San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 77
153. Novidades + Saudade


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas!

HOJE o negócio tá bom. Mas tá muito bom. Sério mesmo. Muito bom.

Boa leitura!



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Yan segurou a porta do anfiteatro para mim, e eu passei, me virando para observá-lo, pensando que talvez aquilo fosse um sonho. Ele fechou a porta e sorriu para mim, voltando a andar. O observei por trás, dos pés à cabeça, ao mesmo tempo que todas as nossas lembranças vinham à tona. Era engraçado como parecia que faziam anos desde que, sei lá, fomos ao baile ano passado.

Caminhamos para dentro do pequeno bosque e ele foi para a primeira mesa que avistamos, se sentando do outro lado enquanto eu me sentava no banco mais perto. Nos olhamos por uns segundos sem dizer nada, como se estivéssemos no mesmo estado de surpresa.

— Você mudou bastante — comentou Yan, sendo o primeiro a quebrar o silêncio agradável.

— É... — Pela primeira vez, senti as bochechas quentes e passei a mão por meu cabelo curto. — Acho que todo mundo acaba mudando. Você também mudou.

— Pouca coisa, só cresci. Dizem que minha voz ficou mais grave, mas eu não percebi essa diferença.

— É mesmo. — Parei para analisar, tentando me lembrar de como a voz dele soava para mim. Estava mesmo um pouco mais grave. — São os hormônios, não deixam ninguém pra trás — brinquei e ele riu.

— Realmente, ainda bem, né? O que te fez decidir cortar o cabelo tão curtinho? — Ele apoiou a cabeça na mão, com o cotovelo no tampo.

— Ah... Acho que eu só quis mudar de visual. Estava cansada da minha cara e, como nunca tinha feito nada diferente, resolvi arriscar. Na verdade, meu cabelo já cresceu, eu cortei bem mais curto do que isso.

— Uau. — Suas sobrancelhas se ergueram de surpresa. — Queria ter te visto assim também.

— Posso fazer o sacrifício e cortar de novo algum dia.

— Ok, vou cobrar.

Sorri, ainda abobada. Me forcei em pensar alguma coisa, ou seria capaz de ficar horas apenas o observando. — Então, me conta como foi lá em São Paulo. Tudo o que você fez, como era a escola, seu trabalho na floricultura.

— Ah, o Gabriel te falou?

— Sim. Ele disse que você estava cansado, mas que gostava de trabalhar lá.

— Sim, era bem legal. A minha chefe era a Carolina, uma jovem senhora de cinquenta e dois anos que tinha mais energia do que eu. — E deu uma risada leve. — Ela ficou bem triste quando eu tive que ir, mas pra não deixá-la na mão, chamei um amigo para ficar no meu lugar. Vou sentir falta.

— Você fazia muitas coisas?

— Sim, carregava flores, vasos, sacos de terra, areia, cascalho, limpava a loja, cuidava do estoque, atendia alguns clientes. Eu era tipo pau pra toda obra. — Sorriu, divertindo. — Até ganhei uns músculos. — Deu uma batidinha no braço.

— Também, carregando peso. E a escola? Fez amigos rápido?

— Até que sim, mas por causa do Mateus, ele é mais... “dado” do que eu. Logo no primeiro dia de aula já foi puxando assunto com o pessoal e me arrastou junto. Eu só acompanhei o processo. Nós até demos uma ajuda pra eles, porque eles estavam vendo coisas que já tínhamos visto.

— Bela ajuda. Lá também tinha teatro?

— Infelizmente não. Eu não achei que sentiria tanta falta de interpretar, mas eu senti. Até procurei por algum lugar que desse aulas de teatro, só que aí eu comecei a trabalhar e não teria tempo. Pelo jeito você continuou com o teatro.

— Claro, não teria como parar. E esse ano ninguém quis pegar os papeis principais, então sobrou para mim e pro James.

— Vocês são um casal?

Paralisei por um segundo, pensando no sentido daquela pergunta. Mesmo que tivesse entendido que ele estava se referindo ao teatro, meu rosto corou, me fazendo me sentir idiota. Era óbvio que eu lembraria, mesmo que inconscientemente, do que eu tive com o James.

— Não exatamente, mas somos um par romântico. — Me apressei a falar, tentando ignorar aquela sensação boba. — A peça não trata exatamente de romance esse ano, é uma fantasia que a Bia escreveu.

— Bia é aquela menina de cabelo azul?

— Sim, ela mesmo. As histórias dela fazem sucesso entre os alunos da sala dela, e a professora resolveu usar uma delas na peça. É muito legal, você precisa ler.

— Preciso mesmo, quero voltar a me sentir parte do grupo. É estranho não saber de absolutamente nada.

Agora aquele pensamento ficava me atormentando. Realmente, ele não sabe de nada e me sinto como se estivesse escondendo. Eu continuo sendo uma idiota.

— Depois eu peço o livro emprestado para ela e te dou. Acho que só não vou conseguir te encaixar na peça.

Ele riu. — Tudo bem, eu me contento em ver os ensaios. Mas e você? O que me conta de novo por aqui? O que fez de diferente na minha ausência?

Segurei meus próprios dedos nervosamente, não conseguindo impedir que aqueles pensamentos viessem. Eu tinha algumas coisas para dizer, mas a única que me vinha em mente era o fato de eu ter ficado uns meses com o meu melhor amigo.

— Bom... Você sabia que agora temos aulas extras? — Consegui lembrar no último segundo de outras coisas. — Fotografia, desenho, escrita criativa, esportes, inglês, francês, espanhol...

— Uau, por que só começa a ter essas coisas quando eu não estou aqui?

— Eles devem ter planejado. “Vamos esperar o Yan sair, aí nós colocamos todas essas aulas extras”.

— Só pode ser isso. — Deu risada, apoiando os dois braços na mesa. — E quais você tá fazendo?

— Escrita criativa, fotografia e ilustração.

— Ah, é? Resolveu voltar a desenhar?

— Tentar desenhar, sim. Claro que eu não chego nem perto dos seus desenhos, mas até que tô pegando o jeito.

— Essa eu quero ver.

— Não quer não. De jeito nenhum.

— Como assim?! — Yan colocou as mãos na mesa, fingindo estar ofendido. — Eu deixei você ver os meus desenhos.

— Não tem nem comparação. Seus desenhos eram obras de arte, os meus são rabiscos que uma criança de cinco anos faria.

Ele deu uma risada gostosa e eu senti a nostalgia de momentos como aquele, das conversas divertidas que tínhamos.

— Será que eu consigo entrar em alguma dessas aulas?

— Não sei, precisa ver com algum professor. As aulas são de tarde.

— Se der, eu vou fazer algumas. Pelo menos no resto desse ano enquanto termino o terceiro. Ainda não sei se ano que vem tento arranjar um emprego de meio período de manhã e faço o cursinho de noite... Ainda tenho um TCC para me preocupar, então depois vou pensar nisso com calma.

É mesmo, ele estava no terceiro ano... E ainda vai fazer o cursinho de vestibular que dura um ano. Caramba, colocaram esse curso em um ótimo momento.

— Então... nós vamos terminar ao mesmo tempo, praticamente.

— Isso aí. Vamos voltar juntos para Mogi. — Me deu um sorriso bem-humorado.

— Mas... você não vai ficar com a sua mãe?

— Vou, um ano e meio. Depois disso volto a morar com o meu pai e venho ficar com ela nas férias.

Uau... Ok, cérebro, não começa a imaginar cinquenta jeitos de ficarmos perto um do outro. Ainda não. Espera um pouco.

— Pelo jeito as coisas estão ótimas para você agora, né?

— É... Estão. — Yan hesitou um segundo e eu estranhei, fazendo uma careta curiosa. Ele deu um sorriso tímido e encarou o tampo da mesa. — Acho que você deve imaginar como é a sensação de... saber que vai voltar pra um lugar que você gosta tanto. Você fica imaginando como vai ser, como as pessoas vão reagir, como você vai reagir as coisas que estão diferentes. Eu imaginava a reação de todo mundo, incluindo a sua, obviamente. Como seria, onde seria...

É, com certeza não seria muito diferente comigo...

— E... bom, eu não queria ter esperança. Eu já sabia que você estava tendo alguma coisa com o James... — Eu gelei no mesmo segundo, com o rosto ficando vermelho e o coração disparado. — O Gabriel tinha me dito quando eu comentei que voltaria. Isso foi antes dele dizer que vocês se encontraram na biblioteca. Eu fiquei... sei lá, em partes eu já esperava que você estivesse com alguém, em partes, eu fiquei chateado.

Meu Deus... Ele já sabia o tempo todo e ainda... Ai, caramba... Por que você foi falar, Gabriel? Ele ficou...

Ele me olhou diretamente, dando um sorrisinho. — Enfim. Tudo o que eu imaginei foi para o ralo com aquela informação, mas mesmo assim eu não fiquei desanimado. Eu ainda queria te ver e saber se estava bem, se estava feliz. Eu senti muita saudade, de você, das nossas conversas, das risadas, das encenações, de qualquer coisa que fazíamos juntos... Não faz essa cara, Bru.

Desviei o olhar cheio d’água para as árvores à nossa esquerda. Eu estava me sentindo péssima por ter causado aquilo. Tudo bem, eu não tinha como saber, mas mesmo assim...

A mesa se mexeu e, de repente, Yan se sentou ao meu lado, tampando a minha visão, mantendo certa distância.

— Desculpe, talvez eu tenha sido sincero demais.

Neguei com a cabeça, baixando o olhar. — Não. Eu... Eu senti sua falta também, em cada momento. Foi... tão estranho entrar no teatro sabendo que você não estaria ali. Cada coisa que eu fazia, pensava que você não estaria mais ali. Mesmo que eu tenha me acostumado, nunca deixei de sentir saudade ou lembrar das coisas que fizemos... Eu nem estou acreditando que você está aqui — acrescentei, tentando aliviar os ânimos e ele sorriu.

— Nem eu, na verdade... Eu não quero que você se sinta mal. Você não fez nada de errado. Fez o certo, aliás. Seguiu sua vida. Quer saber? Eu também tentei. Fiquei com uma menina durante uns meses, mas não durou. Não era... a mesma coisa. — E ele apoiou o braço na mesa, ficando um pouco curvado e virado para mim.

É. Não foi a mesma coisa para nós dois.

— Está tudo bem. Eu fico feliz que você esteja feliz.

O olhei, pensando no porquê ele tinha dito aquilo. Ele... acha que eu ainda estou com o James?

— Yan... Eu e o James também não duramos muito.

— Não...? — Seu cenho se franziu, como se tivesse deixado alguma coisa passar.

— Não. Nós... concordamos que somos amigos demais e que talvez tenhamos confundido os sentimentos. Então terminamos porque somos... muito amigos.

Ele considerou. — E quando foi isso?

— Hm... Em maio.

Yan olhou para o lado, pensativo. Deixou a mão sobre a boca e o queixo, ainda apoiado, e notei um sorriso formar em seu rosto. Automaticamente também sorri, começando a pensar em todas as possibilidades. Ele voltou seu olhar para mim e foi como se soubéssemos o que aconteceria a partir daquele momento.

Apoiei meus braços na mesa e me arrastei para mais perto dele. Yan endireitou a cabeça, esticando o braço esquerdo no tampo, enquanto nos aproximávamos, ansiando por aquele contato.

Nossos lábios se encostaram e o beijo aconteceu, muito melhor do que eu me lembrava e imaginava. Lembrei de todos os beijos que demos na noite do baile, o melhor dia da minha vida. O beijo dele continuava do mesmo jeito, a sensação continuava a mesma...

Mas agora havia um gostinho diferente. Um gosto de esperança.

Levei a mão até seu rosto, querendo mais contato. Deslizei os dedos sobre sua pele do rosto e pescoço, tentando recordar de suas formas ao mesmo tempo que me esforçava em transmitir a saudade que eu sentia.

Muito antes do que eu esperava, Yan me deu um beijo singelo e se afastou um pouco, tocando meu rosto com a mão.

— Acho que agora sim as coisas estão ótimas.

Acabei sorrindo, sentindo que era capaz de explodir de felicidade. — Também acho.

— Bru, eu espero muito que você aceite ser minha namorada pra que eu possa anunciar pra todo mundo que estamos finalmente juntos.

Minha boca se abriu de surpresa. Demorei uns segundos para associar uma coisa com a outra. — É sério...?

— Claro que é. — Ele sorriu, divertido. — Se você aceitar eu posso pedir para o diretor o microfone emprestado e...

— Espera aí. — Tapei sua boca com a mão, dando risada. — Nada de microfone.

Yan riu e beijou minha palma. — Ok, nada de microfone.

— Então eu aceito.

— Ainda bem que eu não precisei te sequestrar. — Se aproximou, voltando a me beijar.

Meu coração estava tão acelerado que chegava a doer as costelas. Eu queria grudar naquele garoto e não me afastar nunca mais.

Isso realmente está acontecendo? Nós... estamos namorando...?!

MEU DEUS!


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Estou ouvindo fogos? Ou o mundo está acabando? Vocês têm noção do que acabou de acontecer? EU TÔ MUITO FELIZ, CARA! Meus nenéns finalmente estão namorandooooo! :')

Espero que vocês estejam tão felizes quanto eu!

Nos vemos semana que vem o/