San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 70
146. Enrolação


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas!

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746722/chapter/70

Quando estava prestes a descer para o jantar, cheguei a pensar que, de algum jeito, o James já sabia de tudo o que se passou na minha cabeça e ou me evitaria ou tocaria no assunto. E era claro que eu estava ficando louca porque não teria como saber. E além do mais, ele estava normal.

Estávamos sentados todos à mesa, jantando e conversando. Eu estava sentada no lugar de frente para ele e o ouvindo falar.

Eu sentia um amor imenso por ele, tão grande que não tinha como mensurar, o que acabava me deixando confusa. Como eu poderia amar ele e não querer continuar o namoro? Será que Lili tem razão? Somos tão amigos que isso não tem chances de evoluir...

Será que entendemos errado? Confundimos os sentimentos?

Não tirei isso da cabeça nem para dormir. No outro dia, acordei cansada como se tivesse dormido pouco, sendo que dormi normalmente, apesar do sono leve. Me peguei pensando várias vezes no que dizer ao James, mesmo não querendo pensar naquilo.

Na última aula, avisei o pessoal que iria devolver um livro para a biblioteca e falei para eles irem pegar os lugares no refeitório. Subi sozinha e fui falar com a senhora Grace e, como sempre, me encarreguei de colocar o livro no lugar. Assim que entrei no corredor, vi Gabriel encarando as prateleiras, procurando por algo.

— Oi — falei ao chegar perto e ele me olhou, abrindo um sorriso.

— Oi, Bru, quanto tempo não te vejo! — Ele veio me dar um abraço apertado.

— Pois é, muito tempo mesmo. Como você tá?

— Tô bem, e você?

— Estou bem também.

— Eu vi que você começou a andar de mãos dadas com o seu amigo — comentou, sorrindo. — Faz tempo que vocês estão juntos?

Senti as bochechas quentes. Quão estranho era falar disso com ele?

— Ah... não muito. Desde março.

— Entendi... — Voltou a olhar para as prateleiras. — Eu tô procurando um livro de geografia, mas tá difícil achar.

— Por que não pergunta pra dona Grace? Pode ser que já tenham pego todos os exemplares.

— Eita, nem pensei nisso. Verdade. — Deu risada, me observando enquanto eu colocava meu livro em seu devido lugar. — Então... e o Bernardo? Ele tá bem?

Fiquei um pouco surpresa pela pergunta repentina. — Sim, tá sim. Vocês não se falaram mais...?

— Faz um tempo desde a última vez. De vez em quando nos cumprimentamos no corredor entre uma aula e outra, mas nunca mais paramos mesmo pra conversar.

— Poxa... Eu queria muito que vocês voltassem a ser amigos.

Ele deu de ombros. — Você ajudou a gente como deu, Bru, e você sabe como eu sou grato por isso.

Tadinho... Por que o Bebê tinha que ser tão ruim?

— Eu sei, se dependesse de mim tinha ajudado mais. — E ele riu.

— Com certeza... Mas acho que acabaríamos nos afastando de qualquer jeito. Ele tem andado bastante com um garoto do terceiro, né?

— Sim... Só não digo que perdi o posto porque prendi o Bebê com uma corrente — brinquei, tirando uma risada soprada dele.

— Acho que de qualquer forma você não perderia o posto, vocês estão em categorias diferentes, não é?

Ah, então ele sabe. — Sim, mas nunca se sabe, né?

— Realmente. Eles estão namorando?

— Não, só ficando.

— Entendi.

— E... você tem falando com os meninos?

— Sim, quando tenho dinheiro e coloco crédito no celular, troco algumas mensagens com eles. Eles tão na mesma escola.

Sorri. — Que legal. Eles estão bem?

— Estão sim. Yan até tá trabalhando meio período em uma floricultura perto da casa dele.

— Nossa... essa eu não esperava. E a mãe dele? Como está?

— Ela tá bem, tá fazendo o tratamento do câncer, tá melhorando.

— Ai, que bom — falei sinceramente e aliviada. — Fico muito feliz em saber disso.

— Sim, eu também. O Mateus tá procurando um trabalho, tá estudando bastante porque quer entrar em alguma faculdade pública no ano que vem. Eles estão conseguindo crescer.

— Tomara que ele consiga. Tô feliz em saber dessas notícias... Obrigada.

— Imagina, Bru. Qualquer coisa é só falar.

— E você também, se quiser conversar, é só me chamar.

— Pode deixar. — Sorriu, bagunçando meu cabelo no topo de cabeça. — Vai, melhor eu parar de falar ou você vai perder o almoço. Eu vou falar com a dona Grace sobre o livro. — Começamos a voltar para a recepção.

— Tá bom, mas não demora e vai logo comer.

— Sim, sim, vou resolver isso aqui rápido.

— Ok. Até mais.

— Até.

O deixei e desci os andares, pensando que ele não parecia exatamente triste quando falou do Bebê, mas também não parecia a pessoa mais feliz do mundo. Desde que os meninos foram embora, ele parece mais solitário, e isso cortava meu coração. Se eu pudesse, traria os meninos de volta só pra ele ficar mais feliz.

Entrei no refeitório cheio e fui pegar minha comida. Demorei um tempo, mas consegui pegar e achar a mesa do pessoal.

— Por que demorou tanto? — Lili perguntou assim que eu me sentei. Eles estavam terminando de comer.

— Encontrei o Gabriel lá e ficamos conversando.

— Ah... Ele está bem?

— Sim, tá sim.

Tentei comer logo para descansar antes da aula de escrita criativa. Encontrei Bia na sala, com as bochechas vermelhas enquanto escrevia em seu caderno. Sentei na mesa ao seu lado e ela me olhou com um sorriso de quem tinha feito algo muito legal.

— Você não tem ideia do que aconteceu. — Largou a caneta na mesa e se virou para mim

— Pela sua cara, alguma coisa com o Nathan.

Ela começou a abanar as mãos na frente do rosto, afirmando. — Ele me beijou.

— Quê?! Não brinca!

— Jesus, vou hiperventilar de novo...! — Bia colocou a mão no peito e respirou fundo, não conseguindo deixar de sorrir em nenhum momento. — Foi tão fofo, eu tô sem acreditar até agora.

— Me conta como foi! O que aconteceu, como aconteceu?!

— Ai, eu estava subindo depois do almoço porque queria pegar um livro na biblioteca e encontrei ele nas escadas do segundo andar. Claro que eu fiquei totalmente paralisada e tremendo, não tinha ninguém no corredor e nem na escada! Dai ele perguntou onde eu ia, eu falei, ele disse que tinha acabado de sair da biblioteca e ia comer... Quando ele desceu um degrau e ficou na minha frente, menina do céu, meu coração só faltava quebrar minhas costelas!

Acabei rindo. — Meu Deus.

— Sabe quando você sente que alguma coisa vai acontecer? Eu estava assim, ainda bem que não vomitei em cima dele pelo nervoso, seria horrível. Enfim. Nós ficamos praticamente na mesma altura, sabe? Estávamos muito perto, mas aí alguém resolveu descer bem na hora pra estragar o clima, que ódio. A gente se afastou um pouco, a pessoa desceu rapidinho e eu dei uma olhada, tipo, pra ver se ela tinha ido embora, e foi aí que o Nathan segurou minha mão e me beijou... — Segurou o rosto com as mãos, completamente apaixonada. — Ficamos nos beijando um bom tempo, até ouvir umas conversas no andar debaixo. Daí ele falou que precisa ir porque estava morrendo de fome, mas que depois podíamos nos encontrar... E bom, ele me deu um último beijo e desceu. E eu fiquei ali, parada, sem saber o que fazer da vida.

— Ai, que bonitinho.

— Eu fui na biblioteca, peguei o livro, completamente aérea e vim pra cá tentar colocar em palavras o que senti e o que estou sentindo... Ainda estou com a sensação do beijo, acredita?

— É, eu sei como é isso. É engraçado, né? Como ainda ficamos com a sensação nos lábios, até o gosto fica na boca durante um tempo... Dá vontade de fazer ser eterno — filosofei e Bia concordou, apontando o dedo pra mim e voltando a escrever rapidamente.

— Isso, exatamente, dá vontade de fazer ser eterno. Obrigada.

— De nada, eu acho. — Dei risada.

A sala foi enchendo e logo a aula começou.

Os dias foram passando e eu, como sempre, enrolei. Sempre depois de acordar, ficava pensando que eu teria que falar com James. Lili tinha comentado que nós dois estávamos agindo como sempre agimos. Como melhores amigos. Ou seja, não como namorados. Segunda ela, a situação estava cada vez mais óbvia.

Na sexta-feira, estávamos indo almoçar sozinhas, já que os meninos tinham ficado para tirar algumas dúvidas da matéria da última aula.

— Eu acho que você devia falar com ele hoje — disse Lili, enquanto pegávamos nossa comida. — Aproveita que é sexta, vocês vão ter o fim de semana pra se “recuperar” e segunda já estarão novos em folha.

Fiz uma careta preocupada, pensando naquilo enquanto íamos para a mesa. Claro que eu sabia que precisa fazer logo isso, mas eu travava sempre que pensava em começar.

— Quanto antes falar, mais rápido vai se livrar disso. Eu sei que é difícil, Bru.

— Muito difícil. Meu estômago dói só de pensar.

— Bom... você precisa pensar. Quer arrastar isso até quando?

Eu sei, eu sei.

Vi os meninos entrando no refeitório e irem para a fila da cantina. Pouco depois, vieram se sentar.

— Cadê o Bebê? — Lili perguntou.

— Ele encontrou o Carlos e o resto não precisa ser explicado — respondeu James rindo. — Mas acho que daqui a pouco eles descem.

— Ai, esses dois, viu. — Lili riu. — Vai sair casório.

Ficamos conversando até que Bebê chegou, estranhando nossos olhares de “Hmm tava dando uns beijos, né?”, mas ele ignorou e começou a comer.

Forcei a comida para dentro, não queria desperdiçar por conta de um nervoso. Eu nem sabia se teria coragem o suficiente para chamar James de canto e falar “precisamos conversar”.

Quando terminamos, juntamos as bandejas e louças e caminhamos devagar para o jardim. Eu não tinha percebido, mas Lili estava cochichando algo com Júlio enquanto Bebê e James conversavam sobre algo.

Antes que chegássemos perto dos dormitórios, Lili se virou de frente para nós, caminhando para trás.

— Sabe, nós achamos que vocês precisam conversar — falou intercalando o olhar entre mim e James.

— Nós quem? — Ele perguntou, estranhando.

— Todo mundo, incluindo vocês. — O olhar dela queria dizer mais do que as próprias palavras, parando de andar. — Resolvam logo isso antes que eu prenda vocês numa sala.

Júlio balançou a cabeça, concordando com ela, e fez um sinal para que Bernardo o seguisse para o dormitório. Eles foram embora, e logo Lili também nos deixou a sós. James se virou para mim, um pouco perdido sobre o que estava acontecendo.

Respirei fundo e andei até a mesa mais próxima, me sentando no banco. Dei um tapinha ao meu lado pedindo para que ele se sentasse, decida a falar de uma vez o que precisávamos falar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eita, Bru, chegou a hora de desembuchar, como diria o Bebê.

Espero que tenham gostado. Até o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.