O dia amanheceu, eu abri os olhos e... Não. Eu não retornei ao mundo real. Ainda estava na sala do templo, onde havia passado a noite.

— Pelo jeito parece que vou continuar aqui em Gensokyo por um tempo... – Murmurei, suspirando.

Depois de me espreguiçar, levantei-me e olhei ao redor. Um silêncio predominava pelo local, e aquela sacerdotisa não estava em lugar nenhum.

“Ué... Será que ela saiu?” me perguntei, enquanto ia para a varanda do templo tomar um ar fresco. O céu estava nublado e ventava bastante, as folhas das árvores voavam e caiam na entrada do santuário. Lembrei que ontem a Reimu estava varrendo o templo quando cheguei, mais ou menos à essa hora da manhã, mas agora ela não estava lá. Achei isso um pouco estranho, mas decidi aguardar até que ela voltasse.

Alguns minutos depois, fui surpreendida pela chegada de uma misteriosa garota na entrada do templo. Ela detinha longos cabelos loiros trançados, olhos dourados, usava um chapéu preto de bruxa, um vestido igualmente preto com detalhes brancos, e segurava uma vassoura em sua mão.

— Reimuuuu! É a Marisa! Eu vim te fazer uma visita! – Gritou a menina, entrando.

Achei melhor me esconder antes que ela me visse, pois tinha um certo receio de que ela não fosse muito amigável ou pensasse que eu estou invadindo o santuário da Reimu. Fui correndo até o quarto da sacerdotisa, que era extremamente simples; só havia uma cama, uma prateleira com alguns objetos estranhos e um grande armário, onde entrei sem pensar duas vezes. Haviam poucas roupas lá, então eu pude caber facilmente. Ouvi alguns passos e a porta do quarto abrindo.

— Reimuu! Cadê você? – Escutei a voz da Marisa do lado de fora e me arrepiei.

Comecei a suar frio e tentei permanecer em silêncio até ela ir embora, mas por algum motivo desconhecido eu espirrei. Torci para ela não ter ouvido o barulho, mas de repente a bruxa abre a porta do armário com muita força e eu caio pra fora, batendo de cara no chão.

— Yukari...? – Questionou ela, confusa. – O que você está fazendo dentro do armário da Reimu?

— N-Nada demais, haha... – Respondi com um riso forçado, olhando-a de baixo para cima.

— Sei... – Marisa me olhou com cara feia. – Olha, eu sei que você tem uma queda pela Reimu, Yukari... Eu sempre soube disso. Mas não pensei que você era tão pervertida.

— Do que você está falando?! – Essa frase dela me pegou de surpresa.

— Não se faça de boba. – Ela aproximou seu rosto do meu e me ergueu pela gola da blusa. – Escuta aqui... Se você acha que pode roubar a Reimu de mim, está muito enganada... Mesmo que você seja a youkai das fronteiras mais poderosa de Gensokyo, eu ainda posso arrumar um jeito de destruir a sua vida, Yukari Yakumo!

— O-Ok! – Respondi com a voz trêmula, totalmente intimidada por seu olhar assustador e tom de voz hostil. – Pode deixar, eu nem sinto nada pela Reimu...

— Ótimo! – Dito isso, ela me soltou. – Parece que a Reimu está fora, então se me dá licença...

Ela saiu. Naquele momento, uma sensação de alívio tomou conta de mim e eu suspirei. Pensei que ela iria me matar...