Fiquei alguns minutos sentada na entrada do templo, esperando o retorno da Reimu. Quando ela finalmente apareceu, notei que suas roupas estavam rasgadas e ela parecia muito cansada.

— Reimu! Onde você estava? – Perguntei, indo até ela.

— Ah, Yukari! Foi mal por sair sem avisar, eu não queria te incomodar enquanto dormia. – Disse a sacerdotisa, coçando a nuca. – Bom, eu saí cedo para exterminar alguns espíritos malignos que atacaram a vila dos humanos... Afinal, esse é o meu dever como sacerdotisa...

— Entendi... – “Espíritos malignos”, isso me soava familiar. – Enquanto você estava fora, uma bruxa veio aqui... Ela queria falar com você.

— Uma bruxa? Você diz a Marisa? Ah, aquela maga vem aqui direto... É um pouco irritante. – Reimu suspirou e olhou em direção à floresta. – Acho que vou visita-la depois, pra saber o que ela queria.

— Eu posso ir junto com você? – Eu sabia que aquela tal de Marisa era problema na certa, mas ao mesmo tempo estava curiosa e queria saber mais sobre ela.

— Sério? Vocês duas não se dão bem, você sabe, da última vez que vocês lutaram eu tive que intervir, se não você acabaria destruindo metade de Gensokyo com o seu poder, Yukari. – Falou, rindo. – Mas se você quiser ir junto, eu não te impedirei. Só não arrume briga, ok?

Fiz um “sim” com a cabeça. “Essa tal de Yukari é tão forte assim?!” pensei, suando frio. A sacerdotisa entrou no templo e eu entrei em seguida, fiquei esperando ela tomar banho e se trocar, pois suas vestes anteriores estavam um trapo. Depois que ela estava pronta, saímos e fomos em direção à floresta.

Conversamos um pouco no caminho, até avistarmos uma casinha ao longe. Eu reconheci aquela casinha... Era a mesma que eu havia visto no dia anterior, quando acordei nessa floresta. Reimu se aproximou como se já tivesse ido lá milhares de vezes, e bateu uma vez na porta, gritando:

— Marisaaaaaaaa!

— Já vaaai! – Ouvi o berro da outra garota dentro da casa.

A porta abriu-se ferozmente, e eu pude ver a expressão de felicidade da bruxa ao ver a sacerdotisa, mas em seguida ela fez cara feia ao me ver. “Talvez eu não devesse ter vindo...” pensei, levemente amedrontada pelo olhar dela.

— Oi, Reimuu! E Yukari...

— Oi, Marisa. Você foi hoje mais cedo no santuário, né? O que você queria me dizer? – Reimu perguntou de forma bem direta.

— Ah, nada demais... – As bochechas da loira coraram um pouco. – Eu só queria te chamar pra ver as estrelas comigo hoje à noite...

— Estrelas? Claro, parece legal. – A sacerdotisa deu de ombros. – Por que não vamos nós três?

— Nós três...? – Notei que ela ficou um pouco cabisbaixa com a resposta. – Tá... Pode ser...

— Não, espera! – Falei, fazendo com que ambas olhassem diretamente para mim. – Melhor irem só vocês duas mesmo, eu me esqueci que teria um compromisso hoje à noite.

— Tudo bem... – Disse Reimu, indiferente. – Vamos só nós duas então, Marisa.

— O-Ok! – Os olhos da loira brilharam de felicidade e ela sorriu pra mim pela primeira vez. Acho que ela percebeu que a minha intenção era deixa-las a sós.

Por mais que eu quisesse ver as estrelas com elas, eu sabia que a Marisa queria ficar sozinha com a Reimu, então eu não queria atrapalhar. Talvez agora aquela bruxa finalmente parasse de me odiar.

Assim que anoiteceu, Reimu e Marisa saíram para ver as estrelas, como haviam combinado. Eu apenas fiquei observando-as de longe, escondida nas sombras da floresta para não ser vista. Enquanto olhava para a dupla, comecei a me lembrar de como eu e a Renko adorávamos observar o céu à noite, assim como elas.