Badlands escrita por TheNextSupreme


Capítulo 2
1




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"E eu estou sentada no fundo da piscina.
Por um tempo agora, afogando meus pensamentos nos sons."
—Young God (Halsey)

Líria|Libra

Repouso a mão direita sobre a grade de ferro resfriada pelo sereno do outono. Olho através dela para ver mais casas exatamente como as do lado de cá, as mesmas ruas esburacadas, a mesma poluição e a mesma miséria. O que nos torna tão diferentes uns dos outros a ponto de colocarem fronteiras entre nós? Eu me pergunto todos os malditos dias.
Com cautela, desfaço minhas pernas cruzadas e tento não pisotear uma pequena flor vira-lata que luta para crescer entre o solo embaixo de uma das cercas. Me identifico com ela.
Ouço o som de pedras e barro sendo esmagados juntos e me viro para ver Amanda, me olhando por cima.
—Trevor disse que saiu cedo...Mas eu já sabia aonde você estaria.—Ela se senta ao meu lado, os cabelos cacheados adornando o rosto perfeitamente enquanto ela contempla o mesmo que eu.
—Ah é? Como?
Amanda ri de escárnio e responde:
—Será que é porque sou sua melhor amiga?
—É, pode ser.—Volto a olhar pra flor,e, perceptíva como é, Amanda muda de posição e toma seu ar sério.
Me preparo pra mais um sermão.
—Um dos Orion podia estar aqui, Li, só esperando o primeiro trouxa curioso dar as caras.
—Podia, mas não está.
—As chances são muito grandes, você sabe que faz menos de um mês desde que tivemos outra richa.
—Eu sei! Mas não podem fazer nada conosco, estamos só sentadas na nossa Zona!
—Fronteiras não significam nada, Li, e você sabe disso melhor do que ninguém! Estamos no limite e a qualquer minuto, um daqueles amarelos pode pular pelas cercas e acabar com a gente.
—Pra quê? Só pra criarem mais richas desnecessárias? Já não nos matamos o bastante?
—Eu não sei, Líria. Mas eu sei que no mês que vem, os mandados de Castle vão trazer mais mantimentos e a Zona Negra não é a única que precisa se alimentar e enquanto isso...
—Assassinaram metade de nós, Amanda. E nós assassinamos metade deles. De todos.
—Já sei o que vai dizer. Somos iguais, igualdade acima de tudo é o lema da nossa maldita gangue e é a realidade, mas...—Ela apontou pra cima, perfeitamente pra silhueta dos edifícios do outro lado da cidade.—Se não afeta os grandes, o equilíbrio entre os pequenos é insignificante.
Suspiro. Derrotada com o fato de já saber tudo aquilo mas não querer me conformar.
Sigo Amanda de volta pro centro da Zona Negra, onde as pessoas despertam pra trabalhar a troco de quase nada...Bom, nós gangsters não recebemos absolutamente nada mas lutamos pra conseguir mais do que ganham os trabalhadores e distribuir entre estes, a gente tenta. A gente morre...Mas a gente tenta.
Quando me dou conta, estou dentro da sede de Libra, onde minha vida pode começar e acabar ao mesmo tempo, todo santo dia.


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