San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 71
147. Sinceridade + Ponderações + Lili Revoltada


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! Tô de volta.

Boa leitura!



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Senti a garganta seca de repente. Minhas mãos ficaram geladas e eu tentava não forçar o maxilar pelo nervosismo. Eu não quis encarar James assim que ele se sentou. As possíveis frases passavam pela minha cabeça e parecia que nenhuma delas seria boa o suficiente, que todas fariam um estrago considerável, independente de como eu dissesse.

— James... — comecei e acabei suspirando, perdida. — Eu nem sei como começar isso. A Lili... disse que consegue ver que... nós dois estamos... não incomodados, mas... acho que sabemos que a nossa amizade é maior do que outra coisa. Pelo que ela disse, você está tão perdido nisso quanto eu.

— Ah... é isso? — Ele soou um pouco envergonhado. — Eu achei que tinha feito alguma besteira... Não que isso não seja.

— Não é uma besteira — interrompi sua fala, tentando achar um jeito de deixar as coisas menos piores e o olhei. — Eu... Eu te amo, muito, mas... acho que nós não estamos mais agindo como namorados... Você deve ter percebido.

Ele comprimiu os lábios, concordando levemente com a cabeça. — É, percebi. Só que... é algo tão natural nosso que... sei lá. Deve ser por isso que estamos assim, sem saber o que fazer.

— Sim, também acho. Eu fiquei pensando nisso por tanto tempo... Eu me senti um pouco culpada por... não querer ou não agir como deveria...

— Não, Bru, não é assim também. Eu também nem me ligava nessas coisas. No começo sim porque era tudo novo, mas depois de um tempo era como se as coisas voltassem pro normal...

— Exatamente... Ao mesmo tempo que eu sinto que mudamos um pouco, também sinto que não mudamos nada. — Dei uma risadinha, sendo acompanhada por ele.

— É. Eu também te amo muito, mas acho que... realmente... somos muito amigos. — E ele segurou minha mão em cima do tampo da mesa.

Concordei. — Então... você acha que devemos...

— Terminar?

— É — afirmei, dando de ombros. — Apesar que eu acho essa palavra triste demais para nós.

— Parando pra pensar, é verdade... Acho que estamos mais para “de volta pra amizade”, né?

Sorri, mais aliviada por estarmos lidando com aquilo tão naturalmente quanto quando começamos. — Sim... Eu não queria perder sua amizade... fiquei com medo de que as coisas dessem errado...

— Eu também fiquei. Você é muito especial na minha vida, eu não poderia deixar que tudo fosse por água abaixo. Não queria te chatear de alguma forma.

— Nem eu... — Nos olhamos uns segundos, quase como se nos entendêssemos apenas com o olhar.

— Você tá chateada...?

— Não. E você? — Virei a mão para que pudéssemos cruzar os dedos, palma com palma.

— Não. Eu sei que vamos continuar iguais, então... Estou feliz justamente por isso. Por termos essa liberdade e intimidade de sermos sinceros, sabe?

— Sei. Eu também.

Sem hesitar, James soltou minha mão para me abraçar. Envolvi seu pescoço com os braços e afundei o rosto na curva do ombro, o apertando como se minha vida dependesse disso. Ele também me apertou e eu o senti suspirar.

— Te amo, Bru.

— Também te amo.

Eu me sentia triste, mas também me sentia aliviada. Não teve um clima ruim, não teve briga, sentimentos mal ditos...

Nos soltamos e James sorriu levemente, e deu uma leve beliscada na minha bochecha. — Bom, já que estamos resolvidos e sem querer entrar em guerra um com o outro, melhor eu ir para o quarto e pra casa.

Sorri. — Sim. Manda um abraço pra sua mãe.

Ele levantou e me olhou, estranhando. — Ué, por quê?

— Domingo é dia das mães, menino.

— Nossa...! — Colocou as mãos no rosto, aflito. — Eu esqueci completamente disso!

— Nossa, que filho ruim você é — brinquei rindo, ficando de pé.

— Ei, como assim? Só por que eu não comprei nada? Não por isso, compro amanhã cedo. Ela nem vai saber de nada. — Fez graça, se achando.

— Desculpa aí, então.

— Vou pensar no seu caso. Pode deixar que eu mando o abraço. — E ele me deu um beijo no rosto. — Até domingo.

— Até.

O observei se afastar antes de ir para o dormitório. Entrei no meu quarto muito mais leve do que estava quando saí. Mais tarde, encontrei o Bernardo para tomar café e contei o que aconteceu.

— Nossa, acho incrível como vocês levam as coisas tão na boa — comentou ele, antes de morder um pedação de um sanduíche de frios. — Você realmente tá ficando tão prática quanto eu, assim que eu gosto.

— Ai, besta. — Revirei os olhos, rindo.

— E como você se sentiu com tudo isso? Tá bem mesmo?

— Acho que sim… Eu fiquei bem porque sabia que não nos afastaríamos, que não vamos mudar nosso jeito. Eu me sentiria péssima se a gente brigasse… Imagina o clima que ia ficar… Credo, nem quero pensar nisso.

— È, realmente ia ficar um clima pesado. Mas vocês sempre foram assim, então… não acho que seria diferente de como aconteceu.

— È, também acho.

— Então você não tá com aquela tristeza pós-término, né?

— Não… Por quê?

— Só pra confirmar. Achei que teria que ficar secando as suas lágrimas.

— Exagerado como sempre… Agora que você não vai precisar fazer isso, pretende fazer o quê? Vai sair com o Carlos?

Vi seu rosto corar um pouco. — Talvez. — Deu de ombros, como se não ligasse, não conseguindo me enganar.

— Deixa de ser bocó, sua cara ficou vermelha. Eu sei que você quer sair com ele.

— Não enche. — Me deu uma cotovelada de leve, tomando seu café com leite.

— Mas é besta mesmo. — Comecei a rir ainda mais.

Bebê mudou de assunto e eu continuei enchendo seu saco.

Ele realmente caiu com o Carlos no sábado, foram andar por aí e tomaram um sorvete. Eu fiquei no quarto o dia todo praticamente, tirando as saídas para comer. No domingo, liguei para a minha mãe antes do almoço, e ela me disse que eles fariam um almoço de dia das mães, e que queria muito que eu estivesse lá. Só de ouvir sua voz meio chorosa me deu vontade de chorar também, mas me segurei para a saudade não ficar ainda maior.

Apesar do que tinha acontecido, eu não estava ansiosa quando Lili chegou e descemos para jantar. Contei a ela o que tinha rolado na sexta, e ela ficou feliz que nos resolvemos. No caminho, encontramos os meninos e James sorriu ao nos ver, como sempre. Nos abraçamos, rimos de piadinhas bobas e a noite seguiu ótima, sem nada de diferente.

James disse que seus pais ficaram tristes com a notícia, mas por outro lado ficaram felizes que continuamos bons amigos. Eu conseguia entender eles completamente.

***

O restante do mês passou em um piscar de olhos. Logo estávamos em junho.

Assim que acordei na manhã de segunda-feira, olhei o celular, percebendo que era dia quatro. Aniversário do Yan. E pensar que no ano passado, tínhamos feito uma festa surpresa pra ele. Eu tive que distraí-lo, consegui levar ele até o auditório... Aquele dia foi tão bom, devia ter aproveitado melhor. Não que eu não tivesse aproveitado, mas, sei lá. Não tinha como saber como as coisas iam mudar.

Eu só sabia que gostava dele, que queria ficar com ele. Olha agora, nós realmente ficamos, mas não durou. Eu fiquei com o meu melhor amigo e também não durou tanto... Parando para pensar, nenhum dos meus relacionamentos durou. Nem com o Gean, nem com o Yan e nem com o James. Será que tem algo errado comigo?

Aliás, como será que o Gean está? Faz muito tempo que não nos vemos. Não que eu esteja com segundas intenções, seria muito chato fazer algo com ele logo agora, mas seria legal o rever. Vou ver se lembro de perguntar pra Lili depois.

Enfim, voltando ao assunto inicial... Será que se eu tivesse o número do Yan, teria coragem de mandar uma mensagem? Talvez não... Porque seria estranho depois de tanto tempo... Eu não ia querer que ele se sentisse “obrigado” a ficar respondendo minhas mensagens... Ele deve ter mais o que fazer, ainda mais agora que está trabalhando.

É difícil imaginar ele trabalhando em uma floricultura, no meio de flores, plantas, árvores, vasos... Será que ele mudou? Está mais alto? Será que continuou cortando o cabelo ou deixou os cachinhos crescerem de novo? Será que a voz dele ficou mais grave, igual aconteceu com os meninos? Será que seus ombros ficaram mais largos? Eu não consigo imaginá-lo diferente de como eu o via.

Eu sinto saudade, mas acho que não seria bom revê-lo ou voltar a ter contato. Não confio nos meus sentimentos. O que eu sentia por ele não durou tanto tempo quanto o que eu sentia por Lucas, por exemplo, só que não tem comparação. Eram sentimentos de intensidades diferentes.

Bom... Feliz aniversário, Yan. Espero que você esteja feliz, que sua mãe esteja bem, que vocês estejam bem e que... você tenha um ótimo dia e uma ótima vida.

Dei uma olhada de relance para o relógio e me assustei em como o tempo passou rápido. Pulei da cama e fui para o banheiro. Logo a Lili estaria invadindo o quarto. Tentei me trocar o mais rápido que pude e, como previ, a garota ruiva estava escancarando a porta enquanto eu arrumava o cabelo, que já estava na altura do meio do pescoço.

— Acordou atrasada, é? — Ela encostou no batente da porta do banheiro, cruzando os braços, tirando um sarro.

— Não, eu fiquei na cama lembrando de algumas coisas... Sabe que dia é hoje?

— Segunda?

— De número.

— Ah... — Fez uma pausa, tentando lembrar. — Quatro?

— Sim.

— E o que que tem?

— Hoje é aniversário do Yan. Fiquei lembrando da festa surpresa que fizemos ano passado.

— Ah! Nossa... parece que faz milhões de anos, né?

— Parece. — Passei por ela e fui calçar os sapatos. — Eu estava lembrando também... — Eu sabia que ela ia maliciar, mas aguentaria. — E o Gean? Faz tanto tempo que não nos vemos.

— Ai, nem me fala desse idiota. — Ela revirou os olhos, impaciente.

— Ué, o que aconteceu? — Fiquei surpresa com aquele tom. Eles sempre se deram tão bem que eu não conseguia imaginar algo que os fizesse brigar.

— Ele voltou com a ex louca! Esqueci completamente de comentar com você.

— Quando? — Peguei minha mochila e a coloquei no ombro, enquanto saíamos do quarto e eu trancava a porta.

— Faz um mês, eu acho, não tenho certeza. Eu fiquei com tanta raiva quando ele me falou aquilo... você não tem noção — bufou, irritada. — Ele foi muito trouxa.

— Mas o que aconteceu? — Começamos a descer as escadas.

— Ele nunca esqueceu ela, eu já sabia disso. Ainda sentia alguma coisa por ela, por mais que quisesse esquecer. E como eles se viam todo santo dia, seria difícil esquecer completamente. Um tempo antes, ela estava ficando com um cara mais velho, mas acho que ele deu um pé na bunda dela, e eu tenho quase certeza porque ela é completamente louca, e aí ela começou a fazer gracinha para o Gean e o bobão ficou lá dando corda. Agora eles voltaram pra valer.

— Caramba...

— Pois é. — E saímos para o jardim, caminhando para o refeitório. — Eu já falei pra ele, se isso der merda eu vou falar pausadamente na cara dele “EU. AVISEI. QUE. IA. DAR. BOSTA. MAS. VOCÊ. NÃO. ME. OUVIU.” E ele ainda teve a audácia de me falar que ela mudou e que dessa vez seria diferente. Aham, tá bom.

Ela estava completamente revoltada, e eu só não ri porque sabia que ela ia me xingar. Achei melhor segurar e manter a cara de quem também não achava a situação legal.

— Bom dia, menininhas. — Nos viramos para o lado, vendo Viktor nos acompanhando e segurando a mão da Lili. — Ué, que foi? Por que essa cara brava?

— Eu estava falando do Gean pra Bru.

Ele riu. — Ah. Ainda não sei porque você fica nervosa com isso.

— Porque ele é um idiota de voltar com aquela maluca.

— Você devia dar uma segunda chance, já falei. Ele também não gostou muito quando você disse que tínhamos voltado a ficar e ainda assim ele não...

— Não defende ele não, hein! — Lili apontou o dedo na cara dele. — São coisas completamente diferentes!

Viktor apertou os lábios pra não rir. — Tá bom, tá bom, não tá mais aqui quem falou. — E ele deu um beijinho na ponta do dedo dela. — Não estressa logo cedo. Respira fundo e esquece isso.

Sorri, vendo ele a puxar pelos ombros, tentando acalmá-la. Eles eram bem fofos e eu não era a única a reparar neles.

Pelo menos a nervosinha relaxou depois de comer um belo misto quente.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do término mais tranquilo de todos os tempos? Esses dois ♥

Também acham que o Gean foi trouxa? xD

Até mais o/



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