Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 116
A cisma de Nik


Notas iniciais do capítulo

Olá!

:)



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—Ai, ai –Melissa suspirou. Tinha o sorriso mais largo da face da Terra. Sua cabeça girava, fora da órbita. A música *Cool for the summer –Demi Lovato tocava de plano de fundo, pelo celular dela. 

—É... –disse Harry, também sorridente. –Isso foi bom, não foi?

—Foi... –ela disse baixinho, sorrindo automaticamente. Seus dedos brincavam de “ligar os pontos” fazendo uma rota engraçada, por entre os dois mamilos de Harry, e mais uma pinta extra, um pouco abaixo de seu peito desnudo, que ele gostava de chamar de “terceiro mamilo”. –Foi simplesmente a experiência mais prazerosa que já tive nesta vida... E olha que já fiz muita coisa.

Harry riu. Uma mão atrás da cabeça, servindo de apoio; O olhar sereno, fixo no teto da sala-de-estar, já escurecida. Deviam ser mais de sete horas... Na real, eles não faziam idéia. Perderam completamente a noção do tempo. Mas também, quem é que ligava para o tempo agora? Eles tinham feito, juntos, uma coisa muito especial, e sentiam como se os relógios tivessem desacelerado, ou mesmo parado de funcionar. Naquele breu, que era a sala da casa de Melissa, só conseguiam ouvir a respiração tranqüila um do outro. Satisfeito, Harry espreguiçou-se, esticando-se de propósito na direção da garota, então, puxou-a para mais perto, colando seus corpos embaixo das cobertas.

Ambos se encontravam em cima do largo e macio tapete da sala; Almofadas estavam espalhadas por todos os lados e uma manta leve cobria seus corpos despidos. Melissa estava adorando se embolar com ele naquela bagunça... A bagunça dos dois.

Deleitada com as carícias de Harry em suas costas nuas, Melissa sorriu:

—Você já fez isso antes, não fez? –provocou. Harry ergueu as sobrancelhas.

O que você disse, amor?

Com uma expressão divertida no rosto, a garota ergueu-se, sentando de frente para ele. Instintivamente, enrolou parte da manta no corpo, ao fazê-lo.

—Perguntei se você já teve noites como esta com muitas outras meninas. Aquelas suas fãs enlouquecidas, talvez?

Harry ergueu-se sentado, também. Fitou-a sério, por uma fração de segundos, então deu uma gargalhada bem divertida ao se dar conta do que estava acontecendo. Melissa não gostou muito do rumo que as coisas levaram. 

Está com ciúme—Harry propôs, numa espécie de confirmação embutida.

Melissa ficou mordida. Sentiu o rosto esquentar. Odiava quando isso acontecia em público; Especialmente quando este público fosse um rapaz gato e imaturo.

Ciúme? Eu? Báh! Você não me conhece mesmo...—aborrecida, cruzou os braços, apertando a coberta contra o peito, o que, sem querer, acabou ressaltando sua comitiva de frente. Ao vê-la daquele jeito, Harry mordeu o lábio. Como não se apaixonar por aquela loirinha linda e brigona?

—Mel, não fique brava. Eu só estava... –ele tentou segurar sua mão, mas Melissa tirou-a rapidamente de seu alcance. Só de raiva, lançou-lhe um olhar indiferente. Contraditoriamente, aquilo deixou Harry ainda mais motivado a conseguir reconquistá-la. E, cá entre nós, ele sabia o jeito certo de fazer a coisa fluir. –Ham... Certo. Você venceu... –suspirou, fingindo derrota. –Eu já saí com outras garotas antes de você. Já fiz sexo com uma dezena de fãs... Uma mais bem dotada do que a outra... E, quando digo “bem dotada”, eu quero dizer... “Push!” -ele fez uma representação com as mãos, do que seriam dois peitos enormes e invisíveis. Melissa fez cara de pouco caso. -É verdade! Estou falando sério! Saiba que nós tivemos muitas aventuras sexuais, uma mais maluca do que a outra... Aventuras inesquecíveis, que fazem àquelas suas viagens com aquele Doutorzinho de meia tigela, parecerem uma verdadeira porcaria—prosseguiu, cheio de si. Melissa abriu um sorriso de “eu duvido muito” e ergueu uma sobrancelha para ele. Sem perder o ritmo, Harry prosseguiu: -E nem venha pensar, senhorita Melissa, que essa nossa primeira vez foi completamente inédita e única –naquele instante, ela se debruçou sobre ele para acender o abajur, e sorriu disfarçadamente, ao perceber uma desaceleração na fala do rapaz, quando seus seios roçaram no ombro dele. -... Hã... Eu, ah... Não foi nada inédito ou único! Especialmente inédito, pois, fique sabendo que Eu e as Minhas Gatas... É assim que eu as chamo; Fique sabendo que nós sempre damos uns amassos no sofá e nos agarramos no carpete da sala de suas casas... Sim! É um velho hobbie meu: Eu atraio garotinhas inocentes e transo com todas elas no carpete. Pois é, minha filha! Eu sou o maníaco da sala-de-estar!—inventou, alterando o tom de voz. Entrou tanto no personagem que até seus olhos esboçaram um brilho diferente. Queria muito ver a reação da garota perante aquela situação. Melissa, porém, não começou a surtar, nem quis bater nele (como era esperado acontecer). Na verdade, apenas fitou-o com descrença...

—Você é um tonto... –acabou sorrindo. –Eu sei que você está mentindo.

—Não estou mentindo! –ele continuou, cínico. –Porra, Melissa! Será que é difícil de entender? Este é o meu verdadeiro eu! Sou um cafajeste sem coração, acobertado por um estereótipo inocente de um cantor babaca de Boy Band! –atrevido, Harry se inclinou para frente e aproximou seu rosto do dela, com displicência no olhar. Quando ele falou, Melissa ficou rígida e procurou acima de tudo, não encará-lo. -Ficou surpresa, neném? Bem, agora você sabe a verdade sobre mim... E então? O que vai fazer a respeito, fofa?—cuspiu ele, propositalmente. Harry sabia que toda mulher odiava ser chamada de “fofa”. Estava gostando de brincar de testá-la. Melissa percebeu isto rapidamente, tanto que, sem mais nem menos, tomou uma atitude inesperada. Teatralmente, olhou-o com indignação (o que ele esperava que fizesse), então levantou-se, arrastando a coberta consigo (o que pegou-o completamente desprevenido e derrubou-o sentado). Tudo aconteceu muito rápido; Harry não assimilou a ordem dos fatos... Só soube que escorregara para trás, pois sentiu o baque com o traseiro. Também sentiu um fiozinho leve, desconfortável: o cobertor havia desaparecido. Atrapalhado, ergueu a cabeça à procura de Melissa... Foi encontrá-la parada ao lado do telefone... tirando o fone do gancho. Naquele instante, algo gelou dentro dele.

—ESPERE! –arregalou os olhos. De repente a brincadeira perdeu a graça. A pinta figurativa de machão foi parar no calcanhar. O medo real instalou-se, gritante, em seus olhos. Em meio a movimentos desengonçados, Harry apanhou suas calças pelo caminho e vestiu-as correndo, para enfim conter Melissa.

—Alô? É da polícia... –começou Melissa; Novamente, tudo aconteceu num piscar de olhos. Primeiro, Melissa estava ao telefone (fingindo estar falando com a polícia, só para baixar a bola do rapaz); depois, quando deu por si, estava pendurada no ombro forte de Harry, esperneando. –ME LARGA HARRY!

—Não largo –ele disse, em tom sensato. –Você está descontrolada. E pessoas descontroladas sempre são um perigo para a vida alheia.

Melissa fez uma careta. Deu pontapés no ar.

Harry Eduard Styles: Me põe no chão!—berrou ela, exaltada. 

Harry imobilizou suas pernas. Com um sorriso torto no rosto, deu-lhe palmadinhas descontraídas no traseiro. Melissa ficou P da vida com isso.

—Harry, pare de ser tonto... Harry! –revirou os olhos, de cabeça para baixo. Harry não respondia. Melissa só ouvia-o rir da nova brincadeira. Entediada, ela disse: -Pelo menos uma coisa era verdade naquele seu discursinho estúpido: Você é mesmo um cantor babaca de Boy Band!

Ignorando seu comentário, Harry sorriu e disse:

Você se rende?—perguntou, em tom de voz vantajoso. Melissa pensou um pouco no assunto.

—Se eu não me render, baterá com mais força? –sondou, sem compromisso. Pôde perceber Harry dar de ombros.

—Não sei. Não tinha pensado nisso... Na verdade, até que não é má idéia! –disse, atentado. E, desta vez, deu-lhe uma palmada de verdade.

Ai!—Melissa se espichou, tentando escapar. Harry segurou-se para não rir. Era obvio que ele não a machucaria. Nem seria capaz de fazê-lo. Só estava provocando-a. Ele divertia-se deveras com isso... Ao menos nesse quesito, os dois pareciam mesmo se merecer. –Porra, Harry! Pára com isso! Você não é minha mãe para me impor limites! –xingou ela, tornando a espernear. Em meio a isso, Harry teve uma idéia: apanhou um dos pés da garota, no ar e começou a bombardeá-lo com cócegas. A voz de Melissa passou de gritos à risos, em questão de instantes. -... pára Harry! ... Não! Nãão! ... Me deixa em paz!!!

—Não deixo! Nunca mais vou deixá-la em paz! -soltando uma risada gostosa, Harry começou a fazer cócegas em toda a parte exposta de seu corpo, até parar de frente para o maior sofá da sala e arremessá-la sob o estofado.

Melissa aterrissou toda descabelada, porém, ria sem parar, acompanhada por ele. A manta que a cobria saiu do lugar, deixando parte de seu corpo à mostra.

De repente, Harry pegou-se em silêncio, observando-a. Melissa ergueu uma das pernas, quase totalmente descoberta, literalmente enfiando o pé em sua cara, provocando-o. Harry riu, esboçando aquelas covinhas maravilhosas. Satisfeita, Melissa engatinhou sob o sofá, até alcançar o rapaz. Ficou de joelhos e puxou-o para mais perto, pelo passador de cinto da calça jeans.

—Por que você tem que ser tão estraga prazeres? –indagou, decepcionada, apalpando o tecido rígido de sua calça, com muita vontade de se livrar dela.

Harry pôs as mãos nos bolsos.

—Porque você fez uma pergunta infeliz, que a propósito, causou nosso primeiro desentendimento –disse, fingindo indiferença.

Melissa bufou, cansada daquele joguinho.

—Tá bom... Já aprendi minha lição: Não vou mais perguntar esse tipo de coisa. Isso acaba com o clima; Agora, será que dá pra parar de bobeira e voltar a ser o meu Harry gentil e amoroso de sempre?

Harry refletiu sobre o pedido. Fez pose de reflexão e tudo;

—Hum... Só se você deixar de ser a Melissa geniosa de sempre e me amar com todas as suas forças. –propôs.

Bom... –Melissa deu um sorrisinho pretensioso. Acabara de ser contrariada e rebaixada, em uma só noite, de general à mero soldadinho de chumbo. Contudo, aprendera uma lição com tudo isso: Harry sabia ser fofo e romântico, mas sabia ser um diabinho também, quando julgava ser preciso. Por isso mesmo (por serem tão parecidos), que Melissa engoliu o próprio ego e resolveu dar-lhe uma chance, e não fazer mais perguntinhas impertinentes dali por diante (principalmente se isso envolvesse o bem estar do casal), sobretudo, porque ela experimentou ficar brava com ele, e surpreendentemente (diferente do que sempre acontecia quando ela provocava o Doutor), não gostou nada do resultado. Talvez porque ela gostasse de Harry de outra forma. Num patamar mais elevado, do que simples e pura amizade...

Acima de tudo, Melissa percebeu que não ganharia nada arranjando sarna pra se coçar. Bem lá no fundo, ela sabia que só ficaria no lucro consigo mesma ao estar bem com a pessoa amada, e que isso deixaria o caminho livre para um monte de excitantes possibilidades: como por exemplo, mais uma rodada de brincadeirinhas ousadas e muito rale-rola. Com tantos incentivos formidáveis, seria fácil, até para alguém como ela, ceder às exigências do rapaz... Se é que “amá-lo com todas as forças” pudesse ser considerada uma exigência, em alguma parte do planeta.

Diante das atuais condições, Melissa envolveu-o em um abraço e lascou-lhe um beijo na boca. Harry retribuiu o beijo com paixão. Rapidamente, o calor os invadiu e a excitação também. Não teve jeito: novamente, os dois começaram uma busca obsessiva por se livrar de todos os panos que poderiam atrapalhá-los. Harry logo se livrou da manta que cobria Melissa, e sua calça teria o mesmo destino, assim que a garota conseguisse desabotoá-la... Todavia, nem teve tempo de concluir o serviço, pois, no momento seguinte, Nik entrou feito um foguete pela sala, latindo alto, e parou diante da porta de entrada, rosnando.

Por baixo de Harry, Melissa espichou a cabeça, intrigada. O rapaz rapidamente afastou-se dela e endireitou o corpo. Ficou evidente que aquela agitação toda deixou-o preocupado.

—Quieto Nik! Senta garoto... –disse Melissa, vestindo instantaneamente a blusa e o shorts. Por algum motivo, achou estranho a idéia de seu cão lhe ver pelada. Percebeu a mesma nota de inquietação vinda de Harry, que foi logo re-abotoando a camisa e enfiando os sapatos. Melissa assobiou para Nik mais uma vez, chamando sua atenção: –Nik! Pare já com isso! A porta é de madeira! Ela não é um alienígena disfarçado... Será que dá pra sossegar!?

Mas Nik continuava rosnando para a porta. De tempos em tempos, punha-se a unhá-la também, como se ela fosse sua inimiga numero um.

—Qual o problema dele? –perguntou Harry, finalmente.

—Ele parece estar de mal com a porta. Sei lá... Tolices de cachorro. –disse Melissa com a testa franzida. –Vem... Vamos continuar. –colando as mãos em sua nuca, Melissa trouxe o rosto de Harry de encontro ao seu, fazendo seus lábios se tocarem. Harry beijou-a, tentando ignorar a poluição sonora, porém, tinha os latidos estridentes de Nik ecoando dentro da cabeça.

Com isso, o beijo terminou mais cedo do que pretendia. Harry encarou Melissa, que o fitava com as sobrancelhas em V.

—Tem certeza de que o seu cachorro não precisa muito mesmo sair? Sabe... A natureza não costuma esperar.

Melissa se ajeitou no sofá.

—Não... Nik nunca rosna quando quer fazer xixi. Na verdade, não me lembro de ter visto Nik rosnar uma vez sequer, para a porta.

Harry tornou a observar Nik, a distancia.

—Ele parece extremamente inquieto.

Melissa ajeitou os cabelos e umedeceu o lábio.

E eu também—admitiu, fazendo Harry buscar por seus olhos no mesmo instante. –É que... Eu não sei o que há comigo... Sabe, a gente fez amor hoje, –ela fitou-o com paixão. –e foi o máximo! Acredite: Sem dúvida a melhor noite da minha vida. –desviou o olhar, apertando as juntas dos dedos, ansiosa. -Só que, sabe como é, eu não... Queria que acabasse assim tão cedo. –e tornou a contemplá-lo, meio deslocada. –Entende? Eu não sei porque, mas... Eu ainda não me sinto satisfeita!—falou, intrigada consigo mesma. Foi à vez de Harry umedecer os lábios. Dava para ver o desejo retornando aos seus olhos conforme assimilava a informação... Ele queria uma segunda rodada tanto quanto ela. Bem, e o que os impedia? Se os dois queriam a mesma coisa...

Harry segurou o rosto da garota, com ternura.

—Eu entendo você. Também estou louco de vontade de fazer amor de novo –disse, com ar divertido. Uma marquinha de expressão formando-se em sua bochecha. –Mas... Agora não me parece uma boa hora. Quero dizer: Nik está uivando, nós estamos vestidos... Percebe? Não há clima.

—Hum... Você tem toda razão. Foi besteira minha...—sentindo-se uma verdadeira idiota, Melissa já ia se levantar, quando Harry segurou-a, tomou-a em seus braços e tornou a beijá-la ardentemente. Aquilo reacendeu a chama que os conectava. Contudo, as carícias e os beijos que normalmente eram ternos e calorosos, passaram a acontecer com muito mais urgência. Como se o tempo deles estivesse se esgotando; Ao menos, era essa a constante impressão que os latidos de Nik passavam.

Em meio aquela confusão de sentidos e pensamentos, Harry e Melissa cultivaram uma excitação crescente, como se o perigo os motivasse a irem mais fundo, juntos.

Até que então, Nik finalmente parou de latir, e tornou a procurar por sua dona. Já fazia algum tempo que Melissa parara de chamar sua atenção; Até então, ele não se incomodara com seu silêncio. Porém, agora que parou para entender o motivo daquilo, e reparou que ninguém estava prestando atenção nele, a coisa mudara completamente de figura.

Num piscar de olhos, Nik saltou na direção do casal, em plenos amassos. Harry e Melissa estavam tão concentrados um no outro que nem perceberam. Curiosamente, agora eles só ouviam a sinfonia de seus próprios sons. Sem se dar conta de que Nik estava perto deles, Harry mudou a investida, e alisou uma das pernas da garota, impulsionando-a para cima, onde Melissa a encaixou sem problemas, contra sua coxa direita. Muito satisfeito, Harry tornou a deslizar os dedos por aquela perna macia e feminina, só que desta vez, fazendo o caminho inverso. Parou na curva da nádega esquerda da garota e ficou lá, alisando-a por cima do shorts. Melissa adorava quando ele contornava suas curvas... Estava na esquina da dimensão do prazer, completamente absorta de tudo, quando ouviu Harry gemer. Só que desta vez, o gemido não foi o costumeiro... Também ocorrera cedo demais; Algo ali estava errado.

Ai!

Melissa abriu os olhos, sem entender. Sentou-se, confusa, então deparou-se com Harry massageando a mão. Sua testa estava franzida. Seu rosto se contorcia numa careta de dor... Ainda sem entender muito bem o que havia se passado, Melissa foi surpreendida por Nik, que pulou no sofá entre ela e o rapaz, e recomeçou a rosnar, então de repente, tudo fez sentido.

—NIK! Você MORDEU ELE!? –exclamou, incrédula, afastando-o de Harry. –Seu cachorro maluco... Harry e eu só estávamos demonstrando o quanto gostamos um do outro! Estávamos compartilhando sentimentos... Estávamos no ápice do amor... Estávamos transando, Nik! Na há como deixar as coisas mais claras para você compreender... –ela segurou o animal, fazendo com que ele olhasse bem fundo em seus olhos. –Você entendeu o que eu disse?

Nik ofegava com a língua para fora. Abanava o rabo, deveras feliz por Melissa estar prestes a coçar suas orelhas. Ou pelo menos, foi isso que pensou que ela faria.

—Não sei não, Mel, mas acho que essa não é a melhor hora para explicar ao seu cão sobre a função do sexo na sociedade humana –disse Harry, ainda desconfortável com o ardor da mão. Aquilo trouxe Melissa de volta às prioridades.

—Opa, tem razão! Falamos disso depois –e lançou um último olhar severo ao cão, antes de dispensá-lo. –E você, “das pintinhas”... Não saia da cidade! —advertiu, então soltou Nik, que correu desembestado para longe, parecendo um bobo alegre. Melissa, contudo, voltou sua atenção total para o rapaz ao seu lado: -Harry... Posso dar uma olhadinha nessa sua ferida? –pediu. Harry estendeu-lhe a mão, sem receio. –Foi mal. O Nik não costuma ser assim... Sabe aquele papo sobre os animais não saberem a força que têm? Bem, Nik não sabe a hora de parar de brincar, e às vezes acaba passando um pouquinho do ponto, especialmente com estranhos, isso é, gente que ele não está acostumado a reconhecer o cheiro.—explicou, naturalmente. –Eu sei lá... Às vezes acho que ele pensa que o corpo das pessoas é de borracha, igual ao seu osso favorito de morder. Sinceramente, não entendo o que aconteceu... Parece que ele teve uma recaída. Faz anos que não age assim. Sabe, ele costumava ter crises de ciúme quando filhote, e fazia desaforo para as visitas, mas nós corrigimos esse mau-hábito antes que se tornasse crônico...

Harry esfregou o queixo, com a mão boa, refletindo.  

—Bem, talvez ele esteja com ciúmes de você agora –sugeriu Harry, baseado nas informações que acabara de filtrar. –Só me atacou porque eu toquei em você. Talvez pensasse que eu a estivesse machucando, sei lá... Cachorros costumam ser companheiros leais. Não quero que você o culpe por tê-la defendido. Acredito eu, ele não sabia que você estava gostando...

Ainda com os olhos fixos na mão de Harry, Melissa deu um sorrisinho, concordando com seu argumento.

Pronto. Já terminei aqui –anunciou, soltando a mão de Harry. –Considere-se com sorte: Os dentes dele pegaram só de raspão na sua pele. Pode estar doendo um pouco, mas isso é passageiro. Fique tranqüilo, você não vai ter de amputar a mão nem nada... Só vamos passar um spray para evitar que a ferida infeccione, e logo ela estará novinha em folha. –Melissa lançou-lhe um sorrisinho consolador. –Relaxa... Você vai ficar bem.

Harry fitou-a, curioso.

—Ei, você falou como uma médica.

Melissa ergueu as sobrancelhas, ao se dar conta disso.

—Foi mesmo, não é? Que estranho...

—Você parece ter jeito pra coisa... Já pensou em trabalhar com isso?

—Eu? Sendo médica? Não, muito obrigada. Acho que o mundo não precisa de mais uma louca segurando um bisturi. –negou ela, rapidamente. Harry sorriu largo.

Foi só uma idéia—esclareceu. –De qualquer forma, eu acho você bem capacitada... Poderia ser minha enfermeira particular.

Instantaneamente, Melissa fez cara de danada.

—Uuuh! Você deseja contratar uma enfermeira?

Harry encaixou sua mão boa na nuca dela, e sorrindo torto, ao trazer aquele rostinho delicado par aperto do seu.

—Só se for você a cuidar de mim.

Melissa mordeu o lábio, fantasiando coisas ao olhar para a boca dele.

—Muito bem, então chegue mais perto... Deixe-me ver melhor o seu diagnóstico.

Os olhos de Harry cintilaram.

Só se for agora. E com muita, muita satisfação –brincou, dando-lhe outro beijo caloroso. Melissa retribuiu, mas, apesar da tentação, logo deu um jeito de escapar dos braços quentes de Harry. Inicialmente, o rapaz pareceu confuso quando ela se levantou e começou a andar pela casa. –O que foi? Nós não concordamos em brincar mais um pouquinho?

Melissa não soube o porque, mas achou graça ao ouvir o verbo “brincar” empregado daquele jeito.

Eu sei... Agüenta aí só um segundo; É que eu preciso ir buscar o seu remédio... Ou você espera que eu ainda me lembre do spray depois da nossa pequena diversãosinha?

Cheque Mate—assumiu Harry, deixando que ela fosse. Ainda rindo, Melissa se afastou. Nik a viu passar e saiu correndo atrás dela.

Chegando à cozinha, a garota abriu o armário e pegou o tal spray. Ao fechar a porta, encontrou em seu campo de visão a figura de Nik, sentado, observando fixo a porta da cozinha, e rosnando para ela. Melissa estranhou de novo aquela obsessão dele por portas. Nik não era assim. Em geral, era bastante alegre e saltitante; Nunca ficara encasquetado com coisas bobas como portas e vasos. Porém, de um momento para o outro, as portas da casa pareciam ser sua única fixação.

—Nik? Nicolas, olhe pra mim! –Melissa chamou-o. O cão nem piscava. Parecia um Dálmata de porcelana, igual àqueles enfeites usados na casa de pessoas ricas. Só que os enfeites costumavam ser mais simpáticos e não rosnavam para objetos inanimados... –NICOLAS! EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ! –gritou Melissa, cada vez mais consternada com a postura do cão. –Nik... –ela ajoelhou do seu lado. Com cautela, estendeu a mão para tocá-lo. O cão tinha os pelos curtos e pintados das costas, eriçados, como um gato bravo. –Nik, me escuta –sussurrou; a voz trêmula. –Nem adianta bancar o cão desentendido porque eu sei que você consegue me entender... O Doutor provou isso quando fez você falar. Você Lembra? Se lembra daquele dia? Você falou comigo... Nós trocamos várias idéias... Aumentamos nosso vínculo.

Nas pontas dos pés, Harry chegou à cozinha. Fora atraído pelo berro de Melissa. Em silêncio, permaneceu parado ao lado do batente da porta. A atenção toda voltada para Nik.

Desesperada, Melissa desabafou:

O que há com você, Nik? Por que está tão cismado com tudo? Você é meu amigo... Sempre foi, desde que eu era criança... –uma lágrima escorreu do canto de seu olho. –O que está acontecendo com você? Está doente? Por que atacou Harry daquela maneira, e por que você está rosnando sem parar a noite toda?

Melissa, olha—Harry apontou para o Dálmata, atento à sua postura. –Nik já fez isso antes, lá na sala: Ele rosnou para a porta. E por sua vez, de novo aqui está ele: repetindo o gesto. Curioso... Não te parece que ele está constantemente querendo nos dizer alguma coisa?

Naquele momento, Melissa enxergou tudo diferente, como se uma venda tivesse sido finalmente tirada da frente de seus olhos.

—Nik... É isso?—perguntou, abraçando-o. -Você está tentando nos dizer alguma coisa? Foi por isso que mordeu a mão do Harry aquela hora?

Melissa e Harry se entreolharam. Harry encarou as marcas em sua mão.

—Ele não me mordeu por ciúme ou raiva. Nik já estava latindo para a porta quando tornamos a nos beijar... Ele queria nos avisar de algo. Por isso me mordeu. Queria chamar nossa atenção para alguma coisa...

—Mas o que seria? –Melissa gemeu. –O quê deixaria Nik tão nervoso...

—As portas –Harry disse, de repente. –As portas são a entrada de uma casa...

Melissa arregalou os olhos.

—Significa que alguém vai chegar –pôs-se de pé, inquieta. -Alguém está vindo pra cá... Alguém que evidentemente faz Nik ficar alvoroçado, não pode ser boa coisa.

Harry estalou os dedos.

—Vamos fechar as portas! Talvez ainda haja temp...

BUM!


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Notas finais do capítulo

Demi Lovato mais uma vez ajudando a representar a Méli *-* (de Diva para Diva kkk)

Ai ai ai... o que será que aconteceu? O Nik tava agindo tão estranho né? E esse final com tom de suspense...? Gizelle você quer matar todo mundo do coração!?

Evidentemente que não kkk Porém, um suspensezinho de vez em quando até que é COOL!

Mas não se preocupem, logo logo chega domingo, e enfim virá a revelação! Aguardem! kkk

bjs



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