Entre Amigos escrita por duuhalbuquerque
Mas por que tanta preocupação da parte de Ísis? Rodrigo havia dito que era apenas uma brincadeira... Vindo de Rodrigo, sempre deveria desconfiar.
Mas algo, além disso, a incomodava. Era um pressentimento ruim. Alguma coisa dizia que algo de ruim iria acontecer.
– Bruno, por favor, vá embora! – Pediu Ísis, demonstrando súplica em seu timbre de voz.
– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Bruno indagou, sentindo a mão de Ísis apertar a sua, como tentasse o proteger de alguma coisa.
– Não pergunte nada, apenas faça o que estou te pedindo! – Insistiu a garota.
Antes que Bruno atendesse a garota, Rodrigo se aproximou e puxou Bruno.
Ísis tentou impedir, mas foi em vão.
– Bruno... Estávamos preparando uma brincadeirinha para você! – Falou Rodrigo.
–... Você está louco? Quer que eu pule dessa cachoeira?! – Se assustou Bruno.
– Não me vai dizer que tem medo? – Debochou Eduardo, se aproximando.
– Medo? Eu? Não... Mas tenho juízo! – O garoto retrucou.
– Que Mané juízo... Isso é só uma diversão... Vamos dizer que um tipo de batizado – Rodrigo respondeu.
– Não acho uma boa idéia... –
– Esquece isso, não vamos obrigá-lo a nada – Intrometeu-se Ísis, sendo interrompida imediatamente por Eduardo.
– Ah, vai logo! –
Antes que Bruno pudesse fazer algo, duas mãos o empurraram pelo tórax de forma repentina. Mariana de forma estúpida empurrou Bruno, o garoto caiu de costas, sem chances de escapar.
– BRUNO! – Gritou Ísis, ficando próxima a queda d’água.
Todos presenciaram o garoto impactando sua cabeça violentamente em uma das pedras.
Rapidamente sangue se espalhou por toda a água, e agora podia apenas observar o corpo de Bruno flutuando nas águas cristalinas.
– Ele... Ele está morto? – Se assustou Igor.
Rodrigo, Eduardo e os outros correram até as margens da onde se encontrava o corpo de Bruno. E para o pesadelo de todos, constataram que o garoto estava realmente morto. O impacto com a cabeça na pedra foi fatal o suficiente para tirar a vida de Bruno.
Agora o silêncio predominava no fim da tarde. O sol aos poucos se escondia, e dava lugar à brisa gelada e levemente sombria.
Ouviam-se apenas os pios dos corvos entre as arvores, e os grilos resididos na grama cantando.
Rodrigo permanecia parado. Não imaginava que seu plano terminaria daquele jeito. Agora diante de si, via um morto. E tudo aquilo havia sido causado pelo mesmo.
– O que... O que vamos fazer? – Indagou Mariana, observando o corpo.
O corpo de Bruno agora repousava em uma das pedras. Toda sua cabeça estava coberta de sangue, assim como sua roupa.
Ísis ajoelhou-se, e rapidamente caiu em prantos. O silêncio agora era interrompido pelos gemidos e sussurros de lamentações da garota.
–... Primeiramente iremos dar um sumiço no corpo! – Rodrigo refletiu, enquanto continuava sentado em uma das pedras a frente do cadáver.
– Como? – Indagou Eduardo.
– Como assim, como? Enterrado! –
– Era melhor chamar a policia... – Disse Igor, tentando evitar olhar o corpo.
– Está ficando maluco?! Seriamos preso caso fizéssemos isso – Exaltou-se Rodrigo, se levantando – Vamos enterrá-lo logo... –
Agora havia em um lugar discreto terra remexida e bastante folhas de arvores sobre o local. Era praticamente impossível descobrir que um corpo estava enterrado naquela parte.
– Que genial idéia essa brincadeira... – Sussurrou sarcástico, Thiago.
– O que está insinuando? A culpa é de todos nós, não vem tentar escapar disso não... – Gritou Rodrigo, pegando Thiago pela gola de sua blusa.
– Me solta, seu babaca! – Thiago deu um empurrão em Rodrigo.
Agora o clima ficara mais pesado. Ísis se encontrava sentada em uma pedra, e as lágrimas teimavam cair sobre seu rosto.
Mariana não tinha nenhum tipo de reação, entrara num colapso nervoso e a única coisa que imaginava era que havia matado uma pessoa.
– Meu Deus! Seremos preso... Minha mãe vai acabar comigo! – Sussurrava Igor, sentado ao chão com suas duas pernas abraçadas pelos braços.
– Não... Ninguém saberá disso... Ninguém! Esse assunto acabou aqui, entenderam? É um segredo nosso, entre amigos... E mais ninguém vai ter conhecimento – Rodrigo.
– Não seja idiota... Irão dar falta dele, e vão acabar chegando até a gente – Cogitou Thiago, levando os olhares dos outros até a si.
– Ninguém sabe que ele saiu com a gente, ele comentou comigo que a mãe dele não estava em casa, por isso que não sabia que ele tinha saído! Ou seja, nesse ponto não precisamos nos preocupar... –
– Mas ele pode ter falado com outras pessoas – Ponderou Eduardo, ao lado de Rodrigo.
– É um risco que temos que correr... Agora vamos embora antes que notem o sumiço dele! – Rodrigo começara a percorrer o mesmo caminho que fizera antes, passando entre algumas arvores.
Três dias haviam se passado. E finalmente a policia local decidira procurar pelo garoto desaparecido.
Rodrigo e os outros continuavam a freqüentar a escola normalmente, como nada tivesse acontecido. Com exceção de Ísis, que continuava trancada em seu quarto desde o dia do acontecimento.
Rodrigo estava em seu quarto fumando encostado à parede. Ouvia rádio enquanto conversava com Eduardo. Aquele ambiente era extremamente anti-higiênico, havia latas, resto de biscoitos por toda a parte.
– Já fiquei sabendo que a policia já está à procura do Bruno... – Comentou Eduardo, enquanto bebia a cerveja no copo de vidro ao seu lado no sofá.
– Verdade? Não sabia disso... –
– Fico feliz que ninguém tenha chegado até a gente... Sabe, não é? Você já é maior de idade... Pode ser preso! – Comentava Eduardo, encostando-se ao sofá marrom.
– E nunca vão chegar e, por favor, não precisa me lembrar que sou maior de idade e posso ser preso... – Terminou Rodrigo, jogando o cigarro fora pela janela.
A porta de madeira se abre, emitindo um som abafado pelo hip-hop que saía do rádio sobre a mesa do computador. Era Mariana.
A garota, que trajava um vestido azul escuro, ousadamente curto se aproximou.
Rodrigo prontamente a beijou.
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