Você é Jon – Jon Snow, na verdade, e o título cínico precisa estar completo –, embora ainda não esteja de fato certo do que esse nome simples e quase pouco importante significa, ou mesmo se ele significa mesmo algo.

Paira na incerteza de ser um menino herói com toda a facilidade do mundo para alguém que tem catorze anos ou se afoga sem hesitar tanto em fardos pesados demais para as costas ainda tão novas e fracas. Você é o modelo do mentiroso mais honesto que existe, do homem bom mais impiedoso que já respirou, e essa não é a parte mais chocante.

O fato que mais surpreende sobre sua história curta demais é: vive – respira, age, escolhe, se desespera; tudo o que está implicado na palavra – até que não vive mais.

Eles usam facas e cortam seu idealismo quase egoísta e infantil, deixando apenas negros trapos ensanguentados na neve insuportavelmente pálida e fria. Não matam, no entanto, o nome Jon Snow, que soa pesado e de um algum modo irreverente, quase como uma maldição. Sua sombra ainda está por aí, enfim, nas memórias de quem conheceu a cópia em carbono de um homem que não podia ser de fato copiado.