Assassin's Creed: Between Two Worlds escrita por Meurtriere


Capítulo 7
Um Homem Gentil


Notas iniciais do capítulo

Acho que devo começar pedindo desculpas pela imensa demora em postar e dizer que não abandonei esse projeto. Infelizmente perdi o meu celular antigo onde eu tinha os capítulos e vários detalhes de pesquisa dessa fic. Também não tenho mais meu antigo PC. Então tive que começar a escrever do zero.

Outro motivo da demora foi que me enrolei com outra fic minha na qual tive um trabalheira danada. Não irei prometer dias de postagens ou prazos porque seria desleal e mentiroso de minha parte.

Estou escrevendo aos poucos e espero que não desistam dessa história. Agradeço a todos que esperaram pacientemente.



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Meus dias não mudaram drasticamente desde a partida Ratonhnhaké:ton, pela manhã eu ajudava outras mulheres a cuidarem das plantações e das colheitas. Minha mãe parecia orgulhosa e até mais alegre desde a partida dele. Certamente via em sua ausência a esperança de me ver seguindo em frente, como ela mesma costumava dizer. Nem ao menos tocava em seu nome, na verdade ninguém tocava. Ninguém parecia abalado com sua misteriosa e repentina partida, parecia mesmo até algo esperado.

O menino foi atrás de seu pai ou o menino procura por seu sangue, eles diziam entre cochichos pelos cantos. Ninguém queria falar abertamente sobre os reais motivos que levaram o neto da Mãe do Clã partir. Por outro lado, eu sabia bem que Ratonhnhaké:ton nunca se importou em saber sobre o pai e nem ao menos tinha interesse nisso. Sua mãe e seu pai foram Kaniehtí:io e ninguém mais. Mas ao menos pela tarde eu estava livre de ouvir tais tolices quando deixava a aldeia e ficava na região da fronteira com Kanen'tó:kon.

Apesar de nossa conversa após da partida de Ratonhnhaké:ton, mantivemos nossa rotina de sair todos os dias a tarde e nossa amizade continuo e continuaria como era. Naquela tarde em especial ele havia pego algumas amoras para comermos sobre a pedra onde costumávamos estudar. Continuei a levar os livros juntamente aos cadernos e fora dos muros da aldeia falávamos em inglês. Senti seus olhos sobre mim enquanto relia um trecho de um texto qualquer.

“Por que está me olhando assim?”

“Devia ler coisas novas, já lemos esses livros e cadernos umas cinco vezes cada um e já não temos mais Ratonhnhaké:ton para corrigir nossa pronúncia.”

“Sua pronúncia. Ele sempre elogiou minha pronúncia.”

“Ele elogiou uma vez.” – seus dedos procuraram por mais amoras, mas elas haviam se esgotado em um piscar de olhos. – “Irei pegar mais frutas.”

Eu evitava falar de Ratonhnhaké:ton próximo dele, após perceber que ele sempre respondia de maneira ríspida. A principio pensei ser ciúmes, mas com o passar dos dias comecei a me questionar se ele também não estava chateado com o seu melhor amigo. Talvez seu único amigo. Ele também havia sido deixado para trás sem um mero adeus. Mas tais devaneios se dissiparam de minha mente quando ouvi um som diferente, um relincho.

Desci da grande pedra e tão silenciosamente quando pude subi a colina que rodeava aquele vale. Me esgueirei feito um animal selvagem andando sobre quatro patas e me escondi por trás de uma árvore para observar. Me deparei com dois homens, cada um montado sobre um cavalo robusto. Não usavam roupas simples de meros comerciantes que passavam pelas redondezas de vez em quando.

Eles conversavam, mas eu estava distante demais para entender qualquer palavra. Não pareciam perdidos ou mesmo amedrontados pelos perigos que a floresta podia oferecer. Muito pelo contrário, pareciam muito seguros de suas posições. Se Ratonhnhaké:ton estivesse ali teria mandado eu me afastar e até me esconder, mas eu estava sozinha e dentro de mim havia um misto de medo e curiosidade.

Eu estava acostumada a ouvir ele dizer o quanto os homens brancos são cruéis e terríveis, que não se importavam com mais ninguém se não com eles próprios. Ele dizia que homens brancos haviam incendiado a nossa aldeia e que nunca os perdoaria. Porém eu mesma não tinha essa mesma convicção, nunca havia visto um homem branco tão perto quanto ele e nunca tão perto quanto naquela tarde. Perto demais.

Quando um deles olhou ao redor, se atentando ao que os rodeava, seus olhos inevitavelmente me viram e se estreitaram. O medo tomou conta de mim e eu corri. Não sabia mais o que fazer, não era rápida o bastante em escalar árvores como Ratonhnhaké:ton e muito menos poderia me defender como ele. Eu me sentia uma caça desprotegida e não um caçador. Meu coração acelerou quando ouvi o som dos cascos vindo atrás de mim.

Espere, eles gritavam, mas eu não sabia o que esperar deles. E se realmente todos os homens brancos fossem cruéis e terríveis? E se Ratonhnhaké:ton estivesse certo todo esse tempo? Eles bateriam em mim como bateram nele ou simplesmente me matariam? Senti os olhos lacrimejarem ao me deparar com a ideia de que nunca mais poderia ver minha família, meus amigos, a aldeia e ele. Eu nunca mais teria a chance de dizer Ratonhnhaké:ton o que eu sempre quis dizer.

E nesse meu desespero criado pela a confusão que estava em minha cabeça eu me distraí e corri sem me atentar para onde ia e nem onde pisava. Um dos meus pés se enfiou entre raízes grossas e se prendeu por debaixo de uma delas, caí logo em seguida. Um dor aguda se apossou de meu tornozelo preso, assim como em meu pulso esquerdo. Meu braço direito estava queimando devido a pele ralada entre as raízes ásperas. Também senti sangue escorrer pelo canto de minha testa.

Inevitavelmente eles me alcançaram e pararam próximo a mim, olhando-me do alto de seus cavalos com olhares distintos. Um par de olhos azuis parecia complacente e o par de olhos verdes não era gentil. Ambos usavam roupas parecidas, possuíam cabelos pretos e pelos em suas faces coradas pelo sol. Procurei ao meu redor por Kanen'tó:kon, mas eu havia me distanciado de nosso local de estudos e também da aldeia. Ninguém me ouviria se eu gritasse.

O homem de olhos azuis desceu do cavalo, se aproximou cuidadosamente e abaixou-se. Inesperadamente ele estendeu a mão a mim, mas eu não ousei aceitar.

“Está tudo bem, não iremos te machucar.”

Foram suas primeiras palavras direcionadas a mim. Eu as entendi perfeitamente, mas não lhe respondi e nem quis parecer ter entendido. Estava tomada pelo medo e me encolhia tanto quanto possível para manter sua mão estendida longe de mim.

“Não seja tolo William, essa selvagem não pode nos entender.” - O homem de olhos verdes disse enquanto a encarava com um sorriso estranho nos lábios.

“Não irei deixar uma mulher ferida e sozinha no meio dessa floresta.”

“Besteira... Essas não são a terra de seu povo? Certamente não está perdida e nem mortalmente ferida.”

“E o que ela e seu povo irão pensar de nós se simplesmente ignorarmos ela? Não quero manchar ainda mais nossa imagem diante dos nativos.” – Ele se aproximou mais de mim e sua mão permanecia estendida. – “Está tudo bem, meu nome é William Johnson, pode confiar em mim.”

Eu não sei dizer o que me levou a decidir o que decidi naquele momento. Curiosidade? Certamente eu estava curiosa, mas não confiante do que aconteceria comigo, contudo aquela era a oportunidade de ver se os homens brancos eram de fato como Ratonhnhaké:ton costumava dizer. Era minha chance de criar minhas próprias opiniões de experiências. Aceitei enfim sua mão estendida e com cautela William Johnson me auxiliou a levantar.


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