Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 131
O cão de lata vai ao teatro


Notas iniciais do capítulo

Oi genteee! :D

A continuação, como prometido:



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Século 51 – Cardiff

Era uma manhã fria. Um trailer estava parado numa rua cinematográfica. Sim, isso mesmo: uma rua cinematográfica. Tipo aqueles cenários usados para gravações de filmes.

A música *S.O.S –ABBA estava tocando através dos auto-falantes... Era o único som que podia se ouvir á quilômetros de distância.

As gravações ainda não haviam começado. Estava tudo bastante tranqüilo por ali. Então eis que um homem de sobretudo azul e feições muito bonitas entrou no veículo. Mostrou seu crachá para o motorista –um senhor de meia idade –e embarcou.

Depois disso, continuou tudo muito tranqüilo. Bem... mais ou menos.

Não passou muito, seis camaradas bastante esquisitinhos sacaram suas armas e entraram no Trailer, rendendo o motorista.

Dá licença, chefia—um dos baderneiros entrou, ao que o motorista se encolheu de medo.

Valeu, compadre!—agradeceu o último dos caras, batendo em seu ombro ao passar por ele. –Bota o pé no acelerador!

—N-não posso... E-eu fui pago para guiar o trailer no f-filme –gaguejou. Os caras sorriram. Foi um sorriso sinistro demais para um ser humano conseguir dar.

Sim, eles não eram humanos. Eram ainda mais intimidadores do que assaltantes comuns...

—Vamos colocar dessa forma: Daqui pra frente você vai fazer o que nós mandarmos, deu pra sacar, camarada? –ameaçou uma das criaturas, passando o braço ao redor do pescoço do homem. O motorista tava tão nervoso que nem ousou olhar para ele.

—Tá! Tá! Já tô indo! –arfou, dando partida no trailer.

Saíram da rua cinematográfica. O motorista tentava muito mesmo não olhar para a cara feia dos passageiros. Contudo, em certa hora foi impossível se segurar, pois o farol fechou e o homem deu uma olhadinha de esguelha no retrovisor... E viu o reflexo de seis alienígenas horrorosos, se esbaldando na traseira do trailer. Ficou apavorado. Nesse momento, não conseguiu mais se conter: Largou a direção, pegou a primeira coisa que viu pela frente (acredite se quiser: a estátua de um flamingo) e tentou lutar contra aquelas coisas, mas antes que conseguisse fazer qualquer coisa, um dos bichos verdes, enrugados e magrelos (todos tinham o mesmo perfil), esticou o braço como se fosse de borracha, e arrancou o flamingo das mãos do motorista, usando a mesma para ameaçá-lo em retorno. O homem ficou desnorteado. Cambaleou para trás e caiu no chão, batendo forte com a cabeça e perdendo a consciência de imediato. Os aliens riram –era um som parecidos com guizos tocando.

—Esse motorista é uma figurassa! –um debochou, bebendo o conteúdo alcoólico de uma garrafa.

—Pode crer, véi!—o outro arrotou.

—Uhuhuuuuul! –um outro saltou de dentro de um baú de fantasias; caiu de pé e desfilou com umas roupas coloridas, brilhantes e emplumadas. –Isso que é vida! Você viu o meu novo estilo, Malk?

Malk o encarou.

—Tá uma graça, Jux. Parecendo uma galinha—debochou, causando uma nova leva de risadas.

Jux fez cara de pouco caso. Pegou uma fantasia de pavão e atirou no companheiro.

—Você é um babaca!

As risadas de guizos não cessavam nunca. Estavam achando tudo muito engraçado...

—Tem toalhas aí? Eu preciso de toalhas! –gritou um outro, na idro-massagem. 

—Deixa que eu pego, Hud –Jux foi até um dos armários do trailer. Abriu uma das portas e enfiou a mão dentro do móvel. Todos escutaram um “Ei!”, e se calaram, preocupados. Jux recuou... Então uma figura saltou da escuridão, saindo de dentro do armário.

Olá mocinhas!—provocou o homem de sobretudo azul, com seu sorriso arrebatador.

—PQP! É O JACK HARKNESS! –um dos aliens exclamou.

—O... O ag-gente Torchwood? –um outro gaguejou, tombando para trás, desmaiando.

—Controlem-se, Ludews. Eu sei que sou lindo, mas não acham que desmaiar é um pouco demais? –Jack destravou a arma de choque. Os alienígenas estremeceram. –O que pensam que estão fazendo com esse trailer?

As criaturas se entreolharam.

—Bem, nós pegamos o trailer emprestado.

Jack ergueu uma sobrancelha.

—Emprestado? –apontou a arma pra eles. –Tem certeza?

Eles gemeram, amedrontados.

—Hã... Bem, na verdade nós o roubamos –admitiu Jux, o mais bobinho dos Ludews, engolindo em seco enquanto tremia dos pés à cabeça.

—Ah, agora sim. –Jack sorriu, recolhendo a arma. –Eu sabia que estavam de sacanagem...

—Que grosseria! –resmungou Malk. –Como pode dizer uma coisa dessas?

—Porque vocês sempre estão de sacanagem –argumentou Jack. –Agora me digam: quem lhes deu o direito de se apossar desse trailer?

—O Trailer não tinha dono. Estava abandonado... Por isso nós o pegamos –disse Hud, mentindo descaradamente.

—Ah, é? –Jack atirou no painel da idro, aumentando a temperatura da água e fazendo o Ludew mergulhado quase ser cozido.

—UUUUUAAAAAAAI! –a criatura saltou para fora da banheira, soprando a pele enrugada. –Por que você é tão MAU, Jack? –gemeu a criatura, fazendo drama. Jack suspirou, impacientemente. 

Porque vocês sempre dificultam as coisas... É incrível! Parece que só cooperam quando são colocados na prensa.

Um quarto Ludew, chamado Turk, se manifestou:

—Jack, por favor, seja razoável... O trailer estava vazio.

—E o pobre do motorista?

—Hã? O humano condutor? Ele praticamente implorou para nos guiar em nossa missão de diversão sem limites!

Jack franziu a testa.

Sei.

—Em nossa defesa, você também embarcou no trailer! –retorquiu o quinto Ludew, Rirf, bancando o “espertalhão”.

Jack revirou os olhos.

—Eu tinha motivos nobres! Estava com esperança de ver um remake de “Priscila, a Rainha do Deserto”, mas ao invés de encontrar três belas drag-queens, me deparei com cinco alienígenas horrorosos!

—EI!

—MAIS QUE HUMANO ABUSADO!

—FICA NA SUA, CARA! –vaiaram, ofendidos.

—É sério. Já se olharam no espelho? Ninguém contrataria vocês como astros de um filme. Acabaria com a audiência toda...

—E quem disse que queremos ser astros de cinema?

—Estranho me dizerem isso, porque acabaram de roubar um trailer de uma cidade cinematográfica –lembrou Jack, indicando a rua com o polegar.

—Isso foi pura coincidência! –retorquiu Malk.

—QUEREMOS DIVERSÃO! Apenas isso!

—É! Atuar exige trabalho... E NÓS NÃO SOMOS FÃS DE TRABALHO!

Jack riu.

—Desculpe, não deu pra segurar... É que vocês são os sem-vergonhas mais cômicos que eu já tive que combater.

—Obrigado então pela preferência... E adeus—Malk, o líder da gangue Ludew, sorriu malicioso, enquanto Jux vinha por detrás de Jack, com uma frigideira em punho. Pretendia apagar o homem, mas deu tudo errado, quando o agente Torchwood saiu andando distraído na direção das janelas e a criatura despencou de cima do frigo-bar, onde estivera se equilibrando. Malk estapeou a própria testa.

—Vocês são malucos, sabia? Roubaram um trailer importado de uma cidade cenográfica e nem se incomodaram em fugir dignamente. –observou, olhando pela janela.

—Como assim? –perguntou Hud. –Mas nós fugimos! Fugimos daquele cenário de quinta. Estamos livres! Fizemos aqueles babacas comerem poeira...

Jack sorriu, pondo as mãos nos bolsos.

—Vocês que pensam... –os Ludews franziram as testas enrugadas ao mesmo tempo. –Sério que tentaram mesmo fugir com isso? Sinto muito dizer, mas vocês perderam tempo, rapazes... Essa cidade aqui é todinha de mentira!

—Não estamos entendendo. Nós... Escapamos da cidade.

—É! Alcançamos uma área deserta... Sem construções ou pessoas por perto.

—Não, bobinhos! Aqui ainda faz parte da cidade... –Jack mostrou para eles. –Estão vendo aquela linha tênue no horizonte? Aquela é a fronteira de Hollywood. Apesar de ser uma área isolada, vocês não ultrapassaram a fronteira. –explicou.

—Mas... Como pode ser? –Malk levou as mãos à cabeça. –Tínhamos calculado tudo direitinho... Mas afinal, Hollywood não ficava em outro lugar?

—Antigamente sim. A verdade foi que, com todos os milhões que ganharam com seu último filme: o rimake de uma comédia romântica com uma prostituta e um empresário, eles compraram uma grande quantidade de terras por TODO O MUNDO, para fazer gravações. E com isso, criaram extensões da velha Hollywood original –falou, indicando o espaço ao seu redor. -Como podem ver... Existe uma em Cardiff. –então Jack se encostou na janela, cruzando os braços. -E vocês ainda não saíram do território deles. Portanto, sua fuga fracassou, meus amigos.

Os Ludews ficaram agitados.

—Oh! E agora o que faremos? –perguntou Jux. –O motorista apagou... Estamos perdidos!

—Bom, nem tanto –Jack interveio. –Querem saber? Eu vou ser legal com vocês... Vou lhes fazer uma proposta irrecusável: Vejam bem, eu posso levá-los para a Torchwood, de onde nem deveriam ter escapado, garantindo-lhes proteção e comida. Ou então, vocês podem continuar encalhados aqui, esperando até que os donos do trailer apareçam para resolver as contas com vocês, de uma forma nem um pouco amigável... O que me dizem?

Os Ludews não pensaram duas vezes.

—Nós nos entregamos! –estenderam os punhos, para Jack colocar as algemas.

—Escolha inteligente, amiguinhos. –Jack tirou algemas do bolso e começou a prender em seus pulsos.

—Por que você anda com tantas algemas, Jack? –perguntou Jux, ingenuamente. Jack deu uma risada que o entregou.

—Um homem precisa se divertir de vez em quando, meus caros.

—E... brilhar?—perguntou Rirf, na hora que Jack foi algemá-lo.

—O quê?

—Brilhar, Jack. Suas mãos estão brilhando!

Jack soltou as algemas, ficando assustado de primeiro momento.

—Isso devia acontecer? –perguntou um Ludew à outro, que deu de ombros.

—Os humanos são cheios de surpresas...

Voltaram a olhar Jack, que se a um segundo atrás parecia extasiado, agora agia de modo completamente diferente.  

—Meu Deus... Estou brilhando? Estou me tornando a Tinker Bell? Isso seria possível, eu me pergunto? –sorriu de repente.

Bell o que?

—Coisa de humanos, é o que eu sempre digo... Eles SEMPRE vem com essas esquisitices! –disse Malk.

—Esquisitices, é? Tipo o que? –perguntou Turk, curioso.

Então Jack ascendeu todo em luz dourada e desapareceu num flash. Houve um breve silêncio.

—Tipo isso aí.

 

*     *      *

Jan / 2016 – Rua Bannerman / SP –Brasil

—Anda Luke! Vem logo cara! –chamou Clyde, batendo mais uma vez na porta do quarto do amigo. Luke enfim, abriu a porta.

—Estou pronto. Desculpe o atraso. –falou.

—Não esquenta. –Clyde apoiou-se no amigo, enquanto caminhavam na direção da escada. -Quer apostar corrida até o carro da sua mãe? Sarah Jane e as garotas já estão nos esperando lá...

—Claro, só deixa eu... –Luke apalpou a mochila que trazia consigo: estava leve e vazia demais. –Puxa, eu esqueci uma coisa... Só um segundo! –e voltou correndo para dentro do quarto. Clyde revirou os olhos.

—Arrrrr! E lá vai ele de novo... –resmungou. –Que quê há, Luke? Tá demorando mais pra se arrumar do que a Rani e a Maria juntas!

—Já estou pronto agora –ele ressurgiu, fechando a porta às suas costas. –Acho que podemos ir.

Você acha? Tem certeza que não esqueceu mais nada? Sarah Jane não vai refazer o caminho caso você tiver esquecido algo...

—Não, eu tenho certeza desta vez. –conformou Luke, sorrindo. –Vamos! –e saiu correndo na frente, deixando Clyde para trás.

—Ei! Seu trapaceirozinho! Volte aqui! Essa não é uma corrida justa!

Naquele ritmo, logo alcançaram o carro de Sarah Jane, onde a própria jornalista, junto de Maria, Rani e Sky os aguardavam.

—Puxa, até que enfim, hein! –reclamou Rani, quando os garotos se juntaram a elas. –O que ficaram fazendo? Aparando suas barbas imaginárias?—brincou.

—Rá rá rá –Clyde fez uma careta para ela. –Nossa, a Rani é tão engraçada, me deixa até sem fôlego de tanto rir —ironizou, cínico, ao que Rani e Sky caíram na gargalhada.

—Por que vocês demoraram tanto? –perguntou Maria.

—Não sei. Foi o Luke que ficou enrolando... –disse Clyde. –Mais fácil perguntarem pra ele o que aconteceu.  

—Luke, está tudo bem com você? –perguntou Sarah Jane.

—Eu estou bem mãe. Eu juro. –Luke sorriu.

—Bem, então todos ponham os cintos de segurança... Nós vamos pra Paulista!

—Uuuuuuhuuuuul! –comemorou Clyde, ao que todos riram.

* * *

Mais tarde, lá estavam eles, caminhando na rua mais movimentada de toda SP: A Avenida Paulista. Sarah Jane deixou o carro estacionado dentro de um estacionamento –pois não seria prático ou mesmo inteligente largá-lo na rua –e todos foram se divertir. A Paulista era cheia de opções interessantes para passeios: livrarias, edifícios tombados, museus... Era tanta coisa pra se ver... Tantos prédios altos por todos os lados, te rodiando como gigantes imponentes, tantas exposições diferentes, tanto comércio variado, que eles ficaram até tontos logo a principio. O que iriam fazer primeiro? –porque certamente seria impossível ir a todos os lugares. Então... Teriam que escolher algum em especial, para começar. 

—Eu quero ir à Livraria! –disse Rani.

Clyde imediatamente se empertigou.

—Cê tá brincando? Tem uma Exposição de Desenhos feitos por artistas de todo o mundo ocorrendo no MASP! EU NÃO POSSO PERDER ESSA CHANCE!  -rebateu.

—Bem, só há um jeito de desempatarmos. Vamos fazer uma votação! –Sarah Jane propôs. -Quem é a favor de irmos à livraria primeiro?

Rani levantou a mão de imediato. Clyde cruzou os braços, descontente. O restante não se manifestou.

—Certo, um voto pra Rani. Agora, quem é a favor de irmos primeiro na Exposição de Desenhos que o Clyde tá doido pra ir?

Clyde levantou a mão. Sky levantou também. Só os dois mesmo.

—Ahá! Parece que eu ganhei! –comemorou Clyde. –Valeu Sky!

Rani revirou os olhos.

—Mas isso tá errado... Pra ser uma votação justa, todo mundo tinha que votar, mas a Maria e o Luke não deram a opinião deles! Nem você, Sarah.

—Hã... É realmente complicado decidir essas coisas... Eu prefiro mesmo ficar de juíza –disse Sarah Jane.

—Tudo bem. Então Maria e Luke vão precisar desempatar esse jogo –disse Rani.

Ah, por favor, desista Rani! Eu já tenho a Sky. Você só tem o seu próprio voto... Pra ganhar, você teria que convencer Maria e Luke a ficarem do seu lado, e eu SEI que o Luke vai me apoiar nessa, não vai amigão? -Clyde o puxou para perto.

—Hã... Eu... Não sei. Lamento. –disse Luke. –Não sei o que seria mais divertido fazer. Eu acho que tô confuso...

—Clyde! Ce não pode fazer isso... Tá deixando o pobre Luke nervoso –ela afastou-o de Clyde. –Não devemos pressionar as pessoas para fazerem suas escolhas. –ela sorriu incrivelmente para Luke. –Maaas, se o nosso garoto gênio escolher ir comigo à livraria, eu garanto que ele encontrará muitos livros incríveis para poder incrementar seus conhecimentos e se divertir... –ela ergueu uma sobrancelha. Luke sorriu.

—Aaaah! Então não podemos pressioná-lo, mas chantageá-lo continua no esquema, né Rani? –reclamou Clyde.

—Pára Clyde! Isso não foi chantagem!

Ah, nãããããão. Imagina. Foi só uma forma de tentar persuadi-lo a ficar do seu lado... Pelo menos a Sky se juntou a mim por vontade própria!

Ah, é!?

—É sim senhora!

Sky olhava de um para o outro, enquanto discutiam.

Aff —Maria revirou os olhos e se afastou. Contudo, seu olhar foi subitamente atraído para um cartaz de uma peça de teatro. Curiosa, ela caminhou em sentido deste e observou o título: O MÁGICO DE OZ.

—Oi Maria –Luke apareceu ao seu lado. Maria sorriu para ele.

—Oi! Conseguiu escapar dos dois lá atrás?

—Clyde e Rani estão tão absortos na discussão que nem perceberam. –disse. –O que está olhando?

—Um cartaz de uma peça.

Luke leu o título.

—O Mágico de Oz? –franziu a testa. –Nunca ouvi falar... De que se trata?

—Ah, é uma história extraordinária, com Mágicos, Bruxas boas e más e espantalhos falantes... Costuma ser a história preferida minha e da Luisa, quando éramos pequenas. A gente revezava em ser a Dorothy e Glinda, a Bruxa Boa do Sul... O Totó era um cachorrinho de pelúcia –ela disse, sorrindo com a lembrança. Luke sorriu também. Maria olhou pra ele. –Era mágico.

—Parece legal –comentou Sky, surgindo ao seu lado.

—O que parece legal? –Sarah Jane se aproximou também.

—A Maria estava me contando sobre a peça. Parece ser interessante –disse Luke. –Eu nunca fui ao teatro...

Sarah Jane sorriu.

—De fato –pôs a mão no ombro de Maria. –Bem, parece que já encontramos o passeio perfeito para hoje.

—Sério? –Maria disse, surpresa.

—Sério? –disseram Luke e Sky, empolgados.

—O que é sério? –perguntou Clyde, voltando-se para os companheiros, seguido de perto por Rani.

—Está decidido: Todos vamos ao teatro esta tarde! –anunciou Sarah Jane, para a incredulidade dos dois.

Mas Sarah Jane...—ambos começaram a falar ao mesmo tempo, até que Sarah ergueu um dedo, pedindo silêncio.

Calma lá, nós combinados que teríamos uma votação justa e aqui está ela: quatro contra dois. A maioria vence. –deu de ombros e se afastou, rumando na direção da bilheteria, levando Luke, Maria e Sky consigo. Clyde e Rani se encararam.

—Sério que o jogo virou contra nós?

—Você ainda tem dúvida? –disse Rani, descruzando os braços e deixando Clyde para trás. O rapaz bufou e seguiu-os.

Chegaram na bilheteria, onde encontraram uma mulher com cara de poucos amigos. Ela tinha os olhos puxados, cabelo preso em um coque rígido e ainda mascava chiclete.

—O que querem aqui? –perguntou, meio grosseira.

Sarah Jane franziu levemente a testa.

—Olá, bom dia... Nós viemos comprar ingressos para a sessão de hoje do Mágico de Oz, será que ainda teriam disponíveis?

—Depende –a mulher disse, surpreendendo-os.

—De que? –Sarah perguntou.

—Quem seria você? –perguntou.

—E isso importa? –Sarah interveio. –Eu só vim comprar ingressos...

—Mas eu acho que a conheço de algum lugar... –disse a mulher, apertando os olhinhos puxados. –Hum... Você é famosa?

—Bem... Mais ou menos. Eu sou jornalista.

—Ah! –o rosto da chinesa se iluminou de imediato, quase como se ela estivesse esperando por Sarah Jane para alegrar o seu dia. Foi estranho. –Você é Sarah Jane Smith! Eu sabia que a conhecia de algum lugar...

—Bom, sou eu mesma –Sarah sorriu. As crianças atrás dela se entreolharam, intrigadas com a reação da mulher da bilheteria, porém, irrelevaram toda sua atitude duvidosa quando ela lhes vendeu os tais ingressos, agora de bom grado.

—Aqui está o seu, querido –e entregou o de Luke, que era o último que faltava. O menino observou o ingresso, então voltou a estudar o rosto da mulher. Tinha alguma coisa errada nele... Mas Luke não sabia dizer o que era.

—Obrigada e até mais! –Sarah se despediu da mulher, que lhe pediu um autógrafo antes de liberá-los para entrarem no teatro. Assim que todos entraram, a bilheteira examinou a assinatura de Sarah, com um sorriso maligno.

Na mesma hora, ela pendurou uma plaquinha de “ingressos esgotados”, pra nem formar fila na entrada do teatro. Eles já tinham a pessoa que precisavam.

Assim que interditou sua cabine e fechou a cortininha que separava ela do público, a mulher acionou um botão escondido em sua pulseira, expandindo a conexão de um comunicador.

—Olá senhor... Sim! Sim! Estou com a assinatura. Sim, é ela mesma: Sarah Jane Smith. Okay... Podemos prosseguir com o plano então? Perfeito! —e desligou, sorrindo ainda mais horrivelmente. Devagar, tirou um quadro da parede, que ficava pendurado dentro de sua cabine de bilheteria, logo atrás dela. O quadro que tinha um dragão chinês, na verdade era só fachada mesmo, porque o que realmente importava estava escondido atrás dele: um grande botão alaranjado, que estava interligado diretamente com o interior do teatro fechado.

A chinesa esfregou as mãos compridas, de unhas enormes, ansiosa.

—Divirta-se vendo a peça, Sarah Jane Smith... Talvez até tenha uma surpresa!—e deu uma gargalhada de vilã.

* * *

—Fala sério... Quanto tempo mais isso vai demorar pra começar? –Clyde perguntou. –Eu já acabei até com a pipoca!

—Paciência Clyde... Apresentações costumam atrasar mesmo. É normal. –disse Sarah Jane, lendo um catálogo com outros nomes de peças em cartaz.

—Onde estão as outras pessoas? –perguntou Luke. –Tem mais cadeiras aqui do que as que ocupamos... Acho que isso significa que deveria ter mais gente também.

—Bem... Está meio escuro... Elas devem estar sentadas em poltronas distantes umas das outras. Talvez seja por isso que não conseguimos ver ninguém –disse Rani. –Ou talvez, o teatro esteja meio vazio...

—Meio vazio? Na exibição de uma peça incrível como essa? Só pode ser piada –disse Maria.

—Ora, nem todo mundo gosta da mesma coisa –disse Rani. –A história é importante pra você, assim como a livraria é pra mim e a exposição de arte é por Clyde. É perfeitamente normal... Pode acontecer da peça não ter atraído publico algum.

—Tá tão silencioso –comentou Sky. –Dá até medo... –ela se encolheu na poltrona ao lado de Luke, então esbarrou sem querer na mochila do irmão e viu alguma coisa acender dentro desta. Como resultado, a menina deu um gritinho de susto.

—O que foi Sky? –perguntou Sarah Jane, de prontidão.

—Tem alguma coisa acendendo dentro na mochila do Luke! –disse, abraçando a mãe. Sarah encarou o outro filho.

—Luke... O que você tem aí?

—Hum... Nada? –Luke tentou, sem sucesso. Sarah Jane balançou a cabeça.

—Ora, vamos... Me conte o que é que você tem aí.

—Bem... na verdade é um experimento –explicou. –Nós andamos mexendo e estudando uns componentes diferentes nas aulas de química... E eu fiquei fissurado por uns em especial. Então pensei em misturá-los e ver no que dava... O resultado foi uma solução que encolhe as coisas... Veja só –e abriu a mochila, tirando de dentro dela um K-9 duas vezes menor que o original. Sarah e os outros se espantaram.

—Oh, Luke! Mas... É o K-9! Ele está pequeno... –arfou Sarah, mal crendo em seus olhos. O garoto colocou-o nas mãos dela.

Olá ama Sarah Jane—saldou K-9, também com uma vozinha um pouquinho mais fina que a habitual.

Awwwn que fofo! –disse Sky, fazendo carinho nele.

—É mesmo! –sorriu Maria. –O K-9 está uma gracinha, Luke!

—Nossa... Ele parece um filhote –sorriu Rani.

—Que massa, Luke! –sorriu Clyde, animado, dando tapinhas incentivadores no ombro do amigo. –Olha, desculpa por te meter naquela enrascada mais cedo... Você não precisava ter que escolher lado nenhum. Você é nosso amigo... E um cara genial, garoto Luke! Pela madrugada... Olha só o que ele fez!

—Obrigado Clyde –agradeceu Luke, feliz. –E você, mãe? O que achou do meu experimento? –perguntou, entusiasmado. Sarah pensou em mil coisas que poderia dizer para encorajá-lo, porém, uma em especial falou mais alto do que todas:

Tem como reverter?—não teve jeito de esconder o nervosismo. –Opa! Hã... Desculpa Luke. Você foi brilhante, com certeza que foi!

—Da pra reverter sim –sorriu Luke. –Eu preparei um antídoto antes mesmo de testar neles...

—Ah, ainda bem –suspirou Sarah. Então arregalou os olhos. –Você disse “neles? Em quem mais você testou a solução?

—Bem –Luke tirou um notebook da mochila, com um sorriso divertido no rosto. –O sr. Smith se voluntariou logo a principio quando eu mencionei o experimento, e eu estava mesmo precisando de voluntários, então não pude deixar de aceitar sua ajuda. –assim que Luke abriu o note, as figuras geométricas que compunham a tela do sr. Smith apareceram, provando se tratar dele mesmo. A voz em seguida (desta vez nada modificada) foi a comprovação final:

Olá Sarah Jane. Está uma bela tarde, não concorda?

Sr. Smith!—Sarah olhou novamente boquiaberta para Luke, que ao mesmo tempo foi parabenizado pelos amigos.

 -Luke! Que incrível! Você fez o sr. Smith se tornar portátil! Genial!!!—disse Clyde, empolgado.

—Bem, pelo visto o sr. Smith e o K-9 vão poder sair mais com a gente de agora em diante –disse Rani.

Não!—Sarah os interrompeu. -Isso pode ser perigoso! O sr. Smith é um computador extraterrestre: Um Xylok. Ele não devia nunca sair da base... E se outros alienígenas o rastearem? Se isso acontecer, estaremos em maus lençóis –alertou.

—E dentro da base ele não estaria correndo o mesmo risco? –perguntou Maria.

—Na verdade não. O sótão é protegido contra qualquer tipo de rastreamento, sobretudo extraterreno. Em contrapartida, o mundo aqui fora é um perigo para a tecnologia avançada do sr. Smith... E do K-9 também! As pessoas não estão prontas para lidar com esse tipo de tecnologia, por isso eles devem permanecer sempre ocultos –ela disse em disparada. Então percebeu que o filho ficou chateado, e foi tentar compensar. –Luke... não fique assim. Você entende o que eu disse... Eu sei que entende. Eu não falei por mal, filho... É só que, tenho medo que algo aconteça à você e à Sky!

—Eu entendo, mãe –Luke assentiu. Ele falava a verdade. –Só acho que o sr. Smith e o K-9 mereçam férias de vez em quando, você não concorda? Eles vivem nos ajudando a proteger o planeta... E se nós tiramos um dia pra passear, porque eles também não deveriam poder fazer o mesmo?

Sarah Jane pensou um pouco no que o filho disse. Enquanto isso, K-9 moveu as orelhas, e sr. Smith piscou suas formas geométricas. Ela sabia que eles eram inteiramente tecnológicos, e que, por serem máquinas, dificilmente adeririam ao sentimentalismo... Mas mesmo assim, ela passou todos esses anos considerando-os sua única família... Não podia destratá-los assim! Inesperadamente, a jornalista sorriu largo.

—Okay então! Vocês venceram. Sr. Smith e K-9 vão tirar o dia de hoje para se divertirem com a gente –aderiu. As crianças comemoraram, e até o computador e o robô o fizeram, ao seu modo:

Obrigado, Sarah Jane, pela consideração.

Ficamos satisfeitos, ama!

—Bem, não há de que sr. Smith e K-9. Sentem e aproveitem a peça...

—Que a propósito, já devia ter começado, né...? –lembrou Clyde. –Quanto tempo de atraso?

Maria foi checar o relógio.

—Já faz meia hora.

—Isso não tá certo... Tem alguma coisa errada aqui –Sarah Jane sacou seu batom sônico. –Vamos descobrir o que é...

Enquanto ela escaneava o local, a mulher da bilheteria os observava através de uma abertura na parede, que era impossível de ser detectada no meio das pinturas que a compunham.

—Essa Sarah é esperta... Já estava na hora de usar seu dispositivo –sorriu a outra, maliciosa. –Porém, eu também tenho o meu brinquedinho aqui... E que a qualquer momento poderá ser disparado –murmurou para si mesma, alisando o botão alaranjado, até agora de utilidade desconhecida. –Hum... Ainda não está em potencia máxima para funcionar... Terei que atrasar um pouco as coisas –e encostou o dedo indicador na própria bochecha, pensando nas possibilidades. Até que seu rosto se iluminou de novo... de um jeito cruel. Sim! Era isso que Luke detectara em sua face, mas não soubera distinguir: crueldade. -E eu tenho a distração perfeita, bem aqui! -ela puxou uma alavanca na parede e as portas do teatro, até agora só encostadas, terminaram de se trancar por completo. As crianças perceberam.

—Sarah Jane? O que houve com a porta? –Rani, Clyde e Maria correram para tentar abri-la.

—Oh não! Está trancada! –arfou Maria.

—Quer dizer que a gente tá preso aqui? –disse Clyde, preocupado.

—Mãe, o que você fez? –perguntou Luke, referindo-se ao batom sônico.

—Eu não fiz nada, Luke! Estava apenas escaneando o salão do teatro... Não acionei a função “trancar portas”!

—Você tem certeza?

—Tenho!

—Mas se não foi você, então quem foi? –perguntou Sky.

Sarah ergueu a cabeça, desconfiada.

—É isso que eu gostaria de saber –e olhou diretamente na direção da abertura camuflada na parede, por onde a chinesa os espionava. A mulher recuou, interpretando aquilo como uma afronta. Na mesma hora, o botão laranja acendeu, mostrando estar pronto para ser usado. A bilheteira sorriu torto.

Até mais, Sarah Jane—e acionou o botão.

Instantaneamente, do lado de dentro do teatro, as luzes se acenderam e eles viram que realmente estavam sozinhos ali. Não havia mais ninguém na platéia, assim como provavelmente também não haveria peça alguma em cartaz. Sim... Agora eles tinham certeza absoluta: tudo não passava de uma armadilha!

—Mãe olha! O que é aquilo? –perguntou Luke. Sarah Jane o puxou para perto, assim como fez com Sky, e junto com eles, K-9 e Sr. Smith.

—É... Um Ciclone—arfou, atônita.

—Sarah Jane! –gritou Maria, aturdida, quando uma ventania os pegou desprevenidos, ficando mais forte a cada segundo.

Crianças! Saiam de perto da porta! Venham aqui!—Sarah gritou, sem soltar os filhos. Maria, Clyde e Rani correram e se juntaram à Sarah Jane, Luke e Sky. –Se abaixem! É a única forma de escapar e não serem levados pelo furacão!—ela disse, e todos obedeceram, ficando de bruços no chão, entre as poltronas fixas. O plano de Sarah era bom, mas o furacão prometia ficar mais e mais forte, e de repente, começou a arrancar as poltronas do lugar, aleatoriamente. Sky gritou quando isso começou a acontecer. Em breve não haveria mais onde se esconder. Assim que uma poltrona que os protegia era sugada pela ventania, eles engatinhavam para a próxima, em busca de abrigo, mas esta também se esvaia pouco depois... Estavam ficando sem tempo e sem opção.

—Quando disseram que era uma experiência inesquecível, eu não vou mentir: não esperava exatamente por isso!—exclamou Clyde. Por fim, olhou para baixo e percebeu uma coisa estranha envolver suas mãos: uma espécie de contorno dourado se formando. Com o susto que levou, ele ergueu-se bruscamente e foi arrastado pelo Ciclone.

—CLYDE! –Rani gritou, exasperada. E em seguida foi puxada também, após emanar a mesma luz dourada. O mesmo aconteceu com todos os outros. Sarah Jane e seus amigos desapareceram sem deixar vestígio. Nem mesmo K-9 e Sr. Smith ficaram para trás.

Ao acabar de capturar todos os presentes, o furacão se desfez, deixando o velho teatro em ruínas.

 

*     *      *

Jan / 2016 –Acampamento Meio-Sangue

Depois de trocar uma idéia com Sally Jackson –e a família matar brevemente a saudade –Atena e Poseidon foram embora. Quiron e o restante dos campistas retornou ao acampamento, conversando sobre a recente vitória da batalha contra o Minotauro. Com isso, Melissa, Annabeth e Grover seguiram Percy até seu chalé, que era um dos menos habitados –justamente por Poseidon não ter tido outros herdeiros meio-sangues além de Percy e Luisa. Desta forma, aquele seria um dos lugares mais tranqüilos onde poderiam se reunir pra trocar idéias sem serem interrompidos, ou mesmo espionados por ninguém.

—Bom, esse aqui é o meu chalé –apresentou Percy à Melissa. –Por favor, fique a vontade. –disse especialmente para ela, já que seus outros dois amigos já eram de “casa”, e rapidamente se mostraram como tal, pois foram imediatamente se sentando em qualquer lugar. Grover até mesmo pegou uma lata vazia de refrigerante e começou a mastigá-la. Pois é... Sátiros comiam coisas estranhas...

Melissa sentou-se numa espreguiçadeira, sem tirar os olhos do rapaz, mastigando metal.

Certo... Então –tentou recapitular. –O que faremos a seguir? Na certa não podemos ficar aqui parados...

—Não. Sem dúvida não podemos –concordou Percy, com as costas apoiadas contra uma coluna que mantinha o chalé de pé.

Melissa olhou para todos os presentes. Seus dois novos amigos e sua irmã, Annabeth. Todos pareciam refletir com a causa, mas ao mesmo tempo, faltava alguém para comandar, estruturar e bolar um plano digno. Melissa olhou pro lado e suspirou, ao se deparar com uma poltrona vazia. Onde será que o Doutor estava à uma hora dessas?

—Se bem que Atenas e Poseidon não pareceram muito confiantes sobre o paradeiro atual da irmã do Percy –lembrou Annabeth, prosseguindo com o raciocínio. –O que me deixa com um questionamento: Como poderemos sair para procurá-la, organizando uma busca e tudo mais, dependendo da gravidade da situação, se nem temos certeza de onde ela se encontra? Dentro desta hipótese, ela poderia estar em qualquer lugar, e isso não é animador.

Melissa endireitou a coluna, com as mãos presas entre as pernas cruzadas.

—Bom, tanto Poseidon quanto dona Sally garantiram que o último lugar em que a Lu esteve foi na tal escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Então, imagino que se tivéssemos que começar a procurar em algum lugar, teria que ser lá.

—Exato –concordou Percy, com uma expressão determinada no rosto. –Meu pai deixou bem claro pra nós que este foi o último local onde ela foi avistada... –fez uma pausa. -Mesmo que chegássemos lá e não a encontrássemos, pelo menos estaríamos mais próximos de alguma pista. Muito mais do que estamos agora, pelo menos... Pois ninguém some sem deixar vestígio algum. Não. Tem que haver algo ou alguém que comprove ou tenha visto alguma coisa, qualquer coisa, que seja útil o bastante para nos direcionar em nossa missão de salvamento... Sei lá, qualquer informação, por menor que seja, sem dúvida seria considerada bem vinda.

Melissa se ergueu do sofá, igualmente motivada:

—Sim! Então vamos fazer isso! Vamos até Hogwarts bancar os detetives... Caso encontrarmos algo que seja importante para nossa busca e, pensando mais positivo ainda: caso nos depararmos logo com um depoimento de alguém que nos soe como “a solução para esse mistério”, eu sugiro voltarmos e espalharmos a notícia para o Acampamento Meio-Sangue, deixando todos cientes do problema em questão. Com mais essa etapa concluída, então poderemos enviar equipes para nos auxiliar nas buscas, mas primeiro, precisamos ter certeza de onde ela possa estar.

—Ótima idéia Mel –Concordou Annabeth, levantando-se também e pondo a mão em seu ombro. –Você está se mostrando uma ilustre filha de Atena. Estou orgulhosa de tê-la como minha irmã.

—Obrigada –Méli sorriu satisfeita.

—Certo, mas como executaremos esse plano? Vamos sair escondidos numa missão secreta, só nós quatro? –perguntou Grover. Melissa o encarou. –Nem adianta me olhar feio... Eu sou o protetor do Percy. Aonde ele for, eu vou também.

—Ninguém está olhando feio –ela retorquiu.

—Ah é? E o que seu rosto está fazendo agora não é chamado de “olhar de estranheza”? –debochou o sátiro.

—Essa é minha expressão normal! –rebateu ela. Então caminhou pelo chalé, até alcançar um ponto de destaque, onde todos os olhares estariam sob ela. –Enfim... Sim. Acho que o plano será mesmo esse. Nós vamos sair de fininho, durante a noite ou sei lá... Na hora da sésta, e ir para Hogwarts... Onde quer que fique isso.

—Hã... Melissa? –Percy franziu a testa para ela.

—Sim?

—Você... Tá brilhando.

Sorriu.

—Ah! Eu sei... Vivo tendo esses momentos de Diva.

—Não, não. Eu... Estava me referindo a esse brilho sinistro e dourado ao seu redor –interpôs, fazendo-a hesitar.

—O que? -Melissa imediatamente foi conferir, olhando para baixo. Acabou por prender a respiração. Olhou de volta para os amigos: os rostos de Percy, Annabeth e Grover estavam extasiados. –O que está acontecendo comigo? –inesperadamente, o brilho se expandiu através da garota, envolvendo-a por inteiro com muito mais potência, fazendo com que os campistas desviassem os olhos, para não se cegarem.

Então subitamente o brilho cessou, e um silêncio mortal tomou o espaço, alcançando seus ouvidos. Quando Percy, Annabeth e Grover voltaram a abrir os olhos, Melissa havia sumido.

Mais o que foi isso!?—exclamou Percy. –Pra onde ela foi?

—Não sei –Annabeth estava perplexa. –Ela simplesmente sumiu... Bem diante dos nossos olhos.

—Gente que CHOCANTE! –Grover grunhiu, de uma forma cômica. –Essa garota sabe fazer mais algum truque?

—Ah, não... Isso não tá parecendo um truque –interpôs Percy, intrigado. –Se fosse mesmo um truque, ela possivelmente já teria reaparecido pra tirar onda com as nossas caras de besta –ressaltou. –Contudo, alguém mais percebeu a surpresa no rosto dela? Não sei vocês, mas me pareceu que ela foi pega tão de surpresa quanto nós...

—Mas então... Isso significa que ela está em perigo? –disse Annabeth, ficando preocupada. –Percy, isso é pior do que imaginávamos... Agora temos que procurar por sua irmã e minha irmã também!

—O círculo está se fechando –Percy disse, pensativo. –Seria possível que a mesma “coisa” que sumiu com o paradeiro da Luisa, teria pego Melissa também agora?

Annabeth e Grover prenderam a respiração, se entreolhando.

—Pessoal... Acho que teremos que cortar uma parte do plano –anunciou Percy, revirando a mochila em busca de alguma coisa. –Nós não vamos mais sair sozinhos para procurar por pistas; Hoje à noite, vamos informar o Acampamento todo dos recentes desaparecimentos... Enfatizaremos o fato delas também serem meio-sangues, e estarem precisando de ajuda. Então, assim convenceremos a todos e partiremos direto para uma missão atrás do paradeiro de nossas irmãs... –puxou uma caneta, aparentemente comum, e apertou um botão presente nesta, que a fez se transformar em uma magnífica espada: chamada Contra Corrente. –Bem, melhor vocês se aprontarem... Amanhã bem cedo, estaremos indo pra Hogwarts.

*      *      *


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Notas finais do capítulo

E aqui estamos! kkk

Jack Harkness, Sarah Jane e sua turma, além da Méli, que lógico, não podia ficar de fora, acabaram de se juntar ao grupo de desaparecidos!
Tãtãtããã!
kkk
O suspense continua no ar, eu sei, mas não se preocupem: vem coisa empolgante pela frente, eu garantoooo!! ;)

*Pra quem ficou meio perdidinho com as posições da Turma Who na minha versão da história, uma dica é dar um pulinho lá na pagina inicial da minha fic e ler o que eu escrevi lá no começo (notas da história/ autora) sobre o livro. Lá, eu estou explicando melhor algumas coisas que mudaram sobre a galera companhion, e talvez ajude vocês a se situarem melhor.

xx



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