Alma Sombria escrita por Meraki


Capítulo 5
Capítulo 4




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LADO A LADO, GUERREIROS, APRENDIZES E ANCIÃOS CAMINHAVAM. Com o líder liderando o grupo e o representante na retaguarda. As pelagens lustrosas brilhavam à luz pálida da lua, e, a cada passo vigoroso, a aprendiz sentia-se cheia de orgulho de estar indo a sua primeira assembleia representando o Clã do Trovão junto a esses guerreiros fortes e corajosos. Os olhos de Pata Listrada brilhavam, que, ao seu lado, estava tão empolgado quanto. Ao chegarem no topo da ravina, Pata Partida percebeu que nenhum gato havia trocado nenhuma palavra durante a viagem, o líder, a frente, havia agora parado, fazendo com que os guerreiros atrás fazerem o mesmo. Lá em baixo era possível identificar as figuras ageis e macisas do Clã do rio e do Clã das Sombras. Ainda não havia nenhum sinal do Clã do Vento. Depois de longos tique taques de coração, o líder fez um sinal com a cauda para que os guerreiros avançasem, e sem esperar, pulou rumo a assembleia. Ao lado de Pata Partida, Pata Listrada corria, juntos, parecendo um cópia um do outro, a não ser pelos músculos bem definidos sobre a pelagem rala da aprendiz, que a deixava invejavelmente forte. Estrela de Rocha já se instalara no topo da Pedra do Conselho junto aos outros líderes, Cauda de Esquilo ficou em baixo, a cabeça erguida ao conversar com um guerreiro negro. Os anciãos conversavam sobre histórias antigas dos Clãs uns aons outros, concordando ao falarem de castátrofes naturais que ocorreram luas atrás. Rainhas do Clã do Rio e do Clã do Trovão agora se encontravam, ronronando, colocando os assuntos em dia. Pata Partida detectou um grupo de aprendizes de ambos os Clãs e resolveu ir ao seu encontro.
— ... Olá - Miou meia sem jeito.
— Ah, Olá. - Respondeu uma aprendiz tigrada. Pelo cheiro, devia ser do Clã das Sombras. Os outros dois aprendizes ao lado ronronaram.
— É sua primeira assembleia, não é? - Perguntou um jovem gato negro, também do Clã das Sombras.
— É... sim
— Também é a de Pata d'água - Ronronou o gato, dando um cutucão na gata tímida do Clã do Rio.
— Ah, que falta de educação... - Miou a gata tigrada, dando um passo a frente. - Eu sou Pata Tigrada, esse é Pata da Noite - Falou ela, em quanto apontava o gato negro. - E essa, como já sabe, é Pata d'água. - Terminou.
— Ah, prazer em conhece-los, eu sou Pata Partida, do Clã do Trovão. - Miou vaidosa. Agora, mais avontade.
— Pata d'água, vamos comigo falar com Flor de alvorada? - Perguntou Pata Tigrada, já saindo da rodinha de conversa, seguida de perto por Pata d'água, deixando assim, Pata da Noite e Pata Partida a sos.
— Não se preocupe, elas sempre são assim. - Ronronou divertido. - Venha, vamos ficar ali na ponta, a reunião em breve vai começar. - Pata Partida e Pata da Noite caminharam lado a lado, a jovem aprendiz não podia deixar de reparar como o gato era bonito, sua pelagem macia e lustrosa era bem penteada sobre o corpo esguio dele, e os olhos azuis eram um poço de águas agitadas. Alguns múrmurios podiam ser ouvidos pela aprendiz, que fez com que sua pelagem do pescoço eriçasse levemente, mas ela não sabia o por quê. Com um sobressalto de incômodo, Pata Partida revirou as orelhas, na tentativa de ouvir o que os anciãos, ao seu lado, falavam.
— A algumas luas atrás, quando Estrela de Rocha ainda era apenas um Representante, O líder da época havia recebido uma profecia misteriosa... Caiu um pé d'água que eu nunca tinha visto na minha vida toda de guerreiro... - Estrelinha fez uma pausa sinistra, passando o olhar esverdeado entre as duas anciã com quem conversava. - A tempestade fora assustadora... Até hoje, mas concerteza aquela chuva teve algo a ver. -ninguém sabe sobre o que aquela profecia se tratava, Finalizou ele, fazendo uma cara de medo.
— Ah se me lembro... - Continuou uma anciã acinzentada do Clã do Rio, seu focinho trazia várias cicatrizes de batalha, e, parecia ser sega de um olho. - O Clã do Rio sofreu com essa chuva... o rio transbordou e as presas ficaram escassas. Uma de nossas rainhas deu a luz em meio a tempestade, ninguém chegou a ver a cara do pobre filhote. - Continuou ela, em quanto Estrelinha a dava toda a atenção - Ela disse que ele foi levado pelas águas raivosas da inchente - ... - O Clã das Sombras também foi prejudicado, mal conseguiu cruzar a encosta para comparecer a assembleia, não é Noturna? - Perguntou ela, virando bruscamente a cabeça em direção a uma gata negra, que parecia não dar muita atenção.
— Ah? do que estão falando? - Perguntou Noturna. A anciã acinzentada deu de ombros.
— Ei, olhe lá. - Pata da Noite puxou sua atenção, fazendo-a deixar de lado aquelas histórias sinistras que os anciãos falavam. - O Clã do Vento chegou! - A figura recortada dos gatos do Clã do Vento desciam de todos os lados, mergulhando na massa de gatos.
— Aquele é Estrela de Gavião? - Perguntou a aprendiz, apontando com o focinho um gato enorme, as patas, cauda e focinho eram manchadas de um preto tinto.
— Sim.. o líder do Clã do Vento. - Pata Partida, quando mais jovem, brincara com os outros filhotes do berçário fingindo ser líder. Estrela de Gavião era conhecido por sua avidez e experiência, sendo assim, sempre escolhido por Pata Partida. Um uivo silenciador ecoou do topo da Pedra do Conselho. De lá de cima, os quatro líderes pareciam ter descido do tule de prata. Estrela de Rocha deu um passo a frente para ficar ao lado dos outros líderes. Dali de cima, ele parecia ainda maior do que era. Sua pelagem chumbo parecia prata sob a luz pálida, e, seu olhar amarelo brilhava, indecifrável.
— Estrela da Lua quer ser a primeira a falar. - A voz grossa de Estrela de Cinzas, líder do Clã das Sombras, soou alta. Uma gata cinza-chumbo salpicada de preto deu um passo a frente, ficando no topo da pedra.
— O berçário do Clã do Rio está sendo abençoado pelo Clã das Estrelas, nasceram três saudáveis filhotes ontem de manha. - Em quando a Líder do Clã do Rio falava, Pata Partida tentava encontrar o irmão com o olhar, uma tentativa falha.
— Isso é bom, Estrela de Lua. - Miou Estrela de Cinzas, o líder do Clã das Sombras, dando um passo a frente, o olhar amarelo brilhando. - O Clã das Sombras também ganhou novos filhotes, e, com isso, aceleramos o treinamento dos aprendizes. - Ele fez uma pausa, olhando todos na clareira com o olhar frio. - Bigode de Serval virou guerreiro noite passada, e hoje está aqui como um guerreiro oficial do Clã das Sombras. - Todos os olhares da multidão de gatos viraram-se para um pequeno gato salpicado, sua pelagem ao longo da espinha estava eriçada, e ele encolhia-se, forçando-se contra o chão, envergonhado. Estrela de Rocha fez um aceno de cabeça, colocando-se no topo da pedra.
— O Clã do Trovão tem guerreiros valentes e bem preparados, prontos para defender o Clã com a vida se for necessário. Recentemente, sofremos um ataque de gatos vadios que invadiram nossas zonas de caça ao longo da árvore da coruja, venho a dizer isso para todos v para que fiquem de olhos bem abertos para com esses gatos miseráveis, pois isso não é problema apenas para o Clã do Trovão. - Ao longo que a assembleia ocorreu, a lua mergulhava aos poucos, dando lugar a um céu claro e limpo. Os líderes então encerraram a reunião e, em alguns tique taques de coração, todos já estavam ido em bora. Estrela de Rocha fez um sinal com a cauda para que os gatos de seu Clã o seguissem, e, sem esperar muito, mergulharam na escuridão. O caminho não fora muito tortuoso, o ar estava fresco e a floresta calma. Quando chegaram no acampamento só havia alguns gatos acordados, que, reuniam-se uns com os outros para saberem das notícias da assembleia. Espinheiro juntava-se com um grupo de guerreiros e contava as novidades, sem muito ânimo. Estrelinha e Castanha pareciam cansados, e, juntos, foram rumo a toca dos anciãos. Estrela de Rocha chamou Cauda de Esquilo e sumiu na extremidade da pedra grande, onde era sua toca. Algumas rainhas agora saiam do berçário, com os filhotes já dormindo, tinha tempo de sobra para fofocar. Pata Partida não estava com muita fome, embora a pilha estivesse apetitosamente grande. Em quanto ia rumo a toca dos aprendizes, para tirar seu merecido sono, a aprendiz ouviu uma voz a chamar.
— Pata Partida! - Era Pata Listrada, que vinha em sua direção, saltitando.
— Ah, é você. Por onde você esteve? te procurei a assembleia toda. - Miou ela, sacudindo a cabeça para espantar o sono que já a pegava.
— Ah, é coisa boba, depois eu te conto. - Agora havia sentado, acalmando um pouco o entusiasmo dentro de si. - Copo de leite teve bebes! eles são tão lindos... - Miou o irmão, deixando a cabeça cair sobre os ombros altos.
— Que boa notícia! - Exclamou a gata. Bebes novos eram sempre um bom presságio. - Amanhã de manha irei visitá-la... avise ela por mim. - Pata Partida deu uma lambida carinhosa no ombro do irmão, que ronronou de volta. O ninho do fundo parecia aconchegantemente quente, Pata de Esquilo estava enroscado ali perto, sua respiração descompensada lhe avisava que ele estava sonhando. Não demorou muito e Pata Partida caiu no sono.


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