Bill Weasley era uma farsa, ou pelo menos era assim que se considerava – como uma sombra que segue os passos dos outros, alternando entre as “vítimas”; e não orgulhava-se nenhum pouco sobre isso. No entanto, ninguém nunca soube disso, e prendia-se firmemente á esperança de nunca descobrirem, por que seria vergonhoso. Era como se ele fosse um arco-iris, cheio de cores, personalidades e sentimentos diferentes.

Para Bill, era sempre “oito ou oitenta”. Não tinha um meio termo, e mesmo que tivesse, ninguém saberia lê-lo. Por que Bill era complexo demais para se entregar unicamente á apenas uma pessoa, e isso era algo que todos sabiam – quantos namoros ele já tinha se metido? Costumava deixar Molly maluca, mesmo que nunca havia levado nenhuma garota para conhecer seus pais. Charlie realmente também não sabia guardar segredo, e acaba contando aos pais sobre “As garotas de Bill”, que deixava ele tão, tão envergonhado.

E nesse vai-e-vem escondendo-se atrás dos outros, perdeu a si mesmo e aprofundou-se em um mar de mentiras. Bill era corajoso e inteligente, conseguido doze NOM's e se transformando de Monitor – com M maiúsculo – a Monitor Chefe, como todos sabiam; era um livro aberto, mas que em seu interior só continha mentiras, e as das mais convincentes possíveis.

Porque, no entanto, Bill odiava a si mesmo. Não era como Charles que desde pequeno sempre soube com o que trabalharia, e não tinha a tamanha inteligência de Percy – mesmo que a sua chegasse muito perto –, muito menos o bom-humor dos gêmeos e a tanta coragem de Ginny e Ron. O verdadeiro “eu” dele tinha perdido há tanto tempo, que entregou-se á família Weasley como uma junção de todos os seus irmãos, e ninguém parecia notar.

E tampouco Fleur, a única garota em quem ele apegouse o bastante para não deixá-la ir embora, conhecia-o verdadeiramente.  E por mais que a loira tentasse desvendá-lo, era muito difícil. Porque afinal, quem era Bill Weasley? O maior mentiroso que Fleur já havia visto, até porque seria mais uma mentira dizer que o tinha conhecido; ninguém nunca conheceria o Bill verdadeiro e isso parecia doer mais nela do que nele próprio.

E essa farsa tinha se tornado a verdade e ele havia ficado preso como sombra de outros.