Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 58
HAZEL - Exaustão nos últimos suspiros


Notas iniciais do capítulo

olá! cheguei com o cap novo! desculpa qualquer demora e tal :)
espero que gostem!



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HAZEL

Eu não conseguia prestar muita atenção no que acontecia ao meu redor. Tudo parecia tão longe. Os sons, as coisas, as pessoas. Acho que meus olhos e ouvidos não estavam funcionando tão bem quanto deveriam e acho que nem minha cabeça pois, por um segundo acho que esqueci a situação em que estávamos. A única coisa que eu não conseguia esquecer, no entanto, era a dor e preocupação nos olhos de Frank quando ele me carregou para um lugar seguro.

Eu queria, mais do que tudo, fazer alguma coisa para acalmar aquele olhar de partir o coração que estava no rosto do Frank. Depois que ele me deixou relativamente perto de Nico, eu tentei ficar seguindo Frank com o olhar, mas não estava assim tão simples. Principalmente quando ele foi para mais longe lutar contra a deusa cheia de cobras que estávamos lutando antes.

— F-Frank… - eu disse esticando a mão na direção dele mais além e então me surpreendendo com como a minha mão estava frágil e enrugada.

Retraí a minha mão um tanto assustada ainda com a fragilidade dela odiando a sensação de estar sendo um empecilho para meus amigos. Foi nesse momento que tive a impressão de ter ouvido trovões, talvez um grito feminino que estava abafado. Pela direção e pelo o que eu lembrava das lutas, à não ser que eu estivesse já desatualizada das lutas, eu diria que ele veio de Sam. 

No meio da preocupação que crescia em mim pelos meus amigos, algo mais assustador me aterrorizava. Era uma estranha dor que ardia cada vez mais forte no meu peito. Não sei bem como descrever bem. Era como se a morte estivesse à espreita mas alguma coisa não estivesse deixando ela me levar. Por causa, da sensação ruim que ardia no peito, juntei minhas mãos ali naquele ponto como se algo tão simples fosse ajudar a sensação à passar.

— Você sente também né? - disse Nico ali perto de mim mas prestando atenção na luta enquanto segurava a espada que provavelmente torcia que não precisasse usar. Eu mal reconheci a voz dele na verdade.

— É tão forte… - eu disse baixinho com dor.

— Sério? Achei meio leve. - perguntou Nico confuso parando um pouco para tossir - Será que… é diferente?

Não sei dizer se era diferente ou não a dor que eu sentia e a dor que Nico sentia. Me concentrando mais na dor, talvez eu pudesse descrever como um cabo de guerra. Algo tentando puxar minha vida para longe e outra coisa ou alguém tentando deixar minha vida comigo. Não sei como eu poderia ajudar essa coisa que tentava deixar minha vida comigo, mas eu torcia desesperadamente para que ela ganhasse.

— PORQUE NÃO ESTOU CONSEGUINDO MATAR ELES? ESTÃO VELHOS O SUFICIENTE PARA MORREREM! - ouvi o deus culpado pelo meu estado gritar.

Acho que eu poderia tomar essa reclamação dele como uma explicação pelo o que eu estava sentindo naquele momento.

— Acho que temos nossa explicação… - falei quase sem voz.

Cansada, lentamente e com certa dificuldade, deitei no chão no qual até então estava sentada. Minha cabeça parecia pesada demais. Me sentia a própria definição de cansada.

— Eu não ligo para o que você chama de normal, figurante de the Walking Dead. - ouvi Sadie dizer à distância - Você entendeu bem o que a gente quis dizer.

A luta de Sadie e Will contra o deus estava bem mais perto de mim do que a de Frank, Annabeth e as outras meninas contra a deusa cobra. Assim, dentre o som de explosões e flechas atingindo o seu alvo, eu conseguia ouvir as vozes deles e ver o embaçado da luta. 

Meus olhos cansados tentaram alcançar a luta da qual Frank fazia parte, mas não conseguia nem diferenciar direito o que eram nossos amigos e o que eram os inimigos. Assim, preocupada, com dor e exausta, fiquei deitada no chão acompanhando com os ouvidos o desenrolar da batalha que talvez pudesse me deixar útil o suficiente para ajudar nas batalhas.

— E se eu não fizer isso? - perguntou o deus.

— Tire suas próprias conclusões. - disse Sadie - Mas tenha em mente que eu destruí Apófis. De vez. Sem ressurreições, ou curas ou o que quer mais que deuses imortais tenham embaixo da manga.

— E-Está blefando! - falou o deus.

— Decida por conta própria. - desafiou Sadie - Só tenha em mente que eu sei como realmente matar um deus. De vez.

— E… além do mais… - disse Will - Se for usar a lógica de o que acontece na maioria das vezes em casos assim, se matarmos aquele que conjurou a magia, ela se desfaz, né? Então ou você tira por bem, ou a gente simplesmente se livra de você e conseguimos o que queremos do mesmo jeito.

Eu não tinha a menor ideia da veracidade do que Sadie falava. Estava tão perdida quanto o deus nessa questão. Se ao menos parte do que Sadie falava não fosse blefe, isso já era incrível o suficiente. Matar um deus? De vez? Não é algo que se escuta todo dia.

Talvez numa medida desesperada de tentar algo nos últimos segundos, eu senti a dor em meu peito aumentar como se aquela força invisível estivesse tentando me matar com mais afinco ainda. Eu chorei de dor me encolhendo no chão enquanto Nico se curvava e resmungava provavelmente sentindo a dor mais forte também. Eu via as pernas dele tremendo como se tivesse se esforçando para não ter que ajoelhar no chão, mas esse esforço dele não durou muito, pois logo as pernas dele perdiam as forças. 

Tive uma leve consciência de Will ter soltado um grito de desespero, mas estava muito difícil prestar atenção em algo. Contudo, eu pude notar facilmente aquela segunda força que tentava me deixar viva fazer um esforço equivalente da primeira. Com os outros entreabertos, notei também como aquele círculo de névoa negra ficou cada vez mais fraco até desaparecer por completo.

—Trate de trazer eles de volta ao normal ou eu vou explodir sua cara e ainda mandar você direto pra tirar férias permanentes no Duat, no nada, no inferno ou seja lá pra onde você vai! - exclamou Sadie com certo desespero na voz. 

— Até par.. - começou a dizer o deus mas sua fala foi interrompida. Não tenho total certeza do que aconteceu, mas me pareceu que Will lançou uma flecha contra o deus e o acertou em algum lugar bem dolorido pois o deus pareceu cair de joelhos.

— Três segundos. - ameaçou Will - Um…

— dois... - ameaçou Sadie. 

— Tá! tá! - reclamou ofegante e aparentemente com dor o deus.

Lentamente, bem lentamente mesmo, eu comecei a me sentir melhor. A visão, as articulações, a audição, tudo em mim voltava a ficar jovem. Devagar, eu me sentei no chão enquanto, à minha direita, Nico também voltava ao normal. Vendo Nico com seu típico cabelo preto de novo, Will imediatamente o abraçou com força.

— Você tá bem? Tá sentindo dor em algum lugar? Suas costas tão doendo? A tosse passou? - dizia Will bombardeando Nico de perguntas.

— Estou bem… estou bem… - disse Nico olhando o deus apesar de abraçar Will de volta em meio à preocupação dele - Só exausto.

Pode até dizer que virar às costas para seu inimigo não era uma coisa boa à se fazer, mas agora eu conseguia ver que o deus que começou toda essa dor de cabeça de idade estava mais derrotado do que qualquer outra coisa. Ele parecia de fato exausto, além de muito machucado.

Apesar de poder ver claramente pela pele de minhas mãos que eu havia ficado jovem de novo, eu ainda me sentia terrivelmente fraca. Não sei se tinha a ver com eu ainda sentir toda aquela fraqueza e limitação de antes ainda impregnada em mim. Mas mesmo assim, eu me levantei extremamente aliviada por ter voltado ao normal. Me levantei com cuidado enquanto Sadie ia à passos cansados até Anúbis que voltava ao normal também e se sentava arrancando de si as faixas de múmia que tinha enrolado seja para esconder o estrago que foi feito ou segurar o corpo no lugar ou algum motivo que eu não conseguia pensar.

— Você está bem? - perguntou Nico se levantando e olhando para mim.

— Bem. Mas… eu poderia dormir até amanhã ou mais. - respondi.

— Você tá bem! Você tá bem né? - dizia Sadie abraçando Anúbis fortemente ao redor do pescoço nem mesmo esperando ele terminar de se levantar.

— Estou bem, Sadie. - respondeu ele abraçando ela de volta - Você foi incrível.

Eu queria poder correr para onde Frank lutava mas, primeiro eu tinha que me preocupar com o deus que tínhamos diante de nós. Por mais derrotado que ele estivesse, ele ainda era um problema em potencial. Assim, eu o fitei seriamente analisando para definir melhor o quão derrotado ele realmente estava enquanto eu tentava ganhar alguns segundos para recuperar minhas forças pois meu corpo ainda parecia pesado demais.

— Ainda bem que já estou no chão… - disse Sadie fracamente ainda abraçada com Anúbis - Porque eu acho que usei magia demais…

Com o canto do olho, vi Sadie fechar os olhos e ficar de um jeito que eu não tinha certeza se ela estava só de olhos fechados, ou dormindo, ou até desmaiada abraçada à Anúbis. Provavelmente também resultado de a adrenalina ter abaixado ou algo assim. Só sei que ainda bem que eu estava prestando alguma atenção em nosso inimigo, pois ele exibiu um sorriso que com certeza não significava coisa boa.

— Cuidado! - eu exclamei quando o deus se levantou de vez e foi na direção de Sadie.

Tentei ir em direção à ele, mas minhas pernas bambas impediram com que eu fosse rápida o suficiente. Felizmente, aparentemente Nico estava com mais força do que eu, pois ele conseguiu força e velocidade o suficiente para usar sua espada e cortar o braço do deus que caiu no chão no meio do caminho até Sadie.

Talvez esse mero golpe tivesse custado à Nico o pouco de força que ele ainda tinha também, pois ele logo caía ofegante no chão mas, com o deus como um alvo tão fácil, Will atirou facilmente uma flecha nas costas dele nos segundos que levei para me aproximar e fincar minha espada logo ao lado. Com um grito de dor, o deus se desfez deixando poeira avermelhada para trás.

—Um a menos. - disse Nico me olhando logo com olhos preocupados - Você tá bem mesmo né?

—Sim. - disse abrindo um pequeno sorriso -E você?

—Bem. E você tava pior do que eu. - respondeu Nico.

—Falando em pior… - disse Will olhando para Anúbis que parecia tentar achar um jeito de se levantar sem acordar Sadie que estava ainda abraçada nele e desacordada - Você tá bem cara? Você literalmente virou uma múmia. 

—Sim. E não recomendo a experiência pra ninguém. - disse Anúbis com um suspiro que me soou meio cansado enquanto conseguia se levantar carregando Sadie nos braços. 

—Ela tá bem? - perguntou Nico.

—Exagerou no uso da magia. Só precisa descansar. - respondeu Anúbis. - E talvez comer algo. 

Mas ainda tínhamos outros problemas com os quais nos preocuparmos. Assim, como todo mundo ali entre nós parecia bem, mas cansado, até mesmo Will, eu me virei para a luta de Frank, Annabeth e Rosa contra a deusa da saia de cobras. 

Quando me virei para a luta, vi que era outra que aparentemente estava indo bem. Apesar de não ver mais nenhum chacal ao redor que, ao menos até antes de eu ficar repentinamente velha, estava ajudando no combate, eles pareciam estar lidando bem com a deusa da saia de cobras. A deusa parecia fraca e, uma boa prova disso, foi a mão trêmula que ela usou para limpar a baba que escorria de sua boca. Ela parecia estar, de certa forma, bem machucada pois eu podia ver cortes e feridas de mordidas e garras, mas por nenhuma parecia sair sangue.

— O que você fez comigo? - perguntou a deusa com uma raiva fria olhando para Rosa.

— Delphinium concentrada. - respondeu Rosa.

Talvez a deusa soubesse o que era Delphinium, pois, com uma expressão de raiva, esticou a mão na direção de Rosa. O braço dela parecia estranhamente duro e pesado demais, como se ela não conseguisse movimentar o cotovelo. No braço dela, apareceu uma cobra que se enrolava no braço indo em direção à palma da mão de onde saltou de forma ameaçadora em direção à Rosa. Felizmente, nenhum estrago foi feito, pois Annabeth estava por perto para habilmente cortar a cobra ao meio.

— Não pensem que vou deixar um bando de mortais me derrotar tão facilmente. - reclamou a deusa caindo de joelhos e se encolhendo com a mão sobre o estômago como se estivesse sentindo muita dor ali.

— Temos certa experiência no assunto de derrotar deuses cheios de si. - respondeu Annabeth.

No chão atrás da deusa estavam pequenas rachaduras que se abriam e aumentavam lentamente quando mãos esqueléticas tentavam sair de lá. Seja lá quais mortos a deusa tentava invocar, ela não conseguia muito. Pois estava fraca e, pra completar, Frank em sua forma de uso esmagava as mãos uma a uma fazendo elas desistirem de saírem de seu submundo.

— Hey. Quer uma ajudinha? - eu disse ao usar minha espada para separar do pulso uma mão esquelética que Frank havia deixado passar.

Não sou fluente em ursês, mas podia jurar que o rugido que saiu do urso foi de alegria.

Meus braços ainda estavam bem pesados, mas acho que eu conseguia ao menos ajudar Frank na poda de mãos. De toda forma, o serviço de jardinagem macabro não durou muito, pois alguns minutos depois a deusa responsável por eles caiu desacordada no chão.

— O veneno ainda não fez total efeito. - disse Rosa - Ela está desacordada apenas.

— Quem sabe isso possa até ser útil. - sugeriu Annabeth com um olhar que eu conhecia, ela tinha uma ideia.


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Notas finais do capítulo

não esqueçam de comentar ♥ eu adoro tanto. mesmo q seja só aquele famoso "continua".
vou aproveitar esse espaço dessa vez para fazer uma pequena propaganda de duas outras fics, a do Anúbis no Egito Antigo
https://fanfiction.com.br/historia/750415/A_Morte_Das_Areias_do_Saara/
e a da Sadie com o Anúbis que se passa anos depois dessa daqui :)
https://fanfiction.com.br/historia/755771/O_amor_abencoado_pelo_Nilo/



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