Entre Amigos escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 3
Capítulo 3




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Mas por que tanta preocupação da parte de Ísis? Rodrigo havia dito que era apenas uma brincadeira... Vindo de Rodrigo, sempre deveria desconfiar.

Mas algo, além disso, a incomodava. Era um pressentimento ruim. Alguma coisa dizia que algo de ruim iria acontecer.

 

      – Bruno, por favor, vá embora! – Pediu Ísis, demonstrando súplica em seu timbre de voz.

      – O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Bruno indagou, sentindo a mão de Ísis apertar a sua, como tentasse o proteger de alguma coisa.

      – Não pergunte nada, apenas faça o que estou te pedindo! – Insistiu a garota.

 

Antes que Bruno atendesse a garota, Rodrigo se aproximou e puxou Bruno.

Ísis tentou impedir, mas foi em vão.

 

      – Bruno... Estávamos preparando uma brincadeirinha para você! – Falou Rodrigo.

      –... Você está louco? Quer que eu pule dessa cachoeira?! – Se assustou Bruno.

      – Não me vai dizer que tem medo? – Debochou Eduardo, se aproximando.

      – Medo? Eu? Não... Mas tenho juízo! – O garoto retrucou.

      – Que Mané juízo... Isso é só uma diversão... Vamos dizer que um tipo de batizado – Rodrigo respondeu.

      – Não acho uma boa idéia...

      – Esquece isso, não vamos obrigá-lo a nada – Intrometeu-se Ísis, sendo interrompida imediatamente por Eduardo.

      – Ah, vai logo!

 

         Antes que Bruno pudesse fazer algo, duas mãos o empurraram pelo tórax de forma repentina.  Mariana de forma estúpida empurrou Bruno, o garoto caiu de costas, sem chances de escapar.

 

      – BRUNO! – Gritou Ísis, ficando próxima a queda d’água.

 

Todos presenciaram o garoto impactando sua cabeça violentamente em uma das pedras.

Rapidamente sangue se espalhou por toda a água, e agora podia apenas observar o corpo de Bruno flutuando nas águas cristalinas.

 

      – Ele... Ele está morto? – Se assustou Igor.

 

         Rodrigo, Eduardo e os outros correram até as margens da onde se encontrava o corpo de Bruno. E para o pesadelo de todos, constataram que o garoto estava realmente morto. O impacto com a cabeça na pedra foi fatal o suficiente para tirar a vida de Bruno.

Agora o silêncio predominava no fim da tarde. O sol aos poucos se escondia, e dava lugar à brisa gelada e levemente sombria.

Ouviam-se apenas os pios dos corvos entre as arvores, e os grilos resididos na grama cantando.

Rodrigo permanecia parado. Não imaginava que seu plano terminaria daquele jeito. Agora diante de si, via um morto. E tudo aquilo havia sido causado pelo mesmo.

 

      – O que... O que vamos fazer? – Indagou Mariana, observando o corpo.

 

         O corpo de Bruno agora repousava em uma das pedras. Toda sua cabeça estava coberta de sangue, assim como sua roupa.

Ísis ajoelhou-se, e rapidamente caiu em prantos. O silêncio agora era interrompido pelos gemidos e sussurros de lamentações da garota.

 

      –... Primeiramente iremos dar um sumiço no corpo! – Rodrigo refletiu, enquanto continuava sentado em uma das pedras a frente do cadáver.

      – Como? – Indagou Eduardo.

      – Como assim, como? Enterrado!

      – Era melhor chamar a policia... – Disse Igor, tentando evitar olhar o corpo.

      – Está ficando maluco?! Seriamos preso caso fizéssemos isso – Exaltou-se Rodrigo, se levantando – Vamos enterrá-lo logo...

 

 

         Agora havia em um lugar discreto terra remexida e bastante folhas de arvores sobre o local. Era praticamente impossível descobrir que um corpo estava enterrado naquela parte.

 

      – Que genial idéia essa brincadeira... – Sussurrou sarcástico, Thiago.

      – O que está insinuando? A culpa é de todos nós, não vem tentar escapar disso não... – Gritou Rodrigo, pegando Thiago pela gola de sua blusa.

      – Me solta, seu babaca! – Thiago deu um empurrão em Rodrigo.

 

Agora o clima ficara mais pesado. Ísis se encontrava sentada em uma pedra, e as lágrimas teimavam cair sobre seu rosto.

Mariana não tinha nenhum tipo de reação, entrara num colapso nervoso e a única coisa que imaginava era que havia matado uma pessoa.

 

      – Meu Deus! Seremos preso... Minha mãe vai acabar comigo! – Sussurrava Igor, sentado ao chão com suas duas pernas abraçadas pelos braços.

      – Não... Ninguém saberá disso... Ninguém! Esse assunto acabou aqui, entenderam? É um segredo nosso, entre amigos... E mais ninguém vai ter conhecimento – Rodrigo.

      – Não seja idiota... Irão dar falta dele, e vão acabar chegando até a gente – Cogitou Thiago, levando os olhares dos outros até a si.

      – Ninguém sabe que ele saiu com a gente, ele comentou comigo que a mãe dele não estava em casa, por isso que não sabia que ele tinha saído! Ou seja, nesse ponto não precisamos nos preocupar...

      – Mas ele pode ter falado com outras pessoas – Ponderou Eduardo, ao lado de Rodrigo.

      – É um risco que temos que correr... Agora vamos embora antes que notem o sumiço dele! – Rodrigo começara a percorrer o mesmo caminho que fizera antes, passando entre algumas arvores.

 

 

         Três dias haviam se passado. E finalmente a policia local decidira procurar pelo garoto desaparecido.

Rodrigo e os outros continuavam a freqüentar a escola normalmente, como nada tivesse acontecido. Com exceção de Ísis, que continuava trancada em seu quarto desde o dia do acontecimento.

Rodrigo estava em seu quarto fumando encostado à parede. Ouvia rádio enquanto conversava com Eduardo. Aquele ambiente era extremamente anti-higiênico, havia latas, resto de biscoitos por toda a parte.

 

      – Já fiquei sabendo que a policia já está à procura do Bruno... – Comentou Eduardo, enquanto bebia a cerveja no copo de vidro ao seu lado no sofá.

      – Verdade? Não sabia disso...

      – Fico feliz que ninguém tenha chegado até a gente... Sabe, não é? Você já é maior de idade... Pode ser preso! – Comentava Eduardo, encostando-se ao sofá marrom.

      – E nunca vão chegar e, por favor, não precisa me lembrar que sou maior de idade e posso ser preso... – Terminou Rodrigo, jogando o cigarro fora pela janela.

 

         A porta de madeira se abre, emitindo um som abafado pelo hip-hop que saía do rádio sobre a mesa do computador. Era Mariana.

A garota, que trajava um vestido azul escuro, ousadamente curto se aproximou.

Rodrigo prontamente a beijou.


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