Inveja escrita por anabfernandes8


Capítulo 31
Preocupações


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, como vocês estão? Espero que bem, na medida do possível diante da situação que estamos passando. Eu escrevi essa capítulo para ser mais levinho, ele vai ser importante para o rumo da história e algumas decisões foram tomadas nele, mas é pra ter uma vibe mais de filler. E espero que vocês gostem. Uma boa leitura a todos!



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Se Sai dissesse que havia conseguido pregar os olhos, ele estaria mentindo. Passou a noite inteira acordado, os olhos grudados no teto do quarto, enquanto tudo e nada passavam pela sua mente. A missão era a última das suas preocupações, mesmo que devesse ser a primeira. Em alguns momentos, ele dizia a sua mente para parar de pensar naquilo e tentava fechar os olhos para dormir, porém, quando menos esperava, lá estava ele novamente encarando o teto enquanto tentava pensar em soluções para os seus problemas.

Quando o relógio tocou, às 04:00 da manhã, cerca de uma hora e meia antes do nascer do sol, ele levantou-se sem mais esforços. Tomou banho, fez uma refeição leve e aproximadamente trinta minutos depois ele já estava acompanhado de seu time esperando a chegada do grupo que iriam escoltar. Sakura estava silenciosa, o que era típico dela quando se encontravam cedo daquele jeito. Ela não parecia irritada, na verdade sua expressão estava boa, porém dava para ver que ela não havia dormido muito, então seu humor poderia se alterar em questão de segundos.

Yamato olhava ao redor, esperando qualquer movimento que indicasse que o grupo estava vindo ao encontro deles. Seu semblante era tranquilo, como sempre. Naruto, normalmente um poço de alegria, praticamente dormia em pé. Estava claro que não havia sido uma boa ideia tomar algumas doses de saquê na noite anterior, pois isso acabou influenciando em seu sono durante a madrugada, deixando-o naquele estado.

O grupo que eles esperavam não demorou a chegar e o time descobriu que a pessoa que eles deviam proteger era o patriarca de um clã importante no País da Terra e o pedido de escolta havia sido feito pela própria Tsuchikage ao Hokage da Vila da Folha. Três pessoas o acompanhavam, então, ao total, a equipe era formada por oito pessoas. O time Yamato se organizou na formação proposta pelo sensei e partiram da vila antes que o sol nascesse, como previamente marcado.

Yamato era o primeiro da fila, liderando o grupo. Naruto estava atrás e em seguida estavam as quatro pessoas escoltadas, protegidas no meio da formação. Sai e Sakura ficaram responsáveis pela retaguarda. Eles caminharam em um ritmo estável; como os membros do país da Terra não eram ninjas, eles combinaram de fazer o caminho andando e, por isso, demorariam um pouco mais para chegar ao destino.

Sakura observou Sai enquanto caminhavam. Ele parecia distraído e quieto e aquilo chamou sua atenção. Quer dizer, era difícil dizer quando o amigo estava feliz ou triste, pois ele sempre tinha aquela mesma expressão esquisita em seu rosto e não era de falar muito, então ela poderia estar só imaginando coisas devido a culpa em seu peito.

Desde o dia do incidente com Naruto na casa de Sasuke que ela não conseguia parar de pensar naquilo. Sentia-se egoísta e uma péssima amiga, atualmente não sabia mais nada sobre a vida de seus companheiros mais próximos. Não que Naruto, Sai e ela fossem confidentes um do outro, mas esteve tão focada em seguir sua própria vida que nem ao menos sabia como se portar caso eles precisassem dela. Por Kami, ela nem sabia quando eles precisavam conversar com um amigo.

Ver o Uzumaki com raiva foi a gota d’água. Quando exatamente Naruto começou a se importar com aquele tipo de coisa? Estavam juntos todos os dias, mas os companheiros pareciam estranhos. E Sai, que de repente havia começado a namorar com Sasuke e ela nem ao menos sabia em que momento eles haviam parado de se odiar e começado a gostar um do outro? Com tais preocupações em mentes, ela coçou a garganta, chamando a atenção do moreno.

“Você está bem?” Sakura soltou, sua voz um pouco mais baixa que o normal, quase tímida. Era estranho iniciar aquela conversa. Tudo em seu ser parecia gritar para que ela simplesmente desistisse daquela ideia, mas ela não poderia. Odiou aquele sentimento de culpa que tomou seu coração algumas noites atrás.

Sai lançou um olhar curioso em sua direção, distraindo-se dos pensamentos tortuosos diante da fala da amiga.

“Sim... por que está perguntando sobre isso?” Será que ele estava deixando transparecer sua preocupação a ponto de ser óbvio? Não era como se estivesse tentando esconder que algo estava errado, até porque naquele ponto nem conseguiria, mas Sakura não era o tipo de pessoa que lhe faria uma pergunta como aquela.

A kunoichi suspirou, desanimada, e encarou os dedos. Um minuto inteiro se passou antes que ela estivesse pronta para falar novamente.

“Eu me sinto uma merda.” O Shimura arregalou os olhos levemente, não esperando aquele tipo de reação. “Desde aquele dia com o Naruto eu venho pensando... acho que sou uma amiga ruim. Eu pensei em pedir para você falar com ele... e depois eu me toquei de que eu mesma deveria ter ido. Eu não sei quando eu me tornei essa pateta.”

“Eu...” O moreno começou, mas não sabia o que dizer. Definitivamente não esperava aquele comportamento da Haruno. Ela não era uma amiga ruim por não ter interesse em saber a confusão que era sua vida. Às vezes ele mesmo gostaria de fugir de si mesmo por uns dias.

“Eu me sinto culpada por não ter estado lá quando ele mais precisou de mim. E o Kiba-san chamou o Sasuke... o que ele tem a ver com tudo isso?” Era uma péssima hora para sentir raiva da situação, mas não pode controlar. Sua insatisfação não era exatamente direcionada ao Uchiha, mas que diabos? “Enfim... o que eu estou querendo dizer... é que eu refleti sobre o assunto e eu não quero que vocês pensem que eu não ligo para o que acontece em suas vidas. Eu quero saber. Quero ajudar. E eu estou aqui para o caso de você querer conversar.”

Sakura tomou coragem para olhá-lo nos olhos ao final da fala. Mesmo com o teor sério do assunto, ela quis rir com a cara de pasmo de Sai. Com certeza ele não estava esperando por aqui. E nem ela, na verdade. Achou que não fosse conseguir falar. Mas foi bom ter colocado aquilo para fora, sentia-se menos aflita agora.

“Você não é uma amiga ruim... e tudo bem você não querer se envolver em certas coisas.” No fundo, o moreno agradecia pela Haruno não ser tão enxerida como TenTen. Ele iria enlouquecer se tivesse que lidar com a Mitsashi, seu interrogatórios e seus olhares intensos todos os dias. “Eu também me sinto mal por não ter conseguido estar com o Naruto naquele dia... mas acho que o Sasuke fez um bom trabalho.”

“Eu sei e isso me deixa ainda mais irritada.” O que quer que os dois tivessem conversado, no outro dia o Uzumaki estava totalmente bem, como se nada tivesse acontecido. E isso era bom, mas não queria dizer que a kunoichi se sentia menos frustrada.

Sai sorriu, porque ele entendia aquele sentimento. Deixando o ciúme de lado, ele se sentia um pouco curioso sobre qual havia sido a conversa entre os dois eternos rivais.

“Olha... tem acontecido tanta coisa. Eu nem sei por onde começar.” O Shimura não era do tipo que dividia o que se passava em sua mente com outras pessoas, mas, naquele caso especial, ele precisava muito de algum conselho ou ajuda porque, não importa o quanto ele pensava, nada surgia. Na verdade, a única coisa que surgia eram mais preocupações. “A TenTen-san me pediu ajuda para organizar o aniversário do Sasuke.”

Sakura arregalou as sobrancelhas levemente.

“Eu achei que ela tivesse dito que nada ia acontecer.” Sai riu, não era possível que a companheira havia comprado a história de TenTen. Quer dizer, talvez porque ultimamente passava tanto tempo com a morena que havia passado a conhecê-la melhor. Ou talvez porque sabia a verdade antes, então não havia chances de acreditar na atuação dela.

“Nunca teve a menor chance dela ignorar algo assim.”

“É uma surpresa? O Sasuke vai odiar.” O ninja suspirou perante a fala da kunoichi. O Uchiha não ia gostar nada daquela ideia, nem precisaria ser íntimo dele para saber daquilo.

“Eu sei, certo?” Mesmo assim, iria acontecer. Mesmo que existisse uma chance de Sasuke odiá-lo depois daquilo, uma pequena parte de si (que estava crescendo quanto mais pensava na ideia) queria organizar algo especial para o aniversário. Era uma data comemorativa festiva e a primeira deles. Juntos. Sentia-se um idiota por estar colocando tantas expectativas em algo tão banal. “E tem o presente.”

“Você parece desanimado.” Sakura comentou, sentindo-se mais aliviada em ver Sai compartilhando suas frustrações. Ela também não estava em posição de ajudar muito naquela situação, mas esperava que só o fato de estar ali, ouvindo-o, já estivesse servindo de auxílio. “Por que não pinta alguma coisa para ele? Você é bom nisso, vai tornar o presente simbólico.”

O moreno pensou na takô que fez para Reiwa e entregou no dia anterior. Entregar novamente uma pintura sua era adequado? Parecia repetitivo, como se ele não pudesse dar nada que não fosse sua criação artística. Mas também não tinha outra ideia. De qualquer forma, ainda tinha algum tempo para pensar no assunto.

“Eu posso te ajudar a pensar em algo, mas não sei se posso ser de grande ajuda.” Disse a Haruno, prestativa e Sai apenas acenou, suspirando em seguida. Sakura não era uma amiga ruim, mas naquele momento se sentia frustrado por ela ter acrescentado ainda mais perguntas a sua já longa lista, enquanto a página de respostas ainda continuava em branco.

***

Sasuke levantou-se ao ouvir uma batida na porta. Ele não estava esperando ninguém, mas seus amigos nunca precisaram de um convite para visitar sua casa; na verdade eles mesmos se convidavam e simplesmente apareciam quando queriam. Era seu dia de folga e estava brincando com Reiwa na sala, cada um com uma folha de papel pois a criança queria desenhar.

O moreno abriu a porta e não se surpreendeu ao ver TenTen a sua frente com um sorriso enorme, enquanto a kunoichi segurava duas sacolas cheias na altura do rosto.

“Eu trouxe o almoço!” Exclamou ela, animada, adentrando a casa sem esperar um convite formal do dono da casa. Retirou os sapatos rapidamente e apressou-se para ir a sala. “Bom dia, Reiwa-kun. Trouxe a comida, você está com fome?”

Sasuke voltou para a sala a tempo de ver o filho colocar os papeis com os desenhos de lado e aproximar-se para ver o que havia dentro da sacola. O Uchiha mais velho juntou-se a eles, sentando-se no chão. Não podia mentir que achou bem conveniente que a morena havia aparecido com o almoço pois significava que ele não precisaria preparar nada. Claro que ela nunca apareceria em sua casa sem segundas intenções. Provavelmente havia aparecido com algo em mente. Era uma questão de tempo até que ela revelasse suas verdadeiras intenções.

Os três comeram calmamente, em silêncio por um instante. Reiwa aprendia as coisas rapidamente, então ele já conseguia segurar os hashis sem precisar de ajuda e não fazia bagunça ao comer sopa. Era fácil esquecer que ele era apenas uma criança naqueles momentos.

“Quando você acha que o Sai-san vai voltar?” Perguntou TenTen, como quem não quer nada, porém com dificuldade para esconder a curiosidade em seu tom de voz. A equipe de Yamato havia saído em missão no dia anterior e até o momento não haviam tido nenhuma notícia deles. Mesmo sendo dia de folga, ela enlouqueceria se tivesse que ficar em casa com seus próprios pensamentos.

O aniversário de Sasuke estava cada vez mais perto e, apesar de ter algumas ideias, era péssimo pensar nelas sozinha. Pensou em contar para Lee e Gai e pedir a ajuda deles, mas de nenhuma forma aqueles dois fofoqueiros seriam capazes de guardar segredo sobre algo. Uma vez, ela estava organizando uma festa surpresa para Neji e, na primeira vez em que os dois sobrancelhudos viram o Hyuuga após ela contar sobre sua ideia, eles não foram capazes de segurar o riso quando o viram, denunciando suas intenções. Então, sim, se ela queria que tudo desse certo, deveria ser uma surpresa para eles também.

Por isso foi atrás de um novo companheiro.  Mas não contava que o destino (ou o Hokage-sama) estragaria seus planos mandando-o para ficar longe por tempo indeterminado. Parecia uma tortura sem fim.

“Não sei, mas não deve demorar muito já que é uma missão simples.” Sasuke se lembrava de Sakura comentando que a duração da missão provavelmente seria de cinco dias, se não tivessem nenhum imprevisto, mas se dissesse o tempo para TenTen com exatidão, pareceria que estava contando e ela não pararia de falar daquilo por um tempo. E ele realmente não se importava sobre aquilo.

“Você não está preocupado? Já está com saudades?” O Uchiha levantou os olhos para ela, na intenção de que seu olhar transmitisse seu ceticismo. Só a companheira de time seria capaz de vir com aquele tipo de conversa para cima dela. Na verdade, ele se sentia um pouco aliviado que Sai estava longe, assim aquela sensação de pensar antes de agir ou falar sumiria por um tempo. Ainda precisava se acostumar com tudo aquilo.

Mesmo que sua vontade fosse de não responder àquela provocação, ele sabia que havia sido pelo sorriso que ameaçava escapar da boca da morena, falou de forma simples.

“Não é uma missão perigosa, então não há com o que se preocupar.”

“E sobre a saudade?” TenTen riu alto quando o amigo lhe lançou um olhar mais intenso. Ela continuou sorrindo, sentindo-se mais leve. Sasuke fazia com que ela se sentisse à vontade, apesar do seu jeito ranzinza e é por isso que ela se sentia confortável em provocá-lo. Na verdade, adorava fazer aquilo, só para ver aquela expressão engraçada no rosto dele. “Tudo bem, estou só brincando. Só queria puxar assunto.”

Sasuke deu de ombros, nada poderia controlar a Mitsashi. Ele tomou a tigela a sua frente em mãos e tomou o resto da sopa. Também tendo terminado sua refeição, Reiwa levantou-se, animado, e saiu correndo para o quarto, sob o olhar dos dois adultos. Ele voltou com um objeto grande nas mãos, aproximando-se da mesa, eufórico.

“Agora podemos brincar lá fora?” A criança perguntou, os olhos brilhando de empolgação. Assim que Sasuke mostrou-lhe o presente de Sai, no dia anterior, foi quase impossível contê-lo. Reiwa queria ficar o tempo todo do lado de fora vendo a pipa se movendo no ar. Mas isso não era possível, pois o vento só soprava o suficiente para manter o objeto no ar na parte da tarde. E isso fez com que aquele se tornasse o horário preferido do dia para o garoto.

“Vamos lá.” O mais velho juntou as embalagens de comida – TenTen também já havia terminado sua refeição – e levou-as para o lixo.

“O que é isso?” A Mitsashi se aproximou da criança, observando o objeto em suas mãos. Era uma pipa grande, com o símbolo do clã Uchiha estampado nele. O fundo preto fazia com que as cores vermelho e branco se destacassem no desenho. “Que bonita.”

“O papai montou.” Exclamou Reiwa, orgulhoso. Ele gostava das cores da pipa e reconhecia o símbolo de algumas camisas que o pai usava. Sasuke lhe contou que aquele era o símbolo da família deles, o que fez com que o menino gostasse ainda mais do objeto. “Presente do Sai.”

Não passou despercebido por TenTen a forma como o pequeno se referiu a Sai, sem utilizar os honoríficos. Ela suspirou e pensar em chamar a atenção de Sasuke para aquilo, mas então outra coisa chamou sua atenção. Seu amigo agora tinha uma família completa. Pensar nisso aqueceu seu coração, pois, depois de tudo o que ele passou, estava feliz que finalmente tudo estava se resolvendo. Estava feliz que ele estava conseguindo tudo o que sempre quis.

Ao mesmo tempo, foi inevitável pensar em si mesma. Construir uma família não estava em seus planos e ela tinha pavor em pensar em ficar grávida – gostava de crianças, porém não gostaria de tê-las, contentava-se com o papel de tia -, mas gostaria de ter alguém ao seu lado.

“O que houve?” Sasuke chamou a atenção da amiga, notando a expressão pensativa que de repente tomou o rosto dela. Diante da fala dele, a morena piscou, como se voltando a si, e abriu um sorriso envergonhado.

“Ah, não é nada.” TenTen balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos sem sentido. Ela envolveu o braço do amigo com suas mãos, arrastando-o para fora, sem ao menos dar a ele tempo para indignar-se com o ato; Reiwa liderava o caminho, um sorriso animado em seus lábios. “Vamos ver se eu ainda sei como colocá-la no alto.”

***

O time de Yamato chegou na vila em que o cliente morava no terceiro dia de viagem. Eles tentaram fazer o percurso no menor tempo possível, mas, mesmo que quase não houvessem parado para descansar, ainda era um longo caminho a ser percorrido. Por sorte, na volta seria apenas eles e, tendo resistência como ninjas, poderia aumentar a velocidade, diminuindo o tempo de viagem. O caminho foi tranquilo e não houve ataques, então todos haviam chegado em segurança.

Como forma de agradecimento, o cliente pediu que eles passassem a noite. Seu clã possuía um estabelecimento de hospedagem aconchegante e ele ofereceu quartos para que os ninjas pudessem descansar antes de voltar para Konoha. Também os deixou livres para que pudessem passar o restante do dia aproveitando as atrações da vila.

Sai e Naruto andaram lado a lado, observando o movimento das pessoas, procurando o que poderiam fazer para passar o tempo. Estavam sozinhos: Yamato preferiu se separar deles para poder conhecer a vila com mais tranquilidade e Sakura ficou no quarto, alegando que precisava tomar um banho e lavar o cabelo com cuidado antes de andar por aí sendo vista por pessoas que não eram do seu convívio.

O Uzumaki encontrou uma casa de jogos e então os dois competiram arduamente por duas horas inteiras, um sempre pedindo revanche quando o outro ficava na frente no placar. Por fim, decidiram encerrar a atividade com o empate – e porque o loiro alegou estar com fome, o que fez com que Sai percebesse que seu estômago também reclamava devido a falta de alimento por um grande período.

Eles escolheram um restaurante pequeno e simples próximo ao local em que estavam e o moreno seguiu na frente, acreditando que o companheiro estava logo atrás de si. Quando uma moça simpática lhe indicou uma mesa e lhe entregou o cardápio assim que ele se sentou, o Shimura percebeu que estava sozinho. Aonde havia ido Naruto, afinal?

O loiro não demorou a aparecer, sentando-se em frente ao amigo com um sorriso imenso em seus lábios e alguns papeis em mãos.

“Ah, cara, você perdeu a melhor oportunidade! Ninguém mandou andar rápido demais.” O ninja folheou o material que trazia consigo com um olhar no mínimo apaixonado. Sai franziu a testa, confuso.

“Do que você está falando?”

“Eu vou lhe mostrar, mas você não pode pegar para você. É meu, dattebayo!” Naruto colocou os papeis sobre a mesa e o moreno observou, sem dar muita atenção. “Eles estão divulgando um novo empreendimento no País das Fontes Termais e estavam dando alguns descontos lá fora. Eu não tinha nenhum lugar para passar as férias mesmo, mas parece uma ótima ideia.”

O mestre dos desenhos olhou o material com mais cuidado após a fala do companheiro de time. O estabelecimento parecia simples, mas seu diferencial estava nos diversos serviços que eles ofereciam num único lugar: as fontes termais, um restaurante, uma casa de massagens, alguns quartos para pernoite e um pequeno espaço para eventos. E então, de repente, lhe veio uma ideia.

Aquele era o lugar perfeito para comemorar o aniversário de Sasuke. TenTen iria surtar com aquela ideia, pois era o ambiente diferenciado que ela estava procurando. Foi inevitável imaginar a morena gritando em seus ouvidos e ligada no 220v para que organizassem a melhor festa de todas. Seria um desafio esconder aquilo do aniversariante.

E poderia imaginar a expressão do Uchiha com tudo aquilo. Seria complicado levá-lo para fora da vila, principalmente pois ficaria claro que eles estavam organizando uma surpresa. Sai juntou os papeis e olhou-os com mais cuidado, dizendo a si mesmo que eles poderiam pensar nos problemas depois.

“Ei, o que você está fazendo? Eu falei que era meu!” Naruto reclamou, tentando pegar os folhetos de volta, mas o Shimura afastou-se o máximo possível. “Você que andou rápido demais e perdeu porque quis.”

“Eu preciso desse material.” O moreno falou calmamente, observando a face avermelhada do Uzumaki.

“Então vá conseguir o seu, esse já é meu.” Sai suspirou, entregando os folhetos de volta para Naruto. Realmente não era justo que roubasse os dele sendo que poderia conseguir os seus próprios. Ele levantou-se, disposto a ir até onde eles estavam entregando os descontos, quando percebeu um sorriso sapeca no rosto do loiro. “Seria uma pena se esse fosse o último panfleto.”

“Naruto!”

A garçonete e os outros grupos que estavam em volta observaram dois homens adultos brigarem como crianças por um monte de papeis, que, no fim, acabaram amassados e espalhados no chão. Após alguns minutos intensos diante dos olhares curiosos, os dois ninjas se acalmaram e reuniram o material novamente, sentando-se de frente um para o outro.

“Vamos resolver tudo no pedra, papel ou tesoura.” Sugeriu Sai, enquanto ajeitava suas roupas e seu cabelo. Era incrível como quando estava com Naruto sempre fazia as coisas mais vergonhosas possíveis. Poderia morrer de vergonha, mas preferiu ignorar os olhares que com certeza estavam sendo direcionados para a mesa deles.

“Nós não vamos resolver nada porque eles são meus, dattebayo!” O Uzumaki bateu na mesa, seu lado competitivo aflorado pela briga anterior. Sabia que deveria ter escondido os folhetos depois de tê-los conseguido. O desconto era ótimo e a estrutura também; quem não quereria passar suas férias ali?

“Naruto...” O moreno começou, depois de um longo suspiro. Não queria explicar suas motivações para o amigo porque ele era fofoqueiro, mas, pelo visto, não haveria outra saída. Não é possível que ele não cederia depois de saber do que se tratava. “É para o aniversário do Sasuke-kun. Seria o lugar perfeito.”

O loiro olhou-o com intensidade antes de cair na gargalhada.

“Eu sabia que aquela história da TenTen-chan não poderia ser real.” Tudo fazia sentido agora, pensou Naruto. Continuou sorrindo, tentando esconder sua postura tensa. Não podia acreditar que havia caído na história da Mitsashi, principalmente quando estava na cara de que não era verdade, mas não poderia admitir aquilo para ninguém.

“Você sabia?” Sai apertou os lábios, nervoso. Se até Naruto que era uma ameba tinha percebido, então Sasuke já devia saber das intenções deles.

O Uzumaki deu de ombros, como se aquilo não significasse nada. E, é claro, fugindo do assunto para que não precisasse falar muito sobre.

“O que vou ganhar em troca se eu der o meu desconto para você?” O loiro cruzou os braços, sentindo-se superior. Precisava pensar no que queria que Sai lhe desse em troca e o preço não poderia ser barato. “Quero dizer, estou abrindo mão das minhas férias para que vocês possam aproveitar.”

“Na verdade, provavelmente vai ser uma festa e o resto do grupo deve ser convidado.” Aquilo chamou a atenção de Naruto. O resto do grupo poderia ser...

“Que grupo?”

“Você sabe, o nosso time, o da Ino-san e o da Hinata-san, fora o time do Sasuke-kun.” O Uzumaki arregalou os olhos e esforçou-se para não parecer muito nervoso com a situação. Até o momento, a única pessoa que sabia de seus problemas amorosos, contrariando todas as possibilidades, era Sasuke. E não sabia se estava pronto para conversar com outra pessoa sobre o assunto.

“Ah, sim.” Murmurou o loiro, apenas para não ficar calado. Mas Sai estava preocupado demais com outras questões para notar a mudança no humor do companheiro de time.

“Então, você vai me dar o seu desconto ou não?” Insistiu o moreno, já meio que contando com o sim do amigo. Não saberia o que fazer se Naruto se recusasse, até porque quanto mais pensava, mais o estabelecimento do folheto parecia o lugar certo e o lugar perfeito para aquela comemoração.

Ao mesmo tempo em que pensou em Sasuke descobrindo a surpresa e ignorando a todos eles por alguns dias (era um cenário pessimista, mas a realidade é que era mais fácil que o Uchiha pegasse suas coisas e fosse embora), foi inevitável pensar em Reiwa. Para uma criança, um estabelecimento como aquele pareceria um parque de diversões.

“Tudo bem, vou te dar meu desconto. Mas se você organizar a festa e não me convidar, eu vou pegar de volta.” Naruto cruzou os braços e estendeu os folhetos para o amigo.

Sai dobrou os folhetos com cuidado e guardou-os em sua bolsa ninja, sentindo-se leve. Todos aqueles pensamentos e preocupações ocuparam sua mente por três dias inteiros e era um alívio ter a solução para pelo menos para um de seus problemas. Permitiu-se ficar tranquilo naquele momento (poderia voltar a se preocupar com o que ainda não havia solução depois), enquanto observava o Uzumaki fazer os pedidos deles para a garçonete que os olhava com desconfiança.


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Notas finais do capítulo

Sintam-se confortáveis para se expressar livremente neste espaço. Não posso deixar de agradecer a todos os comentários e todo o carinho que recebo de vocês, o meu dia fica mais feliz! Desejo a todos uma excelente semana e até o próximo capítulo!



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