Amor Real escrita por lovestories


Capítulo 3
Lottie


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem a leitura, queridos! A título de informação, eu utilizei como base para a imagem de Charlotte a modelo Scarllet Leithold.



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A rainha se pôs a lançar as suas flechas, acertando em um dos soldados de primeira que cai no mar, o outro resolveu se jogar acompanhando o seu parceiro. Pedro entregou a sua espada a Susana e correu para salvar o pequeno homem no rio, enquanto isso, Edmund e Charlotte puxavam a canoa à proa da praia. Pedro resgatou o anão, colocando-o delicadamente na areia branca. Lúcia agiu rapidamente cortando as cordas grossas que amarravam o pobre homem.

— “Solte-o”? – o anão indagou furioso.

— Um simples “obrigado” seria suficiente! – Charlotte pontuou indignada.

— Eles estavam me afogando muito bem sem a ajuda de vocês! - um irritado anão disparou. 

— Talvez devêssemos ter deixado. - Pedro verbalizou firmemente. 

— Por que eles queriam matá-lo, afinal? - Lúcia indagou.

— São telmarinos, é o que eles fazem. 

— Telmarinos? Em Nárnia? - Ed perguntou pra ninguém em especial. 

— Onde estiveram nos últimos anos?

— É uma longa história. - Lúcia respondeu. 

Susana devolveu a espada de Pedro e o anão encarou seriamente os irmãos Pevensie e a garota que não tinha visto em nenhum lugar.

— Só podem estar brincando... são vocês? Os antigos reis e rainhas? 

— Sou o grande rei Pedro, o Magnífico. - ele estendeu sua mão ao pequeno homem.

— Você poderia ter omitido a última parte. - Charlotte pontuou divertidamente.

— Poderia. - o anão acompanhou a garota na risada. 

— Você pode se surpreender. - Pedro desembainhou a sua espada.

— Oh, você não quer fazer isso, garoto. 

— Eu não. Ele. - Pedro apontou para Edmund.

Ed desembainhou a sua espada em desafio. O anão pegou a espada de Pedro, deixando-a cair por um momento devido ser pesada para o seu tamanho, Edmund sorriu para Charlotte a fim de mostrar que ele tem outras habilidades além da imaginação fértil. Trumpnik se aproveitou do momento de distração dele e combateu com Edmund. Ele reagiu, porém o anão foi mais agil e acertou o seu nariz com o punho da espada.

— Ed! - Charlotte exclamou alarmada sem saber ao certo porquê havia feito isso.

— Oh, você está bem? - o anão perguntou sarcasticamente. 

Edmund desviou de mais um golpe, batendo a parte plana da espada nas nádegas do pequeno homem, fazendo todos rirem. O anão investiu mais uma vez, porém Ed rebateu todos os golpes veementemente até o anão não aguentar mais e derrubar a espada de Pedro. Ele se sentou no chão de areia boquiaberto. 

— Por mil diabos! Parece que a trompa realmente funcionou. 

— Que trompa? - Lúcia indagou.

Após um tempo, o grupo estava navegando no rio. Pedro remava no centro, enquanto as garotas ficavam a sua frente, Edmund, Charlotte e Trumpnik estavam atrás. Charlotte bombardeou o pequeno e rabugento homem com perguntas sobre o que havia ocorrido com Nárnia, levando todos a rirem. Quando a loira ficou satisfeita com as respostas, se pôs a observar a paisagem em uma curiosidade quase infantil. Edmund sorriu involuntariamente ao observar a loira, o choque inicial com Nárnia já havia passado e ela tentava a todo custo aprender com tudo o que pudesse. Pela primeira vez, Edmund a observava de verdade, já que a enxergava apenas como sua parceira de ciências, mas ali ela estava tão relaxada e interessada em tudo que Edmund decidiu conhecê-la melhor. Charlotte se encostou nele e passou os dedos na água que, logo depois, respingou no rosto de Edmund fazendo ambos rirem.

— Elas estão tão quietas. - Lúcia observou as árvores com pesar.

— São árvores, o que esperava que elas fizessem? - Trumpnik respondeu secamente. 

A conversa chamou a atenção de Charlotte que se aproximou dos envolvidos. 

— Elas dançavam. 

— O que aconteceu? - Charlotte indagou.

— Depois que vocês nos deixaram, os Telmarinos invadiram. Os sobreviventes se refugiaram na floresta... e as árvores? Elas se esconderam tanto em si mesmas que não as ouvimos mais.

— Não entendo, como Aslan deixou isso acontecer? - Lúcia perguntou. 

— Aslan? Pensei que ele tivesse nos abandonado assim como vocês. 

Todos olharam comovidos para Trumpnik que desviou o olhar. Ele representava todos os narnianos durante aqueles anos, sem esperança, sem fé, traídos por seus próprios reis e rainhas. 

— Você não pode classificar como abandono algo que não foi intencional. - Charlotte partiu em defesa dos irmãos Pevensie.

— Não faz diferença agora, huh? - Trumpnik respondeu secamente. 

— Nos leve até os narnianos e fará. - Pedro pontuou firmemente.

Edmund olhou agradecido para Charlotte que devolveu o olhar com um sorriso nos lábios. Eles chegaram até uma praia e se puseram a puxar a canoa até a proa. Trumpnik encaixou a âncora de ferro na areia branca, enquanto Lúcia observava a paisagem. Ela avistou um urso à margem de uma lagoa que se encontrava com a água do mar.

— Olá! - ela cumprimentou chegando mais perto do animal. - Está tudo bem. Somos amigos.

Charlotte observou o urso olhar para Lúcia como um predador mira as suas presas. Seu corpo se retesou ao constatar que o animal não era dócil como a garotinha pensava.

— Lúcia, não se mexa! - Charlotte alertou. 

A pequena se virou para olhar à loira, o urso aproveitou a oportunidade e partiu em direção a criança. Em um impulso, Charlotte correu para resgatar a menina. 

— ...lotte! - Edmund gritou sem ar.

O garoto alcançou a aventureira, puxando-a pelo braço e escondendo-a em um abraço. Charlotte tentava se livrar dos braços de Edmund, porém este o apertava, impedindo-a de continuar com seu resgate. Lúcia se pôs a fugir do animal quando percebeu o perigo, mas acabou tropeçando e caindo. O animal negro se aproximou com rapidez e urrou para a garotinha que gritou histericamente em defesa. Susana aponta a sua flecha ao urso.

— Deixe ela em paz!

— Atire, Susana! Atire! - Edmund ordenou. 

Susana mirou o animal e uma flecha o acertou no peito, porém não era de Susana e sim de Trumpnik. Todos olharam surpresos para o anão que mostrou uma útil habilidade. Ele se encaminhou em direção ao animal caído. 

— Por que ele não parou? - Susana indagou confusa. 

— Devia estar com fome. 

— Obrigada. - Lúcia agradeceu quando o pequeno homem passou por ela.

Trumpnik analisou com a espada se o animal estava realmente morto. 

— Ele era selvagem. - Edmund pontuou. 

— Acho que não sabia falar. - Pedro disse.

— Quando se é tratado como um animal idiota por muito tempo, é assim que fica... - ele se abaixou para ficar mais perto do urso. - Vocês vão perceber que Nárnia está mais selvagem do que lembram. 

Ele deu o golpe fatal no animal, cortando a sua garganta. Charlotte escondeu o rosto no peito de Edmund diante da violência, assim ela percebeu que ainda estavam abraçados e decidiu se afastar, embora tenha gostado da sensação. 

— Você esqueceu o início do meu nome? - ela indagou divertidamente enquanto todos eram guiados por Pedro.

— Não, é que eu fiquei sem voz ao ver você se arriscar daquele jeito...mas até que é um bom apelido, Lottie. - ele sorriu para ela. - Charlotte é um nome muito grande. 

— Edmund também. - protestou. 

— Então me chame de Ed.

Charlotte assentiu com a cabeça esboçando um sorriso a Edmund. Ela estava gostando do clima entre eles, havia tempos que não brigavam e o seu coração aqueceu ao saber que ele tinha se preocupado com ela a ponto de perder a voz. 

— Não lembro deste caminho. - Susana informou a Pedro. 

— Porque as garotas não conseguem guardar mapas em suas cabeças. - ele devolveu sarcasticamente. 

— Isto acontece porque temos coisas dentro delas. - Lottie retrucou maliciosamente. 

Edmund riu do comentário e passou um braço sobre os ombros da garota. 

— Queria que ele tivesse escutado o NCA. - Susana confessou. 

— NCA? - Ed indagou confuso. 

— Nosso caro amiguinho. - Lottie explicou ao ouvir as duas irmãs conversarem anteriormente. 

— Isso não é muito simpático, hein? - Trumpnik comentou ao perceber que o termo carinhoso se referia a ele.

Pedro parou a caminhada em frente a uma enorme pedra que interditava o caminho. Ele olhou confuso para o obstáculo. 

— Eu não estou perdido. 

— Não... só está no caminho errado. - o anão pontuou. 

— Você viu Caspian pela última vez no Bosque Trêmulo e o caminho mais rápido até lá é passando pelo Rio Veloz. - retrucou exaltado. 

— Se não me engano, não existe passagem por aqui. 

— Então está explicado. Você está enganado. 

Pedro retornou a sua caminhada pisando firme, enquanto os outros o acompanhavam sem dizer uma palavra. Charlotte não entendia muito bem porque Pedro estava agindo tão rudemente, mas podia especular que ele não queria receber ordens de ninguém e que achava saber o que estava fazendo. Pelo que ela pôde notar, Pedro jamais admitiria que estava perdido ou que precisava de ajuda. Lottie percebeu que ela mesma tinha um pouco desta personalidade de Pedro, porém foi extraviada já que realmente não sabia nada sobre aquele lugar.

Eles seguiram adiante, encontrando um penhasco ao invés de uma passagem como Pedro pensara. Lá em baixo,  podia ver um rio cujas águas corriam com velocidade além da normal. Susana informou:

— Com o passar do tempo, fica mais fundo com a erosão do solo...

— Oh, cale a boca! - Pedro ordenou secamente. 

— Tem algum jeito de descer? - Edmund perguntou a Trumpnik. 

— Sim...caindo. - respondeu rudemente. 

Lottie procurou a mão de Edmund para lhe dar segurança em virtude do comentário maldoso do anão. 

— Bem, não estávamos perdidos. - Pedro confessou demonstrando que precisava de ajuda.

— Tem uma passagem perto de Beruma. Que tal passarmos a nado? - Trumpnik sugeriu. 

— Prefiro nadar do que andar. - Lottie confessou. 

— Aslan? É o Aslan! - Lúcia exclamou com alegria. - Ele está bem... ali.

Lúcia apontou para o outro lado do penhasco, porém ninguém viu nenhum leão falante. 

— Você o vê agora? - Trumpnik indagou cético. 

— Eu não estou louca! Eu vi ele. Queria que nós o acompanhasse.

Todos se entre olharam pensando se era realmente verdade. Pedro disse gentilmente à irmã:

— Tenho certeza que existem outros leões na floresta. Assim como aquele urso.

— Eu reconheceria Aslan, Pedro! - Lúcia retrucou firmemente. 

— Não irei me arriscar a pular de um penhasco para seguir alguém que nem existe! - Trumpnik confessou. 

— Da última vez que não acreditei na Lúcia, agi como um perfeito idiota. - Edmund disse, fazendo Lottie compreender sobre o que ele falava. 

— Por que eu não o vi também? - Pedro indagou.

— Talvez não estivesse olhando. - Lottie saiu em defesa da pequena. 

— Sinto muito, Lúcia. - Pedro saiu sem acreditar na menina. 

Lúcia olhou mais uma vez para o penhasco, desta vez decepcionada, pois o que quer que ela tenha visto não estava mais lá. Lottie, de alguma forma, acreditava que a menina havia visto esse Aslan, mas ficava confusa já que os outros não o havia visto. Edmund guiou Lottie e Lúcia até Pedro. 


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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