Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 146
MALLORY - A Rápida Travessia para a França


Notas iniciais do capítulo

demorou, mas o cap novo está entre nós e Mallory está de volta narrando pra matar a saudade dela!
divirtam-se!

no momento, estão nas Américas os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper,
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Rachel e Zia
— Indo para o Peru: Meg e Apolo
— Indo para o Peru: Leo, Calipso,Magnus, Jacques, Alex, Festus, André (Brasileiro que tava na Nigéria e não sabe jogar futebol)
no momento, estão na África, os grupinhos:
— Nigéria : Olujime
no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— Indo para a Itália: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse, Reyna
— Inglaterra: Sam, Blitzen, Hearthstone, Anúbis, Sadie, Will, Nico, Mestiço, Mallory
— Alemanha: Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar), Ciara



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MALLORY

A manhã começou agitada. Fiquei vendo todos indo de um lado para o outro juntando o que fosse necessário antes do museu abrir (pois a lista de coisas necessárias envolvia um pouco de roubo de comida do museu). 

— Tem ainda as sopas infinitas que o Dagda deixou. - disse Blitzen. 

— Sinceramente. Já enjoei delas. Mas são úteis. Droga. - reclamou Sadie. 

— Consegui achar uns potes lá na lanchonete do museu. - disse Mestiço - Pode deixar uma parte da sopa aqui pra gente e levar o resto e algumas coisas da lanchonete. Afinal a gente vai ficar aqui no museu com acesso a lanchonete, mas é difícil fazer uma refeição com ela então a sopa da uma completada e vocês ficam com outra opção além de só sopa. 

— Melhor que nada. - disse Sadie. 

Eu havia demorado um tempo para aparentemente reaprender o nome de todos ali, mas havia conseguido. No meio da confusão de preparação para sair dali, eu olhava muito para Hearthstone, Blitzen, Sam e Mestiço. Era estranho não lembrar de nada antes, mas agora um pouco das memórias aparecerem. 

A maioria das memórias que tinham surgido eram com Mestiço. Já havia entendido no barco a caminho para cá qual era a nossa situação. Era estranho uma hora não lembrar de nada e na outra lembrar que o cara que estava andando com você era seu namorado. O coitadinho chorou no barco quando eu perguntei se minha memória estava certa. 

— Certeza que não quer ficar aqui agora? - perguntou ele indo até mim. 

— Certeza. - respondi - Toda ajuda é bem vinda pra lutar com o monstro pelo o que eu entendi, certo?

— É. - respondeu ele - O Asag. Mas é possível que a gente também não vai conseguir fazer muita coisa.

— A quanto tempo que não escuto esse nome… - comentou a maça que Sam carregava com ela. 

— Tenho que admitir que às vezes eu esqueço o nome e quando tento lembrar a única coisa que vem na minha cabeça é Smaug. - admitiu Will. 

— Ainda bem que não é um dragão gigante que vamos lutar. - disse Mestiço. 

— Conhece Senhor dos Anéis? - perguntou Will levemente surpreso. 

— Claro. - respondeu Mestiço. 

— Você leu uma vez lá em Valhalla né? - perguntei, tentando conferir se o fragmento de memória que veio até mim era verídico.

— Sim. - respondeu Mestiço olhando para mim emocionado, eu desviei o olhar. 

— Está mesmo pronto para lutar né? - perguntou Sam olhando para a maça. 

— Sei que pareço velho e acabado. - disse a maça, Sharur, - Mas agora com o meu cabo novo que fizeram para mim,…. E aliás, obrigado novamente…  Assim, acho que consigo sim lutar contra meu velho inimigo. Mas boa parte do esforço ainda vai vir de você. 

— Contanto que consigamos acertar o monstro, eu me viro com o resto. - disse Sam. 

— Depois de derrotarmos ele, vamos deixar eles na França. - disse Mestiço me lembrando do plano como se minha memória estivesse falhando para o que foi dito durante a noite também - Aí nós dois, Hearth e Blitzen voltamos pra cá. 

— Eu sei. - falei - Pra continuar procurando alguma coisa útil nos milhares de livros daqui e pra desfazer a magia nos outros obeliscos que estão espalhados pela Inglaterra e ficar de olho em Paris se nada acontecer quando os outros estiverem lá. Não precisa ficar me lembrando do que aconteceu nos últimos dias. 

— Desculpa. - disse Mestiço - Admito que tenho medo da sua memória começar a falhar. 

— Eu estou bem. - admiti - Sinto ela voltando aos poucos. Mas admito que ainda estou lidando com as coisas que surgiram depois daquela memória que apareceu para entrarmos aqui. 

— Quer conversar sobre isso? - perguntou Mestiço.

— Na verdade não. - falei, cortando o assunto. 

O que havia lembrado de meus dias viva não havia sido muito legal. A palavra certa provavelmente era “traumatizante”. Lembrei da minha vida na Irlanda do Norte mergulhada em conflitos e bombas esporádicas, da dificuldade de comprar comida, da minha família e meus amigos, da minha morte e da minha chegada em Valhalla.

Ainda estava tentando lidar com aquela onda da memórias dolorosas, sendo a pior delas a minha própria morte. Mal havia conseguido dormir e agora estava acabada. Tinha que tomar cuidado para não ser um empecilho para os demais na batalha contra o Asag, pois sentia meus olhos ardendo de sono.

— Sabe que qualquer coisa pode falar comigo, né? - perguntou Mestiço. 

— Eu sei. - respondi, agradecida pela oferta dele, que deveria estar vendo o quão acabada e com olheiras nas olheiras eu estava. 

Depois de um bom café da manhã, todos nós nos agrupamos na entrada da biblioteca acompanhados de Hipátia e Alexandre, que foram se despedir de nós. Alexandre e Hearthstone conversaram bastante antes das despedidas finais, claramente Hearthstone tinha conseguido um amigo novo nessa aventura. 

— Tenham cuidado. - disse Hipátia, falando o óbvio - E para os que vão ficar aqui na Inglaterra, a biblioteca está sempre aberta para vocês. 

— Obrigado. - disseram Blitzen e Hearthstone aparentemente ao mesmo tempo, se minha memória de ESL estivesse correta, sentia que estava. 

— Mas lembrem-se que se demorarem muito pra entrar aqui novamente vão ter que pagar uma memória nova. - lembrou Hipátia.

— Prefiro evitar isso. - resmungou Mestiço. 

— Igualmente. - completei. 

— Vamos, temos que aproveitar as primeiras horas de sol. - lembrou Sadie. 

E assim, apesar da vontade enorme de continuar na cama, fomos. Acho que eu não era a única com sono, pois nenhuma conversa aconteceu até sairmos do British Museum. Ainda bem que dessa vez fomos escondidos por magia, pois a câmera do lugar já não deve aguentar ver nosso grupo andando ali pra cima e pra baixo por dias seguidos já. 

Do lado de fora do museu, os londrinos iam de um lado para o outro, logo cedo pela manhã, com destino ao trabalho. Nosso destino era nosso barco que estava muito bem estacionado no Rio Tâmisa numa margem que provavelmente uns anos anos de fato era um pequeno porto para barcos bem pequenos. O que significava que o porto estava um pouco pequeno demais para nosso barco. 

Dava para sentir a tensão quando subimos no barco e ele começou a manobrar, dando uma volta para agora voltar pelo caminho que veio, por onde o Tâmisa deságua no mar. 

— É melhor que dessa vez funcione mesmo. - disse Nico. 

— Se não funcionar, a proteção do Dagda ainda funciona se voltarmos para a Inglaterra? - perguntou Will. 

— Espero que sim. - respondeu Mestiço suspirando ruidosamente. 

Enquanto estivéssemos no Tâmisa, teoricamente estávamos protegidos, mas mesmo assim, cada um estava olhando numa direção, preocupado do Asag acabar aparecendo. Do meu lado, Mestiço se aproximou, claramente querendo aproveitar que cada um estava em algum canto do barco. 

— Você está bem? - perguntou ele. 

— De novo com isso? - perguntei levemente irritada. 

— É que sua cara não está das melhores. - justificou ele. 

— Quero ver você conseguir dormir quando se lembra da própria morte. - respondi, deixando meu mau humor tomar conta de mim. 

— Ah sei. Algumas vezes ainda lembro disso e admito que parte delas eu perco o sono. - disse ele e eu olhei para ele levemente surpreso - Acho que isso não deve acontecer com quem teve mortes sem graça, tipo dormindo.

— Acho que eu preferiria a sem graça. - admiti. 

— Mas aí você não teria ido pra Valhalla. - respondeu ele. 

— Depende… - respondi. 

— Você lembra que pra ir pra Valhalla tem que morrer em batalha né? - perguntou ele rindo - E segurando uma arma. 

— E se eu dormir agarrada a uma arma e uma batalha acontecer ao meu redor? - perguntei. 

— Não acho que seja assim que funcione. - respondeu ele claramente ainda achando graça - Mas tô feliz do seu lado mal humorado e chato estar aparentemente 100% de volta. 

Bati nele levemente com meu corpo e cintura sendo jogados para o lado dele. Até fechei a cara, mas tudo o que ele fez foi continuar a rir. Desgraçado. Mas admito em segredo que por dentro eu estava rindo também. Talvez até tenha tido que segurar um sorriso de escapar.

— Acho que o Tâmisa acabou. - alertou Blitzen depois de alguns minutos.

Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para a frente do barco onde, de fato, apenas o mar se abria no horizonte. 

— Vamos ver quanto tempo demora pro feioso achar a gente novamente. - disse Mestiço. 

— Espero que, se for mais cedo do que o ideal, que a gente consiga enrolá-lo até chegarmos em solo francês. - respondi.

— Melhor só torcer por isso de dedos cruzados e sem falar nisso… - disse Sadie.

— Essa tensão toda poderia ser evitada se Dagda simplesmente tivesse respondido nossas tentativas de contactar ele pra planejar alguma armadilha na Inglaterra mesmo… - resmungou Blitzen.

— A gente mal sabia como contactar ele pra começo de conversa sem ser com mensagem de Íris… que ele não atendeu. - rebateu Will.

Nós tínhamos um plano para enrolar o Asag até conseguirmos lutar com ele em terra firme, mas mesmo assim, todos ainda estavam tensos. Acho que por já estarmos a muito tempo tendo que lidar com ele nos perseguindo, pelo o que haviam me explicado, era difícil acreditar que agora finalmente íamos nos livrar dele. Felizmente, a distância entre a Inglaterra e a França não era tão grande, então usaríamos isso a nosso favor.

Alguns minutos se passaram sem nada de muito relevante acontecer. Dava pra ouvir de longe que os outros conversaram entre si em três grupos. Hearthstone, Blitzen e Sam na frente do navio, Sadie e Anúbis nos fundos e Will e Nico numa lateral enquanto eu e Mestiço estávamos calados na outra lateral. Eu olhei com o canto do olho para Hearthstone, Blitzen e Sam em certo momento, achando que tinha ouvido meu nome ser mencionado.

— Eles estão falando de mim, não estão? - perguntei para Mestiço para só ele ouvir.

— Eles também estão preocupados com você e aliviados de você parecer ter tido um progresso. - respondeu ele - Todos estamos.

Não sabendo bem como me sentir com toda aquela atenção e preocupação, lutando contra o sono, eu simplesmente fitei a água do mar e foi aí que eu vi um peixe morto surgindo na superfície. Minha cara deve ter se fechado, pois Mestiço foi atraído para onde eu estava olhando e também notou o peixe.

— Essa não… - resmungou ele.

Logo outros peixes começaram a surgir na superfície, que também começava a soltar um leve vapor, como se estivesse quente demais. Enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo, Mestiço já estava olhando para o céu com o máximo de atenção que tinha.

— Ele está perto! Os peixes começaram a morrer! - exclamou ele para todos ouvirem - Procurem nos céus!

Isso imediatamente interrompeu todas as conversas, com exceção de uma breve fala de Sadie.

— Não deve faltar muito para a França. - disse ela.

— ALI! - exclamou Nico repentinamente apontando para o céu.

Meus olhos cansados demoraram para conseguir focar em onde Nico apontava, mas logo vi uma mancha no céu que se aproximava do lado do barco que ele estava com Will.

— Vamos enrolar ele então! - disse Sam.

Anúbis e Hearthstone se prepararam no lado do barco que o Asag vinha. Eles eram nossos enroladores. Anúbis invocou um cetro e Hearth pegou um saquinho que, ao olhar, lembrei que tinha runas ali dentro. Nós pegamos em nossas armas prontos para usá-los caso fosse necessário também, mas a ideia era não precisar de mais ninguém até conseguirmos chegar na França. Mesmo com armas nas mãos, éramos facilmente inúteis visto que, segundo explicaram, todas as armas tinham passado direto do corpo do Asag até então.

Foi só questão de esperar alguns segundos, e logo ficou bem fácil ver a cara horrenda e demoníaca do Asag com dentes grandes e afiados, língua comprida, dois grandes pares de chifre e asas esqueléticas de morcego com um espinho na ponta. E pra piorar, ele era grande. Mas não era só a aparência dele que era perturbadora, só olhar para ele era uma experiência terrível. Eu senti meus pelos arrepiarem e o sangue sair do meu rosto. Mesmo sabendo que ali tínhamos a arma capaz de acabar com ele, a sensação de vê-lo era uma sensação de morte.

Quando eu senti minhas pernas perdendo a força embaixo de mim, Anúbis apontou seu cetro para ele e o monstrengo começou a gritar numa dor intensa. O grito bem que poderia ser música para nossos ouvidos, mas não. Era agudo, fino e desconcertante tal como a aparência dele. Pela explicação que eu recebi, Anúbis estava tentando arrancar a alma do Asag para fora mas, como o Sharur que Sam carregava era a única coisa capaz de matar o monstro, tudo o que isso fazia era deixar o monstro com tanta dor, mas tanta dor, que uma hora ele desmaiaria, se dermos sorte ou no mínimo se aproximaria mais devagar.

A sorte estava do nosso lado, pois enquanto ele se contorcia de dor a ponto de arranhar sua cabeça com as próprias garras, ele parava de avançar na nossa direção e então depois de um pouco de esforço, caia no mar.

— Por enquanto tudo bem… - disse Sadie.

Hearthstone então perguntou algo para Anúbis, apesar de só ter conseguido pegar palavras soltas, entendi o que ele queria dizer.

“Quer que eu vá na próxima?” sinalizou ele lentamente, provavelmente torcendo pra Anúbis entender de primeira.

— Ele disse… - começou Blitzen a traduzir.

— Eu entendi. - respondeu Anúbis e Hearthstone pareceu satisfeito com isso, principalmente quando Anúbis arriscou com a mão livre a sinalizar um “não” - Não precisa… Se poupe para quando chegarmos em terra firme.

— Você claramente deu um bom professor, Hearth. - disse Sam falando e sinalizando ao mesmo tempo.

 Hearthstone abriu um pequeno sorriso, mas logo o momento foi cortado completamente quando o Asag repentinamente surgiu do mar. Não que ele tivesse tido muito sucesso em tentar atacar a gente nessa segunda tentativa, pois logo Anúbis estava apontando o cetro pra ele de novo e a cena se repetia novamente até o Asag cair no mar uma segunda vez.

— Impressão minha ou ele se ergueu mais rápido do que da vez que a gente tentou isso antes de chegar na Inglaterra? - perguntou Will.

— Também tive essa impressão… - respondeu Mestiço, preocupado.

— Será que a gente subestimou a inteligência dele, ou tanto que essa ideia de derrubar ele infinitamente pode deixar ele com raiva? - perguntou Nico.

— Espero que não. - falei enquanto olhava para a frente em busca da costa francesa, mas só via água.

Dada a velocidade que ele se recuperou da primeira vez, ficamos esperando por um terceiro ataque para saber se tínhamos ou não subestimado o Asag. Contudo, enquanto o segundo ataque veio muito rápido, o terceiro estranhamente demorou mais. Foi quando sentimos um baque do fundo do barco que tivemos certeza que subestimamos o Asag.

— Ele tá debaixo do barco, né? - perguntou Will com medo na voz.

— É o que parece… - respondi já com a mente a mil por hora pensando em como resolver isso.

Nós claramente não tínhamos muito tempo para resolver, pois a madeira do barco foi começando a trocar de cor bem num ponto do chão perto da lateral onde o Asag tinha atacado antes. Ficando num tom esquisito de cinza e com uma aparência meio gosmenta.

— Desde quando ele faz isso? - questionou Sadie.

— Eu tô vendo a costa! - declarou Blitzen apressadamente - … Eu acho, ao menos… talvez não seja, na verdade… 

— Tá ou não tá? - perguntei irritada tentando ver também e, realmente, parecia que a linha no horizonte estava levemente diferente de antes.

Logo que terminei de perguntar, nós quase perdemos o equilíbrio e Hearthstone quase caiu na água quando o barco começou a pender para o lado onde a madeira trocava de cor cada vez mais. Cansada pela noite em claro, eu de fato caí de joelhos. Minha cabeça repentinamente parecia leve demais e ao mesmo tempo pesada demais. Meus olhos estavam pesando, mas tínhamos outro problema agora. Ninguém precisava dizer nada e acho que todos pensamos na mesma coisa, estava entrando água no barco.

— Tentem ver se conseguem achar um jeito de chegar mais rápido em terra. - disse Anúbis apressadamente antes de pular na água.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? - gritou Sadie, mas já era tarde demais.

— Galera da magia, alguma ideia pra fazer o barco ir mais rápido? - perguntou Mestiço.

— O barco anda com magia, não é só pedir? - perguntou Nico.

— Ele já tá indo no máximo que consegue. - disse Sadie ao mesmo tempo que o barco se sacudiu como consequência de seja lá o que acontecia lá embaixo.

Sadie então apontou sua varinha para a vela do barco e invocando algum feitiço de vento na esperança de isso dar uma ajuda ao nosso barco que na verdade não dependia tanto assim do vento. Mas uma forcinha extra não faz mal à ninguém, não é? Ao menos notei alguma diferença.

Também foi nesse momento que uma faixa de linho surgiu de repente do fundo do mar e se amarrou a uma parte do barco desesperadamente. Provavelmente Anúbis tentando conseguir acompanhar a velocidade do barco lá embaixo sem ter que tentar dar uma de nadador olímpico.

— Eu vou virar algum bicho e ir lá embaixo também. - disse Sam.

— Nem pense nisso. - falei agarrando o braço dela - É você que ele quer, não é?

— Sem falar que a gente não consegue acertar ele com armas. - lembrou Will - Só se você conseguir lutar num formato de tubarão ou sei lá usando o Sharur ao mesmo tempo. Ou respirar embaixo d’água que nem o Percy.

— Não… - admitiu Sam.

Era uma droga não saber como ajudar, mas Hearthstone claramente tinha uma ideia. Ele correu até mim e sinalizou rapidamente uma única palavra, que felizmente entendi, “faca”. 

— Pra quê? - perguntei lhe estendendo uma de minhas facas.

Ele rapidamente pegou, se debruçou no chão e começou a talhar a madeira aparentemente copiando um desenho estranho que havia em sua outra mão. Era com um tridente de cabeça pra baixo. Um traço era reto e outro fazia metade de uma elipse cortando o primeiro e em toda a extensão dos dois traços, havia pequenas bolinhas.

— O que é isso? - perguntou Blitzen também sem entender.

— Ele não me explicou. - respondi já que Hearthstone estava muito preocupado em terminar sua obra de arte estranha para nos responder.

— Isso não parece uma runa nórdica. - comentou Blitzen, mas logo eu e ele arregalamos os olhos quando Hearthstone levou a faca ao seu próprio dedo - EI! PARA! 

Blitzen tentou tomar a faca das mãos de Hearthstone, mas Hearthstone simplesmente estendeu a mão na frente da cara de Blitzen num universal sinal de “Pare!” enquanto afastava a minha faca dele. Rapidamente, Hearthstone então usou a mão livre (e que quase foi cortada) para sinalizar:

“Confia em mim”. 

Blitzen revirou os olhos, mas não parecia comprar muito a ideia. Eu só fiquei olhando e Hearthstone não esperou por nenhuma reação de minha parte antes de fazer um pequeno corte no dedo indicador. Não algo muito drástico como Blitzen e eu provavelmente nos preocupamos por um segundo que iria acontecer. Uma gota de sangue surgiu da ponta do dedo de Hearthstone e ele passou no desenho que ele carvou na madeira do barco, pintando os sulcos na madeira de vermelho. Ele então colocou uma mão de cada lado do desenho e ficou se concentrando, esperando algo acontecer.

Eu e Blitzen nos entreolhamos, mas por alguns segundos mais, nada aconteceu. Irritado, Hearthstone deu um soco na madeira do barco e Blitzen colocou a mão sobre o ombro dele.

“Magia nova?” sinalizou Blitzen.

“Islândia… ainda não consegui” respondeu Hearthstone, claramente bem decepcionado.

Nesse momento, o barco balançou de novo quando do lado que todo o problema havia focado até então, surgiu a mão do Asag agarrando na lateral do barco. Isso atraiu nosso olhar, mas felizmente não durou muito pois logo ele largava com um grito e caía no mar de novo.

— Acha que Anúbis aguenta até chegarmos na costa? - perguntou Will olhando para Sadie.

— Sinceramente, ainda não entendi onde fica o limite dele. - respondeu ela sem tirar o olhar de seu feitiço que levava mais vento para a vela.

— Será que ele precisa respirar? - perguntou Nico, olhando para Sadie com expectativa da resposta.

— Vocês tão fazendo perguntas complicadas demais! - rebateu Sadie - Não sou formada em biologia de deuses egípcios!

Hearthstone continuou tentando fazer seu feitiço islandês, nós não conseguimos pensar em nada que pudesse ajudar tanto mais. Felizmente, aos trancos e barrancos, logo chegamos na margem francesa. Aos trancos e barrancos porque logo o barco e a areia começaram a espremer o Asag lá embaixo (e espero que não tenha feito o mesmo com Anúbis). Com algo embaixo para esmagar, o barco ficou torto quando parou de qualquer jeito numa praia que não era tão bonita assim.

O barco balançou mais quando o Asag começou a tentar sair debaixo dele e então voou pelo céu. Will foi o primeiro a fazer algo, ele atirou uma flecha no Asag quando ele olhou para gente, mas a flecha passou direto pelo corpo do monstro. O monstro veio em nossa direção, eu puxei a minha faca da mão de Hearthstone e nos preparamos para o ataque enquanto Anúbis saia encharcado da água.

Sam se escondia atrás de Mestiço, ela com o sharur na mão e ele com um escudo. Quando o Asag voou perto o suficiente de Sam, Mestiço saiu da frente rolando pelo chão e Sam usou toda sua força para acertar o Sharur na cara do Asag. Ele caiu de qualquer jeito sobre o barco, arranhando o chão de madeira todo.

— A gente precisa do barco pra voltar depois! - lembrou Mestiço.

— Hearth, enrola ele. - pediu Sam falando e sinalizando tortamente com a única mão livre.

Ela, Mestiço, eu, Will e Nico corremos para fora do barco, indo para a areia da praia, onde Anúbis estava. Enquanto corremos, para nos dar tempo, Hearthstone usou uma de suas runas nórdicas para prender o Asag num loop infinito enquanto ele tentava se levantar do barco e Sadie criou uma barreira de proteção ao redor deles três.

Enquanto corria para uma área de luta melhor do que um barco meio torto, eu olhei para trás e vi que o Asag, agora solto da runa de Hearthstone, queria era acabar com os três ao invés de vir em nossa direção. Então, eu assobiei, chamando a atenção do bicho para mostrar que a gente estava aqui com quem ele mais queria, Sam. Ele parou um ataque que fazia contra a barreira mágica de Sadie e olhou para nós.

Com um rugido, ele pulou do barco e saiu voando no céu e então em nossa direção.

— Pode fazer aquilo de novo? - perguntei olhando para Anúbis que ainda estava encharcado e, sinceramente, acho até que parecia um pouco cansado - Quantas vezes já fez lá na água?

— Perdi a conta. Mas acho que aguento mais umas. - respondeu ele.

Com o cetro na mão, ele mais uma vez tentou arrancar a alma do Asag. Que claramente já não aguentava mais isso, pois ao invés de simplesmente cair de dor, ele tentou lidar com a dor e avançar contra a gente. Não foi um avanço muito bom. Ele primeiro caiu na areia e começou a rastejar, gritando de dor enquanto usava suas garras para puxar a si mesmo pela areia. Sam então aproveitou a oportunidade para acertar o Asag com o Sharur novamente.

— Isso! De novo! - celebrou o Sharur.

O Asag tentava atacar Sam, mas Mestiço logo estava ao lado dela com um escudo para tentar impedir isso ao máximo possível. O pessoal do barco se juntava a nós prontos para ajudar também.

— Sei que não deve dar certo, mas… agora que ele tá levando umas pancadas do Sharur… - disse Will ao preparar sua flecha - Não custa nada tentar.

A flecha voou pelo ar e atingiu o Asag com sucesso quando Sam o acertava novamente. Todos ficamos surpresos e aliviados.

— Funcionou! - exclamou Will.

— Chega de me sentir inútil! - celebrei, preparando minhas facas.

Todos partimos para cima do Asag, que claramente já estava tentando lidar com os feitiços que jogamos em cima dele desde do começo, mas aparentemente ele não conseguia fazer nada com o Sharur que quando o acertava deixava a gente o acertar também. Mas como ainda tínhamos que sincronizar com os ataques de Sam, não era todo golpe nosso que o acertava.

Lidar com os ataques dele, por outro lado, não foi mais difícil, ele estava lento, fraco e com tanta dor que os ataques saíam tortos e fracos. Cada um participava do jeito que dava. As magias de Sadie, Anúbis e Hearthstone deixava quase impossível que o Asag nos atacasse. Mas Sam ainda tinha que ficar bem perto já que o Sharur era uma maça que não tinha um alcance tão grande. Então ela e os outros de nós que tínhamos que ir para bem perto, como eu mesma, Mestiço e Nico, acabamos começando a colecionar alguns arranhões, principalmente Sam.

O Asag tentou fugir ao ver que ele não ia conseguir ganhar, mas nem isso ele conseguia. A areia parecia que ia engolir ele magicamente no meio do plano dele de fuga, mas bastou um ataque forte bem dado de Sam no pescoço do bicho, que pareceu ter dado o ataque final.

Parecia até mentira quando ele começou a se desfazer, deixando a gente apenas um pouco cansado e com alguns cortes.

— A gente deveria ter essa maça desde o começo. - disse Nico - Nem foi tão difícil assim agora.

— Concordo. - falei enquanto sentava no chão.

— Tá que foi um nove contra um… - comentou Blitzen.

 - Shiuu… deixa a gente aproveitar a vitória. Não precisa entrar em detalhes.  - disse Will.

— Acham que vão conseguir voltar para Londres com o barco? - perguntou Sadie, também largado-se na praia, olhando para o barco.

— Vou dar uma olhada nele. - disse Blitzen enquanto, assim como todo mundo, se sentava na areia - Não se preocupem. Podem seguir para Paris sem a gente.

— É. Não se preocupem com a gente. - disse Mestiço.

— Tem certeza? - perguntou Will enquanto Anúbis se secava magicamente.

— Tenho. - garantiu Mestiço - Não vamos perder tempo com tanta gente assim só pra arrumar um barco. Sigam em frente vocês e nós nos viramos aqui.

— Mas que injusto… - reclamou Sadie olhando para Anúbis, que bagunçava o cabelo que antes estava molhado e baixo - Seu cabelo nunca fica feio não?

— Mas seu cabelo também sempre está bonito. - respondeu ele.

— Primeiro, isso foi uma mentira melosa de namorado. - respondeu Sadie fazendo Anúbis revirar os olhos - Segundo, o meu só fica legal com muito trabalho e só quando ele quer, tá? E não só passando a mão no cabelo magicamente secado.

— Enfim, nós temos coisas pra fazer… vocês tem coisa pra fazer… - eu disse.

— Tem razão… - disse Sam se levantando da areia - Vão nos avisar se tiverem qualquer problema, né? Inclusive para conseguir sair daqui.

— Claro. - respondeu Mestiço.

— O barco só deve precisar de alguns reparos e trocas de madeira… ou assim espero… - disse Blitzen - Parece que tem uma cidade mais além então qualquer coisa podemos tentar conseguir o que precisamos lá.

— Vamos ficar de olho se virmos algo promissor na cidade. - disse Will olhando então para Sam e Sadie - Vamos pegar o trem para Paris lá né?

— Sim. - respondeu Sadie - Só vamos torcer pra não estar de greve. Eles adoram greve, os franceses.

Algumas palavras mais foram ditas e então nos despedimos do pessoal. Sam, Sadie, Anúbis, Will e Nico seguiram para Paris e então para Istambul. Já eu, Mestiço, Hearth e Blitzen ficaríamos na Inglaterra, onde iríamos lidar com os obeliscos por lá e ficar de olho nas coisas por perto. 

 

 


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Notas finais do capítulo

por hj é só e até a fic do Anúbis pra quem lê ou até o prox cap aqui :)



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