda a riqueza dos Lários, tinha medo mais ainda do vinculo emocional, porque ele era adulto e sabia diferenciar os sentimentos, mas ela, uma criança, que necessitava de afeto, amor e carinho, não sabia.

Tudo isso deveria ser discutido com Gustavo e com a própria Dulce, mas no momento, Cecília decidiu que iria viver um dia de cada vez, e que Deus a ajudasse.

O dia passou rápido, Dulce sabia se comportar e Cecília percebia que ela tinha medo de dar algum passo em falso. Mas com tempo e muito amor, ela iria conseguir a confiança total dela.

O dia correu bem, Cecília explicou a Dulce que iriam se mudar por alguns dias para casa de Gustavo, não deu muitos detalhes e a menina não fez muitos questionamentos também, sua grande preocupação era ficar longe de Cecília.

A noite logo chegou e decidiram comer uma pizza, amanhã, iriam para a casa de Gustavo, Dulce não custou a dormir, aninhada ao colo de Cecília que ao olhar ela dormindo, sentiu um nó na garganta. Tão pequena, tão indefesa e ainda assim, já sofrera tanto na vida. Era isso que a fazia lutar. Precisava se apegar a isso pelos próximos quatro meses.

Faria tudo por aquela criança. Inclusive ter que conviver novamente com o marido.

O dia amanheceu e Cecília acordou com o toque do celular.

Quem seria a essa hora?

— Bom dia Cecília, já esta pronta para sua nova vida durante quatro meses?

Ela estremeceu e se arrepiou toda ao ouvir a voz dele, mesmo que por telefone, logo pela manhã. E era como voltar ao passado, sendo acordada por aquela voz que ela fracassadamente tentara esquecer.

— Nossa, Gustavo, como você conseguiu meu número? – falou tentando ao máximo não demonstrar o quanto a ligação a afetara. – e não é cedo demais para você está me ligando?

— Bom, eu já acordei a tempos – na verdade nem sequer conseguira dormir – estou ligando para saber a que horas posso ir busca-las.

— Não é preciso, eu mesmo vou dirigindo.

— Quando você passou no teste de direção?

— Faz um ano.

— Sempre falei que não precisava ter medo e que você seria capaz de dirigir por aqui.

Aprendera a dirigir, mas nunca fez autoescola. Apesar da insistência dele e de ter oferecido a ela o carro que desejasse, ela se negava a dirigir um carro.

Era como um tapa saber que ela havia esperado a separação para fazer o teste de direção.

— Eu precisava aprender a dirigir para o trabalho. Nos revezamos para resolver problemas externos da escola.

Pensando bem, era incompreensível que tivesse levado tanto tempo para fazer o teste. Ficou ainda mais surpresa quando passou. Tinha certeza que não iria passar. Quando o examinador falou que havia sido aprovada, seu primeiro impulso foi ligar para Gustavo para contar a novidade. Finalmente tivera uma conquista, era um momento histórico.

— Então... é só você me passar seu novo endereço que nós vamos até você.

— Tudo bem, mas você sabe que prezo por pontualidade.

Sem resposta, Gustavo lhe passou o endereço e desligou. O combinado seria que chegariam antes do almoço.

Como ele era capaz disso? Como conseguia fazê-la desejá-lo tanto e ao mesmo querer socá-lo?


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