Made of Stone escrita por littlefatpanda


Capítulo 22
XVI. De todas as viagens do mundo


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me.

Só quero deixar aqui em cima dito que eu li todos os reviews lindíssimos de vocês, e eu vou responder tá? Só achei melhor postar o capítulo antes porque já é domingo, então...

Boa leitura! ♥



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Foram três os incidentes que chegaram aos ouvidos da minha mãe naquele ano, convencendo-a de que eu não sou mais o seu “bebê”. Aquela escolha de palavras dela me fez ponderar se aquilo não havia sido, de fato, algo bom ao invés de ruim, como ela tanto clamava ser.

O primeiro incidente ocorreu poucas semanas, talvez um mês, após aquela saída atípica na lanchonete do centro da cidade, que se tornaria o nosso lugar. O segundo incidente foi um pouco chamativo, eu admito, mas foi a proeza da qual mais me orgulhei. E foi por um bem maior.

E o terceiro incidente, ah!

Aquele anulou os outros, porque era o único do qual eu recordava todos os dias quando abria os olhos e quando eu tentava, à todo custo, dormir. 

*

A lanchonete foi ideia de Grace, e foi exatamente por este motivo que Ian adentrou no local com desconfiança nos olhos, estranhando o lugar de encontro.

Nunca havíamos nos encontrado ali antes e, bom, desta vez, Mason e eu combinamos que seria melhor ocultar o fato de que Grace estaria conosco. Caso contrário, Ian não apareceria. De novo. E como Grace estava sempre com a gente, Ian acabaria por sumir de vez. 

Somos os melhores amigos do mundo por impedir que isto aconteça. Não somos? 

A mandíbula cerrada de Ian, em junção aos punhos cerrados e aos olhos não mais de cachorrinho abandonado, mas de pinscher de madame*, me responderam do contrário.

— Ora — disse Grace, achando graça —, vocês não disseram que eu tava aqui?

Mason e eu nos entreolhamos, e em seguida olhamos para ela, negando em silêncio como se estivéssemos aprontado. Mas Grace gostava de Ian tanto quanto ele gostava dela, então ela parecia satisfeita ao saborear a faceta zangada do nosso amigo. 

Ele caminhou a passos largos na nossa direção, e parou ao lado da mesa com os braços cruzados. — Posso saber por que não me avisaram que essa garota tava aqui? 

A lanchonete existia desde o século passado, para ser sincero, e apesar de reformarem o local, mantiveram o visual retrô dos anos 80. Até uma máquina de música antiga havia, e a gigantesca máquina de fliperama do Pacman. 

O chão era preto e branco, as paredes eram de um cinza claro, e eram tomadas de quadros e pinturas antigos. As mesas eram quase todas juntas à janela que circundava o local, e no lugar de cadeiras, haviam poltronas de acolchoado vermelho.

Cabiam duas pessoas de cada lado da mesa - talvez três se nos amontoássemos -, e do lado contrário à janela, ficava uma única cadeira parafusada ao chão da mesma cor e textura das poltronas.

Grace sorriu, mas disfarçou ao puxar o canudinho de seu milkshake e tomar mais um pouco dele. Estava sentada do lado contrário que eu e Mason, um ao lado do outro. 

— Porque isto é uma intervenção — explicou Mason, empurrando os óculos para cima —, e você não tem o direito de saber nada sobre a intervenção se você é o motivo dela. 

— É isto aí! — concordei, também puxando o meu milkshake para perto de mim.

Ian abriu a boca, mas Mason não havia terminado de falar, como de costume. — Eu podia ficar horas explicando o porquê de você estar agindo feito um babaca, mas Caleb me convenceu que é melhor ser direto — continuou, e eu apenas acenei positivamente —, ainda mais porque você não parece estar no seu normal. Será que já esqueceu do pacto? — mencionou, e eu quase me engasguei com o milkshake, revirando os olhos em seguida, tendo a certeza que Ian fazia o mesmo, sem precisar pôr os olhos nele. — Não pode nos ignorar, ou achar que pode nos ignorar como se não existíssemos, e ainda...

— Isto é ser direto? — interrompeu Grace, soltando um risinho.

Mason fechou a boca, e eu ri, sumindo com o sorriso assim que os olhos azuis pousaram em mim, desgostoso. 

Apesar de todo o discurso sobre o péssimo comportamento do Ian para com a gente, e o fato dele estar agindo feito um perfeito idiota e um amigo horrível, Mason também não estava cem por cento confortável com Grace.

Sinceramente, eu parecia ser o único que apreciava sua presença conosco. Bom, eu e o Alex. Na verdade, eu, o Alex, e todos os amigos dele.

— Quem é que tá falando com você? — retrucou Ian, defendendo Mason apenas para poder provocá-la, já que ele próprio parecia querer matar o loiro segundos antes. 

— Todos nós — interrompi, revirando os olhos. — Eu vou ser direto pelo Maze: senta a bunda aí e deixa de birra porque você não tem a idade da sua irmã.

Ian estreitou os olhos na minha direção.

Ah, ele sempre odiava quando o comparávamos com a Emma, porque ela dedicava a vida a infernizá-lo e ele, a reclamar dela. 

— Você tem uma irmã? — questionou Grace, arqueando as sobrancelhas. — Coitada. 

— Cala a sua...

— Senta. — Apontei para a cadeira da ponta. — E fica quieto. Já pedimos um milkshake pra você.

Ian ainda tomou uns segundos dramáticos antes de atirar os seus um e setenta na cadeira, com cara de emburro.

— Ótimo — concluiu Mason, como se fosse mérito dele, antes de focar os olhos azuis em Grace à sua frente. — Então, Grace, você estava dizendo...? — incentivou, com um sorriso assustador. 

— Hum, eu tava respondendo alguma de suas perguntas de perseguidor, acho — disse, fazendo-o fechar a cara, enquanto eu ria. 

Ian normalmente teria rido também, não fosse a birra.

— Cara, eu sou curioso! — defendeu-se, chateado.

— Não, você é intrometido — retrucou ela, arqueando uma das sobrancelhas, mas sorriu, por fim. — Mas eu gosto. — Mason, Ian e eu não disfarçamos a surpresa. Ela percebeu, fazendo uma careta. — O quê? — perguntou ela, desentendida. — Ele podia tá matando, roubando, perseguindo — enfatizou, achando graça —, mas não, ele tá aqui fazendo perguntas inapropriadas.

Gargalhei, e Mason pareceu ponderar se aquilo era mesmo um elogio.

Eu achei que sim.

— Sem falar que eu tenho a impressão que, de todos aqui — disse, fazendo um movimento circular com o dedo —, você seria o primeiro que eu confiaria pra perguntar algo e ouvir apenas a verdade. 

— Ela tem razão — concordei, olhando para Maze com outros olhos.

Ele realmente nunca mentiu para nenhum de nós. Que eu saiba, acrescentei mentalmente, desconfiado.

Mason ajeitou os óculos, como sempre fazia em momentos desconfortáveis, como quando recebe um elogio. 

— Hum, sim, que bom que já conhece um pouco de mim — murmurou, rápido, antes de continuar: — Então, sobre o seu antigo colégio, o que foi que fez você surtar daquele jeito? 

Grace suspirou, inclinando-se sobre a mesa.

— Mason, eu posso te contar que eu sou filha única, que tenho o melhor pai do mundo, que tenho um coelho de estimação que ganhei dos meus tios, que na real, estudei naquele colégio a vida toda antes de ser expulsa... — lista, com os dedos. — Posso até contar sobre o minha mãe drogada e ausente — diz, fazendo-me arquear as sobrancelhas —, mas sobre a minha expulsão eu não quero e não vou falar. Estamos entendidos? 

Mason suspirou, com uma careta.

— Eu só queria...

Nope — interrompeu ela, puxando o milkshake e tomou-o mais uma vez, dando um sorriso discreto em seguida. Quando Mason abriu a boca mais uma vez, ela continuou: — Mas sinta-se livre para me contar sobre aquele garoto grandalhão que pega no seu pé às vezes. 

Escondi os lábios para não sorrir. Bem no ponto fraco!

Talvez assim Mason entenda que existem assuntos pessoais dos quais as pessoas não gostam de conversar a respeito, como este era para ele.

Mason se remexeu na cadeira, torcendo o nariz, mas então recatou ao pedido dela. — Tá bom — resmungou, desistindo.

Ian apenas observou tudo com quietude, embora já não portasse aquela cara de nojo que ele esbanjava anteriormente. 

— E você? — perguntou Grace, encarando-o.

Ian ajeitou-se no lugar, fechando a cara. — O que tem eu?

— Não sei nada sobre você — diz, desta vez sendo ela a empurrar seu óculos de grau para cima, de forma parecida com a do Maze. — Sempre que eu tô por perto, você foge feito um lunático.

Ian revirou os olhos. — E vai continuar não sabendo — retruca, cruzando os braços como uma criança. 

Grace também cruzou os dela, empinando o queixo.

— Sei que é um idiota, que tem uma irmã e que tem preconceito — alfineta, perdendo um tanto da paciência.

Franzi o cenho.

Preconceito? 

— Que preconceito, garota, tá maluca? — questionou, alterando-se. — Se não gosto de você é porque você é uma metida do caralho, mais cheia que não sei o quê — garante, super argumentativo. 

Ela sorri. 

— Não falo de mim — diz ela, soltando um riso pelo nariz. — Falo do seu primo. Eu vi a forma como você reagiu quando ele contou que é gay.

Mason e eu automaticamente viramos o rosto para o Ian, à espera de uma reação. Ian fez uma careta exagerada de ultraje, como se tivesse sido insultado.

— O quê? — esbraveja. — N-não, eu não tenho preconceito nenhum — garantiu, sem firmeza alguma. 

Ajeitei-me no lugar, sentindo-me desconfortável.

— Então por que agiu daquele jeito? — retrucou.

— É, por que agiu estranho? — concordou Mason, também suspeitando.

— O quê? — cuspiu, indignado. — Virou comboio contra mim agora? Que saco! — resmungou, empurrando o milkshake quase cheio para longe. — Eu fiquei surpreso! Só isso, tá? Não posso?

Fiz uma careta.

Lembro de já ouvir uns comentários ridículos dos pais do Ian que, embora não fossem tão repulsivos, ainda assim eram preconceituosos. Não era algo sobre a comunidade LGBTQ+ ser promíscua e errada, como já ouvi muito por aí, mas era algo sobre terem pena dos que fazem parte dela, como se fosse uma doença fatal. 

E eles nem religiosos eram.

Torci o nariz.

— Ian — chamei, vendo os olhos indignados pousarem em mim —, você não contou sobre o Alex pros seus pais né? 

Seria muito trágico se o próprio primo fizesse com que os pais de Alex descobrissem sobre ele. 

— Claro que não! — exclamou, ficando vermelho de raiva, e eu tomei isto como verdade. — Como pode pensar que eu faria isto? 

— Desculpa, mas é que você agiu mesmo estranho e eu sei como seus pais pensam sobre — murmurei, mexendo sem muito ânimo no meu copinho de milkshake já vazio.

— Agi estranho porque não tava esperando isso do Alex — defendeu-se. — Ele sempre falou muito de mulher comigo, e das que ele pegava e não sei o quê — argumentou, novamente, muito inteligente. — Mas e daí que eu pense como os meus pais? — perguntou, chateado. — Não quer dizer que eu vou tratá-lo mal ou algo assim. 

— Pensar que ele é doente já é tratá-lo mal — retruquei, chateado, tomando para o lado pessoal.

— Com certeza — concordou Grace, irritada, antes de pousar os olhos em Ian. — E doente é você, seu otário! 

— Cala a boca, sua besta! — irritou-se ele também. — Isto é entre eu e os meus amigos — enfatizou, colocando a mão no peito. — E entre eu e o meu primo! O que você tem a ver com ele? — reclamou.

Revirei os olhos. 

— Seu primo é meu amigo agora, então eu tenho a ver com isto — afirmou, séria. — Eu não deixo falarem desta forma dos meus amigos.

Mason, por incrível que pareça, ficou quieto, só olhando de um para o outro, e eu me emburrei no meu canto.

— De que forma? — perguntou, alto, desviando dela para nós dois também. — Eu amo o meu primo, tá? Eu não falei nada dele. Vocês tão vendo coisa onde não tem. 

Grace suspirou, sem desistir.

— Ok, então nos diz o que é que você pensa sobre ele — pediu, certa de si.

Ergui meu olhar para Ian, vendo que ele vacilava.

— Não te interessa — replica, irritado. — Eu não...

— Nos interessa sim — interrompi, sério. Então me ajeitei, erguendo a voz: — O que pensa dele, Ian? O que pensa do meu irmão? — perguntei, a voz falhando pelo ódio controlado.

Ian abriu e fechou a boca algumas vezes, como se recém se recordasse do Will. Vi a culpa passar pelo seu rosto, antes que deixasse os ombros caírem em derrota. 

— Sinto muito, Caleb — pediu, sincero. — E-eu... — começou, perdido, percebendo que não obtinha apoio em nenhum de nós três. — Eu não sei o que pensar — confessou, quieto. 

Um silêncio se recaiu sobre nós. Eu ainda estava de cara, Mason parecia perdido, e Grace foi a primeira a demonstrar um pouco de compaixão, por incrível que pareça. 

— Então descubra — instruiu Grace, com a voz já não mais agressiva. — Pesquise, veja relatos, e pense — acrescentou — por si próprio, não pelos seus pais.

Ian, amuado, nem retrucou ou discutiu com ela, apenas assentiu, quieto. Mason me relanceou rapidamente, mas eu desviei o olhar, chateado, para a janela. 

Eu queria muito ficar com ódio do Ian, não só por causa disto, mas porque ele têm sido bem irritante nas últimas semanas. Esta havia sido a gota d’água. No entanto, mais tarde, aquilo me fez pensar que nem todo mundo tem o tipo de personalidade como a minha, que costumo ser tranquilo com tudo, ou como a do Mason, que simplesmente não se importa muito com nada.

Por exemplo, esses dias Mason me contou sobre um colega nosso que é filho de um relacionamento incestuoso entre uma irmã e um irmão, e que por sorte nasceu perfeito. Fiquei surpreso, mas nada além disto. Não julguei nem nada. E Mason também me contava como se aquilo não fosse nada, porque na escala das coisas que descobre sobre os outros, aquilo estava lá embaixo na lista de mais surpreendentes. O único que ele demonstrava era decepção, porque não descobrira nada mais interessante que aquilo.

E nem todo mundo é assim. 

E nem todo mundo pensa o tempo inteiro na comunidade LGBTQIA+. Digo, eu penso constantemente sobre isto desde que ouvi a conversa nada sutil da minha mãe com meu irmão sobre ele estar namorando com o professor de faculdade. Desde então, se tornou algo que eu não posso evitar pensar, já que faz parte da nossa família. 

E tudo bem, eu posso ter pensado um pouco além do Will, até porque, pouco depois eu encontrei o Alex aos beijos com aquele ridículo do Jillian. 

De toda forma, aquilo era algo que estava constantemente na minha cabeça. E, ao me colocar no lugar do Ian, tudo o que consigo imaginar é que aquilo só se passa pela cabeça dele quando os pais discutem sobre isto perto dele, ou os colegas, ou a televisão e a internet. Porque nós nunca conversamos sobre isto, nem depois de todos saberem sobre o meu irmão, porque não parecia algo importante. 

E não era, tanto que ele até pareceu esquecer-se do Will.

Talvez a discussão em torno da sexualidade das pessoas só tenha se tornado algo importante para o Ian porque se tratava do primo, que não só era primo, mas era como um irmão para ele. Aí sim ele começou a pensar a respeito, e as coisas feias que todo mundo já disse ao seu redor começaram a rodar pela sua cabeça, com um significado maior, reais. 

Talvez eu também fosse assim, mas tive a sorte de nunca ter ouvido ninguém próximo comentar algo ruim sobre a comunidade LGBTQIA+, aliás, nem algo bom. Ninguém falava sobre isto lá em casa, não que eu tivesse ouvido, então eu sequer pensava nisto. 

E agora, parece ser algo constante na minha vida. 

Especialmente por causa do Alex. 

Ou seria por minha causa? 

*

Semanas depois, Ian já estava na paz com a gente.

Na realidade, no mesmo dia da lanchonete ele já havia mandado um pedido de desculpas formal por mensagem no nosso grupo, e ainda especificou: por tudo.

Acho que "por tudo" ele incluiu a Grace também, embora parecesse natural dele que implicasse com ela, agora já sem muita agressão.

Alex comentou comigo, em uma das nossas saídas da madrugada, sobre uma conversa estranha que Ian iniciou com ele, sobre como o admirava e como o tinha como um irmão para ele. Me perguntou se eu sabia do que se tratava, mas eu neguei, não querendo comentar sobre a nossa pequena discussão em grupo.

No fundo, fiquei aliviado mais do que por Alex, mas por mim.

Quero dizer, pelo Will, é claro. 

— Por que nossa garota tá falando com um traficante? — perguntou Alex, me fazendo dar um pulo, assim que nós saímos da classe para o intervalo.

Virei e dei de cara com um sorriso de canto dele, que parecia divertido pelo que pensava. Olhei para onde os olhos pretos encaravam, e enxerguei a pequena e estranha Grace rindo para um cara do último ano, provavelmente colega do Alex. 

Ele usava uma roupa engomadinha, camisa fechada até a gola, calças justas e cabelos lambidos para um lado. Nada se assemelhava a um traficante. E Grace muito menos a alguém que compra de um traficante.

Franzi o cenho.

— Ele é um traficante? — perguntei, arqueando as sobrancelhas com surpresa.

Levei um tapa nos cabelos no mesmo instante, e também levei um susto.

Qual é a de todo mundo aparecer sem anunciar? Eu pareço ter olhos nas costas?

— Vocês não ouvem nada do que eu conto? — reclamou Mason, chateado, antes de revirar os olhos.

— Garoto, ‘cê conta tanta coisa que é impossível decorar — interrompeu Alex, com uma pontada de admiração que me fez rir.

Ian chegou por último, dando uma olhada em meu rosto divertido, no chateado de Mason e no admirado de Alex.

— O que foi que eu perdi? — perguntou, tentando entender.

— Grace tá falando com nosso traficante — explicou Alex, como se o garoto fosse patrimônio público do colégio.

— Não pode ser — duvidou Ian, com um sorriso hesitante, como se não duvidasse completamente.

Bruno chamou por Alex enquanto encarávamos Grace de longe, e ele correu na direção do mexicano, fazendo graça, como sempre. 

Mason já tagarelava sobre o histórico de tráfico do garoto do terceiro ano e Ian ouvia, atento. De nós dois, ele sempre foi o mais paciente com as histórias mirabolantes do Mason. 

Procurei Grace com os olhos bem na hora que ela se dirigia na nossa direção, sorridente como se tivesse em um dia ótimo de sua vida. Parou na nossa frente, com um olhar sinistro - o que me lembrou da forma como Alex nos olhou no Ruggiero Mercado antes de sair correndo -, até que os dois interrompessem a conversa, com os olhos nela. 

Descobriríamos ali que Grace é a versão nerd do Alex.

— Onde podemos fumar isto? — pergunta, por fim, disfarçadamente nos mostrando o pacotinho verde.

*

Eu não posso acreditar que eu estou em uma situação de risco mais uma vez!

Discutimos por pouco tempo, principalmente porque Ian se opôs à ideia de Grace só por ser uma ideia de Grace, mas acabamos por segui-la quando ela deu de ombros, dizendo que o faria com a gente ou sem a gente. 

Estávamos atrás do ginásio mais uma vez, no ponto de fumo do Alex, que eu vergonhosamente já frequentei mais vezes do que posso contar nos dedos. Mais uma vez me deixei ser arrastado pelo mau caminho. E o pior de tudo nem é isto, é que eu nem posso culpar o Alex desta vez! 

— Você ao menos saber como fazer isto? — questionou Ian, com a sobrancelha arqueada, ao passo que Grace e Mason tentavam enrolar a maconha em uma mesa improvisada feita de pedras.

Ela havia tirado dos bolsos do casaco itens que eu nem sabia para que serviam, porque eu ainda posso dizer que sou ingênuo.

Olhei pela cerca, checando mais uma vez se ninguém mais viria.

— Ai, garoto, eu sei mas não sou maconheira — retrucou, concentrada —, fiz isto poucas vezes. Duas, pra ser mais exata — contou, em um resmungo.

Ian bufou.

— A gente não pode demorar, o sinal vai soar daqui um pouco — alertei, recém percebendo que nem avisamos o Alex sobre onde estávamos.

Cinco minutos depois, aquilo estava passando de mão em mão e eu mal soube como usar.

Achei que fosse como cigarro, que uns três anos atrás Mason, Ian e eu provamos, apenas para jogar fora uma cartela inteira depois que confirmamos que era nojento e ardia a garganta.  

Mas não.

— Você tem que puxar tudo — ensinou ela, balançando o baseado na minha frente. — Segura um pouco — pediu, enquanto aquela fumaça desgraçada fazia arder o topo da garganta e o meu peito. E então, ao soltar, tossi até sentir os olhos lacrimejarem. 

— Agora sim — riu-se ela. 

Confesso que na primeira tragada já fiquei imaginando o meu pulmão escurecendo e apodrecendo aos poucos. E então imaginei se isto não era paranóia vindo da maconha. Mas isto seria ridículo, porque a maconha não parecia ter efeito algum. A paranóia era toda provinda de mim. 

O sinal já havia soado e o fumo bolado já estava na metade. Ian já agia como se tivesse doidão, o que eu acho que era psicológico mas tudo bem, e Mason estava avermelhado de tanto tossir. Grace ria, olhando para nós três, mas acho que de todos, ela foi a primeira a relaxar. Apesar disto, soltou um gritinho engasgado quando a figura de Alex se materializou ao nosso lado. 

Tão surpreso quanto nós, Alex olhou de rosto em rosto antes de pousar os olhos no baseado que jazia entre os dedos finos de Mason, que observava o beck como se fosse desvendar os segredos da droga. 

Ri, fazendo Alex rir também. 

— Puta que pariu, vocês... — Interrompeu-se, em choque, segurando-se para não gargalhar. Então pôs a mão no coração, com um semblante derretido. — Eu criei vocês tão bem. Que orgulho!

— Cala a boca! 

Alex sorriu para Grace, apoiando as costas no ginásio, no lado direito dela. — Foi você, não foi?

Ela deu de ombros.

— Óbvio.

— O que faz aqui? — perguntei, estranhando que o cigarro e o isqueiro não estavam em mãos, já que ele sempre ia ali para fumar.

Alex contorceu o rosto em uma careta.

— Ah, eu ia dar uns pegas... — contou, causando gargalhadas, antes de pegar o celular e digitar com rapidez. Revirei os olhos, chateado. — Mas aparentemente não mais. — Apesar de tudo, pareceu animado, como sempre ficava em situações que eu considero de risco, mas que ele considera do contrário. — Posso? — pediu, quando o beck voltou aos dedos dela, e ela apenas assentiu. Alex fez uma careta, girando-o nos próprios dedos, antes de olhar para ela. — Da próxima vez deixa que eu bolo, tá?

Grace deu um tapa nele, rindo, como o fazia raramente, já que tendia a esconder o aparelho que cobria seus dentes.

— Idiota — disse, meio sem jeito. — Eu fumei duas vezes só.

— E bolou nas duas? — questionou Alex, tragando.

Grace negou, envergonhada. — Mas eu vi fazerem! — acrescentou, em seguida, com rapidez. 

Alex segurou o riso, porque também segurava a fumaça dentro de si, antes de voltar os olhos para nós. Mason encarava o céu, como se fosse a coisa mais incrível que já viu na vida e Ian já havia se deslocado para o lado de Alex, com o primo entre ele e Grace. Eu fiquei de frente para eles, apenas observando.

Podia ser que eu sentisse o corpo um tanto estranho e minhas mãos formigassem um pouco, mas não era nada muito óbvio quanto o álcool deixava.

— Mason, você tá bem?

Alex riu, vendo-o assentir com um riso, discursando sobre como aquilo era bom. Só que Mason também pensa que uva passa no arroz é bom, então a resposta dele não é exatamente confiável. Mason interrompeu-se em um momento, arqueando as sobrancelhas louras: 

— Olha, tem uma casinha de passarinho na árvore!

Comecei a rir, mas segui o olhar azul do Mason por instinto, tentando procurar naquele céu claro - claro pra caramba! - o que ele havia enxergado. A questão é que nada parecia muito nítido - ou estável -, então eu não faço a menor ideia de como Mason estava enxergando algo além de galhos.

Fixei mais os olhos, pensando que talvez fosse assim que ele enxergara algo, já que ficou encarando as árvores por cerca de... Muito tempo.

Há quanto tempo estávamos ali?

— Caleb?

Girei o rosto com rapidez, percebendo que eu não estava tão bem assim como imaginei, embora a sensação fosse muito diferente da alcoólica. Alex estava na minha frente, com um meio sorriso, parecendo estar prestes a gargalhar na minha cara.

— Eu não posso perder esta oportunidade de ver o tão... — murmurou, dando mais um passo em frente — tão, tão comportado Caleb sair um pouco da normalidade e entrar na minha loucura — finalizou, tocando o meu nariz com a ponta do dedo.

Estreitei os olhos, julgando-o, antes de que ele me entregasse o beck. Só então percebi não mais se tratar do primeiro, visto que este recém houvera sido bolado, com muito mais cuidado que a Grace o tinha feito, pelo Alex.  

— Ao menos um pouco doidão você tem que ficar — pediu Alex, deixando-o nos meus dedos, desta vez era ele a me julgar por não ter fumado o suficiente. Então, deu um sorriso pidão. — Por favor?

Enquanto eu tragava, sob os olhos atentos e bizarramente* satisfeitos do Alex, ouvi a conversa dos três atrás. Fiz uma careta e entreguei-o de volta para Alex, o cheiro me dando náuseas. 

— Por que você alisa o cabelo? — perguntou Ian, o que era estranho, porque nunca puxava conversa com Grace, ficava só nos insultos.

Ainda assim, ela soou irritada. — Porque eu quero, e não encosta — grunhiu a última parte, e eu ouvi o som de um tapa ao longe.

— Acho que ficaria bonito ao natural — comentou Ian, igual, parecendo envergonhado. 

Ao mesmo tempo, Mason dizia: — É, não encosta no cabelo dos outros!

— Então por que tá encostando no meu? — perguntou Ian, indignado, com a voz enrolada.

— Eu não sei, eu tô me sentindo muito estranho — confessa Mason. — Será que faz mal fumar maconha depois de ter tomado remédio pra rinite alérgica?

Depois de um instante em silêncio, os três caem na gargalhada. E eu também, apesar de nem estar na conversa.

Voltei a prestar atenção no Alex quando ele tocou meu rosto, recém me dando conta de que eu estava encarando a camiseta preta dele por todo esse tempo. Ergui os olhos apenas para ver os negros tão de perto, encarando-me também. 

— Você não tá sóbrio — acusou, achando graça, embora fizesse carinho no meu rosto. Estreitei os olhos. — Então por que você não parece chapado?

Dei de ombros. 

— Sei lá — falei, e a voz soou estranha aos meus ouvidos.

Estava sentindo uma vontade enorme de deitar na grama e continuar a procurar a casinha de passarinho que Mason viu. Fiquei preso nessa ideia e ela não parecia querer desvanecer a qualquer momento. 

— Não é possível! — reclamou, decepcionado, antes de me puxar para debaixo de seu braço. — Venha cá — chamou, me levando para perto dos três.

Deu um cheiro rápido - e muito estranho! - nos meus cabelos e deixou um beijo na minha têmpora, antes de rir do resto da nossa panelinha.

Minha pele arrepiou e eu entrei em um looping esquisito, onde tudo o que eu sentia era o braço do Alex ao meu redor e sentia seu cheiro de colônia tão de perto, fazendo minha cabeça girar muito mais rápido do que qualquer tragada de maconha. 

Então ele tirou o braço do meu entorno, me puxando para o chão junto dos outros. Suspirei pesado, em alívio pela ausência de toque. Só então percebi que nenhum deles estava em pé, e sim sentados na grama, rindo muito e se cutucando por motivo algum.

Socorro, no que eu me meti? 

Em encrenca, meu cérebro respondeu, segundos antes da gente ouvir passos - de salto alto - se aproximando e correr para nos esconder nos arbustos. 

Não ajudava que a vontade de gargalhar fosse grande e que a preocupação fosse tão pequena e todo o mundo parecia ser divertido. 

A diretora se materializou ali, junto do monitor, e levou um tempo antes de conseguir passar pela cerca para dentro do terreno baldio. 

Óbvio que estavam nos procurando.

E nos encontraram, óbvio também. 

Não havia muito lugar para se esconder em um terreno baldio composto apenas de árvores e arbustos, o que tornou tudo um tanto patético. Fomos descobertos, e pelas caras, havermos nos escondido tornou tudo pior para a sentença final, que provavelmente seria suspensão. 

Eles mal deram uma olhada em nós, dizendo para os seguirmos, e saíram, seguidos de nós, mas foi o suficiente para soubéssemos que estávamos encrencados. Afinal, tudo ali cheirava a maconha.

Aquele era o ponto de fumo, pelo amor de deus!

Enquanto nos dirigíamos para o tribunal chamado direção, minha ficha caía sobre o quanto eu também estava fodido. Eu nunca tinha advertências, e isso parecia motivo para mais do que advertências, mas para suspensão.

— Meu deus, minha mãe vai me matar — dei-me conta, dando um tapa na minha própria testa.

Estávamos todos fodidos, mas segundo Alex, apenas ele estava, porque éramos nerds e apesar de sempre ter tido o comportamento exemplar no colégio, ele tinha uma longa lista de traquinagens para o pai.  

No fim, descobrimos que ficamos lá até meia hora depois do sinal soar, até se darem conta da nossa ausência, reportarem, e então mandarem nos buscar pelo colégio. Meia hora. 

Somos muito sem noção! 

Pior ainda - ou melhor, eu pensava -, nem nos deixaram retornar às classes, devido ao nosso “estado instável” - palavras deles -, então ficamos por ali, matando tempo enquanto esperávamos ligarem para os nossos responsáveis. 

Não vou dizer que eu estava preocupado, porque não estava. 

Neste meio tempo, ficamos rindo ao lado da direção, sentados nos bancos de pedra do lado de fora. 

Mason caminhou até o bebedouro e atirou água gelada na cara. — Eu preciso acordar — repetiu várias vezes, enquanto gargalhávamos sem parar.

Acho que era aquela necessidade que ele tinha de estar sempre em controle de tudo e de todos, se esvaindo com a maconha. Mason precisava mais daquilo do que todos nós juntos. 

— Se continuar me encarando, meu rosto vai começar a cair — disse Alex, em algum momento, me olhando de canto de olho.

Arqueei as sobrancelhas. — Eu? 

— Quem mais tá me encarando há dez minutos? — retrucou ele, rindo. — É sério, você vai fazer um furo na minha cara — falou, alargando os olhos negros, antes de gargalhar.  

Talvez eu estivesse o encarando há dez minutos.

Talvez eu estivesse o encarando, sem me importar que nem seu rosto nem nada mais estivesse muito estável. Talvez eu estivesse tentando memorizar cada detalhe, já que não o podia fazer em um dia comum e aquele não é um dia comum. E talvez o fato de nada estar estável dificultasse essa tarefa de memorizar cada detalhe. 

— Meu deus, Caleb, você tá mesmo chapado! — chegou à conclusão, rindo, antes de encostar o rosto na parede detrás do banco e me encarar.

Estou?

— Estou? — verbalizei, duvidando. 

Apesar de estar um pouco instável, eu acho que estava mantendo muito bem minha postura, a comparar com os outros três. 

Alex não contava, porque ele mal fumou.

— Tá — riu-se, achando graça. — O que é muito engraçado, porque não parece — disse, confirmando o que eu pensava, antes de rir ainda mais.

Aproximou o rosto do meu, que eu apoiei na parede também em algum momento que não sei qual foi, encarando-me com carinho. Tocou meu nariz, como se eu fosse um ursinho de pelúcia, e isto me lembrou o monólogo vago de Mason de um ano antes, sobre eu, Alex e um urso de pelúcia.

 — Mas eu sei que tá — continuou, observando-me, enquanto eu fazia o mesmo com ele. — Você tá mais lento — murmurou, a voz calma —, menos preocupado — listou, a voz mais baixa, embora eu ainda o pudesse ouvir apesar das gargalhadas ao fundo —, e eu sei que alguma coisa maluquinha tá se passando aí dentro porque você tá muito estranho. — Riu baixo. — No que tá pensando? 

Pisquei, pensando.

Pensando no que eu estava pensando.

E eu não faço a menor ideia. 

— Você tem olhos de corvo — falei, porque senti a necessidade de dizer algo, embora não soubesse no que eu estava pensando antes. — Me dá um pouco de medo, mas são bonitos. 

Alex arqueou as sobrancelhas.

— Meus olhos te dão medo? — questionou, estranhando. — Por quê? Por que se parecem com os de corvo?

Neguei, quieto. 

— Então por quê? — murmurou, me observando.

Porque me fazem sentir visto, talvez visto demais, e ao mesmo tempo, não me deixam ver demais. 

Porque são como armas poderosas, capazes de me convencer a qualquer coisa, capazes de não ter que me convencer a nada, porque eu vou querer fazer por vontade própria. 

Porque é como se os seus olhos intensificassem tudo o que você diz, ou fala, ou demonstra. 

Porque eu não me sinto protegido sob eles.

— Não sei — sussurrei a mentira.

Alex ficou sério, parecendo pensativo. 

Os cabelos haviam crescido um pouco, o que tornou possível que uma mecha escura lhe tapasse parte da sobrancelha. Ele tinha uma pintinha próxima ao olho direito, e seu nariz parecia maior de perto. A pele era bronzeada dos anos que viveu na praia, e a boca estava seca antes de ele passar a língua por ela, e eu pude enxergá-lo engolir em seco. 

Ainda assim, as sobrancelhas estavam unidas em algum pensamento que eu não podia conhecer. Mas então ele sorriu, fraco. 

— Sabe, seus olhos me dão medo também — confessou, me deixando mais confuso ainda. 

— Por quê?

Alex sorriu. — Não sei — sussurrou também, mas eu soube que era uma mentira.

Ele sorriu ainda mais largo quando o encarei com desconfiância, analisando-o à procura de algo, mas é claro que eu nunca encontrava nada. 

— Ah, Caleb — murmurou, sorrindo, antes de me puxar para perto dele —, venha cá. 

Abraçou-me novamente, de uma maneira meio desconfortável devido às nossas posições no banco, e mexeu nos meus cabelos. Meu rosto afundou em seu peito, no entanto, e eu pude sentir o cheiro de tabaco misturado ao de maconha e ao de colônia.

Odiei o quanto tudo cheirava tão bem.

Odiei que não cheiraria bem assim em qualquer outra pessoa.

Em meio ao meu ódio, senti os olhos de Mason sobre nós dois antes de vê-los, e o encarei por um tempo ao passo que ele me encarava, ao ponto de pensar o porquê de estarmos nos encarando. Por um segundo, passou aquela compreensão por mim, de que Alex tinha razão e eu realmente estava chapado. E envolto em seu abraço, podendo jurar que o senti deixar beijos castos no topo da minha cabeça. 

Só podia ser a maconha que me trazia aquela sensação de segurança e conforto em seus braços, não é? 

Minha mãe havia chegado, e não era a única, mas foi a única a qual tinha minha atenção. Me desvencilhei do abraço do Alex, mas de nada adiantou, porque nenhum deles teve a chance de conversar conosco antes de entrar para uma conversa particular com a diretora. 

Suspirei, o rosto irado da minha mãe grudado na minha cabeça.

Alex ficou tenso, como sempre ficava quando o pai estava por perto, agindo daquele forma defensiva dele, como se odiasse respirar o mesmo ar que o pai.

Eu odiaria também, se fosse com o meu.

Eu já não tinha um pai, nunca tive um de verdade, mas o Alex sim.

O homem bem vestido saiu da sala enquanto minha mãe caminhava na minha direção, parecendo brava. Ele, não. Ele parecia acostumado, embora enojado, tentando disfarçar tudo com seriedade e postura de rico. O olhar acerca do Alex era de puro desprezo, como Alex o devolvia, e não era a forma como qualquer pai devia olhar para um filho. 

Era como meu pai nos olhava, e um pai desses não merece ser chamado assim.

Alex adotou a mesma postura estranha que eu já tinha visto perto daquele homem, embora o desprezo estivesse claro, o respeito pelo pai também. De cabeça baixa, em silêncio, o seguiu, depois que eu o ouvi pronunciar: — Alexander — havia chamado, como um cumprimento ridículo. — Vamos embora — ordenou —, conversaremos em casa.

Antes de sumir de vista, Alex virou para trás e piscou um dos olhos com um sorriso antes de segui-lo, o que me fez sorrir.

— Maconha, Caleb? — esbravejava a minha mãe. — Maconha?!

— Desculpe — murmurei, e segui pedindo todo o caminho a pé para casa.

Minha mãe estava mais chocada do que irritada, o que parecia ser algo bom, mas depois eu saberia que foi só porque este era o primeiro incidente. Nos outros, ela não seria tão compreensiva. 

No fim, tudo havia sido muito engraçado e nada foi realmente tão grave, já que todos os pais conseguiram fazer com que não fôssemos suspensos e só liberados naquele dia. Grace garantiu que a droga não havia sido comprada no colégio e sim, antes de se dirigir para o colégio, então ficou por isto. Também fiquei sabendo que todos queriam jogar a culpa no Alex, por ser o mais velho, inclusive o pai dele, mas sua tia - mãe do Ian - o defendeu. 

Para mim, tudo pareceu tão tranquilo que eu só pude imaginar que aquilo era efeito da erva, e não de mim. Afinal, eu normalmente não me sentiria tão indiferente à meia hora de bronca da minha mãe.

E tampouco teria ficado tanto tempo repassando na cabeça as palavras de Alex, de novo e de novo, tentando descobrir por que aquilo havia soado tão bizarramente bonito. 

Ou teria? 


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Notas finais do capítulo

*Bizarramente é uma palavra inexistente, mas acho que corre no sangue Jones criar palavras assim.
*Vocês tão ligados que pinscher de madame é furioso né? HAHAHHAHAHAHA. Aliás, todo pinscher é, mas tem algo sobre o mimo e o pingente de ouro que os deixa mais confiantes no poder do ódio.

GENTEM,
venham bem na manha, na ponta dos pés, e me contem no ouvido se já fumaram maconha e se têm uma história engraçada a respeito HAHAHAHAH.

Aliás, não faço apologia não, hein? Vocês viram que tudo tem consequência ahahahah. Sem falar que a maconha do Brasil é toda fodida, já viram vídeo a respeito? Se é pra fumar maconha, vão para um lugar onde é legalizado e, por consequência, seja de boa qualidade pra não acabar com esses pulmões lindos que vocês têm! ♥

PS.: Se eu disser que o próximo capítulo, narrado pelo Alex, já tá pronto e agendado pra sábado que vem, vocês me abraçam? AHAHHAHAHAH. Tava pronto antes deste, na vdd, então eu corri pra finalizar logo e postar nesse fim de semana.
SPOILER ALERT: Se chama “Minha caixinha de argumentos”. Alguma ideia sobre isto?

Amem, odeiem, mas me digam o que acharam!
Att: 06/2021.



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