Inveja escrita por anabfernandes8


Capítulo 29
A festa pt. II


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores, como vocês estão? Espero que bem! O capítulo não saiu bem no tempo em que eu tinha dito pra vocês, mas espero ter sido rápida dessa vez. Esse é o desfecho dos acontecimentos do último capítulo e escrevi com carinho (e muita criatividade, amém) para vocês. Sobre os comentários do último capítulo pretendo responder amanhã, não esqueci de vocês! De qualquer forma agradeço antecipadamente todo o carinho. Espero que gostem deste capítulo! Uma boa leitura a todos!



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Sasuke encontrou Kiba a sua espera na cozinha, encostado na bancada, com os braços cruzados e uma expressão furiosa.

“Por que tanta demora?” Questionou o Inuzuka, mas Sasuke apenas ignorou toda aquela ira sem sentido. De todas as coisas que haviam acontecido, e provavelmente ainda iriam acontecer, ter deixado Kiba esperando alguns minutos era a menor das suas preocupações. 

“Qual é o problema? Por que você me chamou aqui?” Na verdade ele gostaria de ter perguntado o que tinha a ver com tudo aquilo que acontecia, mas decidiu começar de uma forma sutil. O ninja soltou um suspiro, provavelmente precisando daquilo para se acalmar.

“Acho que o Naruto precisa conversar com alguém como você.” O companheiro de Akamaru não era de fazer rodeios e logo expôs o que queria. Na verdade, ele não gostaria de ter sido tão vago, mas não poderia jogar suas desconfianças em cima de Sasuke sem nenhum contexto.

“Não estou entendendo. Do que está falando? Alguém como eu?” Ele e Naruto nem eram próximos mais. Mesmo quando eram melhores amigos, não era o tipo de assunto que falavam com frequência. Na verdade, eles só tinham falado de assuntos amorosos uma vez, quando Naruto tentou convencê-lo a ficar com Sai, mas nunca sobre os problemas do loiro. O que fazia com que o Inuzuka pensasse que ele era “a pessoa”?

“Olha, eu sei que vocês não são próximos, mas… acho que o Naruto não gosta de mulheres, entende?” Kiba falou baixo como se estivesse contando a maior fofoca do mundo. E então Sasuke finalmente entendeu onde o ninja estava querendo chegar com aquela conversa. 

“Ah.” O Uchiha se lembrou de quando, não muito tempo atrás, brincou com Naruto dizendo que o loiro provavelmente havia gostado dele durante todo aquele tempo, pois só isso explicaria a obsessão constante em trazê-lo de volta para a vila, mas foi realmente apenas para divertir-se às custas do Uzumaki. O dobe nunca havia dado nenhum indício, não na sua frente, de que também gostava de homens. “Como você sabe sobre isso?”

“Eu posso parecer idiota, mas não sou. Tenho uma intuição sobre essas coisas.” Por causa da sua personalidade, tinha certeza que as pessoas pensavam que ele era um tapado. Mas não. Ele não era dos mais observadores, é claro, mas também Naruto não era dos mais discretos. Já havia visto olhares e notado comportamentos no Uzumaki que fizeram com que ele chegasse àquela conclusão. Não tinha certeza absoluta, mas era a hipótese mais provável. 

“E então você quer que eu vá falar com ele?”

“Claro que sim, você entende mais sobre isso.” Sasuke quis rir com a fala de Kiba, por que não, ele realmente não entendia mais sobre aquilo. Quanto tempo ele próprio havia levado para realmente admitir para si mesmo que havia uma chance de que algo poderia acontecer entre ele e Sai? E só estavam juntos de fato há poucos dias. Se havia alguém que verdadeiramente não sabia o que estava fazendo, esse alguém era ele. Não se achava apropriado para ter aquele tipo de conversa com Naruto. 

De repente, como um estalo, Sasuke lembrou-se da situação geral, de tudo o que havia acontecido lá fora, e encarou Kiba com mais atenção.

“A Hinata gosta do Shino?” Não planejou soltar a frase daquele jeito, porém não havia outra forma daquela pergunta ser feita. O Inuzuka o encarou como se houvesse crescido uma segunda cabeça em seu pescoço.

“De onde você tirou isso? Claro que não!” O membro do time Kurenai exclamou no impulso, mas segundos depois respirou fundo para explicar melhor sua frase; havia soado como se gostasse de Hinata e achasse um absurdo Sasuke fazer uma pergunta como aquela. “Quer dizer, não que eu saiba. Ela nunca falou nada sobre o assunto e também a Hinata é muito óbvia quando está apaixonada. Acredite, eu saberia se ela gostasse do Shino.”

Sasuke duvidava que alguém tão tímida como Hinata confidenciaria uma informação como aquela a alguém escandaloso como Kiba. Além do mais, a frase não significava que não havia possibilidade de ser real. Quer dizer, Hinata poderia ter aprendido a ser mais cautelosa com seus interesses amorosos, certo?

“E ele?” Continuou o Uchiha, porque agora que havia começado, não poderia parar. Por TenTen, mesmo que fosse humilhante e arriscando começar a ter fama de fofoqueiro, ele precisava saber daquela informação. 

“O Shino é meio fechado e é difícil dizer como ele se sente. Mas eu não acho que ele é do tipo que namora. Provavelmente vai envelhecer sozinho, com a companhia daqueles insetos esquisitos. E eu não falo isso porque acho que ele é estranho demais para conseguir uma garota ou, sei lá, um garoto. Acho que ele só não tem interesse nisso mesmo.” Kiba coçou o queixo, assentindo como se concordando com sua própria fala. Em seguida, ele arregalou os olhos na direção do Uchiha. “Espera, por que quer saber sobre isso?”

Como se não bastasse toda aquela confusão envolvendo Naruto, Sai, TenTen e ele mesmo, Reiwa pareceu escolher aquele exato momento para começar a ter os pesadelos de sempre. Sasuke balançou a cabeça e suspirou, pensando que aquela noite já estava sendo demais para ele. A voz da criança era desesperada e isso aflorou um sentimento de urgência no pai. Precisava chegar até o filho. 

“Eu vou ver como o Reiwa está e você vê como estão as coisas lá fora. Eu irei assim que puder.” O Uchiha saiu apressado e Kiba encontrou-se sozinho na cozinha. 

Espere, o que exatamente Sasuke estava querendo dizer quando o pediu para “verificar o que ocorria lá fora”? Havia alguma coisa com a qual ele precisava se preocupar? E o que eram todas aquelas perguntas sobre Hinata e Shino e por que ele chegaria àquele tipo de conclusão? O Inuzuka passou a mão pela testa, sentindo-se tonto com tantos questionamentos. Com a intenção de pensar menos e agir mais, ou poderia enlouquecer, ele deixou a cozinha e foi para o jardim.

 

Sasuke chegou na cama o mais rápido que pôde, sentando-se ao lado de Reiwa e acariciando sua cabeça, o que pareceu ter acalmado a criança, que já não gritava mais, apenas respirava pesadamente. O menino, aparentando ainda adormecido, colocou os braços finos ao redor da cintura do mais velho, que não teve outra saída a não ser aconchegar-se mais perto do filho. Será que aqueles pesadelos nunca teriam fim?

“Desculpe, eu não quis acordá-lo.” O moreno virou a cabeça, assustado, na direção da voz. Ele não esperava que alguém estivesse naquele quarto. Por sorte, era apenas Naruto, que estava sentado no chão, encostado na parede, de frente para a cama. 

“Não é culpa sua, é normal ele ter pesadelos.” Respondeu, recuperando-se rapidamente do susto. Não era para a presença do loiro ter lhe pegado de surpresa daquela forma. Ele deveria ter sido capaz de sentir a presença de um chakra diferente no quarto, mas fora desatento. Se aquilo fosse um ataque, poderia ter colocado ambos em perigo. Onde estava com a cabeça, afinal? Ser pai era uma onda de preocupações e inseguranças constante.

Se não fosse pelo ronco baixo de Reiwa, eles teriam entrado em completo silêncio naquele momento. Naruto parecia pensativo, os olhos azuis distantes e Sasuke apenas não tinha mais nada para falar. Mesmo assim, o moreno se obrigou a quebrar o silêncio. Não que ele estivesse levando as palavras de Kiba em consideração, até porque elas não faziam sentido para ele, mas o fato do Uzumaki estar ali significava que queria ser encontrado. Se desejasse ficar sozinho, teria ido para sua própria casa e se trancado lá.

“Está tudo bem?”

Os olhos claros de Naruto se arregalaram levemente e sua voz saiu trêmula quando ele falou.

“Por que está perguntando?”

“Não precisa falar nada se não quiser.” Bom, pelo menos ninguém poderia dizer que ele não havia tentado puxar assunto. Continuou acariciando os cabelos escuros da criança por alguns minutos, até que o loiro desistiu do silêncio.

“Tempos atrás você seria capaz de passar o dia inteiro em silêncio ao meu lado e só começaríamos a conversar porque eu puxaria assunto.” Naruto falou e Sasuke não poderia concordar mais. Felizmente, isso havia ficado no passado. Também, considerando como Reiwa ainda era bastante silencioso, sobrou para o Uchiha mais velho o papel de falante. Mas, na verdade, fora o filho e dependendo da pessoa, ele ainda poderia passar o dia em silêncio ao lado de alguém. Mas aquele não era o caso naquele momento. “Acho que ter um filho realmente faz algumas coisas com a gente.”

“Parece que sim.” O moreno comentou simplesmente, sem saber se devia levar aquilo como um elogio ou como uma ofensa. 

“Eu ouvi o que o Kiba falou para você.” Claro que ouviu, pensou Sasuke. A cozinha era bem próxima ao quarto e o Inuzuka não era a pessoa mais silenciosa do mundo. Naruto hesitou um pouco antes de pronunciar as próximas palavras. “Você não precisa falar comigo como ele sugeriu.”

“Eu não ia.” O Uzumaki realmente não o conhecia mais se achava que ele estava indo escutar sugestões de alguém como Kiba. Principalmente quando tinha total certeza de que não era a pessoa certa para estar exercendo aquela função. Qual é, não é porque ele estava com Sai que entendia tudo o que funcionava sobre se relacionar com homens. Aquilo também era relativamente novo para ele. 

“Você não ia…” Naruto não esperava por aquilo. Bem, vindo de Sasuke tudo poderia acontecer, não devia ficar tão surpreso, mas, naquele momento, foi uma surpresa boa. Não sabia se estava pronto para falar sobre aquele assunto com alguém, mas, ao mesmo tempo, talvez fosse bom desabafar com quem sabia que não espalharia seu segredo. Alguém como o Uchiha.

“Não, eu não ia.” Afirmou o moreno, convicto. Um olhar mais atento ao Uzumaki fez com que tivesse ainda mais certeza de que talvez Naruto quisesse falar sobre aquilo, só não sabia como. Aquela expressão dele… era como se fosse explodir caso não falasse. Sasuke realmente não se importava muito sobre aquele assunto, mas uma pontinha de culpa de não estar ajudando fez com que ele soltasse: “Você quer falar sobre isso?”

“Não sei. Você não vai me perguntar se é verdade? Que eu também gosto de homens?” Claro, com Naruto não existiam rodeios, ele ia direto ao ponto porque não sabia enrolar. 

“Não me importo com isso.” Esclareceu Sasuke. Era a última pessoa que poderia julgá-lo por aquilo. Estava namorando Sai. E também, por que perguntar algo que já estava óbvio em todo o teor daquela conversa? Era uma perda de tempo quando já sabia a verdade.

“E se eu gostar de você?” O Uzumaki soltou e eles se encararam em silêncio enquanto o herdeiro do Sharingan processava as últimas palavras que havia ouvido. Era uma brincadeira, certo? Naruto não poderia simplesmente ter soltado aquela bomba em cima dele como se fosse a verdade, não é? 

Sasuke parou de afagar os cabelos de Reiwa só para encarar Naruto com toda a sua atenção, ceticismo e deboche, porque o loiro era simplesmente inacreditável. 

“Naruto, você mal gosta de mim como amigo ultimamente.” Diante daquelas palavras, o portador da Kyuubi soltou uma sonora gargalhada, daquelas que só ele sabia dar. Isso aliviou um pouco o clima e até mesmo Sasuke abriu um sorriso, voltando a fazer carinho no filho. 

“Você tem um ponto. E não, eu não gosto de você desse jeito. Seria uma dor de cabeça competir com o Sai, dattebayo!” Naruto sabia que as pessoas não eram capazes de escolher aquelas coisas sobre gostar, mas realmente seria uma sina gostar do antigo companheiro de time. Não que sua situação atual estivesse muito melhor. Já mais descontraído, o loiro sentiu-se mais confortável para expor suas dúvidas e sentimentos. “Como você soube? Que gostava de homens?”

Sasuke não precisou pensar muito para responder àquela pergunta. 

“Não é o tipo de coisa que a gente simplesmente sabe?”

“Sim, mas como saber se o que eu sinto por uma pessoa é só amizade ou algo mais?” Então Naruto gostava de alguém, concluiu Sasuke. Sendo assim, ele se tornava cada vez mais inadequado para aquela conversa, considerando que não entendia nada daquele assunto. Com certeza sabia menos sobre gostar do que o baka número 1 de Konoha.

“Naruto, identificar se você gosta ou não de uma pessoa não tem nada a ver com o fato de se relacionar com homens.”

“Eu sei, eu sei, só… sei lá, é diferente. Quando eu gostava da Sakura-chan, eu sabia exatamente o que era aquele sentimento. Ela é tão bonita e mesmo que me batesse quando eu falava algo idiota, eu ainda gostava dela. E me sentia confortável estando perto dela. Só que dessa vez… como você se sente como está com o Sai?”

Sasuke sabia que não poderia servir de base para nada que Naruto estivesse pensando em sua cabeça louca e confusa. Suas personalidades diferentes provavelmente fariam com que eles se sentissem diferentes mesmo quando expostos a uma mesma situação. Além disso, a relação entre ele e Sai era delicada, parecia que eles estavam sempre pisando em ovos quando estavam perto um do outro. Em alguns poucos momentos ele se sentia afobado e nervoso, mas na maioria das vezes sentia-se tranquilo ao lado do companheiro.

“Não posso te ajudar com isso. Talvez devesse falar com outra pessoa.”

“É, tem razão. Eu devia ter imaginado que você não seria de grande ajuda quanto a esse assunto.” Naruto comentou e não parecia aborrecido por Sasuke não poder ajudá-lo a entender o que se passava em sua vida. Quer dizer, parecia uma coisa errada desde o começo estar conversando com um dos caras mais sem sentimentos que conhecia. Só perdia para Shino, que também era uma pedra de gelo. 

Eles ficaram em silêncio novamente e, por mais que o Uchiha não quisesse entrar a fundo na vida pessoal do loiro, era como se ele estivesse lhe implorando com aqueles olhos azuis confusos para que continuassem a conversa. Suspirou, pensando em como era péssimo como parecia cada vez mais difícil ignorar o sentimento das outras pessoas como fazia antes. Então, a contragosto, ele reiniciou o assunto, mas só porque achava que Naruto precisava desabafar.

“Você está gostando de alguém?” Sasuke observou o Uzumaki respirar fundo e encarar os pés antes de responder.

“Acho que sim, mas é… complicado demais. Acho que você não vai querer ouvir sobre isso.” O moreno segurou-se para não dar nenhum indício de que realmente ele não queria ouvir sobre aquilo, porque de complicado já bastava o seu relacionamento. Mas, já que haviam retomado a conversa e sentia que Naruto precisava daquilo, ele respondeu com simplicidade.

“Na verdade, eu gostaria de ouvir. Vá em frente.” O ninja levantou os olhos claros, o cenho franzido em clara desconfiança. Mesmo não acreditando totalmente que Sasuke poderia querer ouvir algo sobre seus problemas, ele decidiu se abrir com o ex-melhor amigo. Nunca havia falado sobre aquilo com alguém e estava a ponto de explodir se não o fizesse. 

“Eu fico me sentindo muito eufórico quando estou perto dessa pessoa. Fico nervoso e acabo me atrapalhando com as palavras. É como se me transformasse na Hinata-chan… mas sem a parte da face avermelhada como uma pimenta.” O Uchiha imaginou aquela cena e sentiu vontade de rir. Depois de ver Naruto assumir que tinha uma queda por Sakura em várias ocasiões explicitamente, era difícil acreditar que agora ele estava no papel de tímido e até mesmo gaguejando. “Não que o meu problema de fala quando estou perto dele seja um problema a ponto de ser comprometedor, até porque depois de tantos anos de amizade ele já está acostumado com o meu jeito, mas… de vez em quando ele me olha profundamente como se estivesse analisando a minha alma, e aí eu tenho certeza que ele descobriu o que realmente está acontecendo, afinal ele é um cara inteligente e… mas aí ele me olha normal de novo e é como se tudo fosse o mesmo de sempre. É estranho.”

“Contar para ele como você se sente seria uma ideia ruim?” Pela cara de Naruto, obviamente a situação toda era uma ideia ruim. 

“Quando eu penso sobre isso… eu não sei se conseguiria. E também acho que ele gosta de mulheres. Quer dizer, tem uma mulher específica que acho que ele está se envolvendo. Por causa disso, eu acho que falar não seria a melhor opção.” Era frustrante estar em toda aquela situação e ficar naquela montanha russa de sentimentos. Mas nada poderia ser pior do que confessar seus sentimentos e, de repente, ser rejeitado. O Uzumaki nunca teve aquele medo, mas aquilo era diferente de tudo o que já havia vivido. 

Por mais que não quisesse refletir a fundo sobre o assunto, foi inevitável que Sasuke não ligasse os pontos. Naruto tinha poucos amigos e o grupo ficava ainda mais restrito se fosse considerar os inteligentes e aqueles que estavam aparentemente se envolvendo com uma mulher… 

"Eu não tenho nenhum conselho para te dar, Naruto.” O Uchiha deu de ombros, observando a postura de Naruto cair. Estar gostando de alguém e pensar que não era correspondido, e como o loiro contava parecia que nunca seria, parecia uma péssima situação para estar. O moreno pensou em sua própria relação e soltou um suspiro. “Não sou a pessoa certa para ter essa conversa com você porque não sei o que estou fazendo. Só estou seguindo e torcendo para tudo dar certo.” 

Saber que Sasuke se sentia daquela forma na verdade foi até aliviante. Significava que, mesmo sem entender a situação, alguma coisa fez com que desse certo e continuasse dando. E também, se ele, que era todo inteligente e seguro de si, estava passando por aquilo, Naruto também poderia. Ele encarou Sasuke, contraindo os olhos, como se estivesse tentando decifrar o ninja. 

"Por que você não era aberto assim quando éramos amigos?" O mundo devia estar mesmo de cabeça para baixo. Sasuke sendo compreensível e querendo saber dos seus problemas e ele tímido, confuso e inseguro…

O ex-nukenin pensou com cuidado sobre o assunto, antes de responder com sinceridade genuína.

"Quanto mais você tem a perder, mais vulnerável você é." Não conseguiu evitar olhar para Reiwa. Os braços magros haviam se afrouxado em torno de sua cintura e ele parecia relaxado novamente. Sentia-se apreensivo só de pensar que agora seus inimigos tinham um meio de chegar até ele. Quer dizer, vários meios. Gai, TenTen, Lee, Sai… se parasse para pensar, estava em um momento em que mais tinha a perder em sua vida. 

Surpreendendo-o com uma sabedoria que ele não esperava, Sasuke observou Naruto falar com um sorriso pequeno.

"Na verdade, acho que quanto mais você tem a perder, mais forte você se torna. Por que tem pessoas que são importantes e você não pode simplesmente deixá-los morrer. Quanto mais você tem a perder, mais você se esforça para lutar." 

O loiro era um perdedor na maioria das vezes e totalmente idiota sobre diversos assuntos. Mas ninguém sabia mais sobre determinação e força do que Naruto Uzumaki. Diante daquilo, o moreno abriu um sorriso sincero para o outro. 

"Agora eu sei. Um amigo até sacrificou um braço para me fazer entender isso." Não havia motivo para Sasuke sentir medo antecipadamente. Ele protegeria os seus e lidaria com as ameaças caso elas aparecessem.

Naruto abriu um sorriso de volta. Seria capaz de fazer tudo pelos seus amigos, realmente. E não era como se não tivesse recuperado o braço ou algo como isso. Havia sido bom conversar com Sasuke sobre aquilo. Na verdade, duvidava que alguma outra pessoa poderia tê-lo deixado tão confortável em se abrir como o antigo companheiro de time.

“Você não vai perguntar se a pessoa que eu gosto é alguém que você conhece?” O loiro perguntou, mudando de assunto. 

O Uchiha balançou a cabeça rápido demais para conseguir disfarçar o que ficou óbvio: ele sabia de quem Naruto gostava.

“Você já sabe quem é, não é?”

Sasuke foi vago. “Eu tenho uma suposição.”

“Você não me acha estúpido? Quer dizer, está mais do que claro que ele está se envolvendo com a Temari-san.” Com a fala de Naruto, o outro percebeu que realmente tinha razão em ter pensado em Shikamaru. Não ia entrar no mérito no quanto era estranho o fato de que o loiro gostava logo do Nara até porque que direito ele tinha de falar alguma coisa? Ao invés disso, ele mudou o foco de seus pensamentos. Ele riu baixo, pensando que não tinha o direito de achar ninguém estúpido. Já havia passado da fase de achar que as coisas relacionadas a amor e relacionamentos eram estúpidas. 

“Eu não sei sobre o status de relacionamento dele. E não, eu não acho que você seja estúpido.” Sasuke se encontrava tão pouco com Shikamaru que realmente não sabia nada sobre a vida dele. Não que ele o evitava ou algo parecido, mas o fato do Nara ser uma das principais pessoas que era contra seu retorno a Konoha era motivo o suficiente para não fazer questão de estar nos lugares em que o outro estava.

“Acho que é a minha hora de ir.” Naruto disse, de repente, enquanto se levantava e ajeitava suas roupas. Sasuke devia achá-lo muito estúpido, mesmo que o moreno falasse o contrário. Havia se sentido confortável em expressar seus sentimentos, mas também havia um limite antes de começar a ser patético. “Sasuke, se algum dia eu precisar falar sobre isso de novo…”

“Então você deveria conversar com o Sai.” O Uchiha não queria ser rude, mas já havia tido o suficiente daquela história por uma vida inteira. Sem parecer ter se ofendido, o Uzumaki gargalhou novamente, já parecendo muito mais leve do que quando o dono da casa o havia encontrado em seu quarto.

“Algumas coisas nunca mudam, não é mesmo?” Sasuke sorriu ironicamente; não poderia concordar mais com aquela frase. Que bom que Naruto entendia. “Ei, teme… obrigado por me ouvir. Você é um cara legal. Só não magoe o Sai."

O moreno franziu as sobrancelhas, lançando um olhar significativo para o portador da Kyuubi. Por que todos achavam (como se ficassem esperando) que levantaria um belo dia e magoaria Sai da pior forma possível? Nenhum deles imaginava que talvez Sai é que poderia magoá-lo? Revirou os olhos, deixando aquele assunto de lado.

"Acho que você já tem preocupações o suficiente com o Shikamaru para ainda se preocupar com a vida alheia."

Foi extremamente satisfatório para o Uchiha ver a face de Naruto ficando vermelha e ele se perder para encontrar as palavras certas.

"Ei, eu não te contei isso para você ficar jogando na minha cara!"

***

Quando Sasuke voltou para o jardim, percebeu que alguns já haviam ido embora, como Ino e Kiba. Imaginou que a loira havia insistido para ir para casa por causa da raiva, ela parecia o tipo de pessoa que declararia a noite por acabada depois do problema com Naruto. O loiro também preferiu ir embora e não quis se despedir do restante do pessoal; ele não sabia se era por vergonha ou se por irritação. 

Alguns outros como Sakura e Lee se preparavam para ir também e, depois de toda a confusão, o Uchiha percebeu que o pequeno grupo estava reunido novamente. No final de tudo, sobraram quatro pessoas além do dono da casa: Hinata, que estava vermelha e ria de tudo, inclusive de nada, mostrando o quão bêbada a morena estava. Aparentemente quando Kiba saía da equação, a Hyuuga assumia seu posto; era cômico como Shino sempre estava na posição de cuidar dos bêbados, mesmo quando estava claro, igual naquele exato momento, que ele odiava aquele papel. 

TenTen não parecia muito longe daquele estado também. Era incrível como ela sempre exagerava na bebida nos piores momentos. Ela sussurrava alguma coisa para Sai, que, de onde via, estava com o semblante fechado. Já não bastasse todo o estresse da noite, Sasuke ainda tinha aquela pendência para resolver. O que ele poderia ter feito, afinal, para receber aquele tipo de reação?

O Uchiha sentou-se ao lado do moreno e observou como o outro se retraiu com a sua presença. Sentiu-se incomodado (era impossível estar tranquilo naquela situação), mas continuaria respeitando o espaço do companheiro. Odiava aquela situação, mas depois de perguntar o que havia de errado, tentar se aproximar e tentar puxar assunto, e nenhuma das abordagens dar certo, Sasuke resolveu que só lhe restava esperar.

Cerca de uma hora passou-se antes que Shino ficasse cansado daquela situação e resolvesse levar Hinata para casa. Depois que Sasuke levou-os à porta (desejando sorte e paciência ao Aburame pois se a Hyuuga fosse como TenTen, o ninja estava perdido), ele voltou para o jardim, encontrando apenas a colega de time em uma situação deplorável. Ela estava deitada, os cabelos totalmente despenteados, aparentando estar dormindo, mesmo que ele soubesse que a morena estava bem acordada.

“Tudo bem?” O Uchiha perguntou, vendo-a abrir os olhos minimamente em sua direção. 

“Acho que sim. Está tudo rodando.” Ela respondeu, fechando os olhos novamente. Sua cabeça estava confusa e era como se estivesse em um universo paralelo. Como conseguiria chegar em casa naquela situação? A resposta era clara, ela não poderia. Sasuke teria que aceitar que ela passasse a noite ali, era a única solução.

“Você sempre bebe demais. O que aconteceu, afinal?”

“Hoje era o seu dia de beber. Acho que estraguei tudo.” Na verdade, TenTen acreditava que havia estragado tudo no momento em que se interessou por Shino, porque era óbvio que nunca iria dar certo, mas aquela noite havia sido uma das piores em muito tempo. Ela sentou-se com calma, abrindo os olhos e encarando o amigo com atenção, concentrando-se para que suas palavras não saíssem enroladas. “Estraguei a sua noite, não foi?”

Sasuke suspirou e uma risada involuntária saiu de sua boca. Várias coisas haviam estragado sua noite e nenhuma delas tinha nada a ver com TenTen. Na verdade, pela primeira vez em muito tempo, ela não estava nem ao menos envolvida em nenhum aspecto da confusão. 

“Aconteceram muitas coisas. Vamos conversar mais sobre isso amanhã pela manhã.” Não precisava que a Mitsashi dissesse nada para que ele entendesse que ela dormiria ali. Devido ao estado, duvidava que ela conseguiria chegar em casa sozinha e não cometeria o erro de levá-la para casa enquanto estava bêbada novamente. A última vez havia sido o suficiente. “Vou arrumar sua cama.”

“Não quero dormir sozinha.” Ela sussurrou, parecendo triste. Sasuke suspirou, pensando que seria mais fácil realizar as vontades da morena ao invés de discutir o fato de que ela não caberia na cama junto com ele e Reiwa; quer dizer, o próprio dono da casa mal cabia direito, já que a criança ocupava a maior parte do espaço. 

Antes que ele bolasse um plano para aquela situação, já que não caberiam os três na mesma cama e muito menos poderia dormir com TenTen no outro quarto e deixar o filho sozinho no seu, a morena voltou a falar. 

“Por que eu não durmo com o Reiwa no seu quarto e você fica no outro? Quer dizer, não é que eu queira roubar o seu lugar nem nada assim. Mas acho que você vai ter mais privacidade ficando lá.” Privacidade para o que, exatamente? Sasuke quis perguntar, mas a Mitsashi não lhe deu a chance. Ela colocou as duas mãos cobrindo a boca e olhou ao redor, antes de sussurrar. “Acho que o Sai está com raiva de você. O que fez agora?”

O Uchiha deu de ombros, também não tinha resposta para aquela pergunta. Quando TenTen tentou levantar-se, sem sucesso, é claro, o moreno percebeu que já era hora de levá-la para dentro. Com o braço dela em seu pescoço, Sasuke ajudou-a a se deitar na cama. Enquanto Reiwa ocupava a maior parte da cama, como era de se esperar. De uma forma quase engraçada, assim que se deitou, a kunoichi se encolheu no canto que restava e instantaneamente começou a roncar baixinho. 

Com o primeiro problema resolvido, Sasuke saiu do quarto, deixando a porta levemente encostada. A casa estava extremamente silenciosa. Ele olhou ao redor, achando estranho que Sai não estivesse por ali; não havia visto ele indo embora. Também, com aquele desentendimento entre eles, será que o outro realmente iria embora sem que eles se resolvessem?

A porta do banheiro se abriu e o Uchiha virou-se para ver o companheiro saindo do cômodo. Ele não aparentava estar bêbado e sua expressão não era das melhores. 

“Como você está?” O ninja do Sharingan falou, em voz baixa, odiando aquele clima estranho que pairava entre eles. Sai continuou em silêncio e quando percebeu que ele provavelmente continuaria daquela forma, Sasuke perdeu um pouco da paciência. Ele não queria ser rude, mas era extremamente frustrante ainda ter que passar por aquele tipo de situação depois de toda a noite que teve, sendo que tudo que queria era descansar (ainda mais sendo a primeira noite em algum tempo em que dormiria tranquilo sem ter que se preocupar em ser empurrado da cama por Reiwa). “Qual é o maldito problema?”

“O que o Kiba-san queria conversar com você?” O Uchiha piscou, surpreso. Definitivamente aquele não era o tipo de coisa que ele esperava escutar. 

“Falar sobre o Naruto.” Respondeu, a surpresa fazendo com que sua voz ficasse mais suave. Sai apertou os olhos em sua direção e não parecia que aquilo estava perto do fim. 

“Falar o que sobre o Naruto?” 

Afinal o problema era o Kiba ou o Naruto? Sasuke não conseguia entender porque estavam falando sobre aquilo, ele não tinha nem a mínima ideia do porque algo como aquilo deixaria o outro chateado. De qualquer forma, não poderia falar sobre o que havia conversado com o Uzumaki. Não era certo violar a privacidade do loiro daquela forma. Então, o moreno mudou a abordagem.

“O que exatamente você quer saber?” Sai soltou um suspiro, porque não era possível que o namorado não estivesse entendendo qual era o ponto ali. Sentia raiva. Mas não só raiva, também havia medo, insegurança e uma ponta de decepção. Todos aqueles sentimentos afetavam um pouco seu julgamento sobre a situação. Sabia que o outro não tinha como saber o que estava errado se ele não falasse, mas por outro lado, o outro devia ser capaz de saber. 

O membro do time Yamato bagunçou os cabelos e por um lado foi bom que estivesse fora de si. Se não estivesse, talvez não conseguiria falar o que realmente lhe afligia. O que era necessário ser conversado para acalmar seu coração.

“O que o Naruto significa para você?” Sai observou Sasuke arregalar os olhos. Ele não parecia culpado ou surpreso e sim assustado. Assombrado na verdade. E então seu olhar se tornou sombrio, quase mortal.

“Você está brincando?” O Uchiha tinha que perguntar. Por que é claro que aquilo só poderia ser uma brincadeira de péssimo gosto. O homem não poderia estar querendo dizer o que realmente havia dito. Ele não podia estar falando sério. Aquele não poderia ser o motivo pelo qual ele passou a última parte da noite sem ao menos olhar em sua direção. “Você não está com ciúmes do Naruto, está? Você não está pensando que tem algo entre nós, está?”

Sai sentiu seu rosto esquentar e permaneceu calado. Não queria mentir, mas também não queria confessar a verdade. Já não estava óbvio? Seu silêncio não era resposta o suficiente? O ninja engoliu em seco, sentindo os olhos lacrimejarem. Ele não estava prestes a chorar de tristeza, mas sim de raiva. Da forma aquilo foi colocado pelo outro, ele se sentiu um estúpido. Como se todas as suas preocupações não tivessem nenhum sentido. 

“Sai…” Sasuke começou, a voz séria e gélida. No entanto, encontrando palavras no meio do misto de sentimentos que lhe invadiram, o Shimura o interrompeu. 

“Eu me sinto um idiota quando você coloca as coisas desse jeito.” 

“Você não é um idiota.” O Uchiha praticamente gritou. Ele não queria ser agressivo ou passar uma impressão ameaçadora, mas realmente ter paciência não era uma de suas qualidades. A linha entre estar tranquilo e estar irritado era muito tênue para ele. Qualquer coisa o tirava do sério, mas até o momento, parecia estar fazendo um bom trabalho controlando aquele traço de sua personalidade. Passou a mão pelo rosto com força e após um suspiro, o ninja se sentiu mais controlado. 

Já mais calmo, ele continuou, em um tom mais baixo.

“Eu não acho que as suas preocupações sejam idiotas.” Por mais absurda que fosse a ideia de que Sai pensasse que poderia haver alguma coisa fora uma amizade (uma estranha amizade) entre ele e Naruto, não era totalmente irracional. Não era por esse motivo que estava com raiva. “Não é justo você me tratar da forma que você me tratou sem saber o que realmente aconteceu.”

Sai olhou-o, ainda em silêncio. Sabia que não era justo. Uma parte pequena de sua mente havia tentado lhe dizer desde o começo que deveria ter olhado as coisas de outra forma e lidado com a situação de uma maneira melhor, mas sentimentos não vinham com um manual de instruções ou com um botão de ligar ou desligar. Haviam vindo como um tsunami e o afogaram, impedindo-o de levar sua mente para a razão.

“O Naruto fez muito por mim e eu provavelmente sempre terei uma dívida com ele por isso. Ele não desistiu de mim enquanto todos os outros o fizeram. É por causa dele que eu estou aqui hoje. Ele estava passando por um momento difícil hoje e o Kiba achou que eu fosse a melhor pessoa para ajudá-lo. Nós só conversamos bastante. Eu não o vejo da forma que você provavelmente pensou. E ele também não me vê dessa forma.” 

Ver Sasuke responder exatamente a pergunta que lhe afligia fez Sai perceber que ele havia conversado sobre esse assunto com Naruto. Afastou aquele pensamento, tentando não deixar com que os sentimentos negativos lhe puxasse para baixo novamente.

“Eu não quis ser rude. Mas é muito desgastante quando você se afasta e fica chateado sem me dar a chance de explicar. Quando algo lhe incomodar, converse comigo. Eu não tenho como saber o que aconteceu até que você me diga.”

O moreno de pele pálida abaixou a cabeça, envergonhado. Sabia que Sasuke não estava lhe julgando pela sua teoria sem fundamento, mas se sentia imaturo mesmo assim. 

“Eu não queria que você pensasse que eu estava lhe cobrando alguma coisa.” Toda a preocupação que ainda restava na mente do Uchiha foi embora naquele momento. Sua experiência de vida fez com que ele percebesse que não deveria deixar os sentimentos ruins se acumularem, isso já havia destruído coisas importantes para ele no passado. O moreno abriu um sorriso pequeno.

“Eu lhe pedi em namoro, Sai. Você tem o direito de me cobrar algumas coisas.” O Shimura levantou a cabeça, percebendo o sorriso no rosto do outro. Aquilo aliviou a maior parte do seu desconforto interior. Quando finalmente se acostumaria com aquele relacionamento e pararia de pensar que ainda estavam na mesma situação de antes? “Você quer me falar mais alguma coisa?”

Sai engoliu em seco antes de perceber que ou se entregava totalmente ou aquele namoro nunca daria certo. 

“Eu tive medo de que o Naruto não gostava da Hinata porque ele nutria sentimentos por você. Fiquei com raiva ao pensar que você poderia pensar em corresponder só pelo fato de ser o Naruto e por tudo o que ele fez por você. E então eu descontei em você. Não foi justo e eu...”  Era quase engraçado como era difícil pedir desculpas, mesmo que se sentisse arrependido. 

Sasuke sabia o que ele queria dizer e sentia-se aliviado que finalmente Sai havia perdido o medo de falar sobre o que lhe incomodava. Dessa forma, ele não esperou que o outro retomasse a fala. Não havia mais nada que precisasse ser dito.

“Não precisa terminar. Sei o que quer dizer.” O dono da casa suspirou, sentindo que finalmente eles haviam se acertado. Odiava a sensação de desconforto de quando estavam desentendidos um com o outro. Quando Sai pareceu conter um bocejo, o ex-nukenin percebeu que era hora de encerrar a noite. “Já está tarde. Vamos dormir.”

O Uchiha virou-se, indo em direção ao quarto de Reiwa. Como o aposento nunca havia sido usado, já que a criança insistia em dormir no seu, ele estava organizado e havia espaço o suficiente para que os dois dormissem com tranquilidade. Ele tirou os sapatos e estava pronto para deitar-se quando sentiu seu corpo ser envolvido por outro. Surpreso, ele virou a cabeça só o suficiente para perceber que Sai o abraçava, o tronco dele colado às suas costas. A diferença de altura entre eles era quase imperceptível e isso colaborava para que o Shimura pudesse apoiar o queixo em seu ombro. 

“Eu realmente sinto muito.” O mais baixo sussurrou, aconchegando-se no calor do corpo do namorado. Talvez fosse a bebida correndo em seu sangue, mas era engraçado como de repente ele tinha vontade de não desgrudar tão cedo do outro. 

“Eu sei. Eu também.” Sasuke soltou-se dos braços do moreno apenas para virar-se de frente para ele, para olhá-lo nos olhos. 

Eles se olharam por um breve momento. Sai precisou reunir cada gota de coragem do seu corpo para abraçar Sasuke pelo pescoço e encostar seus lábios nos dele. Não parecia o momento adequado, não depois da pior briga que eles já tiveram, mas queria carinho e contato. Queria ficar o mais perto possível que pudesse. 

Era incrível como, depois que se tocavam, era como se não pudessem mais manter as mãos longe um do outro. Ser beijado não era bem o que o Uchiha estava esperando, mas era uma forma bem agradável de reconciliação. Provavelmente era aquilo que TenTen estava se referindo quando disse que ele poderia precisar de privacidade. Como ela poderia saber que acabaria dessa forma?

Aproveitando que, aparentemente, aquele era o ápice de sua coragem, Sai não parou apenas com o beijo. Ele guiou Sasuke para a cama e deitou-se em cima dele. Os beijos recomeçaram e eles eram famintos, ávidos e urgentes. Os corpos estavam próximos, como nunca estiveram antes e ele podia sentir o quanto o Uchiha estava excitado. Finalmente poderiam terminar o que haviam começado na cozinha. 

O herdeiro do Sharingan se lembrava da sensação da palma de sua mão em contato com a pele firme do tronco do homem à sua frente. Ele gostava daquela sensação e, parecendo antecipar seus movimentos, Sai afastou-se só pelo tempo em que retirou a própria camisa. Assim, Sasuke foi capaz de envolver a cintura fina com a mão e fazer pressão para que os corpos se aproximassem ainda mais. Isso fez com que um gemido baixo escapasse dos lábios do Shimura e o homem aproveitou o afastamento para experimentar como seria a sensação de beijar o pescoço do que estava embaixo.

Depois de tudo o que havia acontecido, o Uchiha não ficaria surpreso se Sai explorasse a região abaixo de sua orelha com mais afinco. Na verdade, ele até esperava por isso. A sensação dos lábios naquela região, juntamente com o hálito quente do moreno, era eletrizante. Entretanto, dez segundos se passaram sem que nada acontecesse.

“Sai?” Sasuke chamou, em voz baixa. Quando o moreno não respondeu, o ex-nukenin quis rir. Depois de tudo o que aconteceu no dia, ele não esperava realmente que a noite fosse acabar sem nenhuma surpresa, certo? 

Só confirmou o que realmente havia acontecido quando sentiu uma respiração mais profunda junto ao ouvido. O Shimura havia dormido. No meio do contato entre eles. E ainda literalmente em cima dele. O moreno abriu os olhos e suspirou. Todo o clima foi cortado em questão de segundos, mas não havia como apontar um culpado. Aquele havia sido um dia longo. E não é como se não pudessem ter outras oportunidades. 

Sasuke se sentia cansado, mas não o suficiente para conseguir dormir naquela situação. Seu sono era extremamente leve e seria impossível conseguir ter um sono ininterrupto com uma pessoa respirando praticamente em seu ouvido. Encarou o teto, pensando que aquele dia longo ainda não estava no fim.


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Notas finais do capítulo

Sintam-se confortáveis para expressar seus pensamentos, opiniões e revoltas se vocês quiserem, gostaria de saber se gostaram desse capítulo e se é o que vocês esperavam ou se ficaram surpresos com o desfecho da situação. Eu sei que o lemon é um momento muito esperado por todos em uma fanfic yaoi, mas prometo que ele vai sair, tenho um momento todo especial reservado para isso. Eu vou ser bem sincera e admitir que minha habilidade pra escrever hentai é bem pequena, mas prometo que vou tentar ler algumas histórias e me inspirar para escrever um momento legal e especial. A partir do próximo capítulo vai começar meio que um novo arco, espero que gostem! Um beijo a todos e se cuidem!



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