San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 80
156. Desanimados


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Já estão de férias? De boa na lagoa?

Vamos descobrir o porquê o Bebê está pensativo.

Boa leitura!



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Esperei Bernardo falar, ele não parecia muito bem, e eu não queria pressioná-lo. Ele encarava a mesa, pensativo.

— Não tem nada a ver com a apresentação em si. Achei bem legal que o Carlos quis me apresentar pra mãe dele. Ela foi muito carinhosa, ficou feliz em me conhecer... Conversamos bastante, depois eu e o Carlos fomos assistir um filme no quarto dele e no meio do negócio eu percebi que... Eu gosto dele.

Fiquei sem entender e franzi o cenho. — Claro que você gosta dele, senão não teria ido lá.

— Não, você não entendeu. Eu GOSTO dele. De verdade. — Me olhou, aflito. — Eu nunca gostei de alguém assim, desse jeito. Eu nunca senti as mãos geladas por alguém, nunca fiquei ansioso por estar com alguém.

— Ok, entendi, mas qual o problema nisso? Vocês estão juntos...

— O problema... — começou e parou de falar abruptamente. Parou uns segundos, pensando, e passou as mãos no rosto. — Eu tenho medo de... acabar quebrando a cara. Não por desconfiança ou algo assim, mas pelo futuro. Uma hora nós vamos nos formar e voltar pra Mogi. Eu não vou ver ele mais com essa frequência, e nunca soube de um relacionamento à distância que deu certo. Eu... não quero...

Ah, agora eu entendi. Ele tinha medo de tudo acabar por causa da distância e se magoar... Eu também tinha esse medo, no fundo.

— Você falou com ele sobre isso?

— Não. Ele vai me achar um idiota.

— Por que acharia?

— Porque mal começamos a ficar.

— Mas vocês estão ficando desde março, como isso é pouco tempo?

— Ficando — evidenciou a palavra.

— Mesmo assim, vocês não estão ficando com outras pessoas, o Carlos te apresentou a mãe dele... Não acho que ainda seja só uma "ficada".

— Eu sei que não é, e eu também fico pensando nisso. Estamos... ficando sério. É praticamente um namoro, só não teve um pedido oficial. Eu tô me afundando cada vez mais no que sinto e às vezes tenho vontade de parar antes que piore, porque sei que pode dar errado depois.

Fiquei um tempo em silêncio, sem saber o que dizer, pensando em como ajudar de alguma forma.

— Você acha que... o Carlos também gosta de você? Gosta mesmo?

— Acho.

— Então... não acho que ele deixaria tudo acabar. Se ele gosta de você, com certeza faria de tudo pra que vocês continuassem juntos, assim como você também faria. Sabe, você sempre me diz pra ser sincera e sempre conversar sobre o que me incomoda... Você deveria falar com ele. Vai que ele também pensa nisso.

Bebê suspirou. — Talvez... — Se endireitou na cadeira, erguendo os ombros. — E como foi lá com o Yan?

Abri um sorriso inconsciente, ficando corada. — Foi muito legal.

Ele riu. — Tô vendo.

— A mãe dele é uma peça. Super engraçada, toda alto astral. Ela é muito fofa...

Continuei a tagarelice, já que ele parecia bem interessado em saber tudo. Fomos pegar a janta, quando foi liberada, e ficamos até depois de comer conversando. Foi difícil sair para o frio do jardim, então corremos para nossos dormitórios. Subi os degraus quase dando pulinhos, sabendo o que me esperava na cama.

Depois de tomar banho e me esquentar, me enrolei nas cobertas, com a luz apagada e fiquei repassando o dia em minha mente, me lembrando de cada detalhezinho que aconteceu, cada beijo, cada toque...

Quando despertei, notando a luz que invadia o quarto, abri um sorriso enorme e me virei de bruços, dando um suspiro. Era inacreditável o que estar apaixonada podia causar na gente, nos fazer ir dormir e acordar tão felizes, suspirando, rindo feito besta.

Me sentei, dando uma espreguiçada lenta. Levantei, afastei as cortinas e abri a porta da varanda, me esquecendo completamente de que estava frio, e rapidamente a fechei de novo, rindo de mim mesma. Fui para o banheiro e resmunguei ao lavar o rosto com a água gelada, escovei os dentes e usei o sanitário. Coloquei roupas confortáveis, arrumei minha cama e tentei escrever o texto da semana da aula de escrita criativa. Claro que eu ficava parando a cada dois minutos, pensando em Yan.

Levei mais tempo do que pretendia naquela atividade e terminei perto da hora do almoço. Encontrei Bebê para comermos e ele teve que subir, já que tinha atividade para fazer. Fiquei no quarto, lendo um dos meus livros de romance durante a tarde e desci para comer. Voltei a leitura depois e passado meia hora, eu estava sonhando acordada de novo, sem perceber.

Fechei o livro e o deitei no peito, encarando o teto. Mal via a hora de ver Yan de novo. De certa forma, tudo parecia invenção da minha cabeça, mas eu sabia que não era. Tudo aquilo tinha acontecido. De verdade.

De repente, minha porta abriu devagar. Lili olhou para dentro e, vendo que eu estava ali, entrou, fechou a porta e se aproximou, fazendo sinal para eu dar espaço. Ela puxou a coberta e deitou ao meu lado, se cobrindo, e me abraçou, com uma cara desanimada.

— Eita, mas tá todo mundo desanimado? — A abracei de volta.

— Eu não tenho sorte, Bru, nasci para ser solteira.

— Do que você tá falando? — Deixei o livro no criado mudo e a olhei.

Lili subiu, deitando a cabeça na outra metade do meu travesseiro. — Eu... De alguma forma eu sabia que não ia dar certo. Eu sabia que... uma hora isso ia acontecer.

— Para de ser misteriosa e fala logo — resmunguei de forma delicada, tirando um sorrisinho dela.

— O Viktor sempre falou em estudar fora de São Paulo... — começou, um pouco desanimada. — Ele se inscreveu no ENEM desse ano pra tentar começar a faculdade ano que vem... Ele quer fazer pública em... Minas Gerais.

— Minas?! Por que tão longe?

— Porque lá tem uma das melhores universidades do país e blá, blá, blá... Ele quer fazer Biomedicina. São cinco anos e meio.

— E você... não quer que ele vá?

Ela hesitou. — Eu... eu quero. Eu entendo ele de querer estudar em um lugar bom. Só que... ao mesmo tempo não quero que ele vá. Eu sei que é egoísmo, mas não posso fingir estar completamente feliz com essa novidade.

— Vocês conversaram?

— Sim. Eu já sabia que ele ia fazer a prova, ele tinha me contado quando fez a inscrição, mas ainda não tinha decidido onde e o que fazer. E aí... ontem ele me disse. Claro que ele estava apreensivo com a minha reação, inclusive me contou como estava confuso, pensando se faria mesmo isso. Eu... tive que incentivá-lo. Não poderia dizer "não vai, fica aqui comigo", mesmo que eu quisesse falar.

— E você acha que ele vai conseguir?

— Passar? Sim, com certeza. Quando ele quer uma coisa, ele vai até o fim. Ele é determinado.

— E agora?

— Eu não sei... Nós falamos de namorar a distância, mas sabemos que não vai dar certo. É longe demais. Se a gente conseguir se ver duas vezes por ano, é muito... Acabamos que nem terminamos a conversa e eu fui pra casa com a desculpa de cuidar do Alex... Por que isso acontece comigo? Ele ainda fez isso duas vezes! Foi embora, voltou e agora vai embora de novo. O Mateus também, me conquistou e foi embora. Será mesmo que todos os namorados que eu tiver vão embora algum dia?

Afaguei seu ombro, que estava fora da coberta. Eu não sabia o que dizer.

— Por que você disse "tá todo mundo desanimado?"?

— O Bebê também estava pra baixo, todo pensativo sobre o Carlos.

— O que aconteceu?

Comecei a falar sobre o Bernardo, das suas inseguranças e em como eu tentei aconselhá-lo, e o assunto acabou em Yan e eu, e eu contei, toda vermelha, sobre o dia com ele. Lili sorriu comigo, feliz por mim. Pelo menos consegui distraí-la um pouco até a hora do jantar.

Eu olhava ansiosamente para a entrada do refeitório a cada três segundos, esperando que o... meu namorado entrasse. Isso porque tínhamos acabado de pegar a comida e sentar.

— É, Bebê, parece que nós dois estamos num sofrimento — disse Lili, espetando um pedaço de frango grelhado e o enfiando na boca, como se fosse sua salvação.

— Sim, mas por que tá dizendo isso? Aconteceu alguma coisa com o Viktor? — Ele bebericou seu suco. Lili desatou a falar tudo o que tinha me dito antes.

Eu parei de prestar atenção assim que vi Yan passar pela porta, junto de James, conversando animadamente. Sorri pela integração deles. James olhou pelo refeitório e eu ergui o braço, indicando onde estávamos, e os dois vieram. Ele sentou ao lado de Lili e Yan ao meu lado, me dando um beijo no rosto.

— Sobreviveu? Está inteira? — brincou, puxando meu braço, olhando cada parte dele.

— Um pouco, sim. — Dei risada, baixinho, sem querer atrapalhar o falatório da Lili, que agora incluiu James no papo.

— O que aconteceu? — Yan cochichou em minha orelha.

Eu suspirei. — Problemas de namorados. Presta atenção que você vai entender.

Todos nós prestamos atenção em Lili, e dessa vez eu fiquei focada nela e no que os outros diziam, já que a mão de Yan segurava a minha por baixo da mesa, e eu não precisava mais ficar encarando a porta.

— Difícil, hein? — James coçou a testa. — Não que eu queira que você fique longe de nós, mas não considerou ir com ele?

— Por um momento, sim, mas eu não tenho capacidade pra me virar sozinha. Eu teria que arranjar um lugar pra morar, provavelmente uma república... Eu não gosto da ideia de morar com gente estranha. E também... eu ia ficar com saudade de casa. E de vocês. Não ia dar.

— Quero nem ver quando a gente se formar — comentou Bernardo.

— Para, não me lembra disso! Você quer acabar comigo ou o quê? — brigou, apontando a faca pra ele. — Todo mundo resolve ir embora e me deixar aqui sozinha, ao relento.

— Abaixa essa faca, mulher. — James deu risada e baixou a mão dela para a mesa. — Eu não vou te abandonar, e nem o Júlio, então você não vai ficar sozinha ao relento.

— Se eu pudesse, ficaria aqui com você pra sempre — falei, vendo que, apesar da brincadeira, ela estava mesmo chateada. — Vai que... resolvemos morar aqui um dia.

— Ou eu canso de esperar e vou pra Mogi morar pertinho de vocês. — Lili deu um sorrisinho tristonho.

— E aí você que vai abandonar a gente — resmungou James, fazendo bico.

— Vocês podem ir na minha mala. Não vou deixar vocês pra trás, pode ter certeza.

Nós rimos e o ambiente ficou mais leve.

Não demorou muito para que Júlio chegasse, e até Gabriel. Não tocamos mais no assunto de despedidas e a noite seguiu mais divertida.

Como sempre, os meninos nos deixaram na porta do dormitório e Yan se despediu me dando um beijo rápido nos lábios. Fiquei com vergonha por todos estarem ali, então preferi não segurá-lo no lugar. Lili e eu entramos, falando das coisas que conversamos no refeitório, e cada uma foi para seu quarto.

Fui dormir feliz, como na noite passada. Mais uma semana começaria bem, e eu tinha certeza que continuaria assim por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Parece que quando a bad vem, vem pra todo mundo, né? Menos pra Bru, ela tá feliz da vida hsuash

Espero que tenham gostado.

Até mais o/



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