Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 139
Hogwarts sob ataque


Notas iniciais do capítulo

Hey hey!

;D



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Scream & Shot ainda ecoava na mente dela, como algo bem distante, mas ainda sim, cheio de impacto e importância.

Luisa moveu a cabeça devagar. Abriu os olhos e demorou a conseguir reconhecer alguma coisa ao seu redor... Estava deitada no chão de um local frio e escuro; River não estava mais com ela.

—O que...? –sentou-se, esfregando o pescoço. Sua cabeça estava levemente embaralhada, mas ela ainda se lembrava do que acontecera por último, antes de ser tele-transportada junto de sua prima River Song. Porém, tudo acontecera tão depressa que agora parecia até um sonho... Ou melhor, um pesadelo.

Tem mais um aqui! Vamos! Rápido! Em Suas Posições!—comandou uma voz masculina, e quando Luisa deu por si, estava rodeada de pessoas com capuzes pontudos na cabeça, cobrindo os rostos, e varinhas apontadas em sua direção. A menina ergueu as mãos, inquieta. Mas mal se passaram alguns segundos de tensão, e logo a situação mudou de foco: um dos encapuzados avançou por entre o grupo que cercava Luisa de todas as direções, e disse aos demais companheiros:

—Esperem! Não façam nada ainda. É melhor ter certeza antes de agir.

Imediatamente, os outros baixaram um pouco as varinhas, e a contemplaram melhor. Luisa baixou as mãos, franzindo a testa para o encapuzado que falara; ela conhecia aquela voz...

Luna?—constatou, quase que chocada.

Luna Lovegood tirou o capuz da cabeça, revelando-se, e em seguida os demais fizeram o mesmo. Eram Harry Potter, Rony Weasley, Hermione Granger e entre outros integrantes de seu antigo grupo de amigos em Hogwarts –que não necessariamente se limitava à casa da Grifinória, da qual pertencia. Curiosamente, todos pareciam mais maduros do que da última vez que se viram. Algumas coisas haviam mudado... Isso ficara evidente.

—Sim, sou eu. –confirmou Luna. –Mas creio que a pergunta aqui seja: Você é mesmo a Luisa Parkinson ou é um Comensal da Morte se passando por ela, através de uma bela dose de Poção Polissuco?

Luisa juntou as sobrancelhas em V.

Comensal da Morte?—arfou, balançando a cabeça. –Eu não estou entendendo...

—Como você pode não estar entendendo? –perguntou Rony.

—Há dois lados aqui hoje, e precisamos saber de qual dos dois você está –esclareceu Hermione.

—Dois lados? –Luisa estava completamente perdida. –Gente, olha só... Eu sei que vai soar esquisito, mas eu não estou entendendo nada que vocês estão dizendo...

—Tipo literalmente ou...? –ia perguntar Neville, mas Gina deu-lhe uma cotovelada amena que o fez calar. Harry se dirigiu à Luisa.

—Você não faz mesmo idéia do que está acontecendo, não é?

—Pois é. Não. –assentiu Luisa, sentindo-se mais ansiosa que o normal. –Harry, por favor... Me explica o que está havendo... –tentou caminhar até ele, mas Fred e Jorge Weasley entraram na frente com suas varinhas, impedindo que ela o alcançasse.

—Desculpe garota, mas ainda não sabemos se podemos confiar em você completamente –esclareceu Fred.

—Então, por medidas de segurança... fique longe. –instruiu Jorge. Luisa estava completamente boquiaberta a essa altura.

Gente, que é isso? Sou eu! A Luisa! Galera... Qual é? A gente fica sem se ver por um tempinho e vocês já saem por aí me estranhando, agindo como se não me conhecessem?

—É, só que a gente não te vê desde a missão em Nárnia, dentro do armário... –lembrou Rony. –E isso já faz bastante tempo.

—Quanto tempo exatamente?—quis saber Luisa. As sobrancelhas arqueadas agora, relevando a informação que ele lhe fornecera.

—Quase um ano. –revelou Harry. Luisa não soube reagir diante daquela descoberta. Simplesmente não conseguiu assimilar.

Confusa, ela caminhou para trás, vacilante, então apoiou-se na parede de pedra do castelo de Hogwarts. Ao fazê-lo, (talvez fosse por causa de seus poderes de Visualizadora que ficavam mais fortes dentro da escola) ela notou uma nova vibração rodeando o lugar. Assim como no começo notara que seus amigos estavam diferentes, também era possível sentir a mudança em várias outras coisas, como por exemplo na própria atmosfera do castelo, que parecia conter agora uma espécie de energia carregada, muito mais pesada que o normal. Impulsionada por tantas indagações, a garota ousou olhar pela janela e contemplou o pátio principal da escola de magia e bruxaria bem abaixo, onde aparentemente uma batalha estava sendo travada. Aquela visão de coisas pegando fogo, duelos com varinhas e pessoas gritando e morrendo a fez estremecer dos pés à cabeça.

Demorou a conseguir processar tudo aquilo, e mesmo sem conseguir completamente, proferiu ao recuperar a função da fala:

Que. Diabos. Aconteceu. Aqui?

 

*     *     *

Em um ponto determinado de Hogwarts –mais especificamente dentro da Torre de Astronomia –o Doutor e o restante de seus companheiros surgiram, e lá ficaram num primeiro momento, se recuperando dos efeitos enjoados de deslocação espaço-temporal, gerados pelo dispositivo de River.

—Onde estamos? –perguntou Martha, depois de algum tempo.

—Bom, ainda não sabemos –disse Jack, ajudando-a a se levantar. -Pelo menos conseguimos sair daquela nave horrível...

—E parece que chegamos a algum lugar melhor –comentou Amy, junto de Rory.

—Vivos e completamente materializados, eu espero –emendou o Doutor, conferindo se todas as partes do seu corpo estavam no lugar. –Caramba, que viagem... Todo mundo chegou bem? Ninguém ficou pra trás, né? Seria catastrófico tentar voltar para buscar alguém... Sobretudo porque a nave provavelmente já explodiu à essa altura –comentou, checando o relógio de pulso. –Yep. CABUM.

—Bem, tirando a Luisa que ficou para trás, nas mãos daquela River –lembrou Melissa. –Só espero que tenham conseguido escapar a tempo...

—Ah, com certeza conseguiram. Você não conhece a River... Ela não é do tipo que decepciona. –garantiu o Doutor, esfregando as mãos. –Já devem estar bem longe de lá, completamente a salvo.

—Está querendo convencer mais alguém disso, além de você mesmo? –sondou Melissa. O Doutor fingiu não ouvir.

—Bem... Será que já é seguro sair desse lugar? Os níveis de odor de transpiração já estão ficando alarmantes... –disse Clyde.

—Estou tentando traçar nossa localização exata com a ajuda do sr. Smith, mas a rede está dando como “indisponível”. –disse Luke. –A única informação que consegui, é que voltamos para a Terra. Aparentemente esse lugar, seja onde for, têm alguma proteção contra tecnologias, até mesmo as mais avançadas. 

—Então isso aqui é a Terra. –Clyde observou o espaço ao seu redor. –Menos mal... Voltamos para casa.

—Mas é estranho... Tem mesas com banquinhos, almofadas, papéis e canetas de pena.  Parece uma sala de aula antiga. Com bloqueadores de tecnologia. —avaliou Rose, intrigada.

—E dentro de uma torre. –completou o Clone, mostrando para ela a paisagem de uma janela. Rose ficou admirada.

—Caramba... É muito alto aqui! –apertou os olhos para tentar enxergar o que havia no solo, há muitos metros abaixo. Parecia haver uma certa movimentação de corpos escuros, impossíveis de serem identificados a olho nu. -Queria saber o que está se passando lá embaixo... Há coisas se mexendo, mas não dá pra ver o que são, muito menos se dizem alguma coisa. Nem o som consegue chegar aqui em cima.

—Pois é. Talvez eu possa resolver metade do problema –e estendeu uma luneta para ela.

—De onde você tirou isso?

—Estava debaixo daquela lona.

Rose não pode deixar de achar graça.

—O que é engraçado? –perguntou o Clone, sorrindo ao ver o sorriso dela se abrir.

—Mesmo sendo um clone, você é tão enxerido quanto o verdadeiro Doutor.

—Alguém me chamou? –o 11º apareceu ao seu lado, fazendo Rose se sobressaltar.

—Que susto! Vocês dois são uns abusados!

—Ah Rose, não fale assim. Você sabe que não foi intencional –negou o 11º, sem tirar os olhos dela. –Falando nisso... Já faz bastante tempo desde o nosso último trabalho juntos. Da ultima vez, a Terra foi tirada do curso e tivemos que trazê-la de volta, lembra-se?

—Ah, como poderia esquecer? –sorriu largo. Tomada pela nostalgia, Rose virou-se para ele, ficando de costas para o Clone, que entendeu aquilo como uma espécie de rejeição. Ele pôs as mãos nos bolsos e se afastou, silencioso. -Nós todos também nos reunimos daquela vez para salvar o mundo, apesar do grupo ser bem menor... –sorriram um pro outro. -De qualquer forma, não há duvidas de que a TARDIS é melhor pilotada por mais de um capitão.

—Ei! –apertou os olhos, apontando um dedo para ela, descontraído. -Está me provocando?

—Não foi intencional –riu.

Ele sorriu em retorno, brincalhão.

—E como você está se saindo sem mim no mundo paralelo? Imagino que muito bem...

—Ah, cala a boca. –Rose deu um sorriso agridoce. –Não. Não estou. –suspirou. -A verdade é bem mais complicado do que parece... sobretudo sem você por perto.

—Quer me contar? Eu estou aqui agora. –propôs. -Não sei até quando essa paz vai durar, então acho que não seria um mau momento para trocar experiências.

Rose respirou fundo.

—Certo. Você quer a verdade, então eu vou dizer: Eu tentei me acostumar ao Mundo Paralelo. Tentei mesmo, Doutor. No começo, eu não conseguia tirar você da minha cabeça. Admito que não sabia como assimilar a dor da separação. Depois o tempo foi passando e eu decidi que esquecer você e as nossas aventuras juntos não era o caminho, e ao procurar por uma alternativa melhor, resolvi me utilizar de alguma coisa que havia aprendido com você, para quem sabe poder ganhar a vida. Por isso reabri uma agencia Torchwood.

—Você e o Mickey, não foi? –lembrou o Doutor. –Vocês por acaso não tentaram... Sabe? Vocês dois partilharam de aventuras comigo, e já haviam tido um relacionamento antes das nossas viagens acontecerem, então... imagino que reatar com ele não seria uma idéia ruim.

—Na verdade seria. Bom, pelo menos pra mim. –cortou ela. –O Mickey e eu tínhamos posto um fim no nosso relacionamento há muito tempo e decidimos desde então sermos só amigos. Eu... tinha decidido não te esquecer e isso envolvia manter todo aquele sentimento vivo. Todo ele. Entende? –enfatizou. 

—É... eu acho que sim –ele esfregou a nuca. –E imagino que isso te levou a uma vida de solidão.

—Bem, nem tanto. Mickey continuava ao meu lado, e minha família também. E... Eu posso ter conhecido um ou outro cara nesse ínterim, mas que também não me ajudaram a passar por cima de nada. Na verdade, foi um verdadeiro desastre...

—Ou seja, você continua presa ao passado.

—Eu não vejo dessa forma... –ela mudou de posição. –Gosto de pensar que fiquei presa a você. E não é tão ruim...

—Mas eu sou seu passado Rose. –se aproximou mais dela, tocando seus ombros. –Você tinha uma escolha a fazer... Pois bem, decidiu não me esquecer, nem passar por cima de tudo que já fizemos juntos. Isso foi realmente tocante de sua parte, mas adivirto que infelizmente nada fará com que aqueles dias possam voltar, sobretudo porque as linhas de tempo estão em fluxo contínuo... O que geralmente significa que o que ficou no passado, fica no passado.

Rose piscou, segurando o choro.

—Eu sei.

Ele a olhou bondosamente.

—Mas você tinha esperanças.

Ela assentiu.

—Da última vez que nos vimos, quando a Terra foi colocada em outro ponto do universo, foi um dia difícil, eu não nego, mas também extremamente feliz...

—Feliz? –o Doutor cruzou os braços, prestando atenção.

—Porque antes daquilo eu pensava que nunca mais nos veríamos de novo... Mas depois, sei lá... Te ver outra vez me deu esperança de que as coisas pudessem voltar a ser o que eram –o sorriso dela vacilou de repente, seus olhos desviaram-se. –Mas você explicou que dados os acontecimentos anteriores, eu estava definitivamente presa no mundo paralelo. Desde então, eu estive morta de saudades... –segurou as mãos dele.

—Pensei que dessa vez fosse oficial. Que nunca mais fossemos nos ver depois daquilo...

—Bem, em parte foi oficial. Foi a última vez que você me viu com aquele rosto.

Rose baixou os olhos, abraçando o próprio corpo. Estava de frente para o amor da sua vida, mas estava muito claro que com toda a mudança causada pela regeneração, os sentimentos que ele conservava por ela agora não passavam de carinho, estima e afeição. Nada além do que um simples amigo seria capaz de sentir por outro. Mas aquele sentimento forte e avassalador de uma paixão fervorosa não mais existia, pelo menos para ele. Ela sabia que não era sua culpa, afinal ele não escolhia quem ia se tornar ao regenerar, mas mesmo assim, era inerente se decepcionar.

—Vem cá –o Doutor a abraçou. –Me desculpe... Está bem claro que eu fiz besteira.

—Não, tudo bem. Faz parte –ela sorriu, esforçando-se pra não desabar. Decidiu que não choraria na frente dele, ou então o deixaria arrasado também, e chega de arrasar corações... Já não bastava o dela!—Eu entendo. Além do mais, eu vou ter mesmo que voltar ao Mundo Paralelo depois... Não seria justo te prender a isso.

O Doutor olhou de um lado para o outro.

—O que foi? –Rose perguntou.

—Desculpe, pensei que tivesse entendido...

—Entendido...? Do que você está falando?

—Veja bem: Quando a máquina de Rani os trouxe para a nave de Vader, ela quebrou e resolveu os paradoxos que mantinham você, o sr. Mickey e a sua família, presos naquela versão do mundo. 

Rose arregalou os olhos.

Oi?

—Oi, tudo bem? 

—Que?

—Desculpe, força do hábito deste rosto responder cumprimentos amigáveis. –explicou, apontando pra si mesmo, depois esfregou seu rosto. –Sinto muito. Acho que há uma pequena possibilidade de eu ainda estar sendo afetado pelo dispositivo de tele-transporte da River. Enfim, o que você queria saber mesmo?

—Eu perguntei sobre aquilo que você falou da máquina da Rani e a minha família.

—Ah, sim! –ajeitou a gravata-borboleta. –Eu só expliquei que para poder trazer a sua família, a da Amy e a mente da Donna de volta, foi preciso antes desfazer alguns ocorridos e consertar outros, que é uma das principais especialidades da máquina de Rani. Ela consegue mexer precisamente nos pontos em que as ações acontecem, e substitui-las por coisas compatíveis, que não alteram a história em geral, mas mudam seus destinos e libertam vocês dos paradoxos. Com isso, ela conseguiu ressuscitar vilões, e também restaurar coisas mais simples, como por exemplo suas linhas temporais. –sorriu para ela. –A sorte foi que durante a batalha na nave Estrela da Morte, a maioria dos vilões ressuscitados pensaram em dar no pé através da própria máquina de Rani, o que automaticamente desfez todo o trabalho inicialmente executado, trazendo de volta a verdadeira versão dos fatos, ou seja: os que haviam morrido ou sei lá o que, voltaram a ter seus desfechos concretizados. Os que não optaram por isso, ocasionalmente explodiram junto com a nave. E, bem... Os que escaparam na nossa comitiva de tele-transporte estão definitivamente livres de qualquer possível restrição que o destino insensivelmente lhes impôs, pontuando o fim de nossas viagens. Portanto agora, a Terra, no ano de 2015... não, desculpe —conferiu o relógio de pulso. –16, volta a ser seu lar.

—Espera um pouco... Isso significa que eu não vou precisar voltar mais por mundo paralelo? –a loira arregalou os olhos, atenta à informação.

—Bem, se gosta de resumos... é bem por aí.

—AAAH! –Rose lhe deu um abraço que fez os demais na sala, distraídos com outras coisas, até levarem um susto.

—O que foi Rose? –perguntou Jackie, sua mãe. –O que o Doutor fez dessa vez?

—Mãe! Mãe! Você não vai acreditar! Devido a termos sido trazidos pra cá por causa da máquina na nave do Darth Vader, não precisaremos mais voltar pro mundo paralelo!!!

Jackie pareceu branca feito papel.

—O que? Isso é verdade? –perguntou, voltando-se ao Doutor.

—Bem, é sim. Não será como da última vez que vocês foram recrutados e mandados de volta... Dessa vez é oficial. Bem vindos de volta à sua versão da Terra! —disse animado, mas Jackie ficou ainda mais transtornada.

—AH NÃO –resmungou por fim, levando as mãos aos quadris. –Ah, Rose... Logo agora que eu já estava acostumada com a boa vida que a gente levava? Mais isso só pode ser uma brincadeira de MUITO MAU GOSTO!

—É o que? A gente vai ficar? –Mickey entrou na conversa, pegando o bonde andando.

—Vamos! O Doutor disse que graças à máquina da Rani, os paradoxos foram resolvidos e a história seguiu, nos libertando de ter que continuar vivendo na outra versão da Terra, não é demais!?

—Espera, ah, oi pessoal –disse Amy, cumprimentando todos. –Eu estava ali do lado com meu marido Rory, e não pudemos deixar de escutar essa última parte da conversa sobre paradoxos consertados... Isso é verdade? Estamos livres de 1954? –voltou-se para o Doutor, as mãos entrelaçadas, esperançosa.

O Doutor sorriu.

—Pois é, Ponds... Vocês estão livres e eu nem tenho dedo nenhum nisso. –comentou, impressionado, enquanto Amy e Rory se abraçavam, comemorando. -Que coisa mais insana... Será que eu devo agradecer a Rani por isso?

—Agradeça por ter arrumado uma esposa tão determinada, Doutor. –disse Missy, se aproximando deles de braços cruzados. –Se não fosse a River, estaríamos todos em maus lençóis naquela nave...

—Calma aí... Esposa?—Rose ficou pasma. –Então é por isso que “os tempos não podem voltar a ser o que eram”... Você se casou, não foi? Com outra mulher.

Aaah, veja bem... —o Doutor ergueu dois dedos para se explicar, mas nenhuma explicação saiu de sua boca. Ao invés disso, ele olhou acusatoriamente para Missy.

—Ups –ela deu uma risadinha provocativa. –Escapou.

O Doutor revirou os olhos.

—Ah, tudo bem... Rose ia descobrir cedo ou tarde –fez um gesto com as mãos, como se espantasse duas moscas ao mesmo tempo. Então voltou-se para a loira. –Olha Rose, eu posso explicar...

—Não precisa. –ela disse, inesperadamente. –Eu acho que já ouvi demais –e saiu andando.

—Rose! Não, espera aí... ROSE!

—Deixa ela ir –instruiu Mickey. -Ela gosta pra caramba de você... Pode crer, não deve ficar brava por muito tempo.

—É... Como se isso de fato ajudasse a melhorar as coisas. –resmungou o Doutor.

—Pega leve, tá? A Rose precisa de um tempo pra superar que o cara que ela mais ama já está comprometido. Não acha que ela merece um tempo? Afinal, ela esperou demais por você, Doutor. Tempo demais pra descobrir uma coisa dessas agora.

—Parece que no fim, é a isso que todas nós somos destinadas: esperar. –comentou Amy, nos braços de Rory.

—Mas quer saber, toda espera vale a pena –sorriu Donna Noble, se juntando a eles. –Eu não trocaria a volta das minhas memórias com o Doutor por nada no mundo...

—Fico realmente feliz em saber, Donna –o rapaz sorriu em retorno.

—É, mesmo que tenha regene-qualquer-coisa e se transformado nesse cara esquisitão aí.

—Ei!

—Pior que ela tem razão –Martha disse, liderando um grupo que pouco a pouco se juntava a eles: Melissa, Agustina, Chanty, Isabel, Anjo Ângelo, Charles, Drica, Ofélia, Alicia, Josh, Jenny (a filha do Doutor), Sarah Jane, Jack Harkness, Comandante Strax, Madame Vastra com sua esposa Jenny, e muitos outros... Agora finalmente o Doutor podia olhar bem para cada um dos presentes.

—Poxa vida, Matha Jones! Eu gosto dessas suas entradas impactantes –sorriu o Doutor. –Olá todo mundo!

Oi Paaaaai!—Jenny basicamente se jogou em seus braços. O Doutor rodopiou com ela no lugar, fazendo todo mundo rir.

—Bem, eu faço o que posso... Mas parece que existem outros com entradas melhores –sorriu Martha, dando-lhe um abraço subsequente. Depois de muito abraçar e cumprimentar todos, o Doutor deparou-se com Christina e quase caiu para trás.

—EU NÃO ACREDITO... LADY CHRISTINA DE SOUZA!? HÁ QUANTO TEMPO!!! –e lhe deu um abraço forte.

—É, Doutor... É como eu disse: nós sempre fizemos uma boa equipe, e bons parceiros de trabalho merecem uma nova oportunidade de trabalhar lado a lado!

O Doutor sorriu do outro lado do abraço, então ficou sério de repente. Quando se separaram, Christina notou a mudança no seu semblante.

—O que aconteceu? Parece que você viu um fantasma...

—Eu... não sei... Tive impressão de que havia mais alguém junto com você, mas não há ninguém.

—Ah, bem, havia uma garota. O nome dela era Clara.

—Oswin Oswald? –ele completou, pasmo.

—Exato. Vocês se conheciam de longa data?

—É... Mais ou menos... –o Doutor fez uma careta. Não acreditava que mais uma vez esteve tão perto da “garota suflê” e a perdeu de vista de novo! –Digamos que ela não é muito do tipo... possível. -Christina franziu a testa, sem entender verdadeiramente o que aquilo significava.

 

Entrementes, Rose descia pisando firme pelas escadas da Torre de astronomia, quando inesperadamente encontrou o Clone do Doutor, sozinho, admirando a vista através de outra janela.

—Ah, olá! Você por aqui...

—É. –ele desviou os olhos, amuado. Rose percebeu o climão e tentou contornar as coisas, sem ao menos imaginar o que poderia tê-lo deixado daquele jeito. –Hã... Você está legal? Parece triste...

—E por que eu estaria triste? –respondeu meio ríspido. Estava agindo bem diferente de quando estiveram juntos na ex nave de Darth Vader.

—Tá legal... Já tô vendo que não tô agradando... –e pretendia deixá-lo sozinho, quando ele segurou seu braço, fazendo-a parar. Rose olhou para ele com intensidade. O rosto do 10º Doutor estava cabisbaixo, mas ao mesmo tempo parecia conflitante. –Você quer me dizer alguma coisa?

—Não –Rose desviou os olhos, mas ainda havia uma continuidade na frase pronunciada com timidez. –Não vá embora. Eu... queria que ficasse.

Rose se animou mais depois disso.

—Está bem. Então eu fico –disse decidida. Dessa vez não trocou sorrisos com ele nem nada, mas a certeza em sua voz se manteve conforme os minutos avançavam. –Será que posso perguntar por que você se afastou de nós lá me cima?

Ele não respondeu. Estava com um sentimento entalado na garganta... Rose não entendeu dessa forma e imaginou que ele quisesse “recomeçar o joguinho silencioso”, e definitivamente não estava com cabeça para isso.

—Olha, se você vai me ignorar, então não tem porque ficar aqui. Eu vou embora mesmo...

—Espere! –assim que ela ameaçou se virar, o Doutor puxou-a pela cintura, de volta para ele, e a beijou.

O beijo foi intenso e demorado. Quando acabou, ambos sentiram novamente aquela mesma chama de antes se acender, como pura mágica. Seus corpos se atraiam agora, como que magnetizados por uma força gravitacional, e eles não queriam mais se separar. 

—Me promete... que você não vai sumir de novo –pediu Rose, o rosto próximo do dele. –Eu fiquei preocupada quando não te vi em lugar nenhum na torre... pensei que tivesse ido embora.

—Ficou preocupada? –ele pareceu surpreso. –Eu pensei que você não me quisesse...

—Eu? Não! Como poderia? Como poderia não te querer por perto? –ela acariciou os braços dele, ao falar, então olhou fundo na imensidão vasta de seus olhos castanhos. –Eu... acho que amo você.

Ele ergueu as sobrancelhas.

—Sério? Mas... e quanto ao Doutor? O... outro, que me forneceu o DNA. E quanto a ele Rose? Eu pensei que você o amasse... Está tudo aqui, na cabeça dele... Bem cravado nas memórias... Para nunca mais esquecer. –Rose prestava bastante atenção no que ele falava. O Clone do Doutor respirou fundo. –Tá, lá vai: O motivo de eu ter me afastado, foi porque pensei que você fosse preferir ficar com ele ao invés de mim.

Rose sorriu pra ele.

—Eu o amo, você sabe. Está aí dentro pelo visto –disse, referindo-se à cabeça dele, e para simbolizar, afastou uns fios de cabelos desgrenhados, da testa dele. –Mas... Ele não me ama mais do mesmo jeito de antes. Na verdade, nem sei exatamente como era, mas creio... ou melhor, eu sinto que era bem mais forte do que hoje. –baixou os olhos, esforçando-se para não chorar. Mas espantou-se ao notar que o Doutor ali com ela não desviou os olhos, ou pareceu embaraçado com o que ela dissera. Pelo contrário: ele não conseguia tirar os olhos dela, como se cada palavra que dissesse o deixasse cada segundo mais atraído. –Para ele, eu não passo de uma lembrança. Parte do que ele deixou para trás no passado... Pra mim, ele é tudo. –completou ela. Foi aí que o rapaz tomou sua mão e se ajoelhou para ela. Sim, ele era tímido, mas tinha atitude. Rose ficou passada.

—Talvez ele não te ame mais da mesma forma agora, mas eu sei que nunca irá te esquecer. Porque você, Rose Tyler, arranjou um lugar definitivo no meu coração. Ou melhor, nos nossos. –a fez sorrir. –E... eu sei que nunca poderei mudar de rosto como ele, nem fazer outras coisas específicas de Senhores do Tempo, afinal eu sou apenas um Clone, e ainda sou meio-humano, devido à mescla do DNA do Doutor com alguns componentes do genes da Luisa, que estava no ambiente... –tagarelou.

Rose riu.

—Tô vendo que a tagarelice não mudou.

Ele riu em retorno, vendo que aquilo a havia agradado.

—Bem... o que eu queria realmente dizer, é se depois que tudo isso acabar, se você não gostaria de...

—Casar com você? –Rose completou. O Doutor se levantou, espantado.

—Como você adivinhou?

—Ué, você ficou de joelhos... eu achei que fosse pedir a minha mão!

—Foi tão óbvio assim? –ele fez uma careta. –Que coisa chata... Da próxima vez que for pedir uma mulher em casamento, vou fazer isso em baixo d’água pra mudar o ritual...

Rose mordeu a língua, um sorriso danado se expandindo e tomando conta do rosto.

—Não vai ser preciso... Porque você não pedirá outra mulher em casamento. –ele pareceu confuso por um instante, então ela disse: -Eu aceito casar com você.

—Oh! –o Doutor do 10º rosto pulou para trás, entusiasmado. –EU NÃO ACREDITO! Quer dizer que eu, um simples clone, tive coragem pra pedir você em casamento e o Doutor não?

—Bem, sabemos que ele é 100% alienígena, enquanto você é só 50% -relembrou. –Até onde entendi, ele e você são a mesma pessoa. Quero dizer, não exatamente, mas parece que ao menos têm as mesmas memórias, e conservam os mesmos sentimentos. –ela acariciou sua bochecha, e passou o dedo por suas sardas, ao que ele fechou os olhos. –Mas você é meio-humano... Tem uma única vida pela frente, possivelmente apenas um coração e um pedido de casamento irrecusável. Como eu poderia dizer não?

O Clone a beijou com fervor.

—Eu te amo Rose Tyler. –sorriu. –E imagino que o motivo de você ter aceitado, não tenha nada a ver com o fato de eu estar em posse do 10º rosto: o seu favorito. –provocou.

—Cala essa boca –riu a garota. -Eu também te amo –sorriu, junto dele. Então alguma coisa chamou sua atenção de novo no térreo da construção da torre. –Olha lá! Fizeram de novo... Você viu? Eu vi pontinhos escuros desaparecendo e surgindo do nada em outros lugares...

—Ih... Não está me parecendo boa coisa... Você ainda tem a luneta que eu te arrumei?

—Tenho, por que?

—Porque creio que irá ajudar a enxergar melhor... –disse, e Rose imediatamente apanhou o objeto, que estivera guardado no bolso de seu casaco, e apontou-o para fora da janela.

—Ah! Olha! Estou vendo! –disse empolgada. –Ai meu Deus... As “coisas escuras que desaparecem” são pessoas. Pessoas de preto com varinhas em punho...

O Clone franziu o cenho.

—O que será que significa?

—Bem, talvez ajudasse se vocês pudessem ouvir o que eles estão dizendo uns aos outros –disse o Doutor, encostado numa parede a um canto, de braços cruzados.

Rose e o Clone olharam para ele, bastante sérios.

—O que foi? Eu estraguei alguma coisa?

—Não –Rose deu as costas para ele. O Doutor se aproximou.

—Olha Rose... Me desculpa. Eu devia ter contado à você sobre a River. Não foi legal deixar que descobrisse através dos outros. Eu realmente sinto muito...

Ela o contemplou agora, com o olhar menos rígido.

—Você está sendo sincero. Eu não conheço muito bem esse rosto atual, mas acho que é perceptível.

Ele assentiu, inclinando levemente a cabeça de um lado pro outro, ao fazê-lo.

—Amy diz que eu tenho olhos tristes. Eu não acho, mas... vocês são as companheiras. Vocês sempre estão com a razão em todas as coisas.

Rose riu.

—Está dizendo isso pra me agradar? Não está funcionando—adiantou-se em dizer. O Doutor sorriu.

—Bem, eu só queria pedir seu perdão, com todo respeito. –disse para tentar desarmar o olhar secante do Clone.

—Bom, acho que tá tudo bem –Rose decidiu.

—É sério? –ele abriu um sorriso super largo, e esfregou os dedos, empolgado.

—É! –ela acabou rindo. –É definitivo. Eu te perdoo.

—Obrigado Rose! –e tornou a olhar para o Clone, de soslaio, e sussurrou para Rose: –Olha só... Eu não sei o que tem o seu amigo, mas ele me olha como se EU tivesse sido o Clone malvado.

Rose voltou a rir.

—Ah Doutor... Isso é besteira! O Doutor é um amor, em vários sentidos...  –e sorriu largo pra ele, ao que o rapaz também se permitiu sorrir em retorno, mas somente para ela. –A propósito, eu fiquei noiva nesse meio tempo. –anunciou para o Senhor do Tempo.

—Não diga... –o Doutor olhou para ela, depois para o xará, então deu-lhe um tapinha no ombro. –Aaaah seu danado! Você conseguiu ser mais rápido que eu... MEUS PARABÉNS ROSE! –apertou a mão dela compulsivamente, então parou com as brincadeiras, observando os dois como um casal, orgulhoso do que via. –É... Nada mais justo que você ficar com o cara das costeletas e mocassins.

—São All Stars –o 10º corrigiu. –Você devia saber... Está usando um agora!

—Eu sei... Mas eles eram sua influência no meu “Doutor Três em Um” –contornou, fazendo o outro se calar. –Rará... Bingo!

—Com licença vocês dois, mas podemos guardar as implicâncias para depois? Temos uma coisa muito mais importante na frente...

—Ah, claro! O magrelo te deu uma luneta roubada, e eu não posso ficar para trás... –e entregou sua chave sônica, ao que o 10º revirou os olhos. –Considere presente de casamento. Ah! E use ela agora, apontando contra a luneta, para ver o que acontece.

—Está bem –Rose o fez, e seguidamente ficou pasma ao constatar que estava conseguindo ouvir também tudo que se passava no térreo da construção. –Caramba! Estou ouvindo o que dizem...

—Yep! Porque agora vocês têm uma Luneta-Sônica! Tadãããã!—ele fez uma dancinha rápida da vitória que fez Rose e o Clone rirem. –Tá legal, eu fiz o homem palito rir, então essa deve ter sido boa... Enfim, só não me peçam pra repetir. Me deixou um pouco zonzo e ninguém está seguro estando à essa altura do chão...

—É. Talvez alguém empurre alguém sem querer pela janela—provocou o 10º Doutor.

—Doutor! –Rose repreendeu. –Se ele não existir, estaremos todos perdidos, inclusive você!

—Tá bem, tá bem. Eu peguei pesado. Desculpa aí... ô queixudo.

—QUEIXUDO? –o 11º ajeitou a gravata-borboleta, indo em direção ao outro.

—Silêncio! Eu estou tentando ouvir o que dizem aqui! –reclamou Rose, fazendo os outros dois pararem de palhaçada.

—Alguma coisa? –perguntou o 10º.

—A frequência sonora está meio ruim... Espera –e usou a sônica de novo na luneta. –Ah! Pronto! Agora melhorou... –houve um momento de silêncio antes do som chegar aos seus ouvidos, então eles escutaram uma gritaria exacerbada, pessoas dizendo palavras estranhas, sons de coisas explodindo e gente morrendo. Rose cortou a sonoridade na mesma hora.

Os três estavam paralisados e atônitos.

—Meu... Deus... –arfou Rose. –Será possível? Saímos de uma batalha universal para cair em outra terrestre?

Os Doutores se entreolharam.

 

*     *     *

De volta à torre de Astronomia, o Mestre acabara de conseguir acordar Sofia, sua TARDIS, com a ajuda de Martha Jones, que era médica.

—Prontinho... Ela vai ficar bem agora. –disse Martha sorrindo para a menina ruiva e se afastando dos dois. O Mestre queria se aproximar dela, mas achou melhor ficar meio afastado a princípio. Não sabia se ela receberia bem esse contato, ainda mais depois de tudo que fizera...

—Mes-tre? –ela disse, com a voz fraca.

—Oi Sofia. E, sou eu. Embora preferisse que fosse o Doutor aqui... Ele... sabe melhor cuidar de crianças do que eu.

Sofia então o pegou de surpresa ao se levantar de uma vez e puxá-lo para um abraço.

—Você que pensa... –sorriu. –Eu sou psíquica... E conheço muito bem você. Sei que banca o durão, mas é um amor por dentro.

—Ah, Sofia, não exagere.

—Está bem... –riu de uma forma infantil. –Mas eu sei que você é bom, por isso nunca desisti de você. Mesmo depois de me destruir...

—Será que podemos não mencionar isso de novo? Tipo nunca mais? —perguntou, sentindo-se meio mal ao se lembrar.

—Tudo bem, Mestre. O sr. que manda! –ela sorriu. Parecia mais dócil do que jamais fora. Será que era porque ela sabia que ele estava planejando se tornar uma pessoa melhor? Bem, ele sempre soube que ela queria isso pra ele, então agora deveria estar nas alturas do entusiasmo, à essa hora.

—Não tenha medo, ouviu? Missy e eu vamos cuidar de você de agora em diante... Não vamos deixar que você sofra ou passe de novo por algo tão...

Sofia pôs o dedinho fino e pálido sob os lábios dele.

—Não falar mais, lembra? Shhh

O Mestre sorriu para ela. Mas não era um sorriso do tipo maníaco, insano ou psicopata, que era tão a sua cara... Era um sorriso sereno. Acolhedor.

Sofia ficou feliz por presenciar mais um traço de mudança nele. Mas seu sorriso se dissipou quando ela recebeu uma visão confusa em que havia ira, gritos de desespero, raiva, mortes e vingança. Aquilo a deixou em estado de choque.

—Sofia! Sofia o que foi? –ele a abraçou junto de si, insistindo para que falasse. –SOFIA! FALE COMIGO!

—Vai haver mortes... Eles são muitos... Nós não temos chance! –ela disse, aterrorizada, e deixou o Mestre, senão no mesmo estado, ainda pior. –E o Doutor... ele está na lista de baixas.


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