Cat Twins escrita por Jessmee


Capítulo 2
Beijo de boa noite.


Notas iniciais do capítulo

Dizem que beijos de boa noite espantam pesadelos...



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— Melanie! Papai! A mamãe já fez o jantar, e disse que se vocês não aparecerem lá, limpos em cinco minutos, vão ficar com fome! – Ouvi Kriis gritar enquanto batia na porta, odiava quando interrompiam minhas aulas com o papai. Mas eu não podia ficar brava com Kriis, não era culpa dela, nada era culpa dela.

— Ouviu sua irmã, é melhor irmos nos limpar antes que sua mãe apareça. – Disse papai me pegando no colo e me jogando em seu ombro, contra minha vontade.

                Nós tínhamos feito dez anos a exatas cinco semanas e papai e mamãe ainda teimavam em nos olhar e dizer: ‘dez anos’, com os olhos brilhando e um sorriso patético no rosto. Kriis ria com isso e se gabava, dizendo que a cada ano ela ficava mais perto de achar o amor de sua vida. E eu? Eu não falava nada, era um momento um tanto quanto constrangedor esses momentos com eles, era quando eu achava que tinha sido adotada.

                Enfim, papai me levou ao banheiro, onde começou a lavar as mãos e o rosto. Mas meu caso era bem mais grave, tive que tomar um banho completo, se não mamãe me serviria como sobremesa. Saindo do banho, papai já havia saído e Kriis me esperava no quarto se olhando no espelho enquanto se perguntava se a camisola nova lhe caia bem com todos aqueles babados e fitas. Revirei os olhos e vesti o primeiro pijama que encontrei, sacudindo minha cabeça perto dela e deixando que meus cabelos molhados respingassem sobre sua camisola, antes de sair correndo com ela resmungando atrás de mim.

                Logo que terminamos o jantar, eu e Kriis voltamos correndo para nossos quartos, onde nos enfiamos na cama, esperando a melhor hora do dia. Papai e mamãe não demoraram a chegar e sentaram um de cada lado da cama. Mamãe ao lado de Kriis e papai ao meu lado. Eles se encostavam na cabeceira e ficavam nos fazendo cafuné enquanto conversávamos de como havia sido o dia para os quatro. Riamos, brigávamos... mas apesar do que parece não era uma farra tão grande assim, pois no final eu e Kriis dormíamos e só então eles saiam do quarto. Mas aquela noite foi diferente, papai e mamãe não esperaram a gente dormir de vez. Eu já estava com os olhos fechados quando senti o beijo de boa noite na testa, abri um pouco os olhos pesados e vi Kriis e mamãe. Mamãe se levantava e Kriis agarrara sua mão, ela parecia tão sonolenta e exausta como eu, mas conseguiu força o suficiente para segurar mamãe ali. Não sei se mamãe ficou ou não, eu dormi. Mas a noite não havia terminado ainda. Eu acordei novamente e lutei para abrir os olhos, dessa vez não vi Kriis do meu lado e então consegui forças para pular da cama na mesma hora. Estava tudo escuro, nunca vira meu quarto tão escuro, não conseguia ver absolutamente nada. Um soluço. Seguido de outro e mais outro. Um gemido. Kriis. Meu bracelete começou a brilhar, iluminando um pouco do quarto e me deu a visão do interruptor, eu liguei a luz e lá estava Kriis. No canto do quarto, bem longe da cama e debaixo de uma das janelas. Estava encolhida, tremendo, suja e chorando. Não pensei duas vezes antes de correr até minha irmã e me jogar ao lado dela, aquele cheiro, como eu não senti antes? Sangue! Muito sangue.

                — KRIIS O QUE HOUVE? MÃÃÃE!PAAAI! MÃÃÃE! PAPAI!— Eu comecei a gritar e a chorar ao mesmo tempo, tremendo, sem saber o que fazer. Minha irmãzinha estava toda ensangüentada e molhada, suja e chorando. O que eu faria? Kriis me respondeu com uma voz de choro que me assustou mais do que as palavras que vinham.

               — Eles não vem... E-eles não estão... A-aqui Melmel. Nunca mais. – Eu não entendi, nem um pouco. Ela estava falando do que? Ela deve ter caído e batido a cabeça, só poderia ser isso.

                — Vem Kriis, vamos te limpar, vem. – Precisava ver de onde vinha tanto sangue antes de qualquer coisa. Levantei minha irmã e ela não relutou, apenas me acompanhou até nosso banheiro. Peguei uma toalha e a molhei, mas quando me virei para Kriis ela já estava na banheira, de roupa e tudo com o chuveiro ligado. — Kriis! Mas o que raios aconteceu com você, garota?
                Minha Kriis, minha irmã nunca entraria numa banheira machucada. Para lavar um arranhão no dedo dela, papai e eu tínhamos que segura-la enquanto mamãe lavava e passava o remédio. Ela fazia o maior escanda-lo, parecia até que ia morrer. Mas ela não estava fazendo aquilo, estava ali de baixo do chuveiro, com sua camisola favorita, sentada e com a cabeça baixa enquanto a água do chuveiro caia em sua cabeça e enchia a banheira. Eu peguei uma toalha e fiquei esperando, tinha algo errado, algo muito errado com ela. Não só com ela, porque papai e mamãe não haviam vindo quando eu chamei? Eles nunca deixaram de vir, nunca mesmo. Nem quando eu falava mais baixo. Kriis se levantou, a camisola encharcada, mas ela estava limpa.Sem sangue, nem terra? É, a banheira estava uma mistura de vermelho com marrom. Onde raios minha irmã esteve? E como eu não percebi? Nós dormimos na mesma cama e eu sempre sinto cada vez que ela se mexe, como não a senti saindo? Tirei sua camisola e a enrolei na toalha.Ela não tinha nenhum machucado, nenhum.Aquele sangue não era dela.

    - Espere aqui, vou chamar papai e mamãe... – Kriis pegou meu pulso com força assim que eu dei um longo passo para a porta, estava pronta pra correr, mas Kriis foi mais rápida e com aquele toque eu congelei. Sem ainda nem saber o que me aguardava.


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