Caos em Virgini escrita por Widowmaker


Capítulo 5
4. Condenado


Notas iniciais do capítulo

perdoem-me a demora



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Me arrepiei com o barulho, senti algo incomum no ar. Hesitante, me levantei da cama e sigo até a origem do barulho. Cada passo é uma agonia, uma paranoia como se aquilo fosse uma isca, me atraindo para uma armadilha perigosa. Antes mesmo de entrar no cômodo, notei meus pés úmidos, então me virei para baixo, vendo a poça escarlate passando por debaixo da porta. Respirei fundo, empurrando com cuidado a porta de madeira, que rangia a todo momento, me deparando com algo que conseguiu até mesmo despertar o sentimento mais mortal que eu já havia sentido. Uma onda de tristeza e culpa inundou meu interior, varrendo toda a esperança que tentava arduamente se alojar. Me ajoelhei ao lado do corpo sem vida de Anna, tocando em seu rosto, ainda quente. Os cachos dourados banhados em vermelho se espalhavam pelo chão, e de seus olhos, sangue escorria como lágrimas, pintando seu rosto pálido.

Veja só o que você fez, Virgini...

Pobre Anna...

Quem fez isso?

Foi O Executor, obviamente!

Isso é uma mensagem para Virgini.

Sim, espero que tenha entendido bem.

Você matou uma criança, deusa perversa.

Uma criança doce e inocente que só tentou te ajudar.

Monstro!

Espero que Ele te degole!

Grite, Virgini, grite na espada Dele.

Ele está chegando, e está chegando por você!

Meu coração disparou quando o avô de Anna entrou na sala, ofegante. Segurando uma arma e olhando para todos os lados, o corpo do homem paralisou ao ver a neta caída no chão. Ele largou a arma e se ajoelhou ao lado de Anna, balançando-a e chamando por ela repetidamente. Então, ele começou a lacrimejar, e sua voz começou a falhar. Quando aceitou que Anna não iria responder ao seu chamado, se deitou sobre seu peito, chorando. Após alguns segundos, ele se levantou, inexpressivo, e nem mesmo meus olhos conseguiram acompanhar quando ele me levantou e me jogou contra a parede, forçando o cano da arma contra meu pescoço. Sequer o vi pegá-la. O bafo de álcool me atacou, enquanto ele mostra os dentes, sufocando o meu pescoço.

— O que você FEZ!? – Ele gritou, me forçando ainda mais contra a parede.

Tento falar, mas não consigo.

— Você! Você fez isso com a minha Anna! – Ele rosnou para mim, me fixando com um olhar feroz e intimidador.

Por pressão, abri meu terceiro olho, que ardeu no momento. Ele brilhou, causando uma onda de força que empurrou tudo o que estava perto de mim, para longe, inclusive ele. O homem caiu no chão, e a arma caiu ao seu lado. Ele a pegou rapidamente, apontando para mim, e atirando, mas ergui a minha mão e parei o projétil flamejante, me movimentei subitamente para o seu lado e, novamente, ergui minha mão, tocando delicadamente sua testa suada e empoeirada. O corpo que estava tremendo, agora estava calmo, e os olhos arregalados ficaram entre abertos, com as pupilas dilatadas. Novamente, a arma caiu e ele olhou para mim, impotente e indefeso.

— Quem fez isso com ela?? – Ele perguntou serenamente, esperando uma resposta minha.

— Não sei ao certo – Respondi incerta –, mas acredito que foi o mesmo que está procurando por mim.

Ele se revirou um pouco, confuso. Se virou para Anna, ligeiramente melancólico, e se voltou para mim – O que eu farei agora? Ela era tudo o que eu tinha...

Senti como se uma espada sagrada tivesse atravessado o meu corpo. Eu sinto sua dor, e o toquei no ombro, cortando o efeito de sua tranquilidade.

— Eu tenho que ir, não é mais seguro para mim aqui.

Ele piscou algumas vezes, ainda tentando processar seus arredores. Confiei que ele ficaria atordoado por algumas horas, mas não o fez. O efeito passou instantaneamente, e eu o vi se levantar de forma brusca. Novamente com mil sentimentos negativos o circulando, ele diz:

— Se não foi você, então quem foi? – Senti sua determinação. Eu teria o atordoado novamente, mas não o fiz. Respirei fundo e o respondi.

— O Executor. – Curta e direta. Ele me encarou sem entender – É uma longa história – lembrei-me que os mortais sabem apenas uma fração da verdadeira história. – Uma divindade poderosa que está atrás de mim e – eu tentei resumir, mas ele me interrompeu.

— Divindade ou não, ele tirou minha neta de mim – Pude ver faíscas de ira irradiando de seus olhos – E ele vai pagar por isso.

Não sabia ao certo o porquê, mas assenti. Sabia que aquela vontade de se vingar o levaria à morte, mas, novamente, esperança se acendia dentro de mim. Eu contei a ele sobre O Executor e O Criador, contei sobre mim, sobre os meus irmãos e a capela incendiada. O homem me ouvia atentamente, tirando suas dúvidas à medida que surgiam. De início, achei que ele não reagiria bem ao saber quem eu era, mas depois que terminei tudo e pedi sua opinião, ele apenas respondeu:

— Não sou uma pessoa religiosa. Para mim, tudo o que anda, rasteja ou voa pode morrer de alguma forma.

Dei os ombros, então pensei em sua teoria, formulando a minha própria; talvez se o decapitássemos, o destruiríamos, fazia total sentido, já que sua espada capturava a própria essência da vítima. Teríamos que chegar perto o suficiente dele para roubarmos sua espada e decepar sua cabeça. Não sabia como faríamos aquilo, só de pensar no Executor, minhas pernas ficavam bambas.

Compartilhei minha ideia, incerta de sua eficiência. Pensei em diversas possibilidades de as coisas darem errado, sentindo a insegurança à flor da pele.

Vocês ouviram isso? Ela quer matar O Executor!

Mas que idiota, merece morrer.

Por isso que caiu, não pensa direito.

Ela quer mata-lo com a ajuda de um cowboy velho e manco.

Aposto que ele vai morrer primeiro!

Não, acho que ela quem vai, estúpida do jeito que é.

— Então – ele me interrompeu – Como encontramos esse tal de Executor?

— Não o encontramos – parei, temendo pela minha existência – Ele nos encontrará.

Desperandum.


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