Rodrigo trajava uma calça jeans e uma jaqueta preta. Já seu amigo, usava uma blusa cinza e o mesmo tipo de calça.

Alguns alunos passavam entre eles, mas poucos lhe davam atenção. Na verdade, muitos temiam os dois. Ambos batiam o recorde de quantas vezes já haviam ido parar na Secretaria.

Um pouco distante deles, se aproximava Igor.

      – Eduardo... Você vai ficar encarregado de chamar o Bruno pra gente sair... Entende? Fazer um passeio pelas cachoeiras que tem aqui perto – Ponderava em sussurros Rodrigo – Ele não confia em mim, então de nada adiantaria se eu o chamasse... – Terminou.

      – Tudo bem! – Respondeu Eduardo, deixando transparecer um breve sorriso malicioso em seu rosto.

         Enquanto conversavam, Igor se aproximou. Já sabia sobre o que os dois conversavam.

      – E então? Tudo planejado? – Perguntou.

      – Sim... – Rodrigo respondeu.

         Bruno terminara de ler um livro na biblioteca. Guardou o mesmo em sua mochila e saiu do recinto. Olhou para os lados, viu apenas um monte de alunos no corredor combinando coisas para o final de semana.

Ao longe se aproximava Eduardo, em seu rosto deixava um sorriso amigável transparecer. Bruno continuou andando para o lado contrário, mesmo sabendo que Eduardo se aproximava.

      – Está fugindo de mim? – Brincou Eduardo, pondo seu braço sobre os ombros de Bruno.

      – Claro que não... –

      – Bruno... Eu e alguns amigos estamos querendo dar um passeio pelas cachoeiras, e eu, como te acho um cara legal... Decidi te chamar! O que acha? – Comentou de forma planejada.

      – Não sei... –

      – Ah! Qual é... Vai ser muito divertido – Insistiu o garoto.

      – ... Tudo bem –

      – Ótimo, então amanhã pegamos você, beleza? – Falou Eduardo, soltando Bruno e entrando numa sala em seguida.

         Bruno não confiava em ninguém que tivesse amizade com Rodrigo. Já havia ouvido diversos boatos de que Rodrigo era um marginal, e só provocava problemas para qualquer um que se aproximasse dele.

Mas não adiantava tentar se afastar dos outros, isso poderia causar mais fúria.

         Rodrigo fumava em um banco no pátio do colégio. O tempo estava nublado e frio, normal para aquele lugar. Outros alunos conversavam no mesmo lugar, alguns namoravam e outros apenas fugiam das aulas chatas.

O vento glacial corria dentre as arvores, enquanto algumas folhas caiam sobre o chão.

         Mariana se aproximou, como sempre usando seus trajes ousados. Uma saia acima dos joelhos e um casaco com um decote sensual.

Sentou ao lado de Rodrigo, e sem o mesmo esperar, a garota o beijou calorosamente.

Rodrigo, mesmo surpreso retribuiu o beijo. Em seguida se afastou ofegante e com um sorriso malicioso.

      – Sei que não me resisti, mas caso o Thiago veja a gente, estamos encrencado... Deixa pra mais tarde lá em casa como todos os dias, ok? – Sussurrou o garoto, deixando emitir em sua voz todas suas segundas intenções.

      – Assim eu gamo... – Sorriu Mariana, pondo seus cabelos para trás

Thiago se aproximava de sua namorada e de seu falso amigo. Mariana e Rodrigo sinicamente disfarçaram, deixando um grande espaço vazio no banco entre os dois.

O jovem sentou entre eles, deu um beijo carinhoso em Mariana, e em seguida dirigiu-se até Rodrigo.

      – Tudo preparado, Rodrigo? –

      – Com certeza! – Sorriu o garoto, pondo seu braço sobre o ombro de Thiago.

         Ísis permanecia sentada em um dos banquinhos de madeira do pátio. Lanchava um sanduíche natural, enquanto observava os seus amigos de classe passando.

Seus fios de cabelo insistiam em cair sobre seus lindos olhos acastanhados. Aquele frio deixava realçar seus lábios vermelhos e tentadoramente carnudos.

E algo lhe chamou a atenção, Bruno passava por ali naquele instante.

Não sabia o que, mas algo nele deixava a menina admirada. Talvez sua beleza, realmente aquele novato era muito bonito.

E parecia que era um rapaz agradável de conviver e tinha um bom caráter.

Cada vez mais se sentia culpada em convier com os planos cruéis de Rodrigo. Ficava relutante, mas de nada adiantaria, pois era minoria.

Apesar de seu irmão Thiago não gostar muito dessa idéia, não havia discordado.

      – Bruno! Senta aqui... – Gritou Ísis, chamando o garoto.

         O garoto se sentiu extremamente constrangido ao ouvir seu nome aos berros.

Tentou disfarçar a vergonha, e se direcionou até Ísis.

Ao ver que era aquela linda garota, soltou um sorriso simpático. Daquele grupo de amigos, pra Bruno, Ísis era a única que valia a pena ter uma amizade sincera.

      – Oi... –

      – Oi, Bruno... Tudo bom? – Indagou a garota, terminando seu sanduíche natural.

      – Tudo, e com você? – Respondeu Bruno, com um sorriso tímido.

E se passaram algumas horas, ambos conversaram bastante. E tudo que Ísis pensava a respeita de Bruno, se concretizava. Realmente aquele garoto era um ótimo rapaz, e parecia está começando a criar certo afeto na garota.

         Era uma tarde nublada. O sol emergia de forma recatada entre as nuvens frias.

Eduardo chegou junto de seus amigos em um carro na casa de Bruno.

Era um carro grande o suficiente para caber todos os amigos de Eduardo, inclusive Rodrigo. Bruno ao ver aquele grupo de jovens, entre eles Rodrigo, deixou transparecer uma feição não muito satisfeita.

Trajava uma calça jeans comum e um casaco marrom de tecido grosso.

      – Entra ai – Chamou Eduardo, com um de seus braços pra fora da janela.

Bruno entrou. Talvez aquilo tudo sobre Rodrigo fosse apenas cisma, talvez o garoto tivesse se regenerado ou realmente gostou dele.

E assim todos seguiram até a cachoeira.

Ísis sentia uma dor incalculável em seu peito ao saber que Bruno estava caindo em uma armadilha, e pior, que ela estava concordando.

         Logo Rodrigo estacionou seu carro próximo a uma arvore. Todos desceram.

      – Vamos! – Disse Rodrigo, seguindo um rastro de terra que ia levá-los até a cachoeira.

         Então todos seguiam o caminho. Chegaram até a cachoeira. Havia diversas arvores ao redor e animais residiam próximo. Realmente era um lindo lugar.

E um pouco distante havia uma perigosa queda-d'água.

O céu nublado deixava tudo mais sombrio, parecia pressentir o que Rodrigo e seus amigos tramavam. Podia ouvir apenas a água correndo entre as pedras, e alguns pássaros que descansavam nas enormes arvores.

Rodrigo planejava junto de Eduardo, Thiago, Mariana e Igor como seria a tal brincadeira de mau gosto.

      – O que? Jogá-lo dessa altura?! Você só pode está maluco! – Se assustou Thiago.

      – É só uma brincadeira, ele não vai se machucar não... Eu já pulei daqui e nem sequer me machuquei – Menosprezou Rodrigo.

         Ísis olhava tudo aquilo horrorizada. Não acreditava que estava deixando aquilo acontecer. O garoto poderia se machucar! Será que ninguém pensava nisso?

Parecia que não, e por isso mesmo continuavam com a tramóia...

Bruno continuava sentado em uma das pedras. Olhou Rodrigo conversando com os outros entre sussurros. O que estariam planejando? Aquilo incomodava o garoto. Talvez estivessem planejando alguma brincadeira.

Ísis se aproximou de Bruno e sentou ao seu lado. Deixava transparecer em seu rosto uma grande inquietude. Segurou a mão do rapaz, olhava dentro de seus olhos, e parecia querer dizer algo para o mesmo.

         Bruno sentiu um frio na espinha ao perceber a mão daquela linda garota se juntar a sua. Envergonhou-se, imaginava como estaria seu rosto naquele momento. Vermelho como tomate. Logo percebeu que a jovem não estava bem.

E antes que pudesse perguntar, foi surpreendido por um beijo, mesmo surpreso, retribuiu. Ísis o beijava de forma carinhosa, sentia algo diferente e estranho, porém forte, por Bruno. Estaria apaixonada? Talvez...

Ao separar seus lábios do garoto, novamente prendeu seus olhos desesperadores em Bruno.

         Bruno, ainda envergonhado, continuou com seus olhos sobre Ísis.