San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 54
130. Carnaval


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Vamos para um dia de festa. Ou nem tanto assim.

Boa leitura!



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Apesar de ser uma segunda-feira e não ter aula, por causa dos feriados, Lili, James e Júlio vieram para a escola. Almoçamos juntos, e antes de sair, Lili e eu nos besuntamos de protetor solar, pois o sol estava tinindo.

Lá fomos nós, saindo da escola. Lili guiou o caminho por entre as ruas, até chegarmos na avenida principal, que já estava lotada. Vi de longe um daqueles ônibus que tocavam música, e inclusive, estava tocando "Erva Venenosa".

Lili já começou a dançar conforme andávamos, tentando não ficar muito perto da multidão. Apesar do ambiente estar abafado, era impossível não se contaminar com a energia alegre que todos emanavam.

Seguimos junto com todo mundo, pulando, cantando e dançando. Nem Bebê resistiu a certas músicas contagiantes.

Em certos momentos, compramos água e sorvete, sempre seguindo o movimento.

Não tínhamos percebido que estávamos entrando cada vez mais entre as pessoas. O bloco estava seguindo para a avenida da praia, e parecia que juntava cada vez mais gente com a música alta.

Enquanto começava alguma música da Beyoncé, começamos a pular, todos alegres. Vez ou outra alguém me empurrava, mas não chegava a me incomodar. Minha atenção estava em aproveitar o momento, então acabava deixando passar.

Algumas pessoas na nossa frente pararam de andar, trancando nossa passagem, então os meninos foram na frente, tentando liberar passagem. Segui atrás de Lili, tentando não encostar nas pessoas ao nosso redor.

Eu sentia gotículas de suor escorrendo de minhas têmporas e costas. Se suar emagrecesse, eu já tinha perdido pelo menos três quilos.

Meus cabelos estavam grudados em meu pescoço e nuca, e passei a mão para tirá-los, me arrependendo de não ter trazido algo para prendê-los. Em uma tentativa de me refrescar, segurei os fios em um rabo de cabelo enquanto andava. Acabei esbarrando o cotovelo em uma garota, e pedi desculpas desesperadamente, apesar dela parecer não ter ligado, não sei se por estar um pouco bêbada.

Voltei a andar, procurando Lili, e a encontrei um pouco longe, e fui atrás.

De repente, senti meu estômago revirando e engoli seco, tentando conter uma ânsia. Um frio repentino surgiu a partir de meus pés, subindo pelas pernas e se espalhando pelo corpo. Minha boca ficou seca e parei de andar, piscando algumas vezes, tentando impedir que minha visão ficasse embaçada.

Não, por favor, aqui não...

Minha visão começou a clarear, como se tivessem colocado um holofote na minha cara.

Enquanto ainda enxergava alguma coisa, andei meio cambaleante para o lado, tentando chegar na calçada para me sentar. Já seria ruim desmaiar, mas cair no meio da rua com tanta gente e correr o risco de ser pisoteada seria muito pior.

Consegui enxergar um poste e fui até ele, me segurando, já sentindo as pernas fracas. Minha mente divagou por uns segundos e tudo ficou escuro enquanto eu tentava sentar na beira da calçada.

Meus sentidos ainda funcionavam, apesar de parte do meu cérebro ter dado tilt. Os barulhos ao redor foram aumentando gradativamente, como se meus ouvidos fossem destampados aos poucos. Senti meu corpo todo formigando e abri os olhos, tentando ajustar a claridade.

— Ela acordou. — Ouvi alguém dizer, mas ainda não tinha forças para olhar. — Você tá bem?

Neguei com um aceno de cabeça, notando que a voz não me era conhecida. Percebi que estava encostada no poste, quase abraçada com ele. Era geladinho, o que ajudou um pouco.

— Toma, bebe um pouco de água. — Uma outra voz, feminina, falou dessa vez. Minha mão foi pega, e uma garrafa colocada nela. — Tá destampada, pode tomar.

Com certo esforço, levei a garrafa até minha boca e tomei um gole, sentindo o líquido gelado descer pela garganta. Meu braço desceu involuntariamente, sem força, e alguém segurou a garrafa antes que caísse no chão.

— Caramba, você tá muito mal... Não é melhor a gente chamar uma ambulância? — Ele perguntou.

Engoli, ainda sentindo a boca seca. — Meus amigos... estão aqui. Perdi eles de vista...

— Provavelmente eles estão te procurando, né? — A garota falou.

Aos poucos, minha visão voltou. Consegui levantar o rosto e pisquei, limpando os olhos, e me deparei com um par de olhos azuis me fitando, preocupado. O garoto estava sentado de pernas cruzadas no chão, a minha frente, segurando a garrafa.

— Sua pressão caiu, não foi? — Ele questionou. — Quer mais água?

Neguei. — Acho que foi a pressão sim. Isso nunca aconteceu comigo.

— Uma vez eu desmaiei também, mas provavelmente caí de cara no chão, porque quando acordei senti uma dor forte no queixo. — Ele deu risada. — Felizmente meus dentes ficaram intactos.

Minha risada saiu fraca. — Ainda bem que eu sentei antes de morrer.

A garota se agachou ao lado dele. — Como são seus amigos? Assim eu procuro por eles.

— Bom, os dois mais chamativos é um garoto alto, branquelo de cabelo louro e comprido, e a outra é uma menina ruiva cheia de sardas na cara com um vestido azul.

— Tá... Vamos ver se eu consigo. — Levantou, ficando na calçada e na ponta dos pés, olhando pela multidão.

— Obrigada por me ajudar — agradeci, voltando o olhar para o garoto.

— Imagina, não podíamos ignorar você caída aí, como vi algumas pessoas fazerem. Um absurdo — reclamou, bravo.

Naquele instante, reparei em como aquele garoto era bonito. Se estivesse em meu estado normal, bem provavelmente estaria vermelha apenas por falar com ele, mas meu organismo estava ocupado demais em se recuperar.

— Eu estou atrapalhando o carnaval de vocês — falei fracamente. — Podem ir se divertir, alguma hora eu acho meus amigos.

— Claro que não. De forma alguma deixaríamos você aqui sozinha — falou a menina, como se fosse algo óbvio.

Sorri, me sentindo muito grata a eles. — Obrigada.

— Então... Enquanto não achamos seus amigos, que tal uma apresentação? Meu nome é Flávio, e ela é Flávia, minha irmã.

— Flávio e Flávia? — perguntei rindo.

Ele riu. — Pois é, também nos perguntamos isso todo santo dia.

— Bruna. Minha mãe não chegou nisso, mas queria que seus três filhos tivessem nomes com iniciais seguidas. Então, teve a Camila, eu, Bruna, e a Amanda.

— Esses pais devem beber alguma coisa enquanto decidem os nomes dos filhos, né?

— Não duvido nem um pouco.

— Nada ainda? — Flávio perguntou à irmã.

— Ainda não. Tem muita gente aqui — respondeu, de olho na multidão.

Novamente, senti meus pés ficando gelados de novo.

— Ô droga — resmunguei baixo, fazendo o menino me olhar. — De novo...

— Tá passando mal de novo? — questionou, assustado, sem saber o que fazer.

Balancei a cabeça e respirei fundo, tentando permanecer acordada, sentindo o coração disparar de medo.

— Coloca a cabeça entre as pernas, ajuda — sugeriu.

Fiz o que ele falou, baixando a cabeça entre as pernas, quase chegando no chão. Minha visão começou a clarear de novo e fechei os olhos com força.

— Bru?! — Ouvi a voz de James, e de repente senti alguém abaixando do meu lado. — O que foi?

— A pressão dela caiu. — Flávio explicou. — E tá caindo de novo.

Tateei ao meu lado, e James segurou minha mão.

— Desculpa, Bru, demorou até a Lili perceber que você não estava atrás dela. A gente estava desesperado te procurando.

Aparentemente, a pressão começou a voltar devagar. — Tudo bem, eles me ajudaram. — Fui levantando a cabeça aos poucos e abri os olhos, tentando encontrar James.

— Que foi?

— Está tudo claro demais... Mas está voltando...

Pisquei algumas vezes, até conseguir enxergar direito. James me encarava, aflito.

— Acho que está passando.

— Melhor a gente voltar para a escola, está calor demais.

— Escola? — Flávio perguntou.

— Sim, nós estudamos na San Peter — explicou James, passando o braço ao redor da minha cintura para me apoiar. — Melhor irmos na enfermaria. — Começou a levantar comigo junto.

Me apoiei nele e fiquei de pé, sentindo as pernas fracas. Encostei o rosto em seu ombro, mais calma. Por ele estar ali, já me fazia me sentir melhor.

— Tudo bem? Consegue andar?

— Acho que sim... Mas e os outros?

Ele pareceu olhar ao redor. — Eu mando uma mensagem para o Júlio e a gente se encontra na escola.

Olhei para os irmãos. — Obrigada por ficarem aqui, de verdade.

— Não foi nada, Bruna. — Flávia sorriu. — Espero que você fique melhor.

— Isso. Vê se descansa e sai desse sol — falou Flávio, apontando o dedo para mim e brincando.

Eu sorri. — Pode deixar.

— Obrigado, gente. — James agradeceu. — Vamos antes que você desmaie de novo.

Acenei para os dois, que acenaram de volta, e começamos a caminhar devagar. James continuava me segurando pela cintura, e eu também passei o braço pela cintura dele, com a lateral encostada em seu braço.

— Que bom que você me achou... — falei baixo, me sentindo cansada.

— Eu estava quase entrando naquele trio elétrico para falar no microfone e te chamar. — Deu uma risadinha.

— Foi horrível... Assim que eu cheguei na calçada, apaguei. Ainda bem que aqueles dois quiseram me ajudar.

— Ainda bem mesmo. — Me apertou de leve.

Enquanto andávamos, James pegou seu celular e começou a digitar uma mensagem para Júlio.

Chegamos na escola, assinamos nossos nomes e entramos.

— James, acho que eu estou melhor. — Parei de andar no meio do refeitório. — Não precisamos ir na enfermaria.

— Tem certeza? Você ainda está um pouco pálida — falou, incerto.

— Tenho... Acho que eu só preciso comer alguma coisa salgada... São mais de quatro horas. — Indiquei o relógio grande do refeitório.

James me observou uns segundos, pensando. — Tá, mas se você perceber que vai ficar mal de novo, eu te arrasto para lá.

Eu ri. — Tá bom.

Nos sentamos em uma mesa e ele foi buscar um lanche para mim. Pouco depois, Bebê, Lili e Júlio chegaram, vindo correndo até mim, me enchendo de perguntas.

Respondi dizendo que estava melhor, que tinha sido ajudada por duas pessoas legais e que estava tudo bem. Eles só se acalmaram depois que comecei a comer e a cor do meu rosto voltou ao normal.

James sugeriu que fossemos para a casa dele passar o feriado, sem mais carnaval, claro. E depois de algumas horas para eu e Bebê arrumarmos nossas mochilas, fomos todos no carro do Marcos.

Paramos na casa da Lili primeiro para ela pegar suas coisas, e depois na casa do Júlio, e fomos para casa de James.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Bru. Desmaiar por causa de pressão baixa é uma bosta. Mas pelo menos ela ficou bem.

Nos vemos semana que vem com tretas o/



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