“Quanto mais tento fugir de você... Mais te procuro... Preciso-te porque te amo”
— Celia Piovesan

POV Príncipe Oliver Queen

— É com muito desgosto e ressentimento que eu digo que o estado de saúde da Lady Patrice Anne Spivot é grave. – falou a rainha mãe e murmúrios e suspiros preocupados tomaram conta do grande salão onde estava acontecendo o balei de Donna – Tentaram matar a minha filha e eu não deixarei esse ato passar em branco. Nesse castelo ocorreu uma tentativa de assassinato e eu, junto com a rainha, investigaremos o que aconteceu e puniremos os culpados. Dou esse baile como encerrado – suspirou e saiu andando porta a fora cercada de guardas.

        Megan havia saído para buscar um médico e desde então não voltou, acredito eu que ela tenha ido avisar a meia irmã sobre a tentativa de assassinato.
Admito que eu havia mandado Slade dar um susto na rinha – que no final das contas não era a rainha – mas eu não sabia que ele iria quase matá-la.

        Desde que encontrei Patrice ensangüentada no chão, não vi Slade. Foi tudo tão rápido... O doutor veio apressado e carregou a lady desacordada para longe, pessoas me interrogaram e eu vesti perfeitamente o meu papel de soldado representando o príncipe. Não falei que estava com Megan, não queria a minha doce Megan mal falada por um deslize meu.

        Sorri com esse pensamento... Minha. Ela estava tão certa ali em meus braços, um lugar onde ela se encaixou perfeitamente. Minha... Ela seria minha.

        — Perdido em pensamentos, alteza – olhei feio para o dono da voz

        — Porque fez isso com a mulher? Quase a matou... O combinado não foi esse, Slade – ralhei

        — Mas eu não fiz nada, garoto – ele cruzou os braços – Estava aqui o tempo todo esperando seu sinal, mas você estava ocupado demais com uma certa loirinha da realeza. – riu sacana

        — Megan Merlyn – falei – Ela me tirou de órbita

       — Nunca ouvi falar – suspirou pesado – Tem certeza que é o nome dela.

        — Claro – revirei os olhos – Porque ela mentiria?

        Se não foi Slade quem tentou contra Patrice, provavelmente havia outra pessoa dentro do castelo tentando matá-la. E isso não era bom para os negócios.

        Ou será que era? Eles matando Felicity, nós ingleses assumiríamos. Mas porque outra pessoas tentaria mata-la se os únicos na linha de sucessão eram os Queen? Ou será que não eram?

        — Precisamos descobrir quem fez isso, Slade – falei andando até a porte de saída do castelo – Precisamos saber quem e porque.

        — Acha que tem outra pessoa com interesse no trono escocês? Outra família na linha de sucessão?

        — Precisamos descobrir, se há outra pessoa, minha família também corre perigo.

        — Ninguém chegará perto de vocês, garoto – Slade falou dando a partida em seu cavalo

        Eu sabia que ninguém chegaria perto da minha família, eu mesmo não deixaria. Precisava arrumar um jeito de avisar meus pais sobre esse ataque.

        Cavalguei até o vilarejo e juntei todos os meus homens para declarar que havia um inimigo, um novo inimigo.

        — Alteza, ninguém passará por nós sem a devida identificação – um soldado falou depois que lhes contei sobre o ocorrido

        — Eu espero mesmo – falei rude – E quero que um de vocês vá a Inglaterra avisar o Rei e a Rainha, precisamos ficar alertas. Se atacaram Felicity Smoak, irão nos atacar também.

        — Não podemos mandar mais um homem, alteza, Sr. Diggle já foi – um outro rapaz falou – Vamos ficar em desfalque.

         — Pouco me importa – olhei em seus olhos – avisem meus pais. A-g-o-r-a.                                                                                                                — Sim senhor – esse sussurrou abaixando a cabeça e foi procurar um soldado para que fosse o mensageiro

        — Oliver, aquele soldado tem razão – Slade parou ao meu lado – Somos fortes, mas não somos muitos e não sabemos o que vamos enfrentar. Entendo que esteja nervoso por sua família estar em perigo...

        — Tentaram matar a rinha desse país e por pouco não conseguiram. Acharam que eram a mesma mulher que acreditávamos ser – fiz sinal de pouco com as mãos – Mais isso aqui e Felicity morria, e os próximos serão os Queen.

        — Quer dizer que devemos proteger a escocesa?

        — Quer dizer que devemos ficar de olho no castelo. – andei em direção a casa onde eu passava as minhas noites – Felicity morrendo é um adianto para mim, mas tenho que pegar quem quer pegar aquele trono.

        — Entendido – falou fazendo uma cara estranha – Mas você realmente não sabe quem é a rainha escocesa?

        — Não, não a vi no baile.

        — Tem certeza disso, garoto? – cruzou os braços

        — Tenho – suspirei – Porque? Você a viu?

        — Eu? Não! – suspirou e puxou um facão de dentro da bota – Vou dar uma olhada no perímetro. Bons sonhos, alteza.

        Acenei com a cabeça e entrei na casa. Estava tudo escuro e provavelmente a bela Helena estava dormindo, mas por incrível que pareça eu não queria absolutamente nada com ela. Não queira nada porque eu não conseguia tirar o sorriso e o olhar de Megan dos meus pensamentos. Seu beijo doce e calmo, seu toque quente e cálido.

        O que estava acontecendo comigo?

        Eu não ia negar Helena por conta de uma donzela que eu acabara de conhecer.

        Tentei tirar a loira dos meus pensamentos e entrei no quarto tratando de me despir e despir Helena que acordou no susto.

        — O que...? – falou grogue olhando ao redor

        — Apenas cale a boca e transe comigo – falei a penetrando, ela gemeu alto. Não a beijei como das outras vezes, foi completamente carnal para saciar a minha vontade. Eu só tinha em mente um beijo, e os meus lábios ficariam guardados para ela.

                                           POV Rainha Felicity

        Acordei no meio da noite sentindo uma enorme angustia. Patty, uma das minhas mais fieis amigas não tinha melhorado em nada nos últimos três dias. Eu me sentia culpada, era para eu estar no lugar dela... Eu deveria estar entre a vida e a morte, não ela.

        Porque fizeram isso? Porque atentaram contra ela achando ser eu? Porque nos confundiram?

        Tantas perguntas que rondavam a minha mente e me deixavam em agonia. Eu queria respostas, mas como as teria?

        Outro motivo da minha agonia constante era Jonas Wilson. Três dias desde o baile, três dias com o pensamento perdido em seu sorriso, seu beijo, seu toque. Eu me senti bem quando tive meu momento com ele, e me sentia tendo-o em meus pensamentos.

        Eu queria vê-lo. Eu precisava de alguém com quem eu poderia ser eu mesma, não a rainha cheia de obrigações... Mas sim a donzela, a garota que só quer aproveitar o pouco que a vida tem a oferecer.

        Eu sabia que Jonas estava no vilarejo tomado pelo príncipe Oliver, sabia que era perigoso ir até lá. Mas quando vi, já estava colocando um vestido qualquer e correndo pelas plantações nos fundos do castelo em direção ao estábulo.

        Mamãe iria me matar se soubesse? Com certeza! Mas eu já estava montada em Apolo, meu cavalo negro, indo em direção ao pequeno vilarejo.

        Deus me proteja!

        Cavalguei na estradinha morrendo de medo do que eu poderia encontrar, era tarde, e tudo que eu conhecia por aqui eu havia visto na luz do dia.

        Ao longe consegui enxergar a luz que as tochas do vilarejo emanava, um frio correu a minha espinha. Não era para eu estar ali, eu era uma rainha correndo perigo e qualquer um morador da vila poderia me encontrar. Mas eu precisava saciar a minha vontade de ver Jonas.

        Eu estava parecendo uma tola apaixonada, mas talvez eu fosse, talvez eu estivesse... Eu não era uma pessoa muito romântica. Não acreditava em amor a primeira vista. Mas Jonas era diferente, ele despertou algo desconhecido em mim. Algo que fazia meu coração palpitar descompassado toda vez que eu me lembrava dele, da sua voz e seu sorriso.

        Parei para procurar um melhor lugar para deixar meu cavalo e quando coloquei meus pés no chão, ouvi um barulho entre as árvores. Gelei. Rezei a todos os Santos que eu conhecia para que fosse apenas um cervo perdido. Mas infelizmente, não era.

        — O que uma donzela tão linda faz sozinha por esses lados? - um homem com moreno e olhos castanhos apareceu sorrindo sínico e se aproximando - Vejo que é bem cuidada, não mora aqui nesse vilarejo.

     — N-Nã - gaguejei de nervosismo.. Eu não podia mostrar a minha soberania ali, ele era um soldado inglês pela flor pendurada em seus pescoço

        — Não precisa ficar com medo, eu não lhe farei mal - riu sem humor - Apenas se meu príncipe não se interessar por você, é claro. - apertou a mão em volta do meu braço e me arrastou até a entrada do vilarejo. - Se bem que ele nem precisa saber que você está aqui. É isso!

        Eu esperneava e me debatia, mas o aperto dele era forte demais. Meu vestido azul já estaca marrom devido a lama , eu estava praticamente sendo arrastada pelo chão.

        — O que está acontecendo aqui? - uma voz grossa soou e o soldado parou de me arrastar, virei meu rosto e encontrei o irmão de Jonas parado e de braços cruzados. Quando me viu, ele arregalou os olhos.

        — Me de ela. AGORA! - Slade gritou e eu tremi

        — Eu encontrei ela primeiro, Wilson - o soldado rosnou

        — Se o Oliver descobrir o que você tem nas mão, e o que você está fazendo com ela, ele te mata. - falou duro - Me de a garota, Chase.

        — Mas que porra! - apertou meu braço com mais força e me jogou no chão

        — Ai! - choraminguei ouvindo o osso do meu pé estalando

        — Sai daqui! - Slade rosnou e o tal de Chase saiu apressado e bufando

        — Porque me ajudou? - falei com soberania ainda no chão

       — Não precisamos isso, majestade - bufou se abaixando e me erguendo nos braços

        — Vai me levar para Oliver? Pra ele me matar... - continuei com meu tom altivo e ele riu - Sabe quem sou...

        — Te levarei até quem você veio ver - falou com deboche - Quero só ver onde isso vai dar.

         — Você não vai me matar? - perguntei encarando seu rosto

     — Não posso - suspirou - Poder eu posso, na verdade. Mas meu irmão não me perdoaria.— Olhei ao redor e já estávamos em uma das casas mais afastadas da entrada do vilarejo, paramos em frente e Slade me colocou sentada em uma cadeira de madeira que havia ali. Ele se abaixou na minha frente e pegou meu tornozelo. Haviam tochas em frente à casa que dava pra ver perfeitamente o estrago que a minha queda fez, o roxo já tomava conta de tudo. Esse era um dos motivos de eu nunca sair do castelo sozinha ou até mesmo acompanhada... Eu não podia ser ferida - Isso aqui vai ficar feio. Vou chamar o Ol... Jonas.

— Obrigada, Slade.

Ele assentiu e saiu entrando na casa, não demorou muito e Jonas apareceu em um rompante pela porta, ele me olhou assustado e depois olhou para o meu pé.

— Quem fez isso com você? - rosnou

— Não foi nada... - sussurrei

— Slade - ele gritou e o irmão apareceu - Quem fez isso com ela? - ralhou

— Chase, garoto - falou o mais velho - Ele estava a levando para a cabana.

— Eu vou matá-lo - Jonas falou se levantando e dando as costas pra mim.

— Não - pedi me levantando com dificuldade e segurando seu braço - Eu quero que fique comigo

Ele me olhou atentamente e suspirou se dando por vencido.

— Tudo bem - me abraçou

— Leve ela para a cabana que o.... Que o nosso príncipe uma para reuniões reais - Slade falou e Jonas assentiu

Jonas me pegou no colo e eu enterrei a cabeça em seu pescoço, era bom sentir aquele cheiro amadeirado e aconchegante. Ele entrou na tenda e me colou em um divã que havia ali.

— O príncipe não vai se importar que uma escocesa da realeza está nos aposentos dele? - perguntei me acomodando

— Com certeza não - sorriu

— Tudo bem que essa terra aqui é da minha família né

— Por pouco tempo, princesa - ele piscou

— Oliver Queen não vai conseguir tomar a Escócia.

— Felicity Smoak não sabe o que a espera.

Tremi. Será que Oliver faria algo contra mim? Será que ele tentou me matar ontem enquanto eu estava com Jonas e Patty acabou sendo a vítima? Jonas não ia me contar se eu perguntasse. Mas não custava tentar.

— Felicity teme que Oliver tenha tentado algo contra ela e acabou acertando a pessoa errada.

— Oliver não fez isso, posso te garantir. Aqui você está segura. - se sentou ao meu lado - Mas me fala, o que você está fazendo aqui? 

        — Eu queria te ver, conversar com alguém em que eu não precisasse ser a Megan nobre e sim a Megan que pode fazer o que quiser. E queria sair da tensão que é ver Patty acamada, devia ser eu...

  — Como assim devia ser você?

Merda! Me entreguei...

— Devia ser eu, ou qualquer outra pessoa... Patty é tão boa e serve tão bem a rainha. Eu estou arrasa com tudo isso.

— Entendi - assentiu - E então fugiu no meio da noite?

— Eu não pensei muito - sorri e me movimentei causando dor no meu pé - Aí!

— Não se mova, vou pegar algo pra amarrar aí. - ele se levantou, não sem antes me dar um leve tocar de lábios que me fez ruborizar - Eu já volto

— Não me deixa aqui sozinha - falei receosa

— Ninguém vai te machucar aqui.

— E se o seu príncipe chegar?

— Acredite - sorriu - Não deve temê-lo, ele não vai fazer nada contra você.

Ele que pensa!! Deixa só ele descobrir quem eu sou de verdade, pensei.

Assenti e ele saiu. Eu não sabia que horas eram, eu não sabia se já estavam atrás de mim no palácio, eu não sabia o que esperar de nada a partir de agora. A única coisa que eu tinha certeza era que eu me sentia no lugar certo, me sentia bem perto de Jonas e meu coração dizia que aquilo devia durar muito tempo.

Eu entendo que ter algo com ele era além do impossível... Eu era uma rainha e ele um mero soldado inglês, o parlamento nunca iria admitir minha união com um plebeu. Ainda mais um plebeu inglês. Como Jonas iria servir a Escócia se ele já fazia isso pela Inglaterra?

Minutos depois ele voltou com uma compressa quente e uns panos para fazer uma tala. Ele cuidou do meu machucado e passou uma coisa verde - não me preocupei em perguntar o nome, apenas confiei, meu coração dizia que ele não ia me machucar, nunca -, depois fez a fala e deixou um beijo no meu pé que me arrepiou por inteira.

— Se sente melhor? - perguntou volta do a se sentar ao meu lado

— Sim - sorri agradecida - Como você está?

— Estou melhor agora que você está aqui comigo - esticou a mão e acariciou meu rosto - Eu senti sua falta, Megan.

— Eu também senti a sua, Jonas. - e sem mais demoras, selamos nossos lábios em um beijo quente e cheio de sentimento. O início foi calmo, como se estivéssemos ensaiando o que viria a seguir. Ele pediu mais passagem com a língua e eu cedi - eu estava ficando boa naquilo, afinal - mordi seu lábio inferior e ele gemeu me apertando contra si. Passei a mão em volta do seu pescoço e ele colocou uma em minha cintura e a outra nos meus cabelos nos grudando ainda mais. Eu estava me sentindo quente, um fogo que eu nunca havia sentido. Uma vontade nova para mim. Mas eu não podia fazer isso, eu era uma rainha e deveria chegar aos finalmentes apenas com o meu marido, meu rei.

Com muito sacrifício eu empurrei Jonas para longe de mim e tapei meu rosto com as mãos. Vergonha. Era isso que eu estava sentindo.

— Não precisa sentir vergonha pelo que está dentro de você, amor - Jonas falou tirando a mão do meu rosto e me olhando nos olhos.

— Eu não... Eu não posso fazer isso. - falei envergonhada - Não posso me entregar a você.

— Não estou pedindo isso - colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha - Nunca pediria isso a você

— Você não me quer?

— Mais que tudo nesse mundo - sorriu, aquele sorriso que me tirava de órbita - Mas não tenho direito de te pedir isso.

— Aprendi que só posso me entregar ao meu marido. - olhei para o chão

— E fico feliz por respeitar isso, - puxou meu queixo para que eu o olhasse - Nunca vou te forçar a nada... Mas posso te roubar um beijo.

— Ou dois se quiser. - sorri e ele selou nossos lábios.