Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 146
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Nossa. Chegamos mesmo ao epílogo. Eu nem consigo acreditar!!!
Bom, vamos ao texto, antes que eu me emocione demais kkk



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NO CONFORTO DA TARDIS, o Doutor caminhava pelo console. Fez a nave decolar rapidamente, só para não desperdiçar as despedidas, nem deixar as garotas esperançosas do lado de fora –sobretudo Luisa, que com certeza tentaria convencê-lo a mudar de idéia sobre partir, mas a verdade era inegável e também única: o lugar do Doutor era viajando por aí, se metendo em confusão, salvando vidas e vivendo aventuras! Não poderia estabelecer moradia –pelo menos, isso ainda não estava nos seus planos; Era isso. Sua decisão final. Não havia retorno agora... Ele jamais se esqueceria de Luisa, Melissa, ou de qualquer um ligado a elas, mas sinceramente não poderia continuar ao seu lado agora. Não nessa etapa de suas vidas. Afinal, por uma época ele foi o centro do universo das duas meninas... Agora não mais exercia essa função. Agora elas tinham novos focos, novas metas e objetivos, e ele não podia culpá-las, pois era algo extremamente natural... Fazia parte da evolução, do amadurecimento do ser humano. Era uma coisa inevitável, que nem mesmo um Senhor do Tempo poderia impedir.

Enxergando as coisas pelo ângulo dele, na real, era uma sensação parecida com o desfecho de Mary Poppins, quando os pais se reconciliavam com os filhos e a babá percebia que seus serviços não seriam mais necessários naquele lugar. Bem... Não era exatamente a mesma coisa, mas combinemos que as sensações se repetem em diferentes padrões. O padrão do Doutor era geralmente encontrar pessoas que não se encaixavam no mundo que as cercavam, e mostrar um novo jeito de encarar a vida, para elas. Quando seu trabalho chegava ao fim –e acredite, ele sempre sabia quando isso estava prestes a acontecer –começava a se distanciar aos poucos dos companheiros, de modo a dar-lhes espaço para trilharem seu próprio caminho e alçarem vôo sozinhos (bem, isso quando o destino não se mostrava cruel e os tirava dele antes da hora, ou alguma trama do universo –muito acima do controle do Doutor –fosse capaz de separá-los). Enfim, em geral, quando nada acontecia para afastar ele dos companheiros, o rapaz sempre sentia algo... uma espécie de vozinha interna que dizia que era hora de partir. Em alguns casos ele a ignorou, como aconteceu com os Ponds, mas a gente sabe como terminou. O fato é que no fim das contas, as coisas se acertaram e o Doutor aprendeu a não forçar a barra: “quando as coisas adquirirem cara de final, permita que seja de fato um desfecho” –mesmo que venha a ter continuação algum dia, mesmo que venham a se ver novamente depois, por hora... apenas aceite o fim e siga em frente. Será melhor para todos.

—É mais fácil falar do que fazer –ele disse em voz alta, para si mesmo; O peso do corpo apoiado nos punhos fechados, contra brechas estratégicas do painel de controles, salpicado de instrumentos. Emocionado, falou para a TARDIS: –Pois é querida... Nossas meninas cresceram rápido não foi? Parece que foi outro dia que entraram aqui... Cheias de incertezas... E agora já estão casadas. Formaram suas próprias famílias e tem um futuro maravilhosamente brilhante pela frente! –sorriu de canto. –Estou orgulhoso delas... e você? –a TARDIS fez um barulho, confirmando. Ele mudou de posição no painel. –É uma pena que o tempo passe tão depressa... já estou com saudades daquelas duas...

Inesperadamente, um projetor suspenso se ativou em algum lugar do painel e um filme começou a rodar, sendo projetado na parede, em tamanho grande e alta definição. O Doutor estava de costas para a exibição... Ouviu risos e vozes conhecidas... dentre elas, a sua própria. Curioso, se virou devagar e seus olhos brilharam ao reconhecer a imagem que passava: era uma gravação feita pelas câmeras internas da TARDIS, na época em que o Senhor do Tempo e as duas meninas ainda viajavam juntos á todo vapor! Definitivamente, uma gravação que ele nem sabia que existia... Parece que a TARDIS resolveu começar a “capturar” alguns momentos por conta própria e arquivá-los na pasta de “lembranças agradáveis” da nave —uma excelente escolha, na opinião dele!

Sem conseguir se conter, começou a caminhar na direção da parede... O Doutor se lembrava perfeitamente daquela noite. O trio estava brincando de “Eu Nunca”. Era uma brincadeira inofensiva, mas que realmente rendeu muitas risadas e provocações na época... Sem dúvida fora uma noite bem divertida, e poder revê-la agora estava sendo uma grande surpresa!

Na gravação, Luisa limpou a voz para falar:

—Eu nunca dirigi uma maquina do tempo –e olhou exclusivamente para o Doutor, que fez uma careta, esticou a mão, apanhou seu copo e tomou um gole de cappuccino gelado.

—Minha vez! –ele disse, logo após pagar a penitencia (que não era tão penitencia assim). –Eu nunca tive um cão chamado Nik.

—Pô cara! Essa foi golpe baixo... Que sacana!—Melissa reclamou, tomando sua dose. –Tá bom, agora uma boa... Eu nunca dormi com o Doutor em toda a minha vida.

Luisa estreitou os olhos para a amiga e aceitou sua penitencia, tomando um gole.

—Tá legal, eu dormi mesmo... Mas foram poucas vezes, e não aconteceu nada! –Luisa ressaltou. –Vê se agüenta essa: Eu nunca tomei licor no café da manhã!

—Que jogo sujo! Vocês dois estão de complô conta mim, que eu sei! –Melissa pôs as mãos na cintura, inconformada. –Tá legal, espertinhos... Eu nunca vi vocês dois juntos, de toalha, no banheiro indiano!

Luisa trocou olhares indignados com o Doutor.

Isso sim foi sacanagem!—ele praguejou, jurando vingança à Melissa, enquanto ele e Luisa pagavam penitencia com um novo gole de cappuccino gelado.

Na seqüência, Melissa começou uma guerra de almofadas, o que fez todos rirem muito. Uma música do ABBA tocava de plano de fundo... Dancing Queen provavelmente. Agora eles eram um amontoado de farra e risadas...

Antes mesmo que pudesse esperar, a gravação chegou ao fim e as luzes voltaram a se acender. A TARDIS ficou quietinha, esperando uma reação vinda dele, mas o Doutor não se mexeu. A nave rangeu, claramente preocupada, perguntando se estava tudo bem, então finalmente o Doutor se virou. Estava com os olhos marejados. Um lágrima escorreu por sua bochecha quando ele sorriu para ela e falou, extremamente agradecido:

—Obrigado.

A nave respondeu com um novo rangido. Algumas luzes laranjas ficaram um tom mais forte, como se tivesse corado.

O Doutor voltou ao painel de controles, então subitamente saiu batucando os pés e mãos pelo console, com um ar renovado. Sim, ele ainda estava triste pela despedida, mas ao mesmo tempo eufórico pelo que estava por vir!

Esse era o Doutor em seu ponto auge: completamente doido e contraditório. Esse era seu modo de dizer que estava tudo bem.

Encorajada pela vibe dele, a TARDIS colocou pra tocar a música  *No Mesmo Lugar –Biquini Cavadão, que era realmente muito boa e contagiante para esse momento. Na verdade, era a melhor escolha possível!

Estava tudo uma maravilha! Inacreditavelmente fluindo bem...

Bem... “bem” não é bem a melhor palavra para descrever esse momento, pois assim que ele acionou sua última alavanca, ocorreu uma explosão e tanto, e o mostrador que revelava para qual época estava indo começou a correr enlouquecido.

Os registros indicavam o passado, num tempo muuuuito antigo... Muito antes da invenção do telefone!

Contudo, certo dia receberia uma ligação.

A ligação mais intrigante de todas.

No lugar mais intrigante de todos.

 

   ***

O ar estava frio, quase cortante, naquela manhã nublada...

Já era outono quando os Sinos de Saint John começaram a tocar, ininterruptos. 

Fazia quase um mês que o Doutor havia se infiltrado no mosteiro, atendendo pelo nome de “monge louco”, dedicando-se a estudos diários e a retomada de uma fascinação particular sua: o mistério da Garota Suflê. Quem era ela? Quem era Clara Oswald, e porque sempre cruzava o caminho do Senhor do Tempo?

Achou que desta vez conseguiria se concentrar de verdade em solucionar esse caso, todavia, por hora essas questões acabaram ficando novamente em segundo plano, diante de uma nova, porém, curiosa situação inesperada –e justo agora que pensou que conseguira se desprender de todos os bens materiais, lá estava ele falando ao telefone da TARDIS, vestido de monge!

—... Já tentou ativar o Wi-fi? –sugeriu o Doutor à pessoa na linha. Então revirou os olhos, impaciente... era obvio que não.

—É um espírito maligno? –perguntou um outro monge ali perto, de feições assustadas. Um monge de verdade, quero dizer.

—É uma mulher –respondeu o Doutor. O homem fez o sinal da cruz.

—Espera só um minuto –a improvável garota que conseguira ligar para ele em 1207 para reclamar da falta de wi-fi em seu computador, estando há séculos de distância no futuro, agora se concentrava para não esquecer a senha de conexão da rede. Para isso, improvisou uma seqüência de palavras, cuja cada letra inicial simbolizava um caractere da senha. -Corra Garoto Esperto E Não Se Esqueça...

Em um segundo, a cabeça do Doutor foi a mil. Ele quase deixou o telefone cair. Aquela frase... repetida diversas vezes por uma mesma garota através da história...

Clara Oswald.

Tanto tempo esperando uma nova oportunidade de se esbarrarem por aí, e lá estava ela agora, do outro lado da linha.

—O QUE VOCÊ DISSE!? –exclamou, perplexo, referindo-se à frase que ela dissera inconscientemente.

—AI! Não Grita! –reclamou Clara, afastando o telefone da orelha. –Você me fez errar a senha...

Mas o Doutor não estava mais ouvindo. Guardou o telefone dentro da porta da TARDIS e sorriu amplamente para o monge que o acompanhava. Estava tão feliz, que parecia até Natal!

 -Hã... Com todo respeito senhor, mas aonde vai? –perguntou o colega monge, confuso, vendo o Doutor arrumar as coisas, parecendo que ia partir.

Ele se virou para o outro uma última vez, antes de fechar as portas da TARDIS.

—Eu vou encontrar Clara Oswald, e prometo ao universo que dessa vez não a perderei de vista! –declarou, convicto e determinado a fazer acontecer. –Adeus!!

A TARDIS desapareceu na frente dos olhos do monge e ele novamente se benzeu.

Lá estava ela de novo... Clara Oswald. Seu grande mistério particular dera as caras novamente... Dessa vez com um grande diferencial: o Doutor não a deixaria escapar. Nunca mais.


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Notas finais do capítulo

*Como eu bem disse uma vez (nas notas iniciais da história), a temporada da Luisa entra bem após o episódio "The Snowmen", e agora, como prometido, ela se encerra conectando-se ao episódio "The Bells of Saint John" (ambos da 7ª temporada), onde o Doutor finalmente reencontra Clara e ela se torna sua Companheira Oficial.

***

Bem, meus caros, é isso. Chegamos ao fim.

Eu nem consigo expressar direito o que estou sentido... Amanhã eu completo 22 anos, e posso dizer que ter a história concluída no site será um grande presente!

Foram 7 anos escrevendo essa história e 3 postando aqui no Nyah. Foi uma jornada longa e nem um pouco fácil, com momentos bons e ruins –assim como tudo na vida –mas acima de qualquer coisa, eu só tenho a agradecer.

Quando olho pra trás agora e penso no que eu fiz com e por esse livro... fico incrivelmente inspirada. Não porque presumo que seja uma boa escritora, nem nada do tipo –mas sim, por tudo que aprendi escrevendo essa obra.
Sério. Ela me trouxe taaaantas coisas boas. Tantas experiências, paixões, aventuras, esperança, força quando precisei... e também, uma grande amizade –sim Garota Dalek, estou falando de você ;)

Definitivamente, escrever essa fanfic mudou a minha vida. O que me leva a dizer: Se você, aí do outro lado, tiver uma grande idéia, algo em que acredita com todas as suas forças, mas não pensa em por em prática porque parece inviável ou uma grande bobagem aos olhos dos outros...; Eu lhe digo com ênfase: FAÇA. Sem se importar com o que digam ou o que vão pensar sobre isso. Apenas faça. Se for uma coisa boa pra você, que te faça se sentir feliz e realizado, meus parabéns: você está no caminho certo!

Não se enganem... Eu também tive que agüentar muitas críticas e comentários maldosos, durante o meu percurso na escrita... Mas quer saber? Eu venci! Cheguei aqui e me tornei um exemplo de que persistir até o final em algo que você realmente ama, da ótimos resultados!

À essas pessoas que outrora tentaram me desmotivar, hoje eu digo seguramente: Gallifrey resiste, e eu também! ;)

À todos vocês que me apoiaram e acompanharam a fic até aqui, segue carinhosamente o textinho abaixo:

“Meus caros, a vida é cheia de segundas chances. Essa história foi sobre isso, também sobre recomeços e determinação. O fato de ter chegado ao fim já fala por si só...
Só tenho a agradecer –do fundo do coração –a todos que torceram por mim, me inspiraram e fizeram parte desta jornada, sejam feitos de carne e osso ou de imaginação.
A todos vocês, o meu eterno OBRIGADA!! :)”

Com carinho, Gizelle.



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