Pov’s Naomi

Abro meus olhos e um clarão invade minha vista, sinto uma forte dor atrás da cabeça, tento me levantar, mas meu corpo não me obedece. Onde eu estou?

As meninas!

Minha mente clareia de súbito e lembro que a ultima vez que as vi fora na floresta, onde nós acabamos nos separando... Só que...

— A princesa finalmente acordou.

Ouço uma voz desconhecida e forço-me para encontrar o lugar de onde veio. Que lugar é esse? Isto não é a cabana... Ai, Deus! Aquele helicóptero, os homens... Eu fui...

— Não dorme de novo não, seu lixo de merda! – Recebo uma bofetada, meu rosto arde e o sinto inchar.

Acordo por completo e finalmente consigo entender a situação na qual me encontrava: uma sala pequena de luz amarela que evidenciava o mofo nas paredes, onde dentro havia apenas uma maca na qual estava deitada e amarrada pelas pernas e braços e uma cadeira onde aquele homem estava. Meu coração acelera quando percebo algo em suas mãos.

— Você sabia que foi uma garota muito levada? – Iniciou, aproximando-se de mim – Desobedecendo as regras da sua líder... Isso é muito feio, sabia? – Outra bofetada, desta vez, mais forte – Para sua felicidade, temos métodos para fazer crianças levadas serem obedientes.

Ele sorri enquanto apertava meu rosto com uma das mãos. Depois me soltar, sai da sala. Estou petrificada de medo... O que ele iria fazer? Onde estão as outras? Meus pensamentos estão frenéticos, meu pânico só aumenta após sentir a maca começar a balançar e em seguida, ser posta de pé, comigo junto. Ele volta. Agora está com luvas, um avental sujo, com manchas por todo lado e o mais assustador: uma máscara.

— Prazer, me chame de Jason. Hoje você irá experimentar minha forma de disciplina.

— Por favor, não... – Começo a chorar, todo o meu corpo tremia, minha visão começava a turvar-se.

— Não? – Gargalha – Você não tem muita opção, merdinha...  - Jason retira do bolso de seu avental uma usuba que brilhava de tão polida, aponta aquele objeto para o meu rosto – Vamos ver esse corpinho.

Aos poucos, ele começou a rasgar o vestido que eu usava, seguido pela calcinha. Afastou-se e me encarou por trás de sua mascara. Meu coração saltava, minha respiração estava desregular e difícil de controlar, além do choro que eu não conseguia conter.

— O que vai fazer comigo?

— Vou te causar dor – Seus olhos encontram os meus – Começando por aqui – Uma dor aguda passa por todo o meu corpo e volta para minha coxa, onde ele fincou sua usuba – Gostoso, não é? E se eu fizer assim... – Grito e me debato, numa atitude inútil de me livrar das amarras enquanto aquele monstro rodava seu objeto de tortura em meu corpo.

Ele retira a arma devagar e limpa meu sangue em seu avental. A dor em minha perna pulsava e não ousava me mexer novamente.

— Por que essa cara? – Um corte na minha barriga – Não está contente em estar aqui? – Outro corte mais profundo – HEIN?! – Jason inicia uma sequencia de cortes por todo o meu corpo, gritava, estava ensandecido e eu sangrava, provavelmente até a morte.

Depois de alguns cortes por minha barriga, braços, pernas e meu pênis, ele para. Não conseguia mais chorar, toda aquela dor me deixava anestesiada. Jason volta a se aproximar, segura meu queixo e levanta meu rosto para que eu pudesse vê-lo, seus olhos revelavam um ódio reprimido, senti um arrepio que percorreu toda minha espinha. Novamente, apoia a arma no mesmo buraco que havia aberto anteriormente, retira sua máscara e a joga para o lado, estava suado e seus cabelos escuros colavam na testa.  

— Não se preocupe boneca, não a deixarei morrer. Não agora – Ele me larga e apanha a máscara – A deixarei com meus subordinados, enquanto caço as outras fugitivas, a festa ainda está para começar – Ele atravessa a porta e some da minha vista.

Todo o meu corpo estava aberto, alguns lugares com buracos maiores que outros, o cheiro do meu sangue estava me causando náuseas, o lugar estaria em completo silêncio se não fosse pelas gotas do sangue que insistia em continuar caindo. Começo a perder minha consciência, estava certa que me deixariam sangrar até a morte como um porco velho.

Até que dois homens entram e consigo ouvir a voz de RuPaul vinda de longe, dizendo que eu não poderia morrer, pois haviam planos para mim. Gostaria de me preocupar, mas minha consciência vai apagando. Estou caindo e temo por minha vida.

Fim Pov’s Naomi

Os primeiros raios de sol começavam a aparecer na ilha, às sirenes haviam sido desligadas, no entanto as luzes ainda se mantinham acessas. Dentro da cabana esquerda o silêncio dominava. Tatianna e Sharon vigiavam suas prisioneiras, enquanto Violet estava na janela, averiguando a movimentação exterior.

— Racers! – O walkie-talkie assusta a todos, RuPaul iniciava mais uma fala – O dia está quase amanhecendo e trago-lhes novidades: Como vocês podem ter notado, algumas danadinhas desobedeceram uma das minhas regras e andou perambulando pela floresta, mas como sou uma boa anfitriã, resolvi dar-lhes uma segunda chance – Todas ouviam atentamente as novas instruções – Por isso, encontro vocês, assim que o sol estiver alto, lá na praia para sua primeira tarefa e as fugitivas, também estarão presentes.

— Como ela sabe que estamos com essas duas? – Violet aproximou-se de Tatianna.

— Não sabe – A maior respondeu – RuPaul está fazendo um joguinho.

— Espero vê-las todas lá. É isso. – O aparelho rosa chia e depois volta ao seu silêncio.

— Eu não irei – Adore diz em prontidão.

— Irá morrer de qualquer forma se ficar, sua burra – Sharon que estava sentada no canto do sofá fala sem olhar para a outra.

— Mas que porra! – Ela grita em resposta e caminha apressada para o quarto, Alyssa pede para que Katya vá ajuda-la.

— Nós iremos com vocês, gostando ou não, somos um time – Ela olha para Tatianna e em seguida para Bianca e Raja – Todas nós!

— Faça como quiser.

***

— Está amanhecendo, Raven! Amanhecendo! Elas não voltaram, estamos perdidas – Valentina falava freneticamente, enquanto caminhava pela sala, dando voltas pelo sofá – E ainda tem esse comunicado da velha... O que vamos fazer?

— Porra, fica quieta e para de falar tanta merda! – Grita Raven. Valentina para e a observa – Não temos escolha se não irmos aquela praia, você ouviu que as outras também estariam lá – A morena agora volta sua atenção para Detox, que não dissera uma só palavra após o encontro com o capanga – Você irá também.

Detox apenas a encara de volta.

— Eu temo pelo o outro time... – A latina volta a falar após uns minutos de silêncio.

— Esta talvez seja a única chance que teremos para falarmos com elas, Valentina.

— Vocês não deveriam estar tão esperançosas assim – A voz baixa de Detox chama a atenção das outras duas – Viram o que fizeram com a Laganja e a Sasha, se formos realmente lutar por nossas vidas, quais chances temos se somos três e elas estão em seis? 

— Não vamos precisar chegar a esse ponto – Raven gostaria que sua voz tivesse sido mais confiante do que realmente fora.

— Somos todas amigas, isso nunca irá acontecer!

Detox balança a cabeça em negação e em seguida caminha para a cozinha.

***

— Sabe o que fazer, não é, Jason?

— Posso escolher qualquer uma delas?

— Qualquer uma... – RuPaul acaricia seu subordinado – Uma manhã na praia nunca será tão emocionante quanto essa será! – Começa a rir, mas é interrompida pelo beijo de Jason.