MUTANTES & PODEROSOS I - O Segredo dos Poderosos escrita por André Drago B


Capítulo 2
Capítulo 1 - Um Aviso Desesperado


Notas iniciais do capítulo

Agora sim, começou a história. Aproveitem!!!!!!



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                                                      CAPÍTULO 1

                                  UM AVISO DESESPERADO

                                 

           A espada cintilante brilhava quando a luz do sol batia no metal que formava a arma. O barulho irritante de espada se chocando contra espada podia ser escutada de longe.

  Três jovens lutavam debaixo de uma árvore, no centro de uma plantação de trigo. Eram dois  rapazes e uma moça. Luke, de dezessete anos; Isaac, com a mesma idade de Luke; e Taya, com dezoito anos. Luke e Taya eram dois Mutantes, enquanto Isaac era um Corriqueiro.

  Com uma das mutações mais comuns entre os Mutantes, Taya apresentava mãos escamosas, como a de um lagarto. Pequenas garras saíam das pontas dos seus dedos. Assim era nas mãos e nos pés. Fora isso, possuía uma aparência linda. Possuía cabelos loiros e seus olhos verdes chamavam muito a atenção. A sua pele era macia e ela era muito bonita. Ela era filha de padeiros e seus pais possuíam seu próprio campo de trigos, onde os três jovens usavam-no, imaginando-o como campo de batalha. O pai de Taya possuía a mesma mutação que ela, enquanto a mãe dela possuía orelhas muito pontudas.

   Luke apresentava uma mutação bem mais rara. Ele possuía um par de asas que saíam das suas costas e desciam até o chão. Era um rapaz bonito, com cabelos loiros, tal como Taya, e olhos azuis. Sua mutação era herdada de seu avô.

  Isaac morava em Hanrraá, a capital do reino de Hangária Mindória. Ele era filho de um comerciante rico. Algumas vezes, costumava visitar seus amigos Mutantes, deixando o pai a sós com suas vendas.

   Os três se conheceram em uma viagem de negócios. O pai de Isaac o levou junto com outras pessoas para a Província Mutante, onde começou a vender seus produtos, e lá passou umas semanas. Ele dizia que levava Isaac para essa viagens para que o seu filho aprendesse a vender com ele, e que assim herdasse os negócios dele. Mas a verdade era que Isaac detestava estas viagens entediantes e tinha que fingir que estava aprendendo a vender com o seu pai. Isaac  acabou conhecendo Taya e Luke e se tornou amigo deles. Assim, quando podia, ele visitava os seus novos amigos.

  Naquele dia, os três imaginavam estar em um “duelo de três”. Taya tentou atacar Luke com sua espada, onde mirava a sua costela, mas foi bloqueada por ele. Ele acabou empurrando a espada dela para longe da dele.

—Ah! – gritou Isaac, enquanto tentava dar o mesmo golpe em Luke que Taya deu.  Novamente, ele bloqueou. Taya aproveitou o momento e tentou acertar Isaac, que também o evitou. Mas, como ele estava de frente para Luke, ficou vulnerável para qualquer ataque do mesmo.

     Então, Luke investiu um ataque contra Isaac, como era óbvio que o faria. A espada do Mutante ficou bem perto do pescoço dele quando ele a freou para não matar o seu amigo.

—Morto! – disse Luke. – Em uma luta de verdade, estaria morto. Agora, só fica eu e Taya.

  Luke virou para a direção em que se encontrava Taya. Os dois se afastaram um pouco. Cada um focou no rosto do outro. Taya admirava os olhos azuis de Luke, que fazia o mesmo com os olhos de Taya. Ficaram assim por um tempo, se encarando.

—Vocês não vão se mexer? Prossigam a luta. – disse Isaac, já impaciente pela demora. Provavelmente, também estava mal-humorado por ter perdido o “duelo de três”.

  Taya correu até Luke e girou sua espada. Luke bloqueou o golpe que ela daria em seu pescoço. Ela tentou acerta-lo nas costelas novamente, onde também foi impedida.

—Você é bom em bloqueios. Mas não é só de bloqueios que você conseguirá vencer uma luta. Tem que a atacar e prestar muita atenção... – ela nem terminara de falar, e tentou atacar as pernas dele, mas antes que ele a bloqueasse, ela foi rápida como um raio e mudou de direção, pegando-o de surpresa.

—Morto! – disse, enquanto mantinha a sua espada a um dedo do peito de Luke.

—Meninos, venham comer. – gritou a mãe de Taya.

—Já estamos indo, mãe! – respondeu a moça, enquanto via os rostos admirados de Luke e Isaac.

  Eles saíram de lá e passaram por uma trilha de pedra em meio aos campos de trigos até chegar à humilde casa de madeira, pertencente a família de Taya. Lá dentro, uma mesa aguardava por eles. Em cima dela repousava uma cesta com vários pães, um balde cheio de leite, biscoitos, bolos e uma jarra de suco. No ar, pairava o cheiro do chá que a mãe de Taya preparava.

—Já estou terminando de fazer o chá. Sentem-se!

 Os três sentaram nas cadeiras, ofegantes. Estavam cansados de tanto treinar.

  Taya pegou um pão de dentro da cesta. Encheu um copo de leite e começou a comer. Depois, Isaac e Luke fizeram o mesmo. Estavam esfomeados.

—Terei que comer e ir embora, para poder chegar em Hanrraá antes do anoitecer, se não, fecharão o portão e eu ficarei do lado de fora da capital. – falou Isaac.

—Seu pai é rico! Vão deixar você entrar por esse simples fato. – disse Luke.

—Pena que tem que ir embora. – afirmou Taya.

—Tenho, mas voltarei daqui a algumas semanas para treinarmos mais.

O cheiro de chá ficou ainda mais forte.

—Estou sentindo cheiro de chá! – exclamou o pai de Taya, enquanto descia as escadas, chegando até a mesa.

—Pai, por que o senhor gosta tanto de chá?

—O seu avô amava chá. Sempre estava bebendo-o. Então, os filhos acabaram desenvolvendo o mesmo prazer por esta bebida. Claro, ele o fazia antes daquilo... – e a expressão alegre do homem ficou séria e triste, ao mesmo tempo.

  Ele se referia ao acidente com o avô de Taya. A mutação dele era horrível. Ele era metade homem e metade lagarto. Havia dias que a mutação dele prevalecia, se tornando selvagem como um lagarto. Sumia por uns dias, e ninguém sabia por onde andava, mas escutavam rumores sobre assassinatos misteriosos. Então, ele reaparecia bem, como um humano. Eles nunca sabiam quando ele se tornaria um selvagem. Mas, um dia, ele simplesmente desapareceu, como era comum, e nunca mais reapareceu. Procuraram-no, mas não o acharam. Nunca mais o viram e Taya nem chegou a conhecê-lo.

—Lamento! – disse Isaac, seguido de Luke. Eles se recordaram dessa história que Taya já havia lhes contado.

—Não tem problemas. Já passou! – exclamou o pai de Taya, voltando a sua alegria comum. – Então Issac, você vai embora?

—Tenho que ir logo após o café. Só vou chegar a capital em dois dias e tenho que ir o mais rápido que posso.

  E assim foi. Quando acabaram o café, Luke se despediu e foi para casa, que não ficava muito longe dali. Quis ficar com uma das espadas, mas eram dos guardas do pai de Isaac.

  Logo em seguida, Isaac arrumou as suas coisas. Estava pronto para ir embora.

—Seu cavalo está preparado, na frente da casa. – disse a mãe de Taya para ele.

  Ele assentiu. Foi até ela e a abraçou.

—Tchau! – disse ela. Ele respondeu ao seu “tchau” com outro “tchau”. Logo em seguida, foi até Taya e a abraçou.

—Voltarei para podermos treinarmos mais. – disse. Ela assentiu, dando um sorriso. – Tchau!

    Ela também lhe disse tchau, e assim ele saiu da casa. Pegou o seu cavalo, pendurou suas bagagens nele e se despediu do pai de Taya. Montou no animal e o fez cavalgar. Todos os três gritaram em coro um ultimo “tchau”, e ficaram acompanhando-o com os olhos, até ele sumir no alto de uma colina. Então entraram dentro de casa.

    Mais tarde, os três jantavam juntos na mesa. Comiam carne de carneiro, enquanto o céu da noite se mantinha enfeitado pelas milhares de estrelas brilhantes.

  Eles conversavam sobre os acontecimentos do dia.

—Aquela senhora voltou, pedindo o bolo encomendado.- disse o pai de Taya.

—A fazendeira? – perguntou a mãe.

—Ela mesma. – respondeu ele.

—E ela gostou do bolo?

—Não sei. Não comeu na hora! – Taya riu da resposta de seu pai.

—Que rude, você! – falou a mãe.

—Me desculpe. – disse ele, enquanto dava risadinhas junto com a sua filha.

  Conversaram sobre outras coisas, mas principalmente sobre as encomendas da padaria.

  Após o jantar acabar, o pai de Taya, cansado, foi para a cama dormir. A mãe dela fez o mesmo, deixando-a a única pessoa ainda acordada na casa.

  A mutante terminou de comer e se levantou da mesa. No canto da parede havia uma bacia de madeira simples, onde a sua mãe lavava os pratos. Ela recolheu os pratos dos pais e começou a lava-los. Á luz de uma tocha que segurava uma chama de fogo bruxuleante, passava água nos pratos e os enxugava. Enquanto lavava os pratos, cantarolava baixinho uma música:

“Se não consigo alcançar,

Posso sonhar,

O impossível assim conquistar.

Sonhar é fonte de esperança

Desejo e mudança,

E nesse ato sei que posso descansar.”

        Repetiu esse coro várias vezes enquanto o silêncio era a única coisa que podia ser escutada. O vento uivou do lado de fora da casa. Taya podia ver pela janela o céu estrelado de pontinhos brancos e brilhantes. Tudo estava calmo.

      De repente, alguém bateu na porta. Ela se assustou. A pessoa batia com força e gritava alto. Era como a voz...a voz de Isaac.

   Ela largou os pratos dentro da bacia. Se levantou lentamente, tentando não fazer barulho, enquanto ouvia o individuo bater com mais força na porta. Andou até a tocha e a apagou, para que não se visse sua presença dentro da casa. Não demorou muito para que o pai de Taya descesse as escadas rapidamente.

—Quem está batendo na porta a essa hora da noite?

—Eu não sei! – respondeu Taya.

   Ele pegou um pedaço pesado de lenha que estava na lareira apagada, foi até a porta e se preparou para atacar o individuo. Taya gritou:

—Quem é?

—Sou eu, Isaac! Taya, abra logo a porta. È urgente! Rápido! – gritou de volta, desesperado.

   Ela e seu pai se entreolharam. Quando ele fez um sinal positivo com a cabeça, ela correu até a porta e imediatamente a abriu. Logo viu o seu amigo. Estava com a respiração ofegante. Seus cabelos castanhos desgrenhados e colados a sua testa pelo suor. Também estava um pouco molhado pelo orvalho da noite.

—Cadê? Cadê? Se apronte, rápido! Temos que partir! – ele estava desesperado. – Vamos buscar Luke e então partiremos.

—O quê aconteceu? – perguntou a mutante, sendo ignorada.

—Rápido, se arrumem!

—Isaac, o quê...

—Se apronte, rápido!

  Todos ficaram assustados. Taya puxou o braço dele e disse:

—Calma, Isaac. Acalme-se! – ele se acalmou um pouco. – Respire fundo. Isso! Então, me responda: o que aconteceu?

  Ele olhou para o rosto dela. Estava com expressão desesperada.

—Temos que fugir agora! AGORA!


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?