Dinastia escrita por May Prince


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Postei esse cap para me desculpas pela demora ♥
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748060/chapter/8

"Algumas quedas servem para que levantemos mais felizes."

William Shakespeare

 

POV  Rainha Felicity 

Andei cautelosa pelos corredores do castelo, estava quase amanhecendo e eu estava com medo de encontrar Malcolm no caminho, ou pior, encontrar Donna e ela ver que não passei a noite em casa.

Subi as escadas que davam para os meus aposentos e parei ao ver os dois guardas na porta. Respirei fundo fazendo o meu melhor carão de rainha e andei até eles. Os dois me olharam sem entender, provavelmente achavam que eu estava dentro do meu quarto dormindo. Dei-lhes o meu melhor sorriso de rainha rezando para que não abrissem a boca pra a minha mãe, eles abriram a porta sem dizer nada e eu entrei suspirando de alívio por não ter sido pega por nenhuma outra pessoa.

Despi-me com um sorriso abobalhado no rosto, eu ainda sentia o toque dele em mim. Ainda sentia seus beijos quentes pelo meu corpo, seus braços fortes em volta de mim.

A noite pode ter começado um completo desastre, mas cada momento ocorrido a seguir do ataque foi completamente perfeito.

Eu estava feliz e isso bastava.

Pouco me importava a dificuldade que seria de negar um noivado e transformar Jonas em meu rei, mas eu o amava e quereria viver o resto dos meus dias ao seu lado. Amava-o ainda mais agora.

Andei até a sala de banho que ficava acoplada em meu quarto, a banheira já estava cheia para o meu banho matinal. Prendi os meus fios loiros e adentrei na água pelando e fechei os olhos, lembranças do meu momento com Jonas tomaram conta de minha mente.

Lembranças on

— Jonas, eu quero ser sua – falei olhando em seus olhos.

— O que? – perguntou sem entender.

— Quero me entregar a você – fechei os olhos ruborizando – Quero que seja meu ao mesmo tempo em que serei sua.

— Você não precisa fazer isso, meu amor – ele disse colocando uma mecha do meu cabelo para trás e eu o olhei

— Fala de novo? – sorri

— Você não precisa fazer isso.

— Não – meneei com a cabeça – Do que você me chamou...

— Meu amor – ele falou rindo – Meu – deu um beijo na ponta do meu nariz – Amor – e selou nossos lábios.

Eu sabia que Jonas se controlava quando estava comigo, sabia que ele só iria fazer algo se eu pedisse. Mas, eu queria pedir. Eu estava pronta e eu o queria tanto quanto ele me queria.

Não importa se sou rainha, não importa se serei prometida a Oliver Queen ou a outro príncipe. Eu só queria ser de Jonas e queria que ele fosse meu.

— Eu tenho certeza do que eu quero, Jonas – falei olhando em seus olhos – Minha certeza é você.

— Tudo bem – sorriu me olhando – Espere aqui. – assenti e ele saiu em direção a um dos alojamentos dos soldados. Minutos depois Jonas volta com uma manta jogada nos ombros e pega minha mão me puxando floresta adentro.

— É agora que você me mata? – perguntei com graça e ele riu

— Não, princesa – entrelaçou nossos dedos em força – Confia em mim?

— A minha vida – falei sorrindo e ele depositou um selinho em meus lábios antes de continuar na trilha.

Caminhamos em silêncio, um silêncio bom e reconfortante. Podia ouvir o barulho da cachoeira mais próxima, da coruja na árvore, os pássaros em seus ninhos... Mas minha cabeça rondava em onde Jonas estaria me levando. Onde quer que fosse, sei que seria mágico e especial.

Mais uns passos foram dados e entramos em uma clareira florida, a enorme lua cheia iluminava todo o local, a ao fundo a cachoeira na qual escutei o barulho fazia contraste com a lua.

— E então? – perguntou

— Como um inglês conhece esse lugar e eu não?

— Eu gosto de explorar onde fico e acabei encontrando esse lugar – disse indo até a beira da cachoeira e forrando o pano lá.

— É maravilhoso aqui – falei o olhando, ele sorriu sustentando o meu olhar

— Não mais que você.

Ruborizei diante da sua fala e sorri. Jonas se sentou no pano e fechou os olhos, provavelmente aproveitando a brisa gostosa que o vento trazia.

Ali era o local perfeito para uma primeira vez, porém eu sabia que ele não tentaria nada. Ele respeitava meu espaço, ele me respeitava e isso me fazia ficar ainda mais apaixonada. Então em um súbito ato de corando que não sei de onde veio, eu arreei as alças do meu vestido o puxando para que ele caísse pelo meu corpo – eu não estava usando espartilho, o que ajudou muito. Desde a primeira vez que vim ver Jonas, percebi que espartilho não era muito apto para andar de noite pela estrada. O barulho do meu vestido caindo fez Jonas abrir os olhos e me encarar surpreso, um misto de sentimentos passou em seu olhar e então ele se levantou e vou com passos lentos até mim.

— Eu tenho certeza, Jonas – falei e ele não disse nada, apenas colocou a mão na alça fina da minha roupa intima, a única peça que faltava pra a minha total nudez. Ele a tirou por completo e ficou encarando meu corpo nu por alguns segundos.

— Você vai ser a minha morte, princesa – disse me tomando em seus braços e selando nossos lábios.

 O beijo foi lento e cheio de sentimentos, eu sentia cada fagulha do meu corpo acender por ele. De alguma forma eu sabia que Jonas era a pessoa certa pra mim, a pessoa que seria meu rei e o amor da minha vida.

Ele separou nossos lábios e tirou a própria roupa, devagar e sem quebrar a conexão dos nossos olhos.Olhei seu corpo com desejo, Jonas era perfeito. Seu corpo era esculpido pelos deuses, forte e definido.Meu olhar passou por cada parte, até chegar em seu membro onde mordi o lábio ao olhar. Era grande e já estava pronto para me receber.

Jonas se aproximou de mim calmamente, eu sabia que essa noite tudo seria calmo. E eu agradecia por Jonas entender meu limite.

Ele pegou a minha mão e me conduziu em direção a cachoeira.

— Que tal um banho? – perguntou

— Seria perfeito – falei sorrindo e deixando que ele me guiasse para dentro da água.

Estava gelada, muito gelada. Soltei um gemido me encolhendo e ele me abraçou.

— Relaxa que o corpo se acostuma – disse em meu ouvido depositando um beijo ali, seu corpo estava quente mesmo na água fria. Me agarrei a ele precisando de calor e dei um beijo em seu pescoço, ele se arrepiou e me apertou mais forte contra si. Eu podia sentir seu membro roçando em minha perna e ruborizei, aquilo era novo para mim... Mas era uma sensação maravilhosa.

Jonas apertou minha coxa e isso pareceu despertar algo em mim. Rapidamente tomei seus nos meus travando uma luta entre nossas línguas, uma luta para ver quem dominava a situação, uma luta cheia de sentimentos.

Rodeei minhas pernas em sua cintura e soltei um gemido quando senti nossas intimidades se roçarem, cravei minhas unhas nas costas dele e ele apertou ainda mais minha coxa. Desceu seus lábios pelo meu pescoço dando beijos e mordidas no local. Apenas tombei minha cabeça para trás sentindo a sensação maravilhosa que era ter ele junto a mim.

Sua boca foi descendo pelo meu busto e uma de suas mãos saiu da minha coxa e encostou na minha intimidade. Ele abocanhou um seio meu ao mesmo tempo em que me penetrava com um dedo. A sensação era maravilhosa. Fechei os olhos soltando um gemido alto quando Jonas começou a movimentar seu dedo dentro de mim. Ele mordia meu busto e meu peito de uma forma que eu sabia que iria ficar marcado, mas eu pouco me importava.

— Eu quero mais – falei baixinho ao pé de seu ouvido, ele rosnou e me prensou contra uma pedra que havia ali, me penetrou freneticamente com mais um dedo enquanto dava beijos e mordidas por minha barriga – Isso! Isso! – gemi mais alto quando senti que estava chegando no meu limite de prazer

A luz da lua batia nos olhos de Jonas que me encaravam cheios de prazer.

— Vem para mim, meu amor – ele falou rouco e completamente sensual friccionando seus dedos mais fundo em mim. Com um ultimo gemido alto, liberei todo o meu prazer que se misturou com a água da cachoeira, eu estava mole e Jonas me segurou em seus braços selando nossos lábios. - Vamos sair dessa água fria – me carregou até a margem

— Não – falei me soltando e dando um mergulho, pude ouvir ele me chamar, mas não me importei. Eu queria que fosse ali, naquela água. Submergi e não encontrei Jonas onde ele estava. – Jonas – chamei olhando em volta – Jonas não tem graça – falei nadando até a margem e sentindo o vento frio me deixar arrepiada – Quando você aparecer eu vou te matar, inglês! – esbravejei bufando e escutei uma risada vinda da parte mais escura da cachoeira, fingi não escutar e decidi entrar na brincadeira dele – Tudo bem – me levantei catando as minhas roupas – Eu vou pra casa e nunca mais voou aparecer por aqui – falei com soberania e enrolei o pano que ele trouxe em volta de mim. Escutei o barulho da água e sorri, e do nada eu estava dentro da cachoeira de novo. Sé que dessa vez com o pano dele, e minhas roupas totalmente encharcadas. O maldito me puxou para a água com tudo! – Idiota! – gritei rindo e jogando água nele

— Eu não podia deixar você ir embora – falou fingindo tristeza

— Porque não, inglês? – me agarrei em seu corpo e ele passou seus braços em minha cintura

— Porque eu te amo – falou olhando em meus olhos e eu estagnei.

Eu o amava também, eu sabia disso. Mas eu não esperava que fosse recíproco, não a ponto de ser posto em palavras em um momento como esse, completamente romântico.

— Oh! – foi tudo que consegui falar. A surpresa fora tanta que me deixou sem palavras, porém eu sabia exatamente o que eu tinha que dizer e eu queria dizer mais que tudo.

— Tudo bem se não for recíproco, Megan – ele disse tristonho – Um dia será – riu fraco

— Não, não será – falei e ele me olhou com a sobrancelha arqueada – Quer dizer, não será porque já é. – sorri e ele retribuiu – Eu te amo – lhe dei um selinho – Eu te amo muito.

Nos beijamos e fizemos amor ali, a luz da lua.

Jonas me pegou no colo e me deitou em uma pedra lisa que havia no meio da cachoeira, deitou em cima de mim e selou nossos lábios em um beijo casto e cheio de amor.

— Você tem certeza? – ele perguntou se posicionando em minha entrada

— Eu quero ser sua – sussurrei – Por completo.

Ele voltou a me beijar e entrou em mim devagar. Assumo que senti um pouco de dor na hora, Jonas percebeu porque cravei minhas unhas em seu ombro e parei de beija-lo.

— Eu posso parar se quiser – ele disse parando de entrar, abri os olhos para encará-lo e friccionei meu quadril em sua direção para que seu membro se alojasse completamente em mim, ele deu um suspiro de prazer e eu sorri por sentir o mesmo que ele.

A dor tinha passado e o fogo que eu nunca senti tomou conta de mim.

Suas estocadas foram lentas no inicio, e eu comecei a movimentar meu quadril em sua direção mostrando que eu queria mais. Mais rápido e mais forte.Ele entendeu e fez exatamente o que eu queria. Nossos gemidos se tornavam um só, uma sincronia linda. Eu, ele, a lua e a cachoeira caindo atrás de nós.

Jonas beijava todo o meu busto, mordia meu seio e eu arranhava suas costas. Sabia que deixaria marcas, mas essa era a intenção.

Ele estocou mais forte e eu soltei um gemido alto, ele rosnou apertando forte a minha coxa e me beijou ferozmente. Era completamente selvagem, mas eu gostei! Ele apertou meu peito e eu tomei controle do beijo. A melhor coisa era beijar com ele dentro de mim. Era completamente sensual e me dava ainda mais desejo.

Senti aquele fogo novamente, aquele fogo que dizia que eu estava chegando no meu limite. Me apertei contra Jonas e gemeu em meus lábios entendendo meu recado.

— Eu também vou, amor – falou olhando em meus olhos

— Oh, Jonas! – gemi alto me liberando por completo, ele me penetrou mais forte e mais fundo e então eu o senti se soltar dentro de mim.

— Eu te amo! – disse deitando a cabeça em meu peito

— Eu também te amo!

Lembranças off

 O fogo que senti mais cedo tinha tomado conta de mim novamente só de pensar em Jonas dentro de mim de novo. Fizemos amor na pedra, dentro da água e no pano molhado forrado no chão. Foi mágico e por mim eu nunca sairia dali, nunca sairia dos braços dele.

Quando eu estava com Jonas eu não era a Felicity rainha cheia de obrigações, eu era apenas uma mulher descobrindo o amor e os prazeres que vem junto com ele.

Eu queria trazer Jonas para o meu mundo, eu só não sabia como contar a ele a verdade.

As portas da minha sala de banho se abriram e quatro enxeridas entraram sorridentes. Encarei Patty por uns segundos, ela ainda estava um pouco pálida, porém minha alegria se completava em saber que ela estava bem.

— O que vocês querem? – falei fingindo irritação

— Podemos saber onde a mocinha passou a noite? – Cait perguntou estendendo um pano para que eu me secasse

— Viemos aqui de madrugada para por a fofoca em dia e você não estava – Patty disse se sentando em uma cadeira que havia ali

Eu não tinha contado a elas sobre Jonas, tinha medo de ser julgada por me arriscar tanto fora do castelo - já tinha sido difícil explicar meu pé machucado, tive sorte de terem acreditado na desculpa de que caí do cavalo – E eu não queria contar agora, pelo menos ainda não. Então disse meias verdades.

— Impedi Malcolm de atacar a vila – falei me enrolando no pano rapidamente para que não vissem as marcas na minha barriga e sai deixando elas com cara de surpresa na sala de banho.

— Como assim, Felicity? – Jesse perguntou parando na minha frente

— Você ficou doida? – Iris disse sentando na cama

— E quase morro e você vira suicida? – Patty bufa se jogando na cama.

Olho para Caitlin e ela não diz nada, apenas meneia com a cabeça. Eu sabia que iria ouvir um sermão particular mais tarde.

— Não contem a Donna, por favor – falei indo escolher um vestido, peguei um azul da cor da bandeira do meu pais – Aquelas pessoas iam morrer a troco de nada.

— Você ia morrer a troco de nada – Iris falou se aproximando

— Não é bem assim – fui para atrás do meu biombo me trocar -  Eram centenas de vidas ali, e eu sou só uma.

Vesti a roupa e sai de trás do biombo para que elas me ajudassem a fechar o vestido que graças a Deus vinha com o espartilho junto, ou seja, menos uma peça de roupa para pesar.

— Os ingleses estavam lá – Cait disse vindo me ajudar – Poderiam ter te matado

— Ninguém ali me conhecia, me apresentei como Megan apenas – falei meia verdade – Oliver Queen declarou que se fossem atacados, matariam aqueles moradores. Eu sou a rainha daqui, eu não posso por meu povo em perigo por uma rixa entre a realeza. Se os Queen querem meu trono, eles devem brigar unicamente comigo e não com o meu povo. E o meu povo é o que me mantém de pé, se eles caírem, eu caio. Mas se eu caí, eles ainda poderão se reerguer.

— Você falou igual o seu pai – a voz da minha mãe tomou conta do quarto e todas elas ficaram em silêncio – Meninas, deixa que termino de arrumar a rainha – falou enfatizando o rainha.

As minhas amigas me olharam e eu assenti para que saíssem, elas foram e mamãe entrou fechando a porta. Ela estava com toda a sua classe em um fabuloso vestido preto e com suas jóias penduradas. Ela tinha um olhar impassivo sobre mim, estava me estudando.

— Não sei o quanto a senhora ouviu da conversa, mas quero que saiba que... – falei gesticulando em sinal de nervosismo do que estaria por vim. Uma gafe enorme, eu era a rainha, não podia ficar nervosa perante aos meus atos.

— No que você estava pensando quando saiu desse castelo sozinha? – esbravejou – Você acha que se o Queen soubesse que você estava lá ele teria a mesma misericórdia que você teve com os soldados dele? – passou as mãos atrás da nuca – Ele estava la? Ele se expôs a ajudar seus soldados?

— Não – falei abaixando a cabeça – Ele não estava lá – sussurrei

— Então porque se colocou em perigo por aqueles homens, Felicity? – falou com desdém – Aqueles homens a querem morta.

— E o seu marido também – gritei por fim me arrependendo em seguida

— O que? – falou sem entender

—  Malcolm tentou me matar ontem a noite e se não fosse um soldado inglês – aumentei meu tom – Um soldado inglês que sabia quem eu era, se não fosse por ele eu estaria morta.

— Se você não tivesse saído do castelo para tentar ajudar aqueles camponeses...

— Então você está dizendo que o Merlyn está certo em ter quase enfiado uma adaga em meu peito?

— Não é isso...

— Não é isso que você quis dizer, não é? – ela assentiu – Nunca é, mamãe. Você sempre tenta justificar as atitudes erradas daquele maldito. – bufei - Você nunca vai entender o meu amor pelo meu povo –  Eu devia tomar as rédeas da situação, afinal eu era a rainha. Eu não devia abaixar a cabeça para ninguém, mesmo se essa pessoa fosse a minha mãe. Por mais que eu a respeite, ela deveria me respeitar como filha e como sua soberana – Você não nasceu pra reinar a Escócia, você nasceu para se casar e ter filho, apenas. – ela me olhou surpresa - Eu – apontei o dedo para mim – eu devo zelar pelo meu povo, eu devo ser a base deles, o escudo deles e não ao contrário. Você – apontei o dedo para ela – você nunca teve que se preocupar com isso. Você não era a herdeira, você era apenas uma consorte. Então não venha me dizer como devo reinar a minha herança. Porque você não sabe o que é isso. Você não sabe o que é ter um povo dependente de você. Papai sabia, e papai lutou pelo povo.

— Felicity...

— Não – sorri sem humor com lágrimas nos olhos – Agora eu falo – ela assentiu suspirando – Como eu disse para as meninas o meu povo é o que me mantém de pé, se eles caírem, eu caio. Mas se eu caí, eles ainda poderão se reerguer. Papai caiu e eles se reergueram. Até eu cair, continuarei lutando.

— Nada que eu fale mudará sua cabeça – murmurou - Ele te ama como uma filha, não te mataria. Você quer me colocar contra ele - disse impassível dando as costas – E você não vai conseguir, majestade. – ela abriu a porta e saiu batendo-a com uma força exagerada

Corri até a minha cama e me joguei lá chorando compulsivamente.

Minha mãe estava cega por aquele homem. Se não fosse Slade – um inglês -, eu estaria morta agora. Talvez eu deveria ter deixado que matassem meu padrasto afinal de contas. Por mais hipócrita que esse pensamento seja, Tommy ficaria bem – eu cresci sem meu pai e estou bem. Talvez não tão bem assim, mas eu sobrevivi -, mamãe já superara a morte de um marido que ela dizia amar calorosamente, ela superaria a morte de mais um.

Quem me garante que não fora Malcolm Merlyn o responsável pela quase morte de Patty, ele me atacou quando teve a oportunidade. Quem me garante que ele não viu uma oportunidade e confundiu Patty comigo. Ele merecia morrer se realmente fora o culpado.

Mas o que eu to pensando? Eu nunca traria esse sofrimento para a minha família um sofrimento desse tamanho.

Chorei tanto que cai no sono. Sonhei com Jonas, sonhei com seus braços a minha volta, sonhei com a noite que tivemos.

(...)

Acordei sentindo uma mão me chacoalhando e outra acariciando meus cabelos. Não abri os olhos, uma dor de cabeça dos infernos tomava conta de mim.

— Não sacode ela assim, Tommy - Cait disse e escutei o barulho de um tapa

— Não precisa me bater, mulher – bufou – Ela tem que acordar

— Não vê que a Lissy não está bem? – minha amiga falou e senti as mãos em meu cabelo novamente. Provavelmente era ela. – Amiga, acho que realmente é hora de você acordar.

— E se chamarmos o doutor Wells? – meu irmão falou e eu comecei a me remexer na cama, sinal de que estava acordando – Só falar em médico que ela da o ar da graça – falou com humor na voz.

Poderia eu tirar essa felicidade de Tommy, tirar a alegria que ele trazia matando o seu pai? Eu não poderia.

— Cala a boca, Tommy – falei abrindo os olhos e forcei um sorriso. Eu estava no meio da minha cama e cada um estava de um lado.

— Boa tarde, bela adormecida – meu irmão disse me dando um beijo na bochecha e Cait se levantou indo buscar um vestido para mim. – Mamãe exagerou?

— Quando ela não exagera? – me sentei na cama – Por quanto tempo eu dormi?

— O suficiente para descansar e se preparar para a bomba que está por vir – Caitlin falou jogando um vestido vermelho na cama – Use este de noite.

— Mandei trazerem um almoço para você – Tommy disse saindo da cama e me olhando de braços cruzados. Não ia sair boa coisa dali.

Cait parou ao seu lado e também cruzou os braços. Encerei os dois com um olhar mais critico, meu irmão e minha melhor amiga formavam um casal lindo. Se não fosse pela carranca que eles estavam fazendo...

— O que foi? – perguntei ficando de pé – O que está acontecendo?

— Vamos receber uma visita – Tommy falou receoso – O mensageiro que veio na frente, disse que vão chegar no jantar.

— Melhor contar logo quem  está vindo – Caitlin susrrou pra ele fazendo uma careta

— Deixem de mistério! – bufei irritada – Quem está vindo?

(...)

Marchei até o gabinete da minha mãe e abri as portas em um rompante. Ela queria jogar, mas esquecia que a rainha era eu.

— Como ousa aceitar o pedido de Moira Queen e seus filhos para se instalarem na minha corte sem a minha autorização? – esbravejei

— Querida, mantenha seus amigos perto – se levantou parando na minha frente – E seus inimigos mais perto ainda.

— Você disse que Malcolm fez o que fez para me proteger e coloca os Queen aqui dentro do castelo?

— Moira me mandou uma carta assim que ficou sabendo de um possível casamento entre você e o filho dela e nessa carta ele dizia que viria para a Escócia tratar pessoalmente.

— Oliver Queen já é noivo – afirmei

— Não é mais. Nem ele sabe ainda, pois está naquele aqui – mamãe falou voltando a se sentar – Ele mandou um de seus homens no dia em que Tommy foi recepcioná-lo. No mesmo momento Moira rompeu esse noivado e me avisou sobre isso. – continuou escrevendo seja lá o que fosse.

— E você não me falou nada.

— Você não quer esse casamento, filha  - parou de escrever e me olhou – Eu não vou te obrigar a casar com ele. Eu prometo – assenti – Eu nem posso te obrigar, você é a rainha. Mas se Moira quer vir pra cá. Deixe que ela venha. – sorriu de canto.

— Mostrarei que esse casamento não vai acontecer e que meu trono não será dela.

— Exatamente – piscou e continuou escrevendo.

Soube ali naquele momento que eu e minha mãe havíamos feito as pazes. Por mais que me amargurava ela pensar que eu menti sobre Malcolm tentar me matar.

Eu não sabia onde ele estava, não sabia onde os soldados haviam o deixado. Eu esperava de todo o meu coração que ele demorasse para voltar.

Ter Moira na minha casa não seria nada fácil, não seria nada tranqüilo.

Semanas turbulentas estavam por vir, semana essa que eu deveria mostrar que o meu trono não estava em jogo. A Escócia era minha e de mais ninguém, minha por direito e ninguém tiraria o meu país de mim.

Mas se Oliver Queen estava vindo para o castelo... Talvez seu soldado leal também viesse, talvez Jonas viesse e então eu podia contar com o apoio dele. Ele enfim saberia a verdade sobre mim e eu o convenceria a reinar ao meu lado. Ele tinha que aceitar.

Animada com o pensamento de tirar os Queen do meu caminho e ver Jonas novamente, ordenei que servissem o melhor jantar, arrumassem o salão de refeições com a melhor prataria que tínhamos. Seria uma noite memorável.

Ao menos eu veria o meu inglês...

(...)

POV Príncipe Oliver

Olhava furioso para o meu reflexo no espelho. Eu não podia acreditar que minha mãe estava realmente vindo para a Escócia, eu não podia acreditar no que Diggle havia me falado assim que chegou.

Eu estava vestido como um verdadeiro príncipe herdeiro, e não com as roupas mais leves de antes. Usava um gibão ridículo preto com detalhes vermelhos, com um blusão branco por baixo.

— Você está lindo, alteza – John caçoou e Slade riu

— Está mesmo!

— Calem a boca – bufei – Eu não vou usar isso. Eu não vou para aquele lugar.

— Porque não? – John perguntou

— Ele se apaixounou Dig – Slade falou e eu revirei os olhos. Sim, eu estava apaixonado. Mas era estranho essa sensação, ouvir de outra pessoa então... – Ela mora no castelo e nosso príncipe mentiu sobre a sua identidade.

— Ela não sabe que sou Oliver Queen, pensa que sou um soldado, Jonas Wilson. – falei tirando o gibão que mamãe mandou e tacando na cama – Eu não vou usar isso. - Abri o baú com minhas roupas e coloquei um jerkin knights vermelho por cima do blusão branco. – Bem melhor – sorri olhando meu reflexo.

— A majestade não vai gostar da sua troca de roupa, Oliver – John falou – Ela deixou claro que queria você com o gibão.

— Não era nem para ela estar aqui, Dig – falei pendurando minha espada na cintura.

— Ela quer que esse casamento aconteça Oliver, quer que você mate Felicity e assim assumirá o trono.

— Tem certeza que matar a menina é uma boa ideia? – Slade perguntou me encarando

— Ta com pena dela? – perguntei – Aquele trono é da minha família por direito. Essa ilha...

— Dela também, Oliver – ele falou firme – A avó dela era irmã do seu pai, a avó dela se casou com o último herdeiro vivo da Escócia....

— Meu avô foi um gênio então – sorri debochado – Esse trono vai ser meu...

— Mas? – John falou

— Mas eu não posso me casar com Felicity, não depois de ter me deitado com Megan. Eu não posso. – suspirei

— Desde quando você liga para a virtude de uma garota, Oliver – Dig falou rindo

— Falei que ele estava apaixonado – Slade riu e se encaminhou até a porta – Vamos, a minha rainha está te esperando para irem ao catelo.

— Vamos – falei e saímos do pequeno quarto de Helena.

Desde que comecei a me encontrar com Megan eu não conseguia encostar um dedo em Helena sem me sentir mal, sem sentir nojo de mim. Então depois da primeira tentativa eu parei. Megan era a única em meus pensamentos, Megan era a dona de meus toques e carícias. Não podia traí-la dessa forma.

Avistei a carruagem charmosa de mamãe parada na entrada do vilarejo e sem mais demoras eu entrei. Assustei Thea que estava lendo um livro e Moira olhava pela janela impaciente.

— Você me assustou – Thea disse batendo com o livro em mim. Minha irmãzinha estava linda com um vestido rosa de decote reto, seu cabelo ondulado estava solto e uma pequena coroa habitava em sua cabeça. Uma verdadeira princesa.

— Problema é seu – falei rindo e puxando seu cabelo.

— Porque não está com a roupa que mandei, Oliver? – Moira perguntou me analisando com o olhar.

— Oi, mãe – dei um beijo em sua bochecha – Estava com saudades. Sabia?

Thea riu e minha mãe revirou os olhos.

— Você não tem jeito mesmo – falou saindo da sua classe – Vem aqui dar um abraço na sua mãe – me puxou para os seus braços e retribui de bom grado. – minha mãe estava bonita, com um vestido azul marinho e detalhes dourados, uma gargantilha da cor do vestido onde um diamante cintilava. Seu cabelo em um coque estratégico e uma coroa em cima, deixava seu pescoço magro amostra.

— Não entendo porque veio para cá, mãe.

— Quero conhecer minha futura nora – sorriu – Oliver, você precisa se casar com essa menina. É a chance que temos de pegar esse trono de uma vez por todas.

— E Laurel? – tentei escapar

— Arrumei um partido bem rico para calar a boca do duque Lance – dei sinal ao cocheiro para que seguíssemos viagem – Laurel já está até casada, meu filho.

— Temos que arrumar outro jeito de...

— Você se casa, Oliver – falou com soberania e ordem – Isso já está certo e aprovado por seu pai.

— Eu conheci uma pessoa, mãe... – passei a mão no rosto- Ela é nobre, rica, daria uma ótima rainha e...

— Se case com Felicitty, mate-a e depois se casará com quem quiser. – falou sorrindo.

Minha mãe era assim, ela tentava tirar proveito de cada situação para conseguir o que queria. Sei que a coroa em sua cabeça faz com que ela tome decisões difíceis, muitas vezes ela se arrependia. Mas parecia que Moira gostava de ser tirada como a Rainha Má. Porém mamãe tinha um bom coração e sempre dizia que era melhor ser temida e respeitada do que tirada como idiota.

— Com quem eu quiser? – enfatizei o “eu”.

— Sim – suspirou derrotada, ela estava odiando aquele acordo – Com quem você quiser.

— Então está feito – sorri – Está muito calada, Speedy

— Não me chama assim – esbravejou – Eu odeio essas conversas de vocês – falou fazendo cara de nojo – Vocês querem matar alguém, isso não é normal.

— É isso que nos faz cada vez mais poderosos, minha filha – mamãe falou

— Não, isso afasta quem a gente ama.

Depois disso a carruagem caiu em um enorme silencio. Apenas as rodas e as patas dos cavalos faziam barulho. A noite já havia caído e a estrada estava sinistra.

Pensei no que Thea falara: “Isso afasta quem a gente ama”. E se ao me vez casando com Felicity, Megan me odiasse? E se depois da morte da irmã ela simplesmente ligasse os fatos até mim e não quisesse olhar na minha cara.

Cenas da noite passada invadiram meu pensamento... Meu amor por aquela mulher apenas se intensificou ainda mais. Ter Megan como minha era uma sensação que nunca experimentei e eu havia gostado, eu havia me viciado. Eu precisava de mais, precisava de mais dela. Precisava que ela me perdoasse por ter mentido sobre quem eu sou, entendesse que se eu tivesse falado a verdade desde o inicio ela nunca teria se aproximado, ela nunca teria me permitido conhecê-la, não teria me permitido se apaixonar.

Eu tinha que me casar e matar Felicity, mas eu não podia viver sem Megan.

Eu devia arrumar uma forma de conseguir as duas coisas.

— Oliver – a voz de Thea soou em minha cabeça, parecia impaciente, provavelmente estava me chamando a um tempo – Está em que mundo?

— O que foi? – perguntei

— Chegamos – apontou para o castelo e a porta da carruagem abriu.

O cocheiro colocou um pequeno banco para servir de degrau para as damas, desci e me posicionei ao lado da porta da carruagem para ajudar minha mãe e irmã a desceram.

Um homem que parecia ser um soldado, pelas roupas, apareceu dizendo que nos levaria até a sala do trono onde todos nos aguardavam para a recepção. Pedi para que meus homens, que me seguiam até aqui, que esperassem ao lado de fora e qualquer sinal de confronto entrassem de imediato.

Minha mãe foi andando com maestria na frente e eu e minha irmã atrás lado a lado. Um sentimento de ansiedade tomou conta de mim, eu sabia que veia Megan, sabia que ela estaria ali atrás daquelas portas. Minha cabeça gerava em possíveis reações dela. Eu sabia que ela não ia gostar de ter sido enganada, mas eu apenas queria que ela entendesse que eu a amava independente de qualquer coisa, e que eu não deixaria nenhum mal chegar até ela.

— Nos anuncie – mamãe ordenou e o home, que provavelmente não tinha pretensões de nos anunciar, assentiu temeroso.

Ele abriu as portas do salão e então fechou atrás de si – não dava para ouvir o que era falado, porém dava-se para ouvir murmúrios -, minutos depois ele voltou a abrir dando espaço para que passássemos.

Moira Queen com toda a sua glória entrou na frente com um sorriso de escárnio no rosto, depois Thea entrou. Eu fui um tremendo covarde e não tive coragem de entrar. Eu estava me sentindo um maldito cheio de medo de encarar a mulher que ama, cheio de medo de ser pego na mentira. Megan me odiaria, com certeza me odiaria.

Eu acreditava na nada me faria sair do lugar, mas então eu escutei a sua voz soar com a soberania e prepotência que ela usava quando não gostava de alguma situação. E o som da sua voz me fez andar até ela.

— Seja bem-vinda a minha casa, Moira – ela falou altiva – Estou muito feliz em recebê-la.

Em total impulso eu entrei naquela sala, me arrependendo de ter o feito no ato em que bati os olhos nela. Linda, parada no alto da escadaria que levava ao trono, a coroa na sua cabeça mostrava o tanto poder que tinha. E a petulância em seu olhar mostrava que aquela situação a desagradava tanto quanto degradava a mim.

E então quando seus olhos cruzaram o meu, eu soube, quando seus olhos azuis se arregalaram ao me olhar, eu soube.  

Soube que aquele era o meu fim, soube que eu escalei alto demais e a queda estava sendo dolorosa. Lenta e dolorosa. 

As pessoas falavam ao nosso redor, algumas faziam reverencias na minha direção, outras faziam referências para minha mãe. Porém eram apenas vultos para mim, porque o que realmente importava estava ali parada na minha frente me encarando de olhos arregalados e lágrimas no olhar. Para mim parecia que apenas existia eu e Megan naquele salão, ou melhor parecia que existia apenas eu e a Rainha da Escócia, a pessoa que eu jurei proteger com minha vida,  a mesma que eu prometi que mataria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nada a dizer sobre esse cap, apenas sentir. ♥

Comenteeeeeeeeeem!
Recomendeeeeeeem!
Me deixem feliz ♥



Biombo: https://images.antiquesatlas.com/dealer-stock-images/fernyhoughantiques/Georgian_Oak_3_Fold_Screen_Roo_as122a1637b.jpg (antigamente se usava muito)

Jerkin knights - https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/70/37/f4/7037f43cfb6a5b8ef82d779e83e0821d.jpg (imaginem o Oliver com essa roupaaaaaaa, delírios aqui!)

Gibão - https://i.pinimg.com/736x/44/99/03/449903889866c5bf541a57040a2d1b14--doublet-leicester.jpg (apenas o colete que ele estava "usando")

Beijos ♥
Até semana que vem! ♥